Adequação dos Estabelecimentos Prisionais à Lei de Execução Penal 1 Fonte: o gráfico acima foi construído a partir de dados colhidos junto ao sítio do Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN: www.mj.gov.br/depen 2 Do total de presos apurado em 1995 pelo CNPCP/MJ e divulgados em 1996, o cenário qualitativo sintético era o seguinte: • 148.760 presos abrigados em 72.514 vagas densidade 2,05/vaga • Déficit de 76.246 vagas em todo o país • 81.996 presos estavam condenados definitivamente 55,11% • 32.852 presos eram provisórios 22,02% • 33.912 presos tinham situação jurídica não conhecida 22,79% •108.405 presos eram do sexo masculino 72,9% • 5.027 eram mulheres 3,4% • 35.328 presos não tiveram classificação quanto ao sexo 23,74% 3 Se compararmos os dados de 1995 com 2000, seria correto inferir... Em um período de 5 anos, foram construídas 90.305 vagas no sistema penitenciário brasileiro; A população carcerária aumentou em 56,46%, em relação a 1995; No mesmo período, o número de vagas aumentou em 124,53%. Se considerarmos que essa taxa de geração de vagas difere muito da tendência matemática dos últimos 15 anos, havemos, por prudência, de desconfiar dos dados apresentados, por considerar uma geração de vagas muito elevada para um período de apenas cinco anos. 4 Fonte: o gráfico acima foi construído a partir de dados colhidos junto ao sítio do Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN: www.mj.gov.br/depen 5 Evolução da população carcerária brasileira x número de vagas – Dezembro de 2005 a junho de 2014 DEZ/2005 DEZ/2006 DEZ/2007 DEZ/2008 DEZ/2009 DEZ/2010 DEZ/2011 DEZ/2012 6 FONTE:DEPEN/2012 EVOLUÇÃO DE PRESOS E VAGAS - BRASIL PERÍODO 2005 A 2013 Período Aumento de Presos Aumento de Vagas 2005 - 2006 139.834 29.801 2006 - 2007 21.354 13.367 2007 - 2008 28.629 46.913 2008 - 2009 22.407 -1.744 2009 - 2010 22.625 3.591 2010 - 2011 18.331 -2.862 2011 - 2012 33.421 23.326 2012 - 2013 26.024 6.613 Fonte: a tabela acima foi construída a partir de dados colhidos junto ao sítio do Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN: www.mj.gov.br/depen 7 Evolução da população carcerária paraense relação entre população / capacidade / unidades Aumento de 12.215 (1059%) Aumento de 7.349 (1032%) Aumento de 35 (500%) FONTE: INFOPEN/ JUNHO 2015 8 O Pará ocupa as seguintes posições em relação as demais UF’s*: 9 *Unidades Federativas É o 9º em população O 13º em população carcerária absoluta O 24º em população carcerária relativa (no de presos/ 100 mil hab.); O crescimento da população carcerária acumulativa no 6º mês de 2015 foi de 2,66% Quinze novas unidades já estão em construção e irão gerar 3.873 novas vagas. A estimativa é que até o final de 2015 mais 4 novas unidades prisionais já estejam com obras licitadas e em andamento. Com a construção de 19 novos centros de detenção no Pará, no total, mais de 5.000 novas vagas serão geradas no sistema penitenciário do Estado. FONTE: INFOPEN/ JUNHO2015 Evolução e projeção da população carcerária total (Susipe + Polícia Civil) A população carcerária de DEZ/2015 foi projetada com base na taxa média de crescimento mensurado no 6º mês de 2015 que foi de 2,66% FONTE: INFOPEN/ JUNHO 2015 10 Conclusões preliminares... O Brasil ainda detém pouco conhecimento quantitativo e qualitativo da população carcerária: conhecemos melhor um carro, do que um criminoso! O Sistema Penitenciário Brasileiro enfrenta uma crise de superlotação carcerária há, pelo menos, mais de três décadas; Transcorridas duas décadas, desde que começamos a quantificar presos em escala nacional, a densidade carcerária pouco mudou: passamos de 2,05 para 1,8; Esse problema transcende governos e partidos; As alterações legislativas verificadas nos últimos 25 anos seguiram mais pela linha do endurecimento penal; Continuamos com a visão equivocada de que o Direito Penal vai resolver, por si só, os conflitos e mazelas sociais. 11 Legislativo Executivo Judiciário Como adequar os estabelecimentos prisionais à LEP? 12 Vejamos algumas proposições e reflexões... Saúde Segurança Sociedade Transferências voluntárias: utilização restrita a investimentos (gastos de capital) Educação Transferências vinculadas: possibilidade de utilização em investimentos e custeio 13 Redução do fluxo de entrada Como implementar essas estratégias? Como Adequar as Unidades Prisionais à LEP? Geração e qualificação de novas vagas Aumento do fluxo de saída Redução do Fluxo de Entrada 1. Fortalecer ações de prevenção primária; 2. Rever o entendimento social e institucional acerca do uso da prisão e da finalidade do Direito Penal; 3. Fortalecer e expandir as alternativas penais; 4. Avançar na implementação da audiência de custódia; 5. Fortalecer ações de reinserção social de presos e, sobretudo, de egressos. 15 Aumento do Fluxo de Saída 1. Aprimorar o conhecimento quantitativo e, 2. 3. 4. 5. sobretudo, o qualitativo, da população carcerária: precisamos conhecer um preso, tão bem como conhecemos um carro (em base nacional); Revisar base legislativa penal e de execução penal; Potencializar as ações de mutirão com o sistema de justiça criminal; Avançar na expansão do monitoramento eletrônico; Avançar na sistematização do fluxo de alvarás de soltura e demais decisões judiciais; 16 Geração e qualificação de novas vagas 1. Modificação da natureza jurídica do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN (e do Fundo Nacional de Segurança Pública); 2. Desenvolver protocolos de classificação de presos, para possibilitar a adequação a variações de tipologias construtivas de estabelecimentos prisionais; 3. Modificação a lógica construtiva da edificação prisional no Brasil; 4. Implementar a segunda fase do Sistema Penitenciário Federal; 17 O FUNPEN O Fundo Penitenciário Nacional foi criado pela Lei Complementar Federal n° 79, de 1994. É um fundo de natureza contábil que integra o orçamento fiscal da União; É constituído com recursos de: Dotações orçamentárias da União, Arrecadação dos concursos de prognósticos federais; Recursos confiscados ou provenientes de bens perdidos em favor da União; Multas decorrentes de sentenças condenatórias transitadas em julgado; Fianças quebradas ou perdidas; Rendimentos decorrentes de sua aplicação financeira Até 2004, integravam também as receitas do fundo, as custas judiciais, na razão de 50% do montante total arrecadado em favor da União. 18 FUNPEN: PARTICIPAÇÃO DAS RECEITAS 120 100 R$ milhões 80 60 40 20 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 período Custas Judiciais Recursos Próprios Não Financeiros Loterias Federais Recursos Próprios Financeiros 19 FUNPEN: REPRESENTATIVIDADE DAS RECEITAS 20 O FUNPEN A descentralização de recursos do Fundo Penitenciário Nacional às unidades da federação ou entidades privadas é na forma de transferência voluntária, viabilizada por meio de convênios, contratos de repasse, termos de parceria, ou instrumentos congêneres. Transferência voluntária: é a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou destinados ao Sistema Único de Saúde. (art. 25 da LC 101/2000) 21 Algumas Conclusões 1. A segurança pública (inserido nesse contexto o sistema penitenciário) precisa ter receitas vinculadas, transferidas fundo a fundo, à semelhança das áreas da educação e saúde; 2. A adequação das unidades prisionais à LEP depende da atuação simultânea, de todos os poderes constitucionais, nas três vertentes mencionadas: reduzir fluxo de entrada, aumentar fluxo de saída e modificar a estrutura de custódia. 3. Todos precisam trabalhar na esfera de suas responsabilidades, porém, com foco convergente! 22 FIM ANDRÉ LUIZ DE A. E CUNHA Superintendente do Sistema Penitenciário do Pará. [email protected] (91) 3239-4201, 4202, 4203 (91) 98896-5303 23