UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO RONALDO BARROS ORFÃO PROFESSORES DE MATEMÁTICA EM UM GRUPO DE ESTUDOS: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O USO DE TECNOLOGIA NO ENSINO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS SÃO PAULO 2012 4 RONALDO BARROS ORFÃO MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PROFESSORES DE MATEMÁTICA EM UM GRUPO DE ESTUDOS: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O USO DE TECNOLOGIA NO ENSINO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS Dissertação apresentada à banca examinadora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Bandeirante de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação Matemática, sob a orientação da Profª Dra Nielce M. Lobo da Costa. SÃO PAULO 2012 5 Orfão, Ronaldo Barros - Professores de Matemática em um Grupo de Estudos: Uma Investigação Sobre o uso de Tecnologia no Ensino de Funções Trigonométricas. . Dissertação (Mestrado Acadêmico) – Universidade Bandeirante de São Paulo, Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática. Orientadora: Profª. Drª. Nielce M. Lobo da Costa. Palavras-chave: Desenvolvimento Profissional Docente, Trigonometria, Trabalho Colaborativo, Grupo de Estudos, Geogebra. 6 RONALDO BARROS ORFÃO PROFESSORES DE MATEMÁTICA EM UM GRUPO DE ESTUDOS: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O USO DE TECNOLOGIA NO ENSINO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS. DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO, COMO EXIGÊNCIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. BANCA EXAMINADORA. 7 Dedicatória Este trabalho é dedicado a todos os que acreditam sociedade em que, justa, para devemos formar ter uma bons profissionais em constante desenvolvimento e aperfeiçoamento para que possamos promover uma educação de qualidade. 8 AGRADECIMENTOS À minha família, pela força e esperança das quais precisei para enfrentar a caminhada, em especial, à minha esposa, Anna Valquíria, que sempre me incentivou nos momentos mais difíceis, além de acreditar em mim e ser, incondicionalmente, o meu porto seguro. À Profa. Dra. Nielce Meneguelo Lobo da Costa, orientadora e amiga, pela dedicação e paciência, pelos conselhos e incentivo nos momentos de incertezas no decorrer da realização desta pesquisa. Às professoras da Banca Examinadora: Profa. Dra. Janete Bolite Frant, Profa. Dra. Abigail De Albuquerque Lins (Bibi Lins) e Profa. Dra. Silmara Alexandra da S. Vicente, por aceitarem o convite para participar da banca examinadora deste trabalho, pela avaliação cuidadosa que fizeram, pelas sugestões e críticas que me ajudaram a alcançar os resultados aqui apresentados. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UNIBAN-SP, sempre compromissados e prontos a ajudar. À Diretora Patrícia Martins Seabra, por acreditar e apoiar meu trabalho, me concedendo o espaço para realizar minhas pesquisas de campo. Aos amigos e companheiros; Antônio Carlos, Celso, Everaldo, Rosana, Rosely, Wanderlei, Leandro, sem os quais esta pesquisa não seria realizada. Aos companheiros mestrandos e doutorandos da UNIBAN-SP, pelos momentos agradáveis, dos quais tenho certeza vou sentir saudades. Aos professores e colegas de trabalho, em particular ao inspetor Moisés, que compartilharam comigo a maioria dos momentos em que se desenvolveu minha jornada como educador. A todos meus amigos, e de modo particular à minha mãe e meus irmãos Rosenil, Ronildo, Luiz e Suzana pela constante torcida, apoio e compreensão nos momentos de ausência que se fizeram necessários para a realização deste trabalho. Aos professores do GdS, que me permitiram vivenciar o sentido de uma comunidade colaborativa. Aos alunos que concordaram em participar como sujeitos da pesquisa, que apesar de anônimos, foram importantes para a conclusão da mesma. 9 RESUMO O objetivo desta pesquisa foi identificar quais são os fatores relevantes para impulsionar o desenvolvimento profissional docente que emergem em um grupo de estudos de professores de Matemática ao investigarem o uso de tecnologia para o ensino de trigonometria. A fundamentação teórica se constituiu a partir dos conceitos de conhecimento profissional, de reflexão e de desenvolvimento profissional do professor de matemática, na perspectiva de grupos de trabalho colaborativo. A metodologia da pesquisa foi a qualitativa do tipo Design Experiment desenvolvido por Cobb. Foi constituído um grupo de estudos formado por seis professores de matemática de uma escola da Educação Básica na grande São Paulo. O grupo se reuniu durante um semestre letivo para investigar o processo de ensino e aprendizagem de trigonometria com o uso de recursos tecnológicos. Os dados foram coletados por meio de questionário, entrevistas, gravação em áudio e vídeo e pelos materiais produzidos pelos sujeitos e seus alunos. A análise dos dados apontou como fatores relevantes para o desenvolvimento profissional docente: características específicas do grupo, tais como, participação voluntária, confiança mútua, objetivos comuns e interesse em buscar alternativas para o ensino de trigonometria; o conhecimento do conteúdo específico – as discussões do grupo favoreceram a (re)conceituação de conceitos, tais como; o de radiano e o de periodicidade; a participação colaborativa durante todo o tempo e especialmente quando aplicaram atividades com os alunos; o conhecimento pedagógico do conteúdo – as discussões viabilizaram a análise e a reflexão sobre ensino de trigonometria, em particular das funções seno e cosseno, temática para o qual desenvolveram metodologias diferenciadas; o conhecimento tecnológico do conteúdo – utilizar o software, analisar pesquisas de seu uso no ensino e criar atividades e aplicá-las com os alunos auxiliou a construir esse conhecimento. A pesquisa evidenciou que, no contexto investigado, o estabelecimento de grupos de estudos, envolvendo a parceria universidade-escola foi uma possibilidade viável para impulsionar o desenvolvimento profissional docente e auxiliar na integração dos recursos tecnológicos ao ensino de trigonometria. Palavras chaves: Desenvolvimento Profissional Docente, Trigonometria, Trabalho Colaborativo, Grupo de Estudos, Geogebra. 10 ABSTRACT The objective of this research was to identify which relevant factors trigger the professional development in the educational area that emerges from a mathematic study group, this group uses technology to teach trigonometry. The theoretical fundamentals were based in the concept of professional knowledge, reflection and development from the perspective of collaborative working groups. The Methodology of research was the qualitative type of the Design Experiment developed by Cobb. This methodology is constituted by a mathematics study group of six mathematics teachers from a school of basic education situated in the metropolitan region of São Paulo. The group met themselves through a semester of classes with the purpose of investigate the teaching and learning process through the use of technological resources. The data was collected through questionnaires, interviews, audio records and videos of the meetings, diaries of the researcher and the materials produced by the subjects and his students. The analyses of the data pointed out the following relevant factors for the professional teacher: specific group characteristics such as: voluntary participation, mutual trust, common purpose, and the search of alternatives to use the technology for the teaching of trigonometry. The group discussions favor the (re)conceptualization of conceptions such as radian; The collaborative participation of students during all the time, especially when activities to them were applied; The pedagogic knowledge of the content – and the discussions – made possible the analyses and reflection about the teaching of trigonometry, theme on which was developed different methodologies for teaching ;the technological knowledge of the content- utilization of a software, research analyses of its use in the teaching process to create this knowledge –the creation of activities for the students , helped us to build this knowledge. The research highlighted that in the context investigated the establishment of groups involving partnership between the basic school-university was a viable opportunity to trigger the professional development to integrate technology in the teaching of trigonometry. Key words: Teaching Professional Development, Trigonometry, Collaborative Work, Studying Groups. 11 Lista de Figuras Figura 1: Tela Apresentação do Geogebra ............................................................... 19 Figura 2: Tela Apresentação da Unidade de Aprendizagem de Trigonometria ......... 52 Figura 3: Apresentação do Portal do Professor......................................................... 53 Figura 4: Apresentação do RIVED ............................................................................ 54 Figura 5: Tela de Apresentação da Matemática Multimídia – M³ .............................. 57 Figura 6: Interface inicial do applet............................................................................ 75 Figura 7: Construção do Número ........................................................................... 78 Figura 8: Relação Entre as Unidades de Grau e Radiano ........................................ 79 Figura 9: Introdução ao ciclo trigonométrico.............................................................. 81 Figura 10: Apresentação da Relação Fundamental da Trigonometria ...................... 84 Figura 11: Gráfico de Aproveitamento das Atividades .............................................. 86 Figura 12: Crescimento e Decrescimento das Funções Seno e Cosseno ................ 89 Figura 13: Comparação Entre as Relações Seno e Cosseno de um Ângulo no Ciclo Trigonométrico .......................................................................................................... 91 Figura 14: Deslocamento Vertical das Funções Seno e Cosseno............................. 93 Figura 15: Amplitude das Funções Seno e Cosseno ................................................ 94 Figura 16: Atividades dos Alunos .............................................................................. 96 Figura 17: Variação do Período das Funções Seno e Cosseno ................................ 97 Figura 18: Deslocamento Horizontal das Funções Seno e Cosseno ........................ 98 Figura 19: Fotografia do Movimento de um Pistão .................................................. 100 Figura 20: Funções Seno e Cosseno com o Motor de um Cilindro ......................... 100 Figura 21: Relação das Funções Seno e Cosseno com o Motor de Quatro Cilindros .................................................................................................................. 101 Figura 22: Fotografia Motor 4 Cilindros ................................................................... 102 Figura 23: Atividade I Trigonometria com Molas ..................................................... 103 12 Figura 24: Atividade II Trigonometria com Molas .................................................... 105 Figura 25: Definição da função seno ....................................................................... 106 Figura 26: Tela de Apresentação do Software Geogebra ....................................... 138 Figura 27: Construção do aplicativo relacionando: Ciclo Trigonométrico, Função Seno e Função Cosseno. ........................................................................................ 149 Apêndices Apêndice I: Questionário para Avaliação dos Alunos .............................................. 122 Apêndice II Questionário de Identificação dos Sujeitos da Pesquisa ...................... 123 Apêndice III: Identificação dos Sujeitos da Pesquisa .............................................. 127 Apêndice IV: Entrevista de Encerramento ............................................................... 131 Apêndice V: Autorização do Responsável .............................................................. 132 Apêndice VI: : Resposta do Questionário Final ....................................................... 133 Apêndice VII: Tela de Apresentação do Geogebra ................................................. 138 Apêndice VIII: Construção deum Arquivo para dar Significado ao Número ......... 140 Apêndice IX: Construção de um Arquivo que Relaciona o Ângulo o Comprimento do Arco, e o Radiano. ................................................................................................... 144 Apêndice X: Construção de um Arquivo Ciclo Trigonométrico ................................ 146 13 Anexos Anexo I: Autorização da Comissão de Ética............................................................ 152 Anexo: II Trecho da Dissertação de Oliveira (2010) ................................................ 153 Anexo III: Trecho da Dissertação de Quintaneiro (2010) ........................................ 154 Anexo IV: Trecho da Dissertação de Goios (2010) ................................................. 154 Anexo V: Trecho da Dissertação de Lobo da Costa (1997) .................................... 154 Anexo VI: Trecho da Dissertação de Quintaneiro, (2010) ....................................... 154 Anexo VII: Texto Referente a Discussão do Motor a Explosão ............................... 154 Anexo VIII: Texto Discutido no 12º Encontro, Motor 4 Cilindros .............................. 154 Anexo IX: Atividades para Avaliação discutidas no 14º Encontro. .......................... 154 Lista De Quadros Quadro 1: Síntese da Revisão de Literatura ............................................................. 27 Quadro 2: Trabalho Colaborativo: Contexto para o Desenvolvimento Profissional Docente ..................................................................................................................... 42 Quadro 3: Características da Fundamentação Teórica ............................................. 47 Quadro 4: Resumo das Atividades Ensino e Aprendizagem de Trigonometria ......... 55 Quadro 5: Características do Design Experiment ..................................................... 59 Quadro 6: Resumo do Roteiro Inicial de conteúdos para o Grupo de Estudos ......... 61 Quadro 7: Perfil dos Professores .............................................................................. 67 Quadro 8: Resumo das Atividades Discutidas no Grupo .......................................... 69 Quadro 9: Características Emergentes para o Desenvolvimento Profissional Docente ................................................................................................................... 109 Quadro 10: Resumo dos Conteúdos Abordados e a Relação com o Software ....... 113 14 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 16 1.1 Definição do Problema de Pesquisa ............................................................... 20 1.2 Revisão de Literatura ....................................................................................... 20 2. FUNDAMENTAÇÃO.............................................................................................. 31 2.1 Conhecimento Profissional Docente ................................................................ 31 2.2 Grupo de Estudos ............................................................................................ 40 2.3 TIC no Processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática .......................... 49 2.3.1 Tecnologia para o Ensino e a Aprendizagem de Funções Trigonométricas ................................................................................. 51 3. METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 59 3.1 Design Experiment........................................................................................... 59 3.2 Desenvolvimento da Pesquisa ......................................................................... 62 3.3 Levantamento de Dados .................................................................................. 63 3.4 Caracterização da Escola MEAC ..................................................................... 65 3.5 Formação do Grupo de Estudo ........................................................................ 66 3.6 Atividades Desenvolvidas nos Encontros do Grupo ........................................ 69 4. DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO DOS ENCONTROS ................................ 72 4.1 Os Encontros ................................................................................................... 72 5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 109 5.1 Fatores Referentes às Características Específicas do Grupo ....................... 110 5.2 Fatores Referentes ao Conhecimento do Conteúdo Matemático .................. 110 5.3 Fatores ligados à Participação Colaborativa .................................................. 111 5.4 Fatores ligados ao Conhecimento Pedagógico do Conteúdo ........................ 112 5.5 Fatores relacionados ao Conhecimento Tecnológico do Conteúdo ............... 113 5.6 Considerações Finais .................................................................................... 115 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 118 Apêndice ................................................................................................................. 123 Anexo ...................................................................................................................... 153 15 CAPÍTULO 1 APRESENTAÇÃO 16 1. APRESENTAÇÃO O foco desta pesquisa foi o desenvolvimento profissional de professores de Matemática em um grupo de estudos, investigando os aspectos favoráveis, ou não, para o uso de tecnologia no ensino de funções trigonométricas. Entendemos o desenvolvimento profissional na acepção de Ponte & Oliveira (2002): [...] um processo de crescimento na sua competência em termos de práticas lectivas e não lectivas, no autocontrolo da sua actividade como educador e como elemento activo da organização escolar. O desenvolvimento profissional diz assim respeito aos aspectos ligados à didáctica, mas também à acção educativa mais geral, aos aspectos pessoais e relacionais e de interacção com os outros professores e com a comunidade extra-escolar.(apud Lobo da Costa, 2004, p.56) Este projeto se desenvolveu na Linha de Pesquisa de Formação de Professores que Ensinam Matemática. Nesta pesquisa, investigamos quais são os aspectos favoráveis do uso da tecnologia, em particular com o software Geogebra, e como promover situações em um grupo de estudos que facilitem o trabalho de um professor reflexivo em sua prática pedagógica. O estudo agrega contribuições de minha experiência profissional, das disciplinas oferecidas pela universidade Uniban, e também é subsidiado pela minha participação do GdS1. Ministro aulas de Matemática no Ensino Básico há 19 anos, e durante este período, tenho encontrado resistência, por parte dos alunos, quanto ao ensino e aprendizagem dessa disciplina, de tal forma que aprender matemática costuma ser considerado um privilégio para poucos. Este contexto, ligado ao ensino e aprendizagem de Matemática, é mais complexo, uma vez que muitas pessoas enfrentam com naturalidade a dificuldade de entender tal disciplina, que tem sido fruto de um ensino tecnicista onde se privilegia a técnica, numa relação professor-aluno extremamente autoritária, bem como metodologias de ensino que privilegiam procedimentos mecânicos de memorização, desfavoráveis a uma aprendizagem significativa dos alunos. O 1 GdS, Grupo de Sábado, formado em 1999, na Faculdade Educação da UNICAMP, é um grupo colaborativo, onde professores do Ensino Básico e pesquisadores se reúnem para aprimorar em seu desempenho profissional, discutir suas práticas pedagógicas e aperfeiçoar em suas práticas na formação continuada de professores que ensinam Matemática. Iniciei a participação no grupo em outubro 2010. 17 conceito é, muitas vezes, deixado para o segundo plano, dando-se mais ênfase às técnicas e resolução de exercícios repetitivos. Segundo Fiorentini (1995), a formação tecnicista parte do pressuposto que a matemática consiste basicamente no desenvolvimento de habilidades , na fixação de conceitos estimulados por atividades que facilitem a memorização dos fatos e exercicios operantes para desenvolver habilidades e atitudes computacionais e manipulativas, capacitando o aluno à resolução de exercicios ou de problemas padrões. Por sua vez, os professores, por serem, em muitos casos, oriundos de uma formação tecnicista, acreditam que a melhor maneira de ensinar é da mesma forma que aprenderam. Na literatura existem referências sobre tal questão, por exemplo: Existe uma convicção de que o papel da escola em todos os níveis é o de "educar" seus alunos, entendendo por "educação" transmitir um conjunto organizado e sistematizado de conhecimentos de diversas áreas, desde a alfabetização, passando por matemática, língua portuguesa, ciências, história, geografia, física, biologia e outras, até aqueles conhecimentos próprios de uma formação profissional nos cursos de graduação de uma faculdade - e exigir deles memorização das informações que lhes são passadas e sua reprodução nas provas e avaliações. (Masetto 2000, p.134) Partimos do pressuposto que a escola necessita de um professor que esteja disposto a aprender a aprender e a aprender a ensinar. Concordamos com Fiorentini (2005), que os professores escolares também produzem conhecimentos a partir dos desafios de sua prática. O professor, na perspectiva de desenvolvimento profissional, constitui-se em um agente reflexivo de sua prática pedagógica, passando a buscar, de forma autônoma ou colaborativamente, subsídios teóricos e práticos que ajudem a compreender e a enfrentar os problemas e desafios de seu trabalho escolar. Nesta pesquisa em Educação Matemática, na linha de formação de professores que ensinam matemática, tivemos a oportunidade de ponderar sobre três de minhas inquietações: 1) O desenvolvimento profissional do professor de Matemática; 2) O papel do professor reflexivo sobre sua prática pedagógica; e 3) O uso de softwares educativos na sala de aula. 18 Escolhemos o assunto funções seno e cosseno por este ser fundamental para a educação básica, uma vez que muitos conceitos podem ser modelados de forma periódica como, por exemplo, nos fenômenos ondulatórios, movimentos circular, circuitos elétricos, corrente elétrica, as fases da Lua, as estações do ano na Astronomia. Ao fazer tal escolha, fomos ao encontro da Proposta Curricular do Estado de São Paulo que propõe este mesmo conteúdo, uma vez que está associado ao movimento de corpos redondos e deve ser abordado no primeiro bimestre da segunda série do Ensino Médio. Outro ponto favorável foi o fato dos professores centrais, envolvidos na pesquisa, ministrarem aula nesta série em questão. Apesar de sua relevância, muitos estudantes, ao concluírem o Ensino Básico, não têm um conhecimento sólido sobre essas funções, podendo apresentar dificuldades, principalmente aqueles que vão prosseguir em seus estudos, e os que, por ventura, não forem, perdem a oportunidade de conhecer este conceito que modela fenômenos periódicos. Os estudos sobre aplicações de tecnologias computacionais para o ensino da matemática, que vem sendo observados nas últimas décadas, dão conta de que, por várias vezes, era atribuído à maquina o sucesso ou fracasso do experimento. Sobre tal evento, Giraldo & Carvalho (2004), apud Hasche2 (2004, p.1), apoiados nos trabalhos de Laudares & Lachini (2000), afirmam que o uso da tecnologia nas aulas de matemática tem valor relevante, pois proporciona ao professor mais uma opção além do modelo tradicional. Porém, os autores advertem que a preparação e a motivação dos professores, aliadas ao planejamento criterioso das atividades é que vão possibilitar uma atitude investigativa dos alunos. Diante disso, demanda-se uma necessidade de formação docente que capacite o professor a lidar com ferramentas computacionais de modo que possa criar tarefas apropriadas para esta nova possibilidade na maneira de ensinar e que também o possibilite assumir um papel de guia no aprendizado dos seus alunos. 2 http://www.limc.ufrj.br/htem4/papers/39.pdf. 19 Optamos pelo software Geogebra3, uma vez que ele reúne Geometria e Álgebra ao mesmo tempo, com distribuição gratuita e fácil acesso. Este software foi desenvolvido por Markus Horhenwarter, em 2004, na Universidade de Salzburg. Trata-se de um sistema de geometria dinâmica que permite construções manipuláveis por equações. O software apresenta uma característica voltada para relacionar várias funções ao mesmo tempo; duas visões são características do Geogebra: uma expressão em álgebra que corresponde à representação de um objeto da geometria e uma expressão em geometria que corresponde à representação de um objeto em álgebra, segundo Ribeiro (2009) O Geogebra fornece três diferentes vistas dos objetos matemáticos: a Zona Gráfica, a Zona Algébrica, ou numérica, e a Folha de Cálculo. Elas permitem mostrar os objetos matemáticos em três diferentes representações: graficamente (e.g., pontos, gráficos de funções), algebricamente (e.g., coordenadas de pontos, equações) e nas células da folha de cálculo. Assim, todas as representações do mesmo objeto estão ligadas dinamicamente e adaptam-se automaticamente às mudanças realizadas em qualquer delas, independentemente da forma como esses objetos foram inicialmente criados. (p. 6 tradução de Ribeiro, 2009). Figura 1: Tela Apresentação do Geogebra Fonte: Ajuda Geogebra Manual Oficial da Versão 3.2 3 http://www.geogebra.org 20 1.1 Definição do Problema de Pesquisa O objetivo desta pesquisa foi identificar quais são os fatores relevantes para impulsionar o desenvolvimento profissional docente que emergiram em um grupo de estudos de professores de Matemática ao investigarem o uso de tecnologia para o ensino de trigonometria. Nossa abordagem, para o desenvolvimento dessa pesquisa, foi relacionar o uso da tecnologia para o ensino dos conteúdos propostos ao consequente desenvolvimento profissional do professor de Matemática. Procuramos entender como os professores raciocinam e implantam ideias matemáticas e as modificam em seu trabalho, após conhecer os recursos tecnológicos, e também como o conhecimento matemático se desenvolve ao longo dos estudos em grupo. A questão orientadora da pesquisa foi a seguinte: Quais os fatores relevantes para impulsionar o desenvolvimento profissional docente que emergem em um grupo de estudos de professores de matemática ao investigarem o uso de tecnologia no ensino de trigonometria? 1.2 Revisão de Literatura A partir de uma revisão da literatura constatamos a existência de pesquisas referentes ao tema trigonometria, cujos sujeitos foram alunos da Educação Básica, porém, encontramos um pequeno número de estudos relativos à formação do professor e uso de tecnologia para o ensino de trigonometria com grupos de professores. Consideramos que isso, por si só, já pode ser considerada uma justificativa para desenvolver uma pesquisa direcionada ao desenvolvimento profissional do professor. Com a facilidade de acesso à tecnologia, acreditamos ser possível investigar a mediação professor-aluno, formando um grupo de estudos para desenvolver trabalhos específicos em trigonometria, uma vez que as demandas escolares são frutos da era da informática. Entendemos que desenvolver atividades usando uma metodologia do século passado, parece não contribuir para a formação do cidadão do século XXI. 21 Segundo Fiorentini (2005), nas décadas de 70 e 80, os cursos de formação continuada de professores eram tratados como reciclagem, treinamento, aperfeiçoamento de professor com técnicas e metodologias de ensino de matemática. Estes cursos admitiam que, com o passar dos tempos, os professores defasavam-se em conteúdos e metodologias, não sendo capazes, eles próprios, de produzirem novos conhecimentos e se atualizarem a partir da prática, necessitando, para isso, tomar conhecimento e novos saberes curriculares produzidos pelos especialistas. Ao contrário desta linha de pensamento, nos anos 90,através de estudos internacionais acerca do pensamento do professor, observou-se que, primeiro: os professores escolares também produzem, a partir dos desafios da prática, saberes profissionais relevantes e fundamentais e segundo: os resultados das experiências e estudos dos próprios formadores-pesquisadores, alguns realizados em colaboração com professores escolares, mostravam que os cursos sob o modelo da racionalidade técnica4 pouco acrescentavam aos conhecimentos dos docentes dentro do ambiente escolar. O professor, neste olhar de desenvolvimento profissional, constitui-se num agente reflexivo de sua prática pedagógica, passando a buscar, colaborativamente, subsídios teóricos e práticos que ajudem a compreender e a enfrentar os problemas e desafios do trabalho em sala de aula. Trata-se de um processo não linear, de idas e vindas, de avanços e retrocessos, cada vez mais amplos e completos, de reflexão sistemática sobre a ação educativa. Hoje em dia, com o maior acesso à tecnologia e consequentemente ao grande número de informações, os discentes chegam à escola ansiando pela continuidade deste avanço tecnológico, e rejeitando veementemente o sistema educacional que privilegia a técnica, a lousa e o giz. Identificamos trabalhos acadêmicos que possuem uma estreita relação com o presente estudo que comentamos a seguir. O levantamento revelou que a temática “O Professor e o uso da Tecnologia para o Ensino de Trigonometria”, tem sido pouco explorada nas pesquisas da área de Educação Matemática. Foram encontradas 4 Segundo Fiorentini (1995), a formação tecnicista parte do pressuposto que a matemática consiste basicamente no desenvolvimento de habilidades , na fixação de conceitos estimulados por atividades que facilitem a memorização dos fatos e exercicios operantes para desenvolver habilidades e atitudes computacionais e manipulativas, capacitando o aluno a resolução de exercicios ou de problemas padrões. 22 pesquisas desenvolvidas como parte de mestrados e/ ou doutorados, como é o caso das dissertações de LOBO DA COSTA (1997), FERREIRA MARTINS (2003), GOIOS (2010),ROSENBAUM (2010), DAMASCO NETO (2010), THAIS DE OLIVEIRA (2010) e QUINTANEIRO (2010), a maioria deles fazendo uso da tecnologia em experiências realizadas com aluno. A seguir, discutimos as pesquisas acima citadas expondo como cada uma delas contribuiu para a nossa investigação. Lobo da Costa (1997) investigou o uso de dois diferentes contextos de aprendizagem para trigonometria – denominados pela pesquisadora de contexto do Mundo Experimental e do Computador –, focados na introdução das funções seno e cosseno, partindo da premissa de que é possível conceituá-las de maneira significativa para o aluno. Para isso, a autora preparou uma sequência didática e trabalhou com dois grupos de alunos, sendo que para um deles iniciou o assunto com atividades no computador e dando continuidade por manipulações no mundo experimental e, para outro grupo, a ordem da introdução foi invertida. No contexto do “Mundo Experimental‖, os alunos resolveram grupos de atividades, manipulando experimentos construídos pela autora a partir de materiais como ―Simulador de Alarme Óptico‖, ―Roda com Caneta a Laser‖, e ―Pêndulo de Areia‖. No contexto do computador foram utilizados dois softwares: o Cabri-géomètre e o Graphmática. No primeiro software, foram criados arquivos contendo o círculo trigonométrico e, nele, um ponto móvel P. O aluno, ao movimentar o ponto ao longo do círculo, podia observar as projeções de P sobre os eixos, associando cada arco ao seno e ao cosseno correspondente. No software Graphmática, procurou viabilizar a exploração do gráfico das funções a partir de suas representações algébricas. As conclusões da pesquisadora estabeleceram que a ordem de introdução do conteúdo interferiu na aprendizagem dos alunos. O grupo que passou primeiro pelas atividades do mundo experimental obteve mais sucesso. Em relação ao estudo de Lobo da Costa (1997), as atividades para exploração do ciclo trigonométrico, usadas com o software Graphmática, nos auxiliaram a desenvolver atividades similares com o software Geogebra, como por exemplo, a exploração de um ponto P, que se movimenta em uma circunferência de raio 1, por meio dela é possível visualizar as coordenadas do ponto são (cos (P),seno(P)). No caso, vale enfatizar que, usando os recursos do Geogebra, podemos visualizar o 23 ângulo associado ao ponto P com a unidade em grau ou em radiano, visualizando o comprimento do arco e sua representação linear, relacionando o arco com sua projeção no eixo da abscissa. Nesta demonstração a pesquisadora lançou mão de dois softwares o Cabri-géomètre e o Graphmática, e neste estudo, fizemos demonstrações similares usando apenas o software Geogebra, por ser um software free, o que torna um facilitador para nossa pesquisa e para o trabalho em sala de aula. Também fazendo o estudo dos parâmetros das funções seno e cosseno (f(x) = a + b sen (c x+ d) e g(x)= a + b cos (c x + d), com a, b, c, d Є R e c ≠ 0. Martins (2003) estudou o conceito de seno e cosseno de forma coordenada, partindo do triângulo retângulo, passando pelo círculo trigonométrico e finalizando com os gráficos de funções correspondentes, tentando proporcionar aos alunos, condições para atribuir significados a tais conceitos. Para isto, a autora elaborou uma sequência didática composta de sete atividades, com o objetivo de investigar se aluno do 2º ano do Ensino Médio, podia, por meio destas sequências e com o auxilio do software Cabri-Géomètre, utilizar estes conhecimentos. A elaboração e a aplicação destas atividades foram feitas à luz da dialética ferramenta-objeto e interação entre domínios de Regine Douady, visando a aprendizagem construída a partir dos conhecimentos prévios do aluno. Os resultados desta pesquisa apontam que elaborando uma sequência didática adequada e usando a tecnologia com eficiência, o aprendizado deixa de ser algo sem significado, e que o uso do software Cabri-géomètre pode auxiliar os aprendizes a visualizarem o movimento do ponto sobre a circunferência, trazendo melhorias significativas para o aprendizado. Vale ressaltar que tal software não é livre, o que pode se tornar um obstáculo para o professor utilizar em escolas públicas. A dissertação de Goios (2010), que também fez parte de nossa revisão de literatura, refere-se a uma pesquisa cujo objetivo foi investigar quais são os aspectos que favorecem o ensino da trigonometria no Ensino Médio, especificamente quanto ao ensino do círculo trigonométrico, em um ambiente utilizando recursos digitais. Para o desenvolvimento de aprendizagem, o autor utilizou o conceito de Cenário para Investigação desenvolvida por Skovsmose que tem como princípio fundamental a aprendizagem dos alunos por meio de investigações. O pesquisador 24 analisou a produção de significados apresentada por um grupo de oito alunos da primeira série do Ensino Básico em uma escola no interior de São Paulo, durante as aulas de trigonometria para a exploração do ciclo trigonométrico. Um cenário para investigação é aquele que convida os alunos a formular questões e procurar explicações. O convite é simbolizado por seus ―Sim, o que acontece se...?‖. Dessa forma os alunos se envolvem no processo de exploração. O ―Por que isto?‖ do professor representa um desafio, e os ―Sim, por que isto...?‖ dos alunos indicam que eles estão encarando o desafio e que estão em busca de explicações. Quando os alunos assumem o processo de exploração e explicação, o cenário para investigação passa a constituir um novo ambiente de aprendizagem. (Skovsmose (2008), apud Goios, p.36) Foi elaborado um cenário para o ensino do ciclo trigonométrico utilizando o RIVED5, e um applet6, criado pelo autor, no software Geogebra, no qual se podia perceber, de forma dinâmica, a variação dos valores do seno e cosseno com a aplicação de atividades. Foi constatada a dificuldade dos alunos ao trabalharem com ângulos medidos em radiano, pois, segundo o autor, os alunos, ao estudar ângulos, estão familiarizados com a unidade de medida graus, sendo que a representação dos mesmos em radianos, usando números irracionais, foi considerado pelo pesquisador como um obstáculo para os alunos. Para minimizar esta dificuldade foi proposto, como primeira atividade, uma situação onde foi trabalhado exercícios revendo as principais propriedades de números racionais e irracionais. Em sua conclusão, Goios (2010) enfatiza: ... que o uso de recursos digitais nas aulas de trigonometria é uma prática que trouxe muitos pontos positivos, mesmo quando estes recursos apresentam falhas que podem ser aperfeiçoadas. Pois a utilização destes recursos além de ser uma fonte motivadora traz também novas possibilidades para a construção do conhecimento da trigonometria, possibilidade estas diferentes das que se apresentam em uma aula com papel e lápis, que não seriam possíveis sem a utilização do computador. (p.126) 5 RIVED, Rede Internacional Virtual de Educação, é um programa da Secretaria de Educação a Distância do MEC, onde se encontra no sítio www.rived.mec.gov.br o que chama de ―Objetos de aprendizagem‖, para o Ensino Médio. 6 Applet é um pequeno programa feito para ser usado em uma página da Internet. Um applet pode realizar animações interativas, cálculos rápidos ou outras tarefas simples sem ter que mandar a requisição do usuário para o servidor. Fonte: http://pt.shvoong.com/internet-and-technologies/websites/2156949-que-%C3%A9-umapplet/#ixzz1ougoI1NQ (Acesso em 12 março 2012.) 25 O autor sugere, para futuras pesquisas sobre ensino de trigonometria, que sejam desenvolvidas atividades no círculo trigonométrico, usando as unidades do arco em grau e em radiano, pois os alunos preferem trabalhar somente com a unidade em grau, com as escalas decimais no eixo do seno e cosseno e em seguida as funções seno e cosseno. Essa pesquisa nos auxiliou subsidiando o design de nossa pesquisa, uma vez que planejamos discutir essas questões no grupo de estudos. A próxima dissertação pesquisada foi a de Rosenbaum (2010), que verificou como compatibilizar perspectivas construtivistas de aprendizagem no ensino de funções trigonométricas com as pesquisas da área de Educação Matemática. A mesma realizou a pesquisa com dois professores e 70 alunos da 2º série do Ensino Médio, divididos em duas turmas, em uma escola da rede pública do Estado de São Paulo, com a fundamentação teórica de Simon (1995, apud Rosenbaum (2010) , sobre o uso de Trajetória Hipotética de Aprendizagem THA. A teoria THA - Trajetória Hipotética de Aprendizagem – considera o caminho que o aluno deve seguir para a construção do conhecimento pretendido. Segundo Simon são três as fases da THA: Os objetivos do professor; as atividades de ensino e o processo hipotético de aprendizagem. Aprendizagem e o processo hipotético de aprendizagem abrangem hipóteses acerca do entendimento e dos pensamentos mobilizados pelos aprendizes no desenvolvimento das atividades de ensino. (Rosenbaum, 2010) A pesquisadora usou materiais manipulativos: régua, compasso, calculadoras, aplicações de softwares. Os resultados da pesquisa evidenciaram que o uso de THA potencializou o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, e que a relação do professor/aluno é decisiva para ocorrer esta ação. Com este estudo, pretendemos , assim como fez Rosenbaum, aproximar as teorias de Ensino em Matemática, fazendo uma conexão com a prática do trabalho do professor em sala de aula, buscando uma aplicação prática, vinda do conhecimento discente incorporar as funções seno e cosseno, minimizando a distância entre o uso da tecnologia e a prática docente, apropriando-se das pesquisas realizadas neste campo. 26 Roque (2010) fez uma pesquisa baseada na teoria da representação Semiótica de Duval, contemplando uma sequência didática para o estudo de funções trigonométricas usando o software Geogebra com um grupo alunos do Ensino Médio. Nesta teoria: Na matemática a especificidade das representações consiste em que elas são relativas a um sistema particular de signos, à linguagem, à escrita algébrica ou aos gráficos cartesianos e elas podem ser convertidas em representações equivalentes num outro sistema semiótico, podendo tomar significações diferentes pelo sujeito que as utiliza (Duval, p.57, apud, Roque 2010) O autor teve como objetivo pesquisar as dificuldades que os estudantes enfrentam ao depararem com as funções trigonométricas e suas representações. ...no caso de funções trigonométricas, via que os alunos sabiam o formato comum dos gráficos, mas não conseguiam perceber as transformações que o gráfico sofria ao se alterar um parâmetro qualquer da função, ou até mesmo a relação que havia entre o seu gráfico e o círculo trigonométrico... (p.15) Para o autor, o uso de uma ferramenta digital, aliada a uma metodologia proposta, facilita o aprendizado. O uso do Geogebra, por ser um software dinâmico de geometria, se mostrou como um recurso tecnológico facilitador para a aprendizagem, levando os alunos a interagirem de modo efetivo e participativo na construção do conhecimento matemático, manipulando os diferentes registros de representação. Oliveira (2010) investigou uma abordagem no ensino de trigonometria partindo da trigonometria no triângulo retângulo até sua forma analítica no círculo trigonométrico. Formulou atividades com diferentes metodologias que justificassem o estudo da trigonometria, contextualizou diversas aplicações destas funções e construiu uma sequência de atividades que permitisse que o professor ultrapassasse os limites de lousa e giz, trabalhando de forma dinâmica. Para isto, a pesquisadora usou o software Geogebra e desenvolveu atividades para serem exploradas de forma ativa. Oliveira dividiu seu trabalho em dois grupos distintos: no primeiro grupo, usou quatro atividades com materiais de manipulação, a construção das tábuas trigonométricas, o inclinômetro, o radiano e as funções trigonométricas com canudos, e no segundo grupo construiu seis atividades no software Geogebra. Esta pesquisa tem semelhança com a nossa tanto no que se refere aos conteúdos desenvolvidos com os alunos, quanto ao uso do software Geogebra, 27 porém foi direcionada à aprendizagem de trigonometria, sendo que o desenvolvimento do estudo foi realizado com alunos e nosso trabalho foi direcionado ao desenvolvimento profissional do professor. Já Quintaneiro (2010) trabalhou com o ensino de conceitos fundamentais em trigonometria, realizando um estudo exploratório, em que foram analisadas a abordagem de trigonometria em um dos livros didáticos mais comumente adotados em escolas de Ensino Médio no Estado do Rio de Janeiro. Participaram deste trabalho três professores da rede pública de Ensino Médio. Para este autor, o livro didático oferece vários fatores conflitantes relativos ao conceito de funções trigonométricas. Um deles é o fato de que não é sempre que os conceitos tratados em um mesmo volume são consistentes entre si, tanto do ponto de vista matemático, quanto no ponto de vista pedagógico, observando-se que, no início do estudo de seno e cosseno, estavam sendo associados a valores angulares, medidos em graus. Logo em seguida, são mencionados arco e ângulo sem deixar claro que a unidade radiano pode expressar uma medida linear. Nesse tipo de abordagem, são omitidas algumas questões importantes, tais como: Por que o uso da unidade radiano é necessário? Como é possível que um mesmo conceito matemático possa ser definido de formas diferentes? ... Acreditamos que tal abordagem possa apresentar uma intenção de ―facilitar‖ o trabalho dos alunos, poupando-os das dificuldades inerentes à essência do próprio conceito, embora isso possa resultar em fatores de conflito potencial. (p.1) Ao relacionar o seno medindo ora em graus, ora em radiano, sem fazer qualquer distinção, podemos ser levados a respostas errôneas, como por exemplo: f :R→R, f (x) = sen(x) (de domínio real),então f (30º ) = 0,5, se o domínio é real não faz sentido mencionar 300 e sim f (/6 ) = 0,5. Quadro 1: Síntese da Revisão de Literatura Autor Pesquisa Observações Investigou o uso de dois diferentes contextos de Utilizamos como referência as aprendizagem para trigonometria – denominados atividades para exploração do pela pesquisadora de contexto do Mundo ciclo trigonométrico usadas Lobo da Costa Experimental e do Computador, focados na com os softwares Cabri- (1997) introdução das funções seno e cosseno, partindo géomètre e Graphmática. da premissa de que é possível conceituá-las de Desenvolvemos atividades 28 maneira significativa para o aluno. similares, com o software Geogebra. Martins (2003) Estudou o conceito de seno e cosseno de forma Adaptamos atividades similares coordenada, partindo do triângulo retângulo, no triângulo retângulo mudando passando pelo ciclo trigonométrico e finalizando do software Cabri-géomètre com os gráficos de funções correspondentes, para o Geogebra. com o auxilio do software Cabri-Géomètre. Investigou os aspectos que favorecem o ensino Aproveitamos as ideias como, da trigonometria no Ensino Médio, por exemplo, o uso das Goios especificamente quanto ao ensino do círculo unidades de grau e radiano (2010) trigonométrico, em um ambiente utilizando minimizando os obstáculos recursos digitais e o conceito de Cenário para encontrados pelo autor. Investigação de Skovsmose. Verificou como compatibilizar perspectivas Aproximamos as teorias de construtivistas de aprendizagem no Ensino de Ensino em Matemática, Funções Trigonométricas, com as pesquisas da fazendo uma conexão com a Rosenbaum área de Educação Matemática com a prática do trabalho do professor (2010), fundamentação teórica de Simon, sobre o uso de em sala de aula, minimizando a Trajetória Hipotética de Aprendizagem THA. distância entre o uso da tecnologia e a prática docente apropriando-se das pesquisas realizadas neste campo. Pesquisou uma sequência didática para o estudo Verificamos que desenvolvendo de funções trigonométricas, usando o software o estudo das funções Roque Geogebra com um grupo de alunos do Ensino trigonométricas usando o (2010) Médio, baseada na teoria da representação software Geogebra, viabiliza-se Semiótica de Duval. o aprendizado dos alunos frente aos recursos que o software de geometria dinâmica oferece. Esta pesquisa tem semelhança com a nossa, tanto no que se refere aos conteúdos Investigou uma abordagem no ensino de desenvolvidos com os alunos, Oliveira trigonometria partindo da trigonometria no quanto ao uso do software (2010) triângulo retângulo até sua forma analítica no Geogebra, porém foi ciclo trigonométrico. direcionada à aprendizagem de trigonometria, sendo o desenvolvimento do estudo 29 realizado com alunos e nossa pesquisa se desenvolve com um grupo de professores. Pesquisou o Ensino de Conceitos Fundamentais Exploramos o conceito em Trigonometria por meio de um estudo fundamental da trigonometria e Quintaneiro exploratório sobre a abordagem de trigonometria a passagem de grau para (2010) em um dos livros didáticos mais comumente radiano e sua necessidade de adotados em escolas de Ensino Médio no Estado visualização do ciclo do Rio de Janeiro. trigonométrico para a função trigonométrica. As abordagens acima vêm ao encontro de nossa pesquisa, uma vez que se referem à mesma temática, contudo, observamos a carência de estudos endereçados à formação continuada do professor e à divulgação destas abordagens. Neste trabalho, nos propusemos a desenvolver estudos sobre trigonometria com um grupo de professores de Matemática. 30 CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO 31 2. FUNDAMENTAÇÃO Neste segundo capítulo, apresentamos a fundamentação teórica usando como referência os trabalhos de Shulman (1986) sobre o conhecimento profissional docente, os de Schön (1992) sobre os professores como profissionais reflexivos, os saberes profissionais do professor segundo Tardif (2002), o conceito de Desenvolvimento Profissional Docente de Ponte (1999), a contribuição da tecnologia na formação continuada dos professores a partir dos estudos de Ponte, Oliveira e Varandas (2008), além disso, discutimos a formação continuada do professor sob o olhar de grupos de trabalho colaborativo, a partir das pesquisas de Fiorentini (1994) entre outros. 2.1 Conhecimento Profissional Docente Segundo os trabalhos de Shulman (1986) sobre a compreensão do processo de construção do conhecimento do professor, a base do conhecimento para o ensino refere-se ao que um professor deve saber para ensinar. Na matemática, o docente, para que possa ingressar na profissão com um repertório mínimo de conhecimentos e habilidades, necessita desenvolver condições de interagir e intervir no processo de ensinar e aprender nas diferentes áreas do conhecimento e modalidades de ensino, ampliando seu repertório profissional de modo a subsidiar a compreensão que o professor necessita para promover a aprendizagem dos alunos. Shulman (ibid.) influenciou a formação profissional docente nas duas últimas décadas com sua obra: ―Paradigms and research programs for the study of teaching‖ (Paradigmas e programas de pesquisa para o estudo do ensino) que analisa os respectivos paradigmas para que haja uma construção sólida do conhecimento e aprendizagem que leve ao desenvolvimento efetivo da prática profissional do professor. Shulman aponta três categorias distintas do conhecimento para o professor. A saber: 32 1- Conhecimento do Conteúdo: refere-se aos conhecimentos específicos da disciplina que o professor leciona, incluindo as compreensões, conceitos e procedimentos, entre outros fatores relacionados com esta disciplina em seus diferentes domínios de conhecimentos. Pensar corretamente sobre o conhecimento do conteúdo requer ir além do conhecimento de fatos ou conceitos de um domínio e conhecimento curricular. Os professores não devem ser capazes apenas de definir para os estudantes as verdades aceitas em um determinado domínio. Eles também devem ser capazes de explicar por que uma proposição particular é considerada válida e porque vale a pena conhecê-la e também como ela se relaciona com outras proposições, tanto dentro da disciplina como fora dela, na teoria e na prática (Shulman (1986) p.9, tradução livre) 7 2- Conhecimento Pedagógico do Conteúdo: refere-se ao que vai além do conhecimento da disciplina para o ensino, evidenciando uma forma particular de conhecimento que incorpora os aspectos mais pertinentes a sua sensibilidade dentro de uma categoria de conhecimento pedagógico que inclui, para os tópicos mais regularmente ensinados em sua área de ensino, várias estratégias de representação das ideias, incluindo ilustrações, exemplos, demonstrações de diferentes formas de representar e formular o assunto, tornando compreensível para os outros. Uma vez que não existe uma única forma de representação, o professor deve ter em mãos várias fontes de dados para suas representações. Algumas advêm da prática docente e outras de investigações. Se esses pressupostos forem equivocados, o conhecimento dos professores precisará de fontes para a (re)-organização e compreensão dos alunos. O conhecimento baseado na investigação é um componente importante para a compreensão pedagógica do assunto. 3-Conhecimento Pedagógico Geral: refere-se aos mecanismos de ensinar e aprender, reconhecer os conhecimentos prévios dos alunos, conhecimentos relacionados com normas e valores éticos, conhecimento do 7 Teachers must not only be capable of defining for students the accepted truths in a domain. They must also be able to explain why a particular proposition is deemed warranted, why it is worth knowing, and how it relates to other propositions, both within the discipline and without, both in theory and in practice. 33 cotidiano escolar que envolve atitudes pequenas como, por exemplo, grupos de trabalho em sala de aula, atitudes em maior escala, como o manejo de classe, interação com os alunos e conhecimentos de outras disciplinas que venham a enriquecer a compreensão dos conceitos de sua área, conhecer o currículo como política em relação aos órgãos oficiais, assim como programas e materiais destinados ao ensino específico. Para contemplar os saberes profissionais docentes, e o desenvolvimento profissional acreditamos ser necessário usarmos os conceitos de Schön (1995, apud Polini, 2010) sobre o pensamento reflexivo a reflexão-na-ação, a reflexão-sobre-a-ação e reflexão sobre-a-reflexão-na-ação. Schön, inspirando-se nos estudos de Dewey, escreveu sobre a importância do papel da reflexão para a resolução de algum problema ou dificuldade real no momento em que elas acontecem. Os trabalhos de Schön (ibid) contribuíram para a inclusão das teorias sobre a prática da reflexão no campo da formação de professores. Estes conceitos de reflexão possibilitam ao professor condições de repensar sobre sua prática docente. No conceito ―reflexão-na-ação‖, o professor reflete e interpreta a partir de sua ação no momento exato em que acontece uma situação inesperada na sala de aula. É um movimento intuitivo que propicia uma construção de conceitos e novas teorias, com a finalidade de oferecer uma melhor aprendizagem. É nesse momento que o docente deve estar atento aos conhecimentos que o aluno traz de fora dos muros escolares. Na ―reflexão-sobre-a-ação‖, o professor faz uma reconstituição sobre sua atuação na sala de aula, pois é no momento em que está afastado da prática que o profissional analisa a situação ocorrida e reflete sobre quais foram os significados atribuídos. Para o autor, a ―reflexão sobre-a-reflexão-na-ação‖ admite que o professor tenha uma postura investigativa sobre sua ação, um olhar crítico (re) organizando, assim, outras estratégias que a prática exige. Este tipo de reflexão leva o professor a pensar sobre sua ação, pensando no foi observado, e de que outras maneiras ele poderia resolver situações que viessem a ocorrer. 34 Ao introduzir o conceito de reflexão na ação, Schön (2000) o faz com o objetivo de trazer o conhecimento profissional para dentro da sala de aula, para que as tomadas de decisões possam ser feitas pelo professor durante o desenvolvimento da aula, a fim de observar a maneira como desenvolve seu trabalho em sala. Estas decisões que o professor deverá tomar afetarão diretamente o seu ensino, como por exemplo, a postura do professor no ambiente escolar e fora dele, a mudança no plano de aula, a maneira de interpretar os erros cometidos pelos alunos ao realizarem as tarefas, etc. Assim, em momento posterior à aula, quando o professor reflete sobre as ocorrências que levaram às suas tomadas de decisão, considerando-as sensatas ou não, configura-se sua reflexão sobre a reflexão na ação e tal postura leva a um impulso em seu conhecimento profissional. As reformas educativas oferecem uma oportunidade para re-examinar as questões referentes a uma crise de confiança profissional na educação. Esta crise pode se encontrar entre o saber escolar e a reflexão na ação dos professores e alunos. Segundo Schön (1992), quando estamos em um meio de processo de reforma educativa e tomamos consciência do baixo desempenho escolar, atribuímos a culpa às escolas e professores, o que significa culpar as próprias vitimas do sistema educativo. Em suma, para Schön (2000), um professor reflexivo permite-se, num primeiro momento, ser surpreendido pelo que o aluno faz, para em seguida, refletir sobre este fato e procurar compreender a razão pela qual foi surpreendido, caracterizando assim, a reflexão sobre a reflexão na ação. Atualmente uma das competências exigidas do professor é que ele procure minimizar a distância entre o saber teórico e o saber prático é neste momento que o professor se depara com a incerteza e com os conflitos inerentes a sua prática. Para o docente, não basta simplesmente resolver os problemas técnicos através de seus conhecimentos científicos, ele deve ter habilidade para resolver os conflitos que aparecem do decorrer de sua prática profissional. Schön (2000) aponta que: 35 Quando o profissional reflete-na-ação, em um caso que ele percebe como único, prestando atenção ao fenômeno e fazendo vir à tona sua compreensão intuitiva dele, sua experimentação é, ao mesmo tempo, exploratória, teste de ações e teste de hipóteses. As três funções são preenchidas pelas mesmas ações. E desse fato deriva ao caráter distintivo da experimentação na prática. (p.65). Já Tardif (2002), afirma que o conhecimento profissional do professor envolve além dos saberes aprendido na universidade e as categorias do conhecimento segundo Shulman (1986), há também a necessidade de reconhecer as diversidades dos saberes, utilizando a experiência que o docente adquire em outras esferas da vida social como, por exemplo, sua historia de vida e educação familiar, para manifestar suas ideias e conhecimentos curriculares sobre sua própria formação profissional. O autor valoriza a experiência docente na prática e na competência profissional. Para ele, no momento em que a pessoa escolhe o ofício de ser professor, já vivenciou a rotina escolar por pelo menos 12 anos quando aluno na formação básica, sendo esta, sua primeira fonte de formação. As experiências, hábitos e rotina levam o docente a adquirir valores e representações sobre a prática docente. Como consequência, as relações que os docentes estabelecem com os saberes geram, ao mesmo tempo, relações sociais com os grupos e organizações que os produzem. Na profissão de professor, a relação com o trabalho é acompanhada de uma relação social com os grupos que produzem estes saberes, incorporando ao trabalho, a elaboração do currículo, por exemplo. Com isso, concordamos com o autor que os saberes do professor podem ser expostos conforme o quadro a seguir. 36 Quadro 1 – Os saberes dos professores, segundo Tardif (2002, p.215) Saberes do Professor Fontes Social de Modos de integração no Aquisição. Trabalho Docente Saberes Pessoais dos Família, ambiente de vida e Pela historia de vida e pela Professores educação no sentido lato socialização primária. etc.. Saberes Provenientes da A escola primaria e Pela formação e pela Formação Escolar Anterior secundaria os estudos não socialização pré-profissionais especializados etc.. Saberes Provenientes da Os estabelecimentos de Pela formação e pela Formação Profissional do formação de professores, os socialização profissionais nas Magistério. estágios, os cursos de instituições de formação de reciclagem, etc. professores. Saberes Provenientes dos Na utilização de Pela utilização das Programas e Livros Didáticos ―ferramentas‖ dos ―ferramentas‖ de trabalho, Usados no Trabalho. professores, programas livros sua adaptação as tarefas. didáticos cadernos de exercícios fichas, etc. Saberes Provenientes da sua A prática do oficio na escola Pela prática do trabalho e Própria Experiência na e na sala de aula, a pela socialização profissional Profissão na Sala de aula e experiência dos pares etc. na Escola. Tomando como referência o trabalho de Schön (1995) em relação à reflexão na ação e sobre a ação, Perrenoud (2002) afirma que o ofício de professor vai além do conhecimento do conteúdo ensinado, é necessário dominar um conjunto de saberes que abrange os meios didáticos e transversais provenientes para o seu desenvolvimento profissional, é necessário também compartilhar experiências com os colegas incrementando sua maturidade construída ao longo da carreira. Em relação a se tornar professor reflexivo, o autor destaca que: Todos nós refletimos na ação e sobre a ação, e nem por isso nos tornamos profissionais reflexivos. É preciso estabelecer a distinção entre a postura reflexiva do profissional e a reflexão episódica de todos nós sobre o que fazemos. (Perrenoud 2002, p. 13). 37 Para este autor, cada um reflete de uma maneira sobre sua prática, contudo se esta reflexão não for constante, não conduzirá necessariamente à tomada de decisões e mudança de prática. Todo professor, no inicio de carreira, para garantir sua sobrevivência na profissão, reflete sobre sua prática e esta reflexão espontânea não é capaz de lhe tornar um profissional reflexivo. Para ser considerado um professor reflexivo ele não pode parar de refletir sobre sua prática, mesmo em momentos de segurança, pois a reflexão faz parte de sua identidade profissional, ele adquire modelos e conceitos embasados em vários saberes, interagindo com outros profissionais. Esta reflexão traz novos conhecimentos que não se limitam ao modelo que aprendeu em sua formação inicial. Uma postura reflexiva é imprescindível ao professor que deseja desenvolver-se profissionalmente. Para o desenvolvimento de uma prática reflexiva é necessário se beneficiar da reflexão, isto é, fazer os ajustes dos meios necessários que admitam uma intervenção mais eficaz e mais segura, reforçar a imagem de si mesmo como um profissional reflexivo em processo de evolução, capitalizar um saber que permita a compreensão de dominar outros problemas profissionais. Por falta de confiança, o professor pode deixar de desenvolver autonomia profissional, atrelando-se à obrigação de cumprir a grade horária, respeitar os programas e os procedimentos prescritos. Ao exercer uma prática reflexiva, o docente assume riscos e desconfortos e terá que tomar decisões difíceis para escolher o caminho correto. Perrenoud (2002), enfatiza que um profissional deve unir as competências de alguém que elabora, imagina e apresenta soluções para as questões que surgirão no decorrer do seu trabalho. Tal competência para o trabalho pode ser entendida como a capacidade de organizar o desvio entre o trabalho prescrito e o trabalho prático. Concordamos com o autor, quando ele afirma que a competência profissional está ligada à capacidade de refletir sobre a sua ação e que esta capacidade está em sintonia permanente com as experiências e saberes profissionais vivenciados no exercício da profissão. Segundo Ghedin (2005), o pensamento reflexivo é o precursor da capacidade de construir uma consciência crítica, ao mesmo tempo em que 38 amplia os nossos conhecimentos. No campo reflexivo, encontramos a possibilidade de romper com o paradigma de valores de uma sociedade dominante e injusta. Pensar faz parte do ser humano, mas poucos refletem sobre o pensamento; é através do pensamento reflexivo que corrigimos falhas, revemos conceitos e, principalmente, refletimos sobre nossas ações. Estes pensamentos contribuem para certas percepções da realidade, entretanto somente o pensar reflexivo é capaz de gerar possibilidades de autonomia. Para Ghedin (2005): O pensamento reflexivo parte de uma realidade, uma situação existencial e constrói uma visão de mundo que se encontra como dizem alguns, ao nível do senso comum. Chamaria este estágio do pensamento de percepção inicial do ser. Porém, só é possível instaurar um processo reflexivo-crítico se passarmos deste momento para uma interpretação analítica, isto é, se for possível captar, a partir de uma reflexão inicial, os significados e o sentido das coisas, (p. 25). Segundo o autor, a reflexão sobre a prática surge da necessidade de compreender uma escola mais reflexiva e compreender o seu contexto constituindo uma forma que define a característica do professor e seu desenvolvimento profissional. Nesta perspectiva, é necessário considerar a construção de seus saberes, os saberes pedagógicos, a escola como seu lugar de aprendizagem e trabalho e sua participação na organização e gestão da escola. Ultimamente, está em evidência a necessidade da formação do professor como educador que contemple a seu desenvolvimento profissional permanente. Estas necessidades devem estar relacionadas ao desenvolvimento dos alunos, como elemento fundamental no processo educativo da escola. Para Gilles Ferry (1987, apud Ponte, 1999): a formação dos professores é o problema-chave do sistema educativo. Ela influencia a orientação da escola, não apenas no plano de transmissão dos conhecimentos, mas também no das normas e valores, constituindo um lugar de forte concentração ideológica. (p.2) O conhecimento profissional do professor é composto de conhecimento, vindo de sua formação, do conhecimento prático da experiência e do conhecimento vindo de sua reflexão. Estes conhecimentos têm um aspecto 39 fortemente pessoal e consolidam-se através da reflexão sobre a experiência. Ponte, Oliveira e Varandas (2001) afirmam, ainda, que não basta ao professor ter um conhecimento puramente técnico oriundo da prática e da reflexão, é indispensável, também, que este profissional possua domínios e habilidades com a TIC, uma ferramenta cada vez mais presente no ensino, principalmente nos conteúdos matemáticos. Os professores, ao conhecer e dominar estas novas tecnologias, mudam sua forma de trabalho e o modo como se relacionam com outros professores. Ponte, Oliveira e Varandas (2001) afirmam, ainda, que os professores de matemática precisam saber usar, na sua prática, as TICs, incluindo não só softwares educacionais próprios para a sua disciplina, como também softwares de outras disciplinas em geral. O uso destas tecnologias permite uma perpectiva inovadora para o ensino da matemática, reforçando as interpretações gráficas, as novas formas de representação e manipulação simbólica, enfatizando mais o conceito do que os cálculos aritméticos. Deste modo, as TICs podem favorecer o desenvolvimento dos alunos em importantes competências, bem como atitudes mais positivas em relação à matemática, estimulando uma visão mais completa sobre a natureza desta ciência. Concordamos com as ideias de Miskulin (1999), quando afirma que os avanços da Ciência e da Tecnologia presumem mudanças e novas visões do mundo, que está em constante transformação, decorrente de uma sociedade moderna frente às informações que são processadas de uma maneira rápida e contínua. Então, torna-se necessário a formulação de uma prática educativa coerente, que priorize uma formação reflexiva e consciente de professores, respondendo à necessidade atual da sociedade norteada pela Tecnologia. Esta ação deve considerar os avanços da ciência e da tecnologia, porém devem ser elaboradas de modo a estabelecer uma relação harmoniosa entre os valores culturais, científicos e humanos. Com um novo ambiente tecnológico, uma nova cultura profissional deve estar presente na formação do professor, torna-se necessário e imprescindível repensar e redimensionar a postura deste profissional diante do trabalho diário, visando propiciar aos alunos conhecimentos e ações 40 próprias com as novas tendências modernas, que se estabelecem, cada vez mais, com os avanços da tecnologia. A presença da tecnologia faz parte do cotidiano em diversos setores da sociedade, então é importante que nós, professores, façamos reflexões críticas para a introdução e uso da tecnologia em sala de aula. Para Miskulin (1999). A Tecnologia não consiste apenas em um recurso a mais para os professores motivarem as suas aulas, consiste, sobretudo em um meio poderoso que pode propiciar aos alunos novas formas de gerarem e disseminarem o conhecimento, e, consequentemente, propiciar uma formação condizente com os anseios da sociedade. (p.6). O processo de formação continuada de professores de matemática que buscam utilizar este recurso de forma reflexiva e exploratória em ambientes computacionais significa apropriar-se desta nova cultura e a utilização plena e consciente da exploração, representação e construção de conceitos matemáticos. 2.2 Grupo de Estudos Nos últimos anos, os estudos de formação continuada de professores e a criação de grupos de estudos, que se tornam grupos colaborativos, vêm ganhando força por parte dos educadores matemáticos. ...o desenvolvimento profissional do professor corresponde a um processo de crescimento na sua competência em termos de práticas letivas e não letivas, no autocontrole da sua atividade como educador e como elemento ativo da organização escolar. O desenvolvimento profissional diz assim respeito aos aspectos ligados à didática, mas também à ação educativa mais geral, aos aspectos pessoais e relacionais e de interação com os outros professores e com a comunidade extraescolar... (Ponte 1997 p. 3). Para Day (1999, apud Saraiva e Ponte 2003), o desenvolvimento profissional do professor está diretamente ligado a todas as suas experiências de aprendizagem individuais ou com as de outras pessoas do contexto escolar. Nesse sentido, o professor deve rever renovar e ampliar seus 41 compromissos, quanto ao aprimoramento de sua prática escolar. O ensino e o aprendizado de qualidade se desenvolvem de forma crítica ao conhecimento essencial de sua prática profissional. Em um mundo em constante mudança, urge que a escola também se transforme e o professor se veja, permanentemente, como um aprendiz, um agente ativo em seu exercício de trabalho, e com uma pré-disposição de colaborar com os colegas, quanto à prática letiva. Neste sentido, pode-se criticar a perspectiva que encara a aprendizagem como uma forma fragmentada de informações e de competência especifica de ordem prát Segundo Fiorentini e Nacarato (2005), toda mudança vem acompanhada de momentos de incertezas e dúvidas, portanto, é importante que o professor tenha uma base de apoio pedagógico sólida, para que possa enfrentar e controlar, com segurança, as possíveis tensões que estas mudanças de comportamento trazem. Por esse motivo, é imprescindível dar respaldo e tempo necessários para que essas ansiedades, típicas do que é novo, se dissipem levando o professorado a refletir sobre suas próprias inseguranças que, muitas vezes, tornam-se um dos maiores obstáculos à mudança. Um tipo de trabalho que vem se desenvolvendo nos últimos anos é o trabalho colaborativo, constituído por grupos de educadores e professores da Escola Básica e pesquisadores da universidade – mestrandos, doutorandos, pesquisadores em geral – e/ou instituições responsáveis pelos projetos envolvendo as escolas. Esse tipo de trabalho vem sendo indicado por pesquisadores como um contexto propício para o desenvolvimento profissional, tanto dos professores quanto dos pesquisadores (Lobo da Costa, 2006). O estudo de Lobo de Costa (2004) indicou características sobre o trabalho colaborativo, mostradas na figura II. 42 Quadro 2: Trabalho Colaborativo: Contexto para o Desenvolvimento Profissional Docente Fonte: Lobo da Costa (2004), p 223. . A pesquisadora afirma que as seguintes características contribuem para a formação de um grupo de trabalho colaborativo: a participação voluntária, a relação igualitária e de confiança entre os participantes, é o fato de todos os elementos terem ―voz‖ ativa e a prática pedagógica dos professores ser assunto das discussões. Saraiva e Ponte (2003) realizaram um trabalho colaborativo referente ao desenvolvimento profissional do professor de matemática, identificando quais fatores influenciam este desenvolvimento. Analisaram a prática direta de dois professores entre 1993 e 1997, no ensino secundário e que trabalharam na concretização de novos programas referentes a esta disciplina. Assim, constataram que o desenvolvimento profissional é um processo que se concretiza ao longo de períodos alicerçados no tempo de observação das aulas do outro. Tal procedimento é um ponto de partida para a reflexão. Um trabalho de grupo colaborativo, que tem se destacado na Educação Matemática, está acontecendo, desde 1999 até os dias atuais, sob responsabilidade de Fiorentini (2000), que reúne professores universitários e da escola básica que ensinam matemática, para formar uma comunidade reflexiva e investigativa acerca de como os alunos estão aprendendo matemática. Tal comunidade foi denominada Grupo de Sábado (GdS), da Faculdade de Educação de Campinas (Unicamp). O GdS constitui-se uma comunidade que tem por objetivo discutir espontaneamente as práticas no ensino e aprendizagem em Educação Matemática, diferentemente daquelas 43 reuniões realizadas em escolas ou academias, onde se compartilha experiências e problemas relativos à prática pedagógicas de ensinar e aprender matemática em sala de aula, pelos múltiplos problemas oriundos de ser estar professor. O termo comunidade de prática foi introduzido por Lave e Wenger (apud Fiorentini 1991,), para designar a prática social de um coletivo de pessoas que: Comunga um sistema de atividades no qual compartilham compreensões sobre aquilo que fazem e o que significa em suas vidas e pressuposto de ser aprendizagem um fenômeno social que acontece mediante participação ativa em práticas de comunidades sociais e construção de identidades com estas comunidades (p.99). No caso do GdS, seu domínio comum de interesse e de significação é a Educação Matemática e o trabalho docente em sala de aula na escola básica. O resultado do repertório cultural sobre esta dinâmica é fruto da negociação de significados do grupo que implica a participação permanente de todos os membros dessa comunidade em um processo contínuo da experiência humana à produção de objetos matemáticos. A dimensão do grupo se manifesta pelo engajamento e compromisso mútuo em torno de questões e temas de mesmo interesse, ou seja, como ensinar e aprender matemática de modo participativo e que não siga os modelos apostilados, pois o grupo defende que a posição do professor é um fator primordial para uma prática efetiva, desenvolvendo, experimentando, investigando e negociando com seus pares e alunos as alternativas de ensino desejável e possível para cada realidade. ... Voluntariedade, identidade e espontaneidade. A participação no grupo é voluntária, onde todos contribuem e aprendem com os seus colegas, com um interesse comum o que imprime ao grupo uma identidade. Segundo Fiorentini (2004, p. 54) Outros pesquisadores, como Costa (2011), ao observar que em seu local de trabalho, uma escola municipal em Cubatí, Estado da Paraíba, predominava o individualismo e o isolamento profissional, aliado à má utilização dos recursos tecnológicos disponíveis na unidade escolar, criou um grupo de estudo formado por seis professores de matemática desta escola, 44 tendo como objetivo formar um ambiente que proporcionasse o desenvolvimento individual e profissional destes docentes, assim como o uso pedagógico da tecnologia. Para isso, o grupo utilizou os softwares Geogebra, Régua e Compasso, Winplot, Máxima e o Graphmática. A autora enfatiza que: Houve um aumento da confiança gerada pelo estabelecimento de vínculos de amizade, o que acarretou em mais segurança e autonomia profissional diante das situações e problemas diversos vivenciados na prática pedagógica dos professores envolvidos. (Costa, 2011, p.166) A SEESP8 apresenta outra possibilidade, objetivando articular os diversos segmentos da escola para a construção e implementação do seu trabalho pedagógico, fortalecer a unidade escolar como instância privilegiada do aperfeiçoamento de seu projeto pedagógico e (re) planejar e avaliar as atividades de sala de aula, tendo em vista as diretrizes comuns que a escola pretende imprimir ao processo ensino-aprendizagem. Constam, na resolução número 17, de 28 de janeiro de 1988, artigo 3º, que institui nas escolas paulistas o HTP9, para as escolas básicas (de 1ª a 4ª série), tomando como referência as horas de jornada de trabalho do professor, que numa jornada de 40 horas aulas semanal, 26 horas aulas seriam cumpridas em sala de aula, 6 horas aulas seriam cumpridas em reunião com o corpo docente da escola, onde o professor trabalharia liderado pelo professor coordenador pedagógico, e 8 horas aulas seriam cumpridas em local de livre escolha do professor. Em 1991, com o projeto da escola padrão, a SEESP, propunha entre outras atribuições, a extensão do HTP para as demais séries do ensino básico, (hoje Ensino Fundamental e Ensino Médio), com a opção do professor escolher, ou não, fazer parte deste grupo de estudo. Caso optasse por fazer o número de horas destinadas ao HTP, tais encontros seriam proporcionais ao número de aulas atribuídas, e cada hora aula de participação em reuniões de HTP seria acrescida em seus vencimentos. Em 1998, o HTP passa a ser denominado HTPC, fazendo parte compulsoriamente da jornada de aulas do professor, sendo proporcional ao número de horas aula, com um mínimo de 2 8 Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Horário de Trabalho Pedagógico 9 45 e um máximo de 7 encontros, entre 10 e 33 horas aula atribuídas ao professor. A legislação sobre HTPC é normalizado pela Portaria CENP10 nº 1/96L.C. nº 836/97. Os encontros devem ocorrer na unidade escolar e serem conduzidos, preferencialmente, pelo Professor Coordenador Pedagógico. Há trabalhos de pesquisa como o de Vicentino (2010) que investigou quais as implicações e possibilidades nos encontros de HTPC nas escolas públicas, como espaço de formação continuada para a atuação do professor de Matemática. A investigação foi realizada em uma escola da rede pública estadual de São Paulo, descreveu 13 encontros ocorridos no segundo semestre de 2009 e relata quais são suas implicações no trabalho docente. Após acompanhar o trabalho de dois professores de matemática que atuam no Ensino Médio e partindo do pressuposto de que a melhoria da qualidade do processo de ensino e aprendizagem envolve a questão da formação continuada de professores, o autor constatou que existe pouca participação dos docentes envolvidos nas reuniões e uma insatisfação destes, em relação ao modo como tais encontros são conduzidos pelo Professor Coordenador Pedagógico, destacando haver uma lacuna de formação entre eles. Segundo Vicentino (ibid.): As HTPC na escola constituem-se em uma proposta de trabalho na qual a colaboração não é espontânea, uma vez que os professores devem cumpri-las, como parte de sua jornada de trabalho docente. Observamos que essa característica pode ser uma das responsáveis pela pouca participação dos docentes da escola nas atividades e discussões propostas nos encontros, (p. 103). Outra pesquisa sobre HTPC foi a realizada por Bozzini e Oliveira (2006). Segundo as pesquisadoras o espaço destinado ao HTPC, representa um avanço para ampliar as discussões coletivas, entretanto os horários destinados a estas reuniões geralmente ocorrem nas trocas de turnos dos alunos, o que facilita o horário para os professores, mas que, no entanto, 10 CENP Conselho Executivo de Normas e Padrão 46 prejudica a participação efetiva desses docentes, uma vez que os mesmos já estão cansados por virem de uma pesada jornada de trabalho. Embora haja, no papel e no discurso, uma indicação governamental para que os trabalhos desenvolvidos na escola sejam coletivos (e interdisciplinares), as condições de trabalho impostas impedem ou dificultam que isso aconteça. (p. 36). Admitimos como certas as afirmações das autoras e apontamos que é necessária uma reestruturação no HTPC, para que não haja comprometimento do desenvolvimento do trabalho pedagógico, pois, não raro, ocorrem atrasos e falta de clareza nas informações o que ocasiona uma descontinuidade no trabalho desenvolvido pela Secretaria da Educação do Estado, principalmente quanto à participação dos professores que se sentem desestimulados e comparecem às reuniões apenas para cumprir uma obrigação profissional. De modo diverso do que ocorreu nas pesquisas de Vicentino (2010) e de Bozzini (2006), Santos (2011), com o respaldo da direção, utilizou o horário do HTPC para constituir um grupo de estudo formado por ela mesma e por seis professores de Matemática que trabalham na escola, tomando como referência para as discussões e o trabalho do grupo os materiais do Ensino Fundamental II do Currículo do Estado de São Paulo. A autora concluiu que o HTPC pode ser considerado um espaço de formação continuada do professor, desde que seja conduzido por um mediador com a visão do que deva ser um grupo colaborativo, ao contrário dos que são conduzidos pelo Professor Coordenador, que, costumeiramente, se limitam a passar recados ou tarefas burocráticas. Os pesquisadores Christiansen e Walther (1986, apud. Saraiva e Ponte, 2003) apontam que o desenvolvimento e a aprendizagem do professor ocorrem quando este realiza atividades que não realizava antes, e sempre envolve alguma nova aprendizagem. Esta mudança ocorre somente quando o professor está disposto a mudar. Para estes autores ―Ninguém muda ninguém, ou seja, a mudança vem, em grande parte, de dentro de cada um‖ (p.4). Estas afirmações delatam outro fator relevante para que o HTPC não 47 seja considerado como um grupo colaborativo, pois a formação do professor tem que ocorrer de dentro para fora, e nestes encontros, as atividades, por muitas vezes, vem como projetos e ordens de cima para baixo, contrariando, mais uma vez, a essência da colaboração na qual os sujeitos do grupo têm e precisam ter voz ativa para fazer as adaptações necessárias para o bom desenvolvimento das rotinas escolares. Nota-se que, dentro de uma mesma escola, há realidades diferentes comparando-se os turnos da manhã, tarde e noite, pois cada turno compõe-se de diferentes professores e alunos com ideias e reflexões distintas. O que dizer, então, se compararmos escolas de bairros diferentes. A realidade escolar nos mostra a necessidade de projetos diferenciados em que haja um envolvimento efetivo dos sujeitos que participarão do desenvolvimento do trabalho. A seguir o quadro II relaciona a fundamentação teórica que faz parte desta pesquisa, assim como suas principais características que tomamos como referência. Quadro 3: Características da Fundamentação Teórica Autor Trabalho Características Conhecimento do Conteúdo Shulman (1986) Conhecimento Profissional Conhecimento Pedagógico do Conteúdo Docente Conhecimento Pedagógico Geral Reflexão na Ação Schön (2000) Profissional Reflexivo Reflexão sobre a ação Reflexão sobre a reflexão na ação. Além dos conhecimentos segundo Tardif (2002) Saberes Profissionais Shulman (1986), os saberes do professor, dentro e fora do ambiente escolar. Perrenoud (2002) Práticas Reflexivas Dominar o conjunto de saberes profissional aliado à reflexão segundo Schön (2000) para o desenvolvimento profissional. 48 Ghedin (2005) Pensamento Reflexivo A reflexão atrelada à capacidade de construir uma consciência crítica. Ponte & Varanda (2001) A contribuição da tecnologia de informação e comunicação para o desenvolvimento do conhecimento e da identidade profissional. Realizaram um trabalho colaborativo referente ao desenvolvimento profissional do professor de matemática. Prática educativa coerente, na formação Miskulin (1999) Avanços da Ciência e da Tecnologia reflexiva e consciente de professores, respondendo à necessidade atual da sociedade norteada pela Tecnologia Formação de Professores para o Ensino da Matemática Lobo de Costa (2004) com a Informática Integrada à Prática Pedagógica: Exploração e Análise de Trabalho Colaborativo, características que contribuem para a constituição do grupo de trabalho colaborativo. Dados em Bancos Computacionais Grupo de Sábado (GdS) uma Fiorentini (2000) Grupos Colaborativos comunidade reflexiva e investigativa, acerca de como os alunos estão aprendendo matemática. O trabalho colaborativo e o Saraiva e Ponte (2003) desenvolvimento profissional do professor de Matemática O desenvolvimento e a aprendizagem do professor ocorrem quando este realiza atividades que não realizava antes, e sempre envolve alguma nova aprendizagem. Os Professores e a O espaço destinado ao HTPC Bozzini e Construção do Espaço representa um avanço para ampliar as Oliveira (2006) Coletivo Escolar: o Horário de discussões coletivas, entretanto é Trabalho Pedagógico Coletivo necessário fazer adequações deste (HTPC) espaço para que ocorra de fato o desenvolvimento profissional. Vicentino (2010) Educação Continuada do Investigou quais as implicações e Professor de Matemática do possibilidades nos encontros de HTPC Ensino Médio no Espaço nas escolas públicas, como espaço de 49 Coletivo Escolar formação continuada para a atuação do professor de Matemática. Costa (2011) Colaboração e Grupo de Criou um grupo de estudo formado Estudos: Perspectivas para o professores de matemática em escola, Desenvolvimento Profissional com o objetivo formar um ambiente que de Professores de Matemática proporcionasse o desenvolvimento no Uso de Tecnologia individual e profissional destes docentes, aliado com o uso pedagógico da tecnologia. Santos (2011) Educação Continuada do Utilizou o horário do HTPC para Professor de Matemática: Uma constituir um grupo de estudo formado investigação sobre Grupos de por professores de Matemática Estudos no Coletivo Escolar Esses estudos subsidiaram na condução desta pesquisa por nos fornecerem indicações no desenvolvimento profissional de professores que ensinam Matemática no espaço escolar. Tivemos um olhar de grupo colaborativo e usamos os conhecimentos matemáticos e pedagógicos dos professores envolvidos na pesquisa, adaptando-os ao uso da tecnologia. 2.3 TIC no Processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no processo de ensino e aprendizagem pode ser visto como um fator impulsionador de mudanças na prática escolar, uma vez que propicia a formação continuada do professor, através de estudos realizados em grupo. Segundo Ponte, Oliveira e Varandas (2008), com os quais concordamos, o professor deve ter conhecimento de novas tecnologias e deve, também, saber usá-las em suas práticas pedagógicas. No caso do professor de matemática, estas tecnologias permitem reforçar o papel da linguagem, relevando a importância do cálculo e das manipulações algébricas, uma vez que, usando estes recursos, o professor potencializa as possibilidades de projetos de exploração, investigação e modelação, com isto favorecem o desenvolvimento dos alunos e a construção de competências, revelando atitudes positivas com relação à aprendizagem, sendo capaz de ter uma visualização mais significativa desta ciência. 50 Faz parte do desenvolvimento profissional do professor o domínio das TIC, cada vez mais presentes no ambiente escolar, tornando imprescindível que o docente se familiarize com os softwares educativos constituindo um meio educacional que auxilie a aprendizagem dos alunos para formar uma identidade11 profissional. Os envolvidos na formação devem adotar valores essenciais de uma profissão que contempla aperfeiçoar-se como educador para que possa contribuir com as instituições educacionais das quais fazem parte. Segundo Ponte, Oliveira e Varandas (2008),: Um professor de matemática deve ser capaz de realizar as atividades próprias de um professor e identificar-se pessoalmente com a profissão. Isso significa assumir o ponto de vista de um professor, interiorizar o respectivo papel e os modos naturais de lidar com questões profissionais (p. 163) Segundo Ponte, Oliveira e Varandas (2002), as TIC desempenham, no mundo de hoje, um papel fundamental na comunicação e na educação. A tecnologia é uma ferramenta significativa no ensino das disciplinas, principalmente no ensino de matemática, uma vez que o seu uso pode simplificar os cálculos, as manipulações simbólicas, reforçar e representar a linguagem gráfica, valorizar os conceitos e aplicações na investigação em sala de aula, viabilizar o desenvolvimento de atividades dos projetos educativos. A formação do professor, tanto a inicial como a continuada, deve dar sustentação para que ele entre em contato com esta linguagem, proporcionando situações que lhe dê condições de se familiarizar com estes novos recursos, sendo que o acesso ao uso de novas tecnologias é um meio de comunicação e aprendizagem das novas descobertas de ensino. Os programas de formação inicial de professores devem ter em atenção a importância do desenvolvimento nos respectivos formandos de diversas competências no que se refere ao uso das TIC no processo de ensino-aprendizagem: Usar software utilitário; Usar e avaliar software educativo; Integrar as TIC em situações de ensino-aprendizagem; 11 Identidade Profissional: características única, pessoal e individual de um trabalhador em sua profissão. 51 Enquadrar as TIC num novo paradigma do conhecimento e da aprendizagem; Conhecer as implicações sociais e éticas das TIC. (Ponte, Oliveira & Varandas, p.3). Valente (1993, apud, Lobo da Costa 2004), ressalta que o uso do computador na escola pode ensinar os mais variados assuntos. Se o objeto de estudo for a própria máquina, o ensino tem por objetivo levar o aluno ao conhecimento técnico desta máquina, como, por exemplo as diversas linguagens de programação, as características de funcionamento, o computador mais adequado para o usuário, entre outras. Outra perspectiva, que é a informática educativa, tem por objetivo desenvolver a aprendizagem. O computador é visto como um instrumento para construir conceitos, mas não só conceitos ligados à matemática, exemplo disso são os softwares educativos disponibilizados na Internet. A Internet pode ser considerada uma hiperferramenta, onde é possível descobrir informações sobre softwares, trabalhos que estão sendo desenvolvidos na educação, exemplos de atividades com alunos, notícias sobre encontros, relatos de experiências, entre outros, constituindo uma grande comunidade de grupos colaborativos. Há uma variedade de atividades, com assuntos específicos, nas redes de comunicação à disposição dos usuários. 2.3.1 Tecnologia para o Ensino e a Aprendizagem de Funções Trigonométricas Existem, na Internet, vários materiais, das mais variadas disciplinas, disponíveis para o ensino e aprendizagem. Relacionamos alguns aplicativos ligados diretamente ao estudo de trigonometria, como por exemplos: TIC desenvolvido pelo Instituto Federal Fluminense Campus Centro, O Portal do Professor, RIVED, o Portal Matemática Multimídia – Coleção de recursos educacionais M3. O Instituto Federal Fluminense Campus Campos-Centro (2008), com o objetivo de incentivar o uso do TIC para a melhoria do ensino de Matemática e aprendizagem desenvolvimento no ensino, profissional desenvolveu dos ações professores de destinadas Matemática, ao e 52 disponibilizando na Internet recursos12 pedagógicos que possam facilitar a utilização destes aplicativos com fins didáticos, criando também o instituto Geogebra do Rio de Janeiro, sob a coordenação do pesquisador Humberto José Bortolossi13, com o propósito de agregar interessados no uso deste software como ferramenta de ensino e aprendizagem criando uma comunidade aberta que compartilha o seus conhecimentos no treinamento, desenvolvimento de materiais de apoio para alunos e professores promovendo a colaboração entre profissionais e pesquisadores, na pagina14 encontra-se tutoriais instruindo o usuário a manusear o software. As TIC, quando utilizadas corretamente, podem contribuir para o processo de ensino e aprendizagem. No entanto, para utilizar estas tecnologias é necessário que o professor saiba onde buscar os recursos que favoreçam a utilização pedagógica desta tecnologia. Figura 2: Tela Apresentação da Unidade de Aprendizagem de Trigonometria Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/sobre.html O Portal do Professor15 foi lançado em 2008 em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, como objetivo de apoiar os processos de formação de professores e enriquecer a sua prática pedagógica. É um espaço público e pode ser acessado por todos os interessados. 12 http://www.es.iff.edu.br/softmat/projetotic/trigonometria_dinamica/2Apresentacao.html Professor Adjunto III, Doutor em Matemática, Universidade Federal Fluminense Instituto de Matemática Departamento de Matemática Aplicada 14 http://www.geogebra.im-uff.mat.br/vtt.html 15 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/sobre.html 13 53 Para produzir e compartilhar sugestões de aulas, os professores podem difundir suas ideias, propostas, sugestões metodológicas para o desenvolvimento dos temas curriculares e uma proposta colaborativa. Qualquer pessoa pode acessar as sugestões, desde que inscritos e logados no ambiente do Portal. Em julho de 2011, havia 89 propostas para o ensino e aprendizagem de trigonometria no Ensino Básico. Figura 3: Apresentação do Portal do Professor Fonte: http://rived.mec.gov.br/site_objeto_lis.php O RIVED16 é um Programa da Secretaria de Educação à Distância SEED, que tem por objetivo a produção de conteúdos pedagógicos digitais, na forma de objetos de aprendizagem. Estes conteúdos objetivam estimular o raciocínio e o pensamento crítico dos estudantes, associando o potencial da informática às novas abordagens pedagógicas. A meta que se pretende atingir, disponibilizando esses conteúdos digitais, é melhorar a aprendizagem das disciplinas da educação básica e a formação cidadã do aluno, além de promover a produção e publicar na web os conteúdos digitais para acesso gratuito. Neste ambiente, estão disponibilizados 120 objetos de Biologia, Química, Física e Matemática para o Ensino Médio. Entre eles, 3 aplicativos envolvendo trigonometria, trigonometria com molas, aplicando as noções de trigonometria e o mundo da trigonometria. 16 http://rived.mec.gov.br/site_objeto_lis.php 54 Concordamos com Thais de Oliveira (2010) quando ela afirma que: ... Aulas tradicionais tornam-se inconcebíveis, pois para que os alunos desenvolvam habilidades e competências exigidas no Ensino Médio, a sua formação deve contemplar uma integração com os conteúdos. (p.51) Figura 4: Apresentação do RIVED Fonte: http://m3.ime.unicamp.br/portal/ A Internet disponibiliza, ainda, uma coleção de recursos educacionais Matemática Multimídia17 – M³ –para subsidiar o trabalho dos professores que ensinam Matemática no Ensino Médio. Trata-se de recursos em mídias digitais, desenvolvidos pela UNICAMP, os quais visam ampliar as possibilidades metodológicas. São mais de 350 recursos educacionais no formato de vídeos, áudios, softwares e experimentos disponíveis gratuitamente. Para o estudo de trigonometria estão disponíveis doze aplicativos disponibilizados em três arquivos, descritos a seguir: 1º Arquivo: O Guia do Professor para visualização em Tela e um guia para impressão. 2º Arquivo: O Software, experimento ou vídeo com o material disponibilizado para ser utilizado diretamente pelos seus alunos; 17 http://m3.ime.unicamp.br/portal/ 55 3º Arquivo: O Guia do Professor com alguns aprofundamentos teóricos e recomendações metodológicas para o uso docente do material. Quadro 4: Resumo das Atividades Ensino e Aprendizagem de Trigonometria Titulo Formato Resumo Medir a altura de uma árvore utilizando um instrumento rudimentar que foi A altura da árvore Experimento chamado de medidor de ângulos, construído com um transferidor, um canudinho e um fio de prumo, usando o princípio de funcionamento do teodolito. Reprodução de um problema histórico, O túnel de Eupalinos com 1,036 Km, construído na cidade de Samos, na Grécia, que consiste em cavar de um Engenharia de grego Experimento lado e sair do outro local apropriado. Por questão de logística, duas equipes de escavação deveriam começar nos pontos que seriam a entrada e a saída do túnel, em qual direção deveriam ser feita as escavações. Apresentação do conceito de movimento oscilatório, períodos e Roda-gigante Experimento pontos de máximos e mínimos de funções periódicas. Apresentação de quatro atividades, sendo que, nas duas primeiras, o aluno aprenderá como funcionam as equações paramétricas experimentando As curvas de Lissajous Software as curvas que ele mesmo criou. Em seguida, é apresentado às curvas de Lissajous envolvendo a soma de funções trigonométricas. Apresentação de fenômenos periódicos que podem ser modelados pela função seno. Ao longo das atividades, são Ondas trigonométricas Software apresentados como cada parâmetro a, b, c, d, f(x) = a seno (b x + c) + d, pode ser ajustado ao fenômeno observado. 56 Apresentação de alguns aspectos matemáticos do percurso dos raios Trigonometria e halos Software luminosos que são refletidos ou que podem ser refratados ao passar por duas interfaces planas que separam meios transparentes. Apresentação do conceito de domínio de uma função, no caso seno ou arco Trigonometria e raios luminosos Software seno, usando, passo a passo, a explicação do fenômeno da refração. para meios transparentes resumida na Lei de Snell. O programa aborda uma jovem estudante Alice, que está sonhando com Matemática. O senhor Josué Alice e a lei dos cossenos e aparece no sonho e demonstra várias Alice e algumas relações relações trigonométricas, envolvendo o trigonométricas Vídeo seno e o cosseno de ângulos, Com figuras e equações bem interessantes. Josué e um cantor, que também está no sonho, cantando as demonstrações fáceis de entender. Apresentação de diferentes relações matemáticas presentes na natureza. Durante a realização de um trabalho de campo a personagem Ana envia as Naturalmente Vídeo fotos que tira para Artur, que a auxilia no seu processo de descoberta de conceitos presentes nas formas geométricas e conceitos da trigonometria. Apresentação das relações entre as medidas dos lados de um triângulo Os ângulos e as torres Vídeo retângulo com seus ângulos, usando fotos de torres inclinadas cujo comprimento da torre é conhecido. Na ficção, após um naufrágio, um jovem Perdido no globo Vídeo precisa determinar as coordenadas exatas de sua latitude e longitude para assim fazer um pedido de socorro. 57 Um fazendeiro, preocupado em determinar um caminho alternativo para o curral, procura a ajuda de seu afilhado que mora na cidade. O Jovem utiliza os Um caminho para o curral Vídeo conceitos geométricos referentes ao triângulo retângulo e consegue determinar tal caminho. Figura 5: Tela de Apresentação da Matemática Multimídia – M³ Fonte: ttp://m3.ime.unicamp.br/portal/ Fazendo uso destes recursos disponibilizados na internet, o professor tem a oportunidade de conhecer os trabalhos que estão sendo desenvolvidos, participar de chats e orientações à distância, postar suas atividades, desenvolver trabalhos em colaboração com outros grupos, fazer um link entre sua prática pedagógica e estes novos recursos que se encontram disponibilizados. 58 CAPITULO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA 59 3. METODOLOGIA DA PESQUISA Neste capítulo, discutimos a metodologia, destacamos os detalhes do levantamento de dados, a caracterização da escola, a caracterização dos professores envolvidos na pesquisa, os encontros do grupo e, por último, apresentamos uma síntese sobre os encontros do grupo. 3.1 Design Experiment A metodologia utilizada nesta pesquisa foi à qualitativa, do tipo Design Experiment. Tal metodologia originou-se nos Estados Unidos aproximadamente em 1970, esse surgimento deve-se ao fato de se utilizar métodos de pesquisa desenvolvidos fora da educação. Depois foi trazida para a educação com o objetivo de preencher a lacuna entre a prática da pesquisa e a prática de ensino, além de suprir a necessidade de um paradigma que levasse em consideração os avanços dos alunos mediante uma comunicação matemática interativa. Ela tem como característica fazer intervenções que (re) examinam a aprendizagem em contextos projetados para produzir uma aprendizagem significativa, utilizando metodologias de experimento impulsionadas ao entendimento teórico e prático. Cobb (2003) identificou na metodologia Design Experiment, cinco características conforme segue: Quadro 5: Características do Design Experiment Desenvolver uma classe de teorias tanto sobre o processo de De s i gn E x pe r i ment aprendizagem como os meios para dar suporte a tal aprendizagem. Buscar por novas formas de aprendizagem, com uma intervenção passo-a-passo. O design é interativo nesta metodologia, as conjecturas são geradas ou refutadas. O design é interativo nesta metodologia, as conjecturas são geradas ou refutadas. Não existem conjecturas prontas e inalteráveis que devem ser simplesmente aplicadas. 60 A metodologia de design teve seu início com Brown & Collins (1992) e foi denominada ensino de pesquisa em aprendizagem. Este tipo de estudo visa conhecer e realizar experimentos em condições definidas, na tentativa de levar a experimentação à situações reais, tendo como meta aperfeiçoar o projeto de modo que funcione na prática. Optamos pela metodologia Design Experiment por apresentar um modelo dinâmico o qual permite fazer as mudanças necessárias conforme o desenvolvimento da pesquisa. Com os trabalhos de investigação, procura-se problematizar a pesquisa, construindo e desenvolvendo mecanismos para confrontá-lo com a teoria já existente. Seguindo a metodologia de Design Experiment, construímos previamente uma proposta para a pesquisa de campo. O planejamento incluiu três fases para o desenvolvimento da pesquisa, dispostas como se segue: Primeira fase: Apresentação e discussão da proposta ao grupo; Aplicação de questionário para levantamento do perfil dos professores e de informações sobre o uso que fazem de metodologias inovadoras durante as práticas pedagógicas; Realização de estudos conjuntos sobre a temática ―Ensino da Trigonometria‖; Confecção de um "Diário de Bordo" para o registro de observações e análises didáticas. Segunda fase: Elaboração de atividades (ou adaptação) para aplicação em sala de aula; Preparação de uma sequência didática a ser aplicada com os alunos; Aplicação, em sala de aula, das sequências elaboradas pelo grupo ; Entrevista semiestruturada com os participantes do grupo de estudo. Terceira fase: Reflexão e discussão em grupo sobre a aplicação da sequência; Aplicação de um segundo questionário, equivalente ao que foi aplicado na primeira fase, para a investigação de possíveis reflexos na prática profissional da experiência didática realizada. 61 Em relação aos conteúdos a serem abordados, o primeiro design do Grupo de Estudos “O Uso da Tecnologia no Ensino de Matemática” teve como ponto de partida: 1) As razões trigonométricas no triângulo Retângulo; 2) As discussões a respeito das unidades de medida de ângulo com as unidades medidas em grau e radiano; 3) O estudo da trigonometria, quando ela toma a sua forma atual tendo como referência os trabalhos de Euler (1707-1783), que adota a medida do raio de um círculo como unidade e define funções aplicadas a um número e não mais a um ângulo como era feito até então; 4) A modelação de uma aplicação destas funções no movimento periódico do motor de quatro cilindros, utilizando-se o software Geogebra. Um roteiro inicial do conteúdo matemático para ser investigado com o Grupo de Estudos encontra-se no quadro a seguir: Quadro 6: Resumo do Roteiro Inicial de conteúdos para o Grupo de Estudos Conteúdos Matemáticos Software Geogebra P Numero . L Triângulo Retângulo A Teorema de Pitágoras Usando as ferramentas deste software, N Razões trigonométricas: para a criação dos arquivos (detalhadas E Relação fundamental: sen2x+cos2x=1 J Ciclo Trigonométrico A Crescimento e decrescimento D do seno e cosseno O Relação entre as unidades de nos Apêndices), é possível visualizar as construções que permitem investigar os conteúdos matemáticos em sua representação algébrica e geométrica uma a uma ou simultaneamente. grau e radiano Funções seno e cosseno: f(x) = a + b sen (cx+d) g(x) = a + b cos (cx+d) Na próxima seção discutimos o desenvolvimento da pesquisa e explicitamos o que do planejamento inicial foi mantido. 62 3.2 Desenvolvimento da Pesquisa Inicialmente foi constituído um grupo de trabalho denominado “O Uso da Tecnologia no Ensino de Matemática”, formado por dois pesquisadores da Universidade, sendo esses a professora orientadora e o autor desta pesquisa, (caracterizando, assim, a ligação entre a escola básica e a universidade), e seis professores de uma escola pública do município de Suzano na grande São Paulo, na qual se desenvolveu a pesquisa. O grupo se reuniu durante um semestre, totalizando 14 encontros formais e diversos informais (encontros durante o expediente escolar). O desenvolvimento da pesquisa deu-se em três fases, dispostas a saber: Segunda fase Primeira fase Característica Apresentação e discussão da proposta ao grupo. Traçar os objetivos centrais do grupo. Aplicação de questionário para levantamento do perfil dos professores e de informações do uso que fazem de metodologias durante as práticas pedagógicas. Conhecer a formação e o perfil de cada integrante do grupo. Realização de estudos conjuntos sobre a temática ―Ensino da Trigonometria. Conhecer os estudos realizados envolvendo esta temática. Confecção de um "Diário de Bordo" para o registro de observações e análises didáticas. Fazer anotações e acompanhar o desenvolvimento da pesquisa. Elaboração de atividades (ou adaptação) para aplicação em sala de aula. Elaborar atividades no grupo para acompanhar o desenvolvimento dos alunos. Preparação de uma sequência didática a ser aplicada com os alunos. Elaborar atividades no grupo para acompanhar o desenvolvimento dos alunos. Aplicação, em sala de aula, das sequências elaboradas pelo grupo. Acompanhar o desenvolvimento das sequências com os alunos. Entrevista semi-estruturada com participantes do grupo de estudo. Terceira fase Objetivo os Levantamento do perfil de cada participante e obtenção de informações sobre expectativas. Reflexão e discussão em grupo sobre a aplicação da sequência. Confrontar com a fundamentação Teórica. Aplicação de um segundo questionário, equivalente ao que foi aplicado na primeira fase, para a investigação de possíveis reflexos na prática profissional, da experiência didática realizada. Obter informações sobre a visão de cada um sobre sua participação no grupo. 63 Em relação ao planejado, foi possível desenvolver as fases com algumas adaptações, entretanto a criação do protocolo para observação da aplicação da sequência didática em sala de aula que estava prevista não foi feita pelo grupo. . Quanto ao conteúdo matemático, foi possível desenvolver o que estava previsto; contudo, ao longo dos encontros, diversas decisões foram tomadas que caracterizaram o design experiment, tais como estudos sobre materiais pedagógicos, inserção para discussão no grupo de textos teóricos, trechos de dissertações e materiais digitais de portais educacionais. 3.3 Levantamento de Dados O processo de levantamento de dados foi feito usando as seguintes técnicas e instrumentos: Fonte Caracterização Questionários Dois questionários - o primeiro para levantamento do perfil do professor, o segundo para avaliação da formação do grupo. Entrevista Uma entrevista com cada professor que participou do grupo: ―O Uso da Tecnologia, no Ensino de Matemática‖ Materiais produzidos pelos sujeitos de pesquisa Arquivos digitais dos professores. Diário de bordo. Atividades didáticas. Gravações, filmagens e fotos feitas durante os encontros e aulas. Diário de Bordo Relatórios das reuniões. Os professores produziram materiais como notas de campo, atividades didáticas, arquivos digitais, fotos e vídeos que foram utilizados como documentos para a pesquisa. Fizemos dois tipos de observações. 1) Observação direta: realizada pelo pesquisador por meio de observação durante as reuniões e conversas entre os professores na rotina escolar (conversas no corredor, na sala dos professores, nas trocas de turnos, etc..) 64 2) Observação indireta, realizada pelo pesquisador, por meio de avaliação das respostas das duas entrevistas semiestruturadas, aplicadas ao grupo e pelas anotações no diário de bordo, entre outras. Na primeira entrevista, foi feito um levantamento sobre o perfil de cada professor e sua expectativa acerca do estudo que se iniciava e na segunda, avaliamos o que cada professor observou dos estudos em grupo, e da observação dos relatos efetuados pelo grupo de estudo e pelos alunos. Os roteiros das entrevistas se encontram no Apêndice I. Em uma primeira entrevista, fizemos um levantamento do perfil de cada professor e sua expectativa acerca do estudo que se iniciava e na segunda entrevista, identificamos a avaliação dos estudos em grupo, feito pelos professores, e da observação dos relatos efetuados pelo grupo de estudo e pelos alunos. Os encontros do grupo e aulas dos professores envolvidos na pesquisa foram gravados. Os roteiros das entrevistas se encontram no Apêndice II. A escolha da escola, para o desenvolvimento da pesquisa, surgiu a partir de conversas com professores de matemática que lecionam na mesma escola em que atua o pesquisador. Estes professores declararam-se interessados em aprimorar a prática pedagógica e discutir, no grupo de estudos, temáticas atreladas ao ensino e aprendizagem. Além disso, contamos com o fato deste pesquisador fazer parte do corpo docente desta escola há cinco anos e possuir vínculo de amizade e companheirismo com todo pessoal que faz parte do ambiente escolar. Outro fator determinante, que viabilizou o desenvolvimento da pesquisa, foi que a escola possui infraestrutura adequada, com uma sala de vídeo equipada com um micro computador e data show, para o planejamento das atividades e a aplicação com os alunos e que houve apoio irrestrito da direção da escola. Entendemos ser importante ressaltar que os professores aderiram voluntariamente ao projeto, especialmente graças aos laços de amizade e companheirismo existentes entre os docentes desta unidade escolar, uma vez que a maioria dos professores de matemática ministram aulas no local há muitos anos e esse clima de confiança foi sendo construído ao longo do tempo. 65 3.4 Caracterização da Escola MEAC18 A escola MEAC é uma escola pública da rede estadual, localizada no município de Suzano, grande São Paulo, inaugurada em 1983, e conta, atualmente, com aproximadamente 2.000 alunos distribuídos em três turnos, sendo que o da manhã funciona com seis salas de 9º ano do Ensino Fundamental e nove salas de 1º ano do Ensino Médio, o período da tarde com quatro salas de 6º ano, cinco salas de 7º ano e sete salas de 8º ano, todas do Ensino Fundamental e, no período noturno, com sete salas de 2º ano do Ensino Médio cinco salas de 3º ano do Ensino Médio e duas salas de suplência de 2º e 3º ano do Ensino Médio. Quanto ao espaço físico, a escola possui 17 salas de aula com as carteiras em bom estado, dois pátios espaçosos, uma cozinha equipada, uma lanchonete prestadora de serviço, um laboratório, no qual são desenvolvidas as aulas práticas de Física, Química e Biologia, um anfiteatro, com capacidade para 250 pessoas, devidamente equipado com aparelho de som, ar condicionado, computador e um data-show. Possui, ainda, uma sala de informática19 São Paulo, equipada com 16 computadores, onde trabalham seis monitores20 divididos em duplas que auxiliam os alunos e a comunidade entre os três turnos. Há, também, uma sala de aula adaptada para as reuniões de HTPC, com diversos materiais pedagógicos a disposição do professor, uma sala de vídeo que possui um computador com acesso a internet, data-show, televisão 29 polegadas para os professores utilizarem de acordo com o seu plano pedagógico. Na parte exterior da escola, há um estacionamento amplo que acomoda todos os veículos dos professores e funcionários, uma quadra coberta e estão sendo construídas mais duas quadras e uma área livre externa para uso de atividades extraclasse. 18 Este é um nome fictício, da escola que foi realizada a pesquisa. O laboratório de informática foi montado pelo Programa Acessa São Paulo. Instituído em julho de 2000, o programa oferece para a população do Estado de São Paulo o acesso às novas tecnologias da informação e comunicação (TIC), em especial à internet. Podem utilizar este ambiente na escola, os alunos fora de seu turno de aula, assim como qualquer pessoa da comunidade. 20 Estes monitores são alunos do 2º ano Ensino Médio, da escola pública e são remunerados. 19 66 A gestão escolar se compõe por uma diretora efetiva há sete anos na escola, duas vice-diretoras, sendo que uma há quatro anos no cargo e a segunda há um ano no cargo, dois professores coordenadores pedagógicos, sendo o primeiro, efetivo na disciplina de Geografia exercendo o cargo há cinco anos, e o segundo há cinco anos como professor coordenador pedagógico. O corpo docente é constituído por 65 professores efetivos 21, 46 professores OFA22. Destes, sete são professores efetivos de Matemática. Esta é uma escola que se destaca pela participação em projetos pedagógicos, como por exemplo: Dança de Salão23 e Xadrez na Escola. Além desses projetos, é realizada, também, a festa Julina que é um marco para a comunidade, reunindo, todo ano, aproximadamente vinte cinco mil pessoas em dois dias de festa. Os alunos moram, em sua maioria, próximos à escola e a frequentam desde os anos iniciais, sendo esta uma característica decisiva para o envolvimento da comunidade com a instituição. 3.5 Formação do Grupo de Estudo No primeiro dia, após as férias, momento em que os docentes retornam à escola para a atribuição das aulas24, apresentei aos professores de Matemática e ao coordenador pedagógico a proposta de, juntos, constituirmos um grupo de estudo, com o objetivo de fazer uma investigação sobre o uso da tecnologia no ensino de funções trigonométricas. Durante a conversa com estes professores, fiz o convite de maneira informal e apresentei a estes alguns recursos que o software Geogebra oferece para o ensino e aprendizagem de matemática. Quando apresentei aos professores os novos recursos a serem usados em sala de aula, notei que a maioria se interessou e, assim, combinamos que 21 Professores concursados que fazem parte do corpo efetivo da escola Ocupante de Função Atividade, a sigla designa os professores admitidos em caráter temporário, lecionando, enquanto não existe um professor efetivo ou em substituição destes, quando designado para outras funções. 23 Há dois vídeos no youtube (sistema de vídeos interativos): http://www.youtube.com/watch?v=a4Y8IU3jA7A e http://www.youtube.com/watch?v=cMTtTt0xq9Y 24 Momento em que a diretora da escola atribui as aulas para os professores conforme resolução da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo 22 67 nos reuniríamos ao longo do semestre, em sessões semanais realizadas todas as segundas-feiras das 17:30 às 18:50 horas. Dos sete professores de Matemática, apenas um deles não se comprometeu em participar do grupo, justificando que não dispunha de tempo para as discussões que posteriormente viriam a ser realizadas. Os materiais e registros produzidos pelos sujeitos foram coletados mediante Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que se encontra no Anexo II. Os professores envolvidos na pesquisa estão aqui identificados por pseudônimos: Batista, com formação em Geografia que é o Professor Coordenador Pedagógico da escola; João, Teixeira, Valquíria, Helena, Joaquim, José e Ronaldo – todos estes professores de Matemática atuantes na escola – sendo que Ronaldo tem dupla função: a de integrante do grupo e também de pesquisador, estabelecendo a ligação entre a escola e a universidade. O perfil foi traçado tomando-se como referência a análise do questionário que se encontra no Apêndice II. Uma síntese com as principais características dos professores envolvidos na pesquisa encontra-se no quadro abaixo. Quadro 7: Perfil dos Professores Nome. Formação Séries que Tempo Conhecimento Motivação que o atua. de de Software (a) levou a Serviço. Educacional participar do Grupo João Licenciatura 7º e 8º anos, em 2ª e 3ª Matemática Teixeira séries do Conhecer o software, 13 anos Não Geogebra e Ensino participar de uma Médio. pesquisa. Licenciatura 8ºano, 1ª, 2ª Conhecer novas em e 3ª séries Matemática do Ensino Mestrado Médio. em Ensino de Ciências e 11 anos Sim, mas metodologias, nunca utilizou. para o Ensino de Matemática. 68 Matemática Valquíria Licenciatura 7ºano 20 anos em Sim, mas Curiosidade em nunca utilizou. conhecer o Matemática software Geogebra. Licenciatura 8º ano e 1ª em série do Matemática Ensino Helena Aprimoramento 15 anos Não profissional. Médio Curiosidade em José Licenciatura em Física Ensino 3 anos Não aprender o Médio software Geogebra Participar de Batista Ronaldo 5 anos Licenciatura Coordenador em Pedagógico os colegas Geografia (PC). professores. Licenciatura 7º e 8º anos, 1ª e 2ª séries do Ensino Médio. em Matemática Sim discussões com Sim e já havia Formação utilizado Profissional. 19 anos Destacamos que, dos professores de matemática envolvidos, apenas o Professor Ronaldo já havia utilizado software educacional, os demais não o conheciam, porém mostraram-se curiosos e ansiosos em fazer parte do grupo que veio a se formar, motivados pela possibilidade de conhecer softwares educativos. Consideramos como professores centrais do grupo de estudo João, Teixeira e Ronaldo, os demais professores relacionados não participaram de todas as reuniões, por diferentes razões: acúmulo de trabalho, incompatibilidade de horário, problemas de saúde, entre outras. O PC, por diversas vezes, acompanhou as reuniões, tendo como interesse principal a formação profissional dos professores envolvidos e o conhecimento da metodologia de como um grupo de estudo pode vir a formar um grupo colaborativo. 69 3.6 Atividades Desenvolvidas nos Encontros do Grupo No quadro abaixo, relacionamos as datas dos encontros, o resumo das atividades desenvolvidas, bem como os participantes envolvidos: Quadro 8: Resumo das Atividades Discutidas no Grupo Encontro Ações 1º em 14 fev. 2011 Apresentação e discussão da proposta ao grupo. Aplicação de questionário. Apresentação inicial do Geogebra. 2º em 21 fev. 2011 3º em 14 mar 2011 Realização de estudos conjuntos sobre a temática ―Ensino da Trigonometria‖. Manipulação do applet desenvolvido por Thais de Oliveira. Discussão e reflexão sobre a recepção dos alunos quanto ao applet. Apresentação de um arquivo relacionando o movimento de um ponto no círculo trigonométrico Participantes João, Teixeira, Ronaldo, Helena e o Batista. João, Teixeira, Ronaldo, e Valquíria. João, Teixeira, Ronaldo e Joaquim. 4º em 21 mar 2011 Discussão do problema de pesquisa de Quintaneiro, relacionando a função seno e cosseno e a relação entre a unidade de grau e radiano. João, Teixeira, Ronaldo, e Valquíria 5º em 28 mar 2011 Reflexão das atividades aplicadas, questionamento dos resultados obtidos, discussão sobre as funções: João, Teixeira, Ronaldo e Joaquim. f :R→ R, f (x) = sen(x) e f :R→ R, f (x) = cos(x) 6º em 04 abr. 2011 Discussão sobre como relacionar o crescimento e decrescimento do seno no ciclo trigonométrico, associando as unidades em grau e radiano, com a apresentação de dois aplicativos. João, Teixeira, Ronaldo e Helena. 7º em 11 abr. 2011 Discussão sobre o deslocamento vertical da função seno e cosseno. João, Teixeira, Ronaldo, Helena e Joaquim. f :R→ R, f (x) = a + sen(x) e f :R→ R, f (x) = a + cos(x). 8º em 18 abr. 2011 Discussão sobre a amplitude nas funções seno e cosseno. f :R→ R, f (x) = a + b sen(x) e f :R→ R, f (x) = a + b cos(x) João, Teixeira, Ronaldo e Helena. 70 9º em 25 abr. 2011 Discussão das atividades desenvolvidas por Thais de Oliveira e construção de um aplicativo para discussão da função: construção das funções, f(x)= a + b sen (c x +d), verificando os a variação dos parâmetros, a, b, c e d, sendo c≠0. João, Teixeira, Ronaldo, Helena e Joaquim 10º em 02 mai. 2011 Discussão acerca do caderno do aluno fornecido pela SEESP, e adaptação as atividades para desenvolver um aplicativo para trabalhar com a função: João, Teixeira, Ronaldo e Valquíria. f(x)= a + b sen (c x +d), 11º em 16 mai. 2011 Discussão sobre como desenvolver uma aplicação da função seno no movimento de um cilindro de motor de motocicleta. João, Teixeira e Ronaldo. 12º em 23 mai. 2011 Discussão sobre a aplicação da função seno em um motor de quatro cilindros. João, Teixeira, Ronaldo, e Valquíria. 13º em 30 mai. 2011 Discussão acerca do trabalho de Goios e consulta ao site ―TIC no Processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática‖, João, Teixeira, Ronaldo e Helena. 14º em 06 jun. 2011 Consulta ao site ―Portal do Professor‖ João, Teixeira, Ronaldo e Batista. No próximo capítulo, discutimos e analisamos cada encontro do grupo de estudos. 71 CAPÍTULO 4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS ENCONTROS 72 4. DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO DOS ENCONTROS 4.1 Os Encontros O grupo “O Uso da Tecnologia no Ensino de Matemática” se reuniu no interior da escola, fora de seu horário de trabalho, às segundas feiras das 17:30 h às 18:50 h, durante um semestre (14 encontros) com a proposta de discutir sobre o ensino e aprendizagem de trigonometria e desenvolver atividades que pudessem ser aplicadas em sala de aula, sempre conectadas ao conteúdo programático que estava sendo desenvolvido em classe, respaldadas pelo Caderno do Aluno25 fornecido pela SEESP. Além disso, tínhamos como objetivo aplicar e analisar as atividades construídas em conjunto, fazendo estudos reflexivos sobre a prática docente. Utilizamos a primeira pessoa do plural para referirmo-nos às decisões e situações que envolvem o pesquisador (Ronaldo) e a Universidade na figura da orientadora desta pesquisa e a primeira pessoa do singular para referirmonos ao professor e pesquisador Ronaldo como elemento do grupo e participante dos encontros. Dessa forma procuramos tornar mais simples o entendimento do texto para o leitor e separamos os dois papéis que o autor deste estudo desempenhou ao longo da pesquisa: o de pesquisador e de professor membro do grupo de estudo. 1º Encontro No primeiro encontro, apresentei a proposta ao grupo para realizarmos estudos conjuntos sobre a temática ―Ensino da Trigonometria‖ usando os recursos do software Geogebra. A partir da aceitação da proposta, discutimos a necessidade de iniciar as investigações desde a trigonometria no triângulo retângulo até o ciclo e as funções trigonométricas e foi estabelecido como objetivo do grupo atingir estudos até as funções seno e cosseno. Isso vinha ao encontro da programação do conteúdo que o grupo desenvolveria com seus alunos. 25 Material criado em 2007 como parte do Programa ―São Paulo Faz Escola‖ da SEESP, trata-se da implantação de um currículo único para todas as escolas da rede pública estadual. Com este Programa, todos os alunos da rede recebem material didático e há uma uniformização nos planos de aula. 73 Em seguida, os professores responderam ao questionário que se encontra no Anexo II e na sequência, fiz uma explanação referente aos principais recursos que exploraríamos no software. Com os membros do grupo, cada um a frente do seu computador, realizei a manipulação do software para a visualização no Data-show. Foram discutidas as seguintes ferramentas do software: Janela algébrica, campo geométrico, caixa de entrada e ícones que aparecem na tela inicial. Mostrei ao grupo como poderíamos fazer algumas construções básicas tais como: polígonos regulares, polígonos não regulares, ponto, reta, círculos, retas paralelas e perpendiculares, entre outras construções elementares. Neste encontro, os professores mostraram-se entusiasmados e curiosos em relação ao software e o quanto e como poderíamos explorá-lo nas aulas de matemática. Na sequência, os docentes manipularam livremente o software de modo a começar a conhecê-lo melhor e fizeram construções elementares, tais como reflexão de figuras, construções de triângulos com as medidas dos lados e ângulos, gráfico da função do segundo grau, etc. O professor Batista permaneceu na sala por 20 minutos, ausentando-se a seguir, devido às atribuições ligadas a sua função de coordenador pedagógico, antes, porém, comentou: ―Quando construí, junto com o grupo, um triângulo qualquer pôde observar que o arquivo possibilita que sejam feitas as medidas dos ângulos internos, podemos visualizar, também, que para os triângulos construídos neste arquivo a soma dos ângulos internos é igual a 180º‖. Tal fato causou satisfação a todos os presentes, justamente por ser uma demonstração de fácil percepção. Em minha formação na escola básica, achava as aulas de Matemática muito teóricas. O professor bem que tentava encontrar alguma relação com o cotidiano, mas eu entendia muito pouco, apesar de gostar das aulas. Sempre quis conhecer uma aplicação parecida com esta, (se referindo à visualização do teorema da soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer). DB26, p. 1. 26 Diário de Bordo. 74 Essa fala revela que, ao longo do encontro, ocorreu o que Ponte, Oliveira e Varandas (2003) afirmam sobre a importância dos professores se apropriarem das TIC como ferramentas de auxilio para preparar atividades a serem desenvolvidas em sala de aula, tendo-as como uma alternativa de apoio à aprendizagem, um instrumento de conhecimento pessoal, uma fonte que deixa à disposição do professor um arsenal de métodos e diferentes formas de representações para o conhecimento do conteúdo. Ao final do encontro, o professor João, referindo-se à apresentação das construções básicas do software e a visualização de que a medida da soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer é 180º, comentou: Eu sempre acreditei que isto fosse verdade, mas não conseguia entender o porquê. Agora basta ver por que eles não estão alinhados. Então só pode formar 180º, caso contrário seria uma reta. D.B. p 2 Essa fala evidencia que o professor está em processo de construção de conhecimento específico do conteúdo matemático e também do pedagógico do conteúdo, entendendo como sendo vantajosa a utilização do software. 2º Encontro No segundo encontro, discutimos parte da dissertação de Oliveira (2010, p. 101-104), na qual a autora apresenta um applet27 que foi criado para auxiliar o aluno a aprender as razões trigonométricas no triângulo retângulo, partindo das regularidades obtidas nos triângulos retângulos semelhantes. Neste applet, existe um seletor no canto superior esquerdo que ao ser manipulado mostra que as razões trigonométricas seno e cosseno dependem somente dos ângulos, não importando a medida dos lados do triângulo. Tal texto encontra-se na íntegra no Anexo II. 27 http://www.pion.sbfisica.org.br/pdc/index.php/por/Material-didatico/Razoes-Trigonometricas 75 Figura 6: Interface inicial do applet Fonte: Oliveira (2010 p 101.) Por ser um aplicativo estruturado para ser dinâmico e de fácil manipulação, durante a apresentação do applet no Data-show, todos os envolvidos manifestaram interesse em desenvolver com os seus alunos as razões trigonométricas mostradas. Ao explorar este applet, João, um dos professores que estava vendo pela primeira vez uma aplicação deste software, declarou que nunca tinha utilizado nenhum aplicativo educacional, pois sempre usava o giz e lousa para desenhar os triângulos retângulos, o que nem sempre permitia manter suas respectivas escalas. Ele comentou: ...com este recurso, fica bem mais fácil desenvolver as aulas. Acredito que os alunos se sentirão motivados com o reconhecimento de um conceito já visto por eles, agora sendo apresentado com um recurso diferente, poderemos apresentar o mesmo conteúdo de diversas formas. Verificando que o seno de um ângulo não depende do lado e sim da medida do ângulo. DB, p. 2. 76 Observamos que o professor João relacionou o que estava sendo discutido com a sua prática pedagógica. Para ele, até então, a característica mais importante é a de promover a motivação dos alunos. Nesse caso, estão presentes os saberes da experiência citados por Tardif (2002), que afirma que os saberes adquiridos e validados pela experiência são incorporados pela vivência individual e coletiva sob a forma de hábitos e de habilidades, de saber fazer e de saber ser. O professor João, que também não conhecia este applet, se mostrou confiante com esta nova proposta, pois um de seus comentários foi: ...Com a ilustração é mais fácil explorar as relações trigonométricas, pois ficam bem visíveis e da forma que o aplicativo foi estruturado ficam em evidência essas relações. (referindo-se às diversas ilustrações que são possíveis visualizar no aplicativo). DB, p. 2. Esta fala do professor João evidencia que o que mais lhe chamou a atenção foi a possibilidade de como o software pode facilitar a visualização por parte dos alunos. Durante a manipulação dos applets, constatamos que o grupo estava num processo de desenvolvimento do conhecimento pedagógico, relacionando o uso da TIC para o ensino de matemática, que, segundo afirma Ponte (2003), a formação do professor é o problema chave no sistema educacional e que o docente deve se apropriar da TIC, como uma alternativa cada vez mais presente no conteúdo escolar, principalmente os relacionados com a matemática. Ao final da reunião, decidimos que durante a semana aplicaríamos, em sala de aula, usando o Data-show, os applets desenvolvidos por Oliveira (2010), e que no próximo encontro, discutiríamos uma maneira de introduzir as relações entre o raio, diâmetro e comprimento da circunferência. 77 3º Encontro Nesse terceiro encontro, os estudos do grupo centraram-se nas relações entre o comprimento da circunferência, seu diâmetro, raio e o número , e na discussão de como iríamos fazer a revisão deste conteúdo com os alunos. Iniciamos a reunião comentando sobre a participação dos alunos quanto à apresentação dos triângulos retângulos semelhantes e as razões trigonométricas, utilizando os applets discutidos no encontro anterior do grupo. Surgiram os seguintes comentários: Teixeira: Com o dinamismo do software, fica mais fácil os alunos entenderem o significado de triângulos semelhantes e que as razões trigonométricas dependem somente dos ângulos e não das medidas dos lados dos triângulos. João: Com o uso do software, fica mais interessante o trabalho em sala de aula e o envolvimento dos alunos. Ronaldo: Com o software é possível ministrar uma aula mais dinâmica e menos expositiva e o envolvimento dos alunos torna a resolução dos exercícios mais fácil. D. B. p 3. Vale ressaltar que o professor Teixeira enfatizou em sua fala que o software pode auxiliar o aprendizado do aluno, enquanto João e Ronaldo enfatizam características como motivação do aluno e dinamismo da aula. Nesta discussão, observamos o conceito de Schön (1995) sobre a reflexão na ação, que ocorre, segundo o autor, quando o professor com seus conhecimentos faz uma análise da situação e toma decisões no momento em que se desenvolve a aula. Em um segundo momento, apresentei ao grupo dois arquivos previamente preparados por mim: o primeiro para a validação do número , figura 6, com: raio variável, destacando o diâmetro, o comprimento e suas relações com este número irracional. 78 Figura 7: Construção do Número Fonte: Acervo próprio Este arquivo relaciona o comprimento da circunferência com o raio e o diâmetro. Com uma calculadora e após preencher uma tabela com os valores da tela exposta no projetor e dividir o comprimento da circunferência pelo diâmetro é possível verificar a constante . A construção deste arquivo se encontra no Apêndice VIII. Usando este arquivo é possível mostrar para o aluno, de forma dinâmica, as relações entre o comprimento, diâmetro e raio da circunferência o com o número . Na sequência, apresentei ao grupo o resumo da dissertação de Goios (2010, p.124—125), o texto na integra encontra-se no Anexo III, no qual ele enfatiza que os alunos, por terem dificuldades, preferem fazer as operações usando a unidade somente em grau, omitindo, sempre que possível, o radiano. Uma sugestão para minimizar a dificuldade dos alunos com as medidas em radianos seria os objetos de ensino apresentar de forma conjunta às medidas em graus e radianos, para que os alunos pudessem se familiarizar com estes valores. Também é necessário um trabalho anterior com os números racionais e irracionais, pois a dificuldade com estes números dificultam a compreensão dos alunos com os valores em radianos. Goios (2010, p.125). 79 Ao explorar o segundo arquivo, figura 8, enquanto apresentava a tela, discutimos no grupo a relação entre ângulo medido com a unidade, ora em grau, ora em radiano. Figura 8: Relação Entre as Unidades de Grau e Radiano Fonte: Acervo próprio Este arquivo relaciona o ângulo com a unidade em grau e seu valor em radiano, assim como é possível visualizar o arco. A partir deste momento, o grupo manifestou interesse em conhecer a maneira de construir tais telas. Assim, fizemos a construção detalhada destas telas, que se encontram no Apêndice VII. Após uma breve discussão sobre a construção do círculo, relacionando o comprimento e o diâmetro, chegamos ao consenso de que deveríamos construir uma sequência de atividades dirigidas aos discentes, de modo que estes, num primeiro momento, visualizassem no Data-show a construção do número e logo em seguida, a relação entre arco e radiano, visto que o assunto já havia sido abordado em sala de aula de maneira tradicional, via lousa e giz. Fiz então o seguinte comentário: Ronaldo: Os alunos compreendem a relação entre 180º e o rad. Fazem até as conversões entre grau e radiano, via regra de três simples, mas não é fácil entender, em primeira instância, o significado de radiano e a necessidade de usar o radiano, que é a ―transformação‖ de grau para número real. Com este aplicativo poderemos visualizar esta relação grau/ radiano, e visualizar, também, o radiano como medida de arco. DB, p 4. 80 Naquela semana, estávamos ensinando, na sala de aula, a transformação de unidade de grau para radiano e vice versa, usando regra de três simples. Então, resolvemos que levaríamos os alunos à sala de vídeo e apresentaríamos a eles, no Data-show, as duas telas. O grupo elaborou o seguinte questionário, a ser aplicado aos alunos: 1) 2) 3) 4) 5) O que é arco de uma circunferência? Quais são os dois sistemas de medidas para medir arcos e ângulos? O que é a medida de um radiano? Como você poderia medir o comprimento de uma circunferência? O que você aprendeu, na aula, com o auxilio do programa Geogebra, que não tinha aprendido antes, quando foi explicado usando-se apenas giz e lousa? Questionário preparado pelo grupo em 14 de março 2011. Com esta discussão, estávamos negando o modelo de racionalidade técnica. Conforme Fiorentini (2005) aponta, consideramos que foi fundamental tomar como ponto de partida a experiência e os saberes que o professor possui no decorrer de seu ofício, transformando um conteúdo abstrato de difícil compreensão em um estudo de reflexão, buscando a solução colaborativamente. Para o encontro seguinte, combinamos que iríamos partir da circunferência e discutir uma sequência didática relacionando o ciclo trigonométrico com as razões trigonométricas. Então surgiu no grupo o seguinte questionamento: João: Eu sei que o ciclo trigonométrico tem raio igual a 1, mas como que vocês explicam isto? Teixeira: Eu parto do principio de que se a circunferência tem 360º qualquer que seja o raio, então pela semelhança de triângulos, eu explico que caso o raio fosse diferente de 1 não haveria perda de conteúdo, mas por convenção, o raio da circunferência trigonométrica é 1. Ronaldo: Há algum tempo, venho mostrando aos alunos uma situação parecida com a que o Teixeira falou. Uso esta figura (mostrando a figura XXI) onde podemos visualizar de forma dinâmica, a semelhança de triângulos, mas volto neste assunto quando falamos da relação fundamental da trigonometria, sen2x+cos2 x =1 . D.B. p 4. Nestas falas podemos perceber o que Fiorentini (2004) aponta como uma comunidade de prática, na qual os professores da escola básica se 81 reúnem com o objetivo aprender e ensinar matemática. Os três professores tinham dúvidas de como iniciar o assunto do ciclo trigonométrico. Após o esclarecimento das dúvidas e da troca de experiências, com a participação dos envolvidos no grupo, estes professores demonstraram mais confiantes neste conteúdo. Figura 9: Introdução ao ciclo trigonométrico. Fonte: Acervo Próprio 4º Encontro O encontro iniciou-se com uma discussão sobre a utilização das unidades de medidas de arcos, grau e radiano. Vale enfatizar que antes deste quarto encontro, em conversa informal o professor João comentou: Eu sei relacionar as unidades grau e radiano via regra de três, mas não vejo aplicação prática, e ainda não entendi a razão de se usar radiano. D.B. p.4 Após este relato, o pesquisador preparou o material para a reunião, apoiando-se na pesquisa feita por Quintaneiro (2010), na qual ele relata a 82 necessidade de se trabalhar com o radiano como unidade de medida. A visão dinâmica do software pôde auxiliar na discussão uma vez que é possível visualizar que o radiano é a medida linear referente ao comprimento do arco, e o grau é a medida angular. Foi possível perceber que os professores não tinham claro a necessidade de se usar a unidade em radiano e o estudo em grupo favoreceu uma reconstrução sobre este conteúdo vindo ao encontro ao que Shulman (1986) chama de conhecimentos específicos da disciplina que o professor leciona, incluindo as compreensões, conceitos e procedimentos. Pensar corretamente sobre o conhecimento do conteúdo requer ir além do conhecimento de fatos ou conceitos de um domínio e conhecimento curricular. Nesta reunião, após a discussão sobre as unidades de medidas angulares, o conteúdo matemático discutido foi o ciclo trigonométrico e a relação fundamental sen2x+cos2x=1, assim como a relação entre o crescimento e decrescimento do seno e cosseno. Discutimos, também, como os alunos se manifestaram em relação as atividades anteriores que relacionavam o comprimento da circunferência, o diâmetro, a relação entre a unidade de grau e radiano. Trechos do diálogo entre os professores integrantes do grupo de estudo: João: Devemos continuar a discussão, pois ainda não me sinto seguro em trabalhar com este software. Neste encontro, quero tirar algumas dúvidas, como por exemplo, de que maneira relacionar o ponto em movimento com o valor do seno. DB. p. 4. No depoimento do professor João, podemos confirmar o que Fiorentini e Nacarato (2005), afirmam, ou seja, que toda mudança vem acompanhada de momentos de incertezas e dúvidas, portanto, é importante que o professor tenha uma base de apoio pedagógico sólida, para que possa enfrentar e controlar, com segurança, as possíveis tensões que estas mudanças de comportamento trazem. Por esse motivo, é imprescindível dar respaldo e tempo necessários para que essas ansiedades, típicas do que é novo, se dissipem e naturalmente levar o professor a refletir sobre suas próprias 83 inseguranças que, muitas vezes, tornam-se um dos maiores obstáculos à mudança. Nesse aspecto o apoio do grupo pode ser fundamental. Teixeira: Uma situação é apresentar para os alunos o que é o comprimento de um arco, outra é mostrar para eles o movimento do arco em uma tela, fazendo no mesmo instante várias representações, o que na lousa fica muito restrito. Os alunos até que aceitam fazer as transformações de grau para radiano, mas sem nenhum significado. DB. p. 4. Pelos dizeres do prof. Teixeira, percebemos que as ações do grupo iam ao encontro das ideias de Ponte (2002), segundo as quais o uso da tecnologia permite uma perpectiva inovadora para o ensino da matemática, reforçando as interpretações visuais, as novas formas de representação e manipulação simbólica, enfatizando mais o conceito do que os cálculos aritméticos. Deste modo, a TIC favorece o desenvolvimento dos alunos em importantes competências, bem como em atitudes positivas em relação à matemática, estimulando uma visão completa sobre a natureza desta ciência. Também discutimos nesse encontro, um trecho da dissertação de Quintaneiro (2010, p. 12--13), o qual enfatiza o domínio das funções seno e cosseno como sendo o conjunto dos números reais e daí a necessidade de usar a unidade radiano. Estes textos se encontram na íntegra no Anexo III. Apresentei ao grupo uma tela previamente preparada que relaciona o radiano com o seno e o cosseno no ciclo trigonométrico, com um ponto ―P‖ que, ao ser movimentado, mostrava suas coordenadas P= (cos(x), sen(x)). Conforme o movimento deste ponto, era possível visualizar que para qualquer valor de x, prevalece a identidade sen2x+cos2x=1, também estava visível, na tela, a relação entre as unidades de grau e radiano. A construção deste arquivo se encontra no Apêndice VIII. 84 Figura 10: Apresentação da Relação Fundamental da Trigonometria Fonte: Acervo próprio Durante a exploração deste arquivo, o professor João deu a seguinte sugestão: João: Na próxima reunião, podemos discutir a passagem do seno do ciclo trigonométrico para a função seno, uma vez que é possível construir outra tela sem abandonar esta, usando a caixa de ―inserir objeto‖. DB p. 5. Novamente, na observação feita pelo professor João, podemos constatar que quando o docente se sente apoiado, se coloca na posição de aprendiz e vai dissipando naturalmente os obstáculos. Fiorentini e Nacarato (2005) enfatizam que é necessário dar tempo para que o docente possa apropriar-se e mudar sua prática, controlando, assim, as tensões que naturalmente surgirão. A partir desta última tela, construímos atividades para serem desenvolvidas em duas aulas: a primeira relacionando o valor do seno medindo em grau e radiano e a segunda tela relacionando os valores para o cosseno. Com as telas expostas no projetor, discutiríamos com os alunos as dúvidas e constatações. Com o questionário, pretendíamos avaliar o que os alunos assimilaram até aquele momento, e a partir desta avaliação determinaríamos o destino das aulas, isto é, se prosseguiríamos com o 85 conteúdo ou retomaríamos o ciclo trigonométrico. Este questionário se encontra no Apêndice I. Neste momento, a partir da observação feita pelo professor João, entendemos que ocorrera o que Shulman (1986) chama de: Conhecimento Pedagógico do Conteúdo. Este busca uma maneira que vai além do conhecimento da disciplina para o ensino, procurando uma forma particular de conhecimento que incorpora os aspectos mais pertinentes a sua sensibilidade, tentando encontrar várias estratégias de representação das ideias de diferentes formas de representar e formular o assunto, tornando-o compreensível para os outros. Verificamos também que cada um reflete de uma maneira. Como pontua Perrenoud (2002), verificamos que mesmo dentro de um grupo de estudos, cada um reflete sobre sua prática de modo diferente. Assim, no calor das reuniões, somos levados a uma constante reflexão e a diversas tomadas de decisões que podem nos conduzir a uma mudança de prática. Finalizamos este encontro com o acordo de que seria aplicado aos alunos o questionário e uma avaliação diagnóstica sobre os conhecimentos dos alunos quanto ao crescimento e decrescimento das funções seno e cosseno já preparados no encontro anterior. 5º Encontro Iniciamos a reunião discutindo o gráfico (Figura 10), que apresenta o desempenho dos alunos ao responderem o questionário preparado no último encontro. O questionário foi composto por cinco perguntas envolvendo o crescimento e decrescimento do seno no ciclo trigonométrico. A correção do questionário e a tabulação dos dados foram feitas pelo professor Ronaldo, dias antes desse encontro. 86 Número de alunos 250 200 150 Certas Erradas 100 50 0 1 2 3 4 5 Questões Figura 11: Gráfico de Aproveitamento das Atividades De posse destes dados e do questionário respondido pelos alunos, discutimos as respostas. A análise feita, foi a seguinte: 1º questão: Complete a tabela com valores do seno no ciclo trigonométrico. Ângulo seno 0o 90º 180º 270º 360º Devido ao alto índice de acertos, concluímos que os alunos compreenderam os valores do seno em uma volta, atribuindo o maior e o menor valor para estas razões. (D.B. p 6.) 2º Questão: Qual o maior e o menor valor que pode assumir o sen x, sendo 0o≤ x ≤ 360º? 87 A segunda questão teve um índice de aproveitamento de 85%, o que nos levou a concluir que os alunos entenderam que o valor do seno esta compreendido em [1,-1]. (D.B. p 6.) 3º Questão. Quando o seno é crescente e decrescente? Ângulo Seno o 0 ≤ x ≤ 90º 90º ≤ x ≤ 180º 180º ≤ x ≤ 270º 270º ≤ x ≤ 360º Devido ao alto índice de erros, concluímos que os alunos associaram que no segundo quadrante o valor do seno é positivo, mas decrescente. Concluímos que os alunos associaram o valor positivo ao crescimento, o que é um erro. ( D.B. p 6.) 4º Questão. Observando o ciclo trigonométrico no Data-show, complete a tabela. Em qual ângulo o valor do seno será o mesmo? Ângulo Em qual ângulo o seno é o mesmo? 15o 30º 45º 60º 75º 90º Nesta questão, esperávamos que os alunos associassem o conceito de que o ângulo e seu suplemento têm o mesmo valor para o seno. Devido ao baixo desempenho, este foi o primeiro desconforto para o grupo, pois percebemos que os alunos ainda não haviam atingindo o objetivo, uma vez que houve índice de acertos de 40%.( D.B. p 6.) 5º Questão. Quando a soma de dois ângulos é igual 180º? 88 O índice de acerto foi de 40%. Concluímos que deveríamos trabalhar novamente o conceito de ângulos suplementares, pois observamos que se os alunos não identificavam tais ângulos, como consequência teriam dificuldades em comparar seus senos. Exemplos de algumas respostas dos alunos: ―Quando os valores dos senos são iguais‖. ―Quando são ângulos suplementares‖ ―não sei responder‖ ―não sei‖ Anotações de sala de aula, abril 2011. Após análise das respostas surgiram os comentários: Teixeira: Nas próximas aulas, vamos retornar a esta mesma tela (apontando para a tela No 9) dando mais ênfase ao cosseno e fazer a comparação com o seno no círculo trigonométrico associado ao valor da função cosseno, enfatizando que as propriedades de crescimento e decrescimento para o seno são iguais para o cosseno, com uma diferença de /2 rad. Assim, poderemos retornar ao assunto sem que este fique maçante e rever, ora o seno no ciclo trigonométrico, ora o cosseno. João: Podemos preparar, também, umas das primeiras telas que você (apontando para o Ronaldo), nos mostrou sobre a soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer, e comentar o significado de ângulos suplementares. DB p.6 Para tanto, construímos um arquivo no qual poderíamos associar os valores do ciclo trigonométrico, relacionando o ângulo com radianos e verificar o porquê, no segundo quadrante, o seno é positivo, mas as funções são decrescentes com a função y = sen x, e y= cos x. Para o desenvolvimento das aulas, fizemos um novo questionário dando mais ênfase para o cosseno. 89 Fazendo uso da tecnologia para proporcionar uma forma exploratória e reflexiva em ambientes computacionais, nós, do grupo de estudos, estávamos nos apropriando desta nova cultura e utilizando-a de forma plena e consciente de modo a explorar, representar e construir conceitos matemáticos, proporcionando aos alunos novas formas de obter o conhecimento, Miskulin (1999), Exploramos o arquivo (Figura 12), que relaciona o valor do máximo e do mínimo das funções seno e cosseno, em que é possível visualizar em qual quadrante estas funções são crescentes e decrescentes, os pontos em que o seno e cosseno são iguais, as unidades de medida de ângulo em grau e radiano, e a necessidade de atribuir valores reais no domínio da função. A construção deste arquivo se encontra no Apêndice XI. Figura 12: Crescimento e Decrescimento das Funções Seno e Cosseno Fonte; Acervo Próprio. . 6º Encontro Neste encontro, discutimos a dissertação de Lobo da Costa (1997, p. 24-26), sobre a passagem da trigonometria do triângulo retângulo para o ciclo trigonométrico a partir da história, utilizando as ideias discutidas por Euler (1707-1783) que definem funções aplicadas a um número e não mais a um ângulo, fazendo a transição das razões trigonométricas para as funções 90 periódicas, envolvendo o ciclo trigonométrico como se fosse um fio inextensível, a reta imaginada como um carretel. Este texto se encontra na integra no Anexo V. A função de Euler E: R C1, que possibilita encontrar sen x e cos x, como função de uma variável real x, abriu para a trigonometria as portas da Análise Matemática e de inúmeras aplicações às Ciências Físicas‖. Lobo da Costa (1997, p. 26). Discutimos, ainda, as atividades que relacionavam o crescimento e decrescimento do cosseno e constatamos que havíamos sanado as dúvidas referentes ao mau desempenho apresentado no questionário IV. Para desenvolver as atividades referentes às ideias de Euler, criamos uma tela onde relacionávamos ora o seno, ora o cosseno, ora os dois. Fazendo a transição do seno e cosseno do círculo trigonométrico para a função de R em R. Teixeira: Com o passar das aulas, vou me aperfeiçoando com o uso do software e pelo jeito, todas as telas são bem parecidas, muda somente um detalhe ou outro. Com uma melhor familiarização do software, vamos aprendendo a construir as telas. DB. p 7. Observamos que o prof. Teixeira, através de seus relatos, tem aprendido e construído conhecimentos ao longo dos encontros. Nesta oportunidade, vivenciamos que o desenvolvimento profissional é um processo que se concretiza ao longo de períodos alicerçados no tempo de discussão e troca de experiências entre os participantes do grupo de estudos. Este procedimento é um fator relevante de motivação para continuarmos os estudos e a reflexão. Saraiva e Ponte (2003) Assim, ficou decidido que, durante a semana, trabalharíamos com os alunos o ciclo trigonométrico, os valores do seno e cosseno, fazendo a transição das razões trigonométricas para as funções periódicas envolvendo o ciclo trigonométrico. 91 Figura 13: Comparação Entre as Relações Seno e Cosseno de um Ângulo no Ciclo Trigonométrico Fonte: Acervo Próprio. 7º Encontro Neste sétimo encontro, o conteúdo matemático em discussão foi o deslocamento vertical da função f(x)= a + sen(x) e g(x)= a + cos (x), discutindo as implicações do parâmetro ―a‖. Nesta ocasião, comentamos sobre a satisfação de estarmos tendo aulas mais produtivas, como ilustra o trecho de diálogo abaixo: Teixeira: Em outros anos, quando não conhecia o software, tinha muita dificuldade em mostrar para o aluno o porquê de quando o valor do seno aumenta, o cosseno diminui, usando as coordenadas do ciclo trigonométrico. João: Eu até que demonstrava a relação fundamental da trigonometria, percebia que os alunos aceitavam, mas poucos entendiam. Ronaldo: Explicar o ciclo trigonométrico usando o software e a tela que desenvolvemos na última reunião, torna a aula muito mais produtiva. DB p.7 O professor Teixeira comentou que propôs uma atividade para verificar se era o momento adequado para aprofundar no assunto ‖ciclo trigonométrico‖ e começar a definir a função. Acrescentou que estava 92 bastante satisfeito com o rendimento dos alunos, fato também constatado pelos outros integrantes do grupo. Discutimos, também, trechos da dissertação de Quintaneiro (2010, p. 814), os quais indicam a existência de duas necessidades de se usar o raio como unidade de medida. Na primeira delas, ele enfatiza que ao demonstrar o limite fundamental =1, devemos trabalhar com a unidade em radiano. Ao comentar esta passagem, o professor Teixeira comentou: Na época da faculdade, eu sabia e usava este limite fundamental, mas não tinha nem ideia desta demonstração. Agora vejo claramente porquê é fundamental, movimentando o ponto ‖P‖, na tela do computador, usando a figura 11, quando o valor de ―x‖, em radiano tende para zero, o valor do = 1. D.B. p.8. Na segunda etapa, o autor justifica que usando o raio como unidade de medida, podemos relacionar o valor do seno com o valor do arco tanto na medida angular, como linear. (este texto se encontra na integra no Anexo VI). Vale ressaltar que o grupo voltou a discutir o trecho da dissertação de Goios (2010), especialmente quanto à definição das funções seno e cosseno com domínio real. Foi discutida, também, a questão de abordar em sala de aula graus e radianos. Na conclusão de seu estudo,, o autor enfatiza: Quanto aos valores dos ângulos devemos trabalhar em graus e radianos de maneira a levar os alunos a construir o conceito de ângulo com das duas formas. É aceitável que os alunos prefiram trabalhar com as medidas dos ângulos em graus já que esta é bem mais familiar para ele, pois além dele já conhecer previamente os ângulos medidos em graus estes utilizam quase sempre números inteiros para representá-los, não aparecendo os números racionais em forma de fração ou decimais e irracionais como na medidas em radianos, mas as aplicações das funções trigonométricas nos dias atuais são de grande importância e não podemos ignorar as medidas em radianos, mas sim ajudar os alunos a sua compreensão (p. 125) 93 O professor João informou que desenvolveu o ciclo trigonométrico relacionando os valores dos ângulos em grau e em radiano, diminuindo os obstáculos informados por Goios, mas mesmo assim, os alunos preferem usar a unidade em grau e que esta mudança demora a acontecer. Na sequência, discutimos a função seno, y = a + sen (x), e o deslocamento vertical, Fizemos esta discussão com a seguinte tela: Figura 14: Deslocamento Vertical das Funções Seno e Cosseno Fonte: Acervo Próprio Com este aplicativo, é possível visualizar o deslocamento vertical. O software permite visualizar o movimento das funções, fazer a comparação onde as funções são iguais e verificar o porquê são iguais. Com o software, a representação gráfica se torna mais perceptível, sendo possível mostrar várias funções ao mesmo tempo. Nesta reunião, vivenciamos o Conhecimento do Conteúdo, segundo Shulman (1986), quando afirma que o professor leciona no momento em que apropria-se do conhecimento específico da disciplina, incluindo as compreensões, conceitos e procedimentos, entre outros fatores relacionados com o conteúdo, fazendo, assim, um elo com o uso da TIC. 94 8º Encontro Neste oitavo encontro, o conteúdo matemático discutido foi a variação vertical e a amplitude da função seno e função cosseno. Construímos um aplicativo (figura 13) que pudesse visualizar, ao mesmo tempo, a variação da amplitude, assim como também o deslocamento vertical das funções f(x)=a+bsen(x) e g(x)=a+bcos(x). Figura 15: Amplitude das Funções Seno e Cosseno Fonte: Acervo Próprio A passagem do ciclo trigonométrico para as funções nem sempre é vista de modo elementar pelos alunos. Acreditamos, também, que a aprendizagem não é construída de maneira linear, é um processo de idas e vindas. Então, apresentei novamente a dissertação de Oliveira (2010, p. 96--98), onde a autora desenvolveu uma atividade ―trigonometria nos canudos‖. Esta atividade trabalha com material concreto, sendo possível visualizar as razões trigonométricas, fazendo uma ligação entre o ciclo trigonométrico e as funções. Decidimos, assim, que iríamos construir as funções seno e cosseno de forma artística, usando materiais manipuláveis e imaginação. Pretendíamos abordar, de uma outra maneira, que existem ângulos diferentes com o mesmo valor para o seno, portanto a medida do ―canudo‖ teria que ser a mesma. Assim, durante a semana, desenvolveríamos, em sala de aula, a ―Trigonometria com Criatividade‖. 95 Vivenciamos, neste encontro, as ideias de Schön (2000), que afirma existir uma enorme distância entre o conhecimento científico e o conhecimento prático entre os educadores, e que não basta simplesmente o professor ter o conhecimento técnico, é necessário que ele busque habilidades para resolver os conflitos que aparecem no decorrer da prática docente. Confirmamos este fato na fala abaixo, do prof. Teixeira. Teixeira: ...em outras épocas, quando eu não conhecia o Geogebra, para eu conseguir explicar para os alunos a variação do deslocamento vertical e amplitude, usava mais da metade da aula só para desenhar os gráficos. Agora com este aplicativo, acredito estar conseguindo atingir muito mais alunos. Na última atividade que apliquei, apenas duas alunas não conseguiram realizar as tarefas, sendo que uma delas ―vive no mundo da lua‖ e a outra faltou nas últimas aulas por motivo de saúde... DB, p. 8. Neste depoimento, podemos vivenciar, ainda, o Conhecimento Pedagógico do Conteúdo segundo Shulman (1986), quando afirma que o conhecimento do professor vai além da disciplina para o ensino, evidenciando uma forma particular dentro de uma categoria de conhecimento pedagógico que inclui, para os tópicos mais regularmente ensinados em sua área de ensino, várias estratégias de representação das ideias, incluindo ilustrações, exemplos, demonstrações de diferentes formas de representar e formular o assunto, tornando-as compreensíveis para os outros. 9º Encontro Neste encontro, o conteúdo matemático desenvolvido foi a variação do período das funções seno e cosseno. Fizemos a construção da função f(x) = a + b seno (c x ) e g(x) = a+ b cos(c x). Verificamos as atividades ―Trigonometria com Criatividade‖ desenvolvida pelos alunos, e ficamos muito satisfeitos com o resultado, uma vez que, segundo o relato dos professores, foram desenvolvidas com interesse, criatividade e capricho. Neste momento, surgiram os seguintes comentários: 96 Ronaldo: Meus alunos começaram a realizar as atividades na sala, mas não deu tempo para terminarem e alguns deles terminaram em casa. Teixeira: Os meus alunos ultrapassaram minha expectativa, tanto pelo envolvimento deles nas atividades, quanto nos trabalhos produzidos. Como minhas aulas foram dobradas28 todos conseguiram concluir as atividades. João: Com uma dinâmica de aula diferente, os alunos participaram de forma mais efetiva da aula, nem eu imaginava uma atividade ‖legal‖ como esta. DB p. 9 Figura 16: Atividades dos Alunos Fonte: Acervo Próprio Nesta conversa, podemos perceber o que Ghedin (2005), chama de pensamento reflexivo como sendo o precursor da capacidade de construir uma consciência crítica, ao mesmo tempo em que amplia os conhecimentos. Em seguida, fizemos a construção das funções, f(x)= a + b sen(c x +d) e verificamos a variação dos parâmetros, a, b, c e d. No momento em que verificamos as atividades dos alunos e a maneira como estes as desenvolveram, vivenciamos as afirmações de Shulman (1986), quando enfatiza que o Conhecimento Pedagógico do Conteúdo vai além do conhecimento disciplinar para o ensino. Buscamos outras estratégias de representação, tais como ilustrações, apresentação de exemplos, demonstrações de diferentes formas de representar e formular o assunto, tornando-o compreensível para os alunos. 97 Figura 17: Variação do Período das Funções Seno e Cosseno Fonte: Acervo Próprio Este último arquivo permite verificar, de forma dinâmica, a interferência dos parâmetros a, b, c, e d nos gráficos das funções: f(x)= a + b sen (c x +d) . Para a verificação, basta movimentar o cursor no parâmetro desejado, podendo ser feito um a um ou combinações entre eles. 10º Encontro Neste encontro, o conteúdo matemático estudado foi o deslocamento horizontal das funções seno e cosseno, usando as relações: f(x) =a +b sen(cx+d) e g(x) = a+ b cos (c x + d). Aproveitamos a construção do arquivo anterior e introduzimos a variável ―d‖. Após manusearmos tal arquivo, destacamos os comentários: João: No ensino de função do segundo grau, é difícil perceber e ensinar que o parâmetro positivo desloca a função para o quadrante negativo, (fazendo uma referência na lousa y= (x + u)2. O parâmetro u é sinal contrário de x. Nos anos anteriores, eu jamais chegava a comentar esta parte da função com a visualização. Neste aplicativo, eu consigo visualizar que se ―d‖ for igual a /2, ou múltiplo de /2, a função seno coincide com a função cosseno e vice- versa. Teixeira: Agora vejo com mais clareza que sen (x) = cos ( x) (fazendo um rascunho de um triângulo retângulo). DB p. 11. Neste dialogo, constatamos que ocorreu aprendizagem do docente em concordância com os pesquisadores Christiansen e Walther (1986), quando 98 afirmam que o desenvolvimento e a aprendizagem do professor ocorrem quando ele realiza atividades que não realizava antes, envolvendo sempre uma nova aprendizagem. Considerando o depoimento do professor, verificamos que a mudança ocorreu efetivamente. Figura 18: Deslocamento Horizontal das Funções Seno e Cosseno Fonte: Acervo Próprio 11º Encontro Neste encontro, o conteúdo matemático desenvolvido foi uma aplicação da função periódica em uma aplicação prática. Iniciamos a reunião com o questionamento: Pesquisador: Vocês sabem por que uma moto CG é dita como sendo de 125 cilindradas? João: Tem a ver com a potência da moto, a 250 é mais potente, mas não sei o significado deste valor. Pesquisador: 125 cilindradas significa dizer que a câmara de combustão do motor possui aproximadamente 125cm3. Teixeira: Como assim? D.B. p. 12 Apresentei ao grupo um texto (encontrado na integra no Anexo VII), disponibilizado pelo Portal São Francisco28, e no Portal ―Brasil Escola29‖ o 28 Portal São Francisco, é uma pagina disponibilizada na internet, que tem por objetivo subsidiar a pesquisa escolar para estudantes e professores, com conteúdos relacionado com os mais variados ramos do conhecimento, instituído pelo Colégio São Francisco em 1999. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/motor-a-explosao/motor-a-explosao.php 29 (http://www.brasilescola.com/matematica/cilindradas-um-motor-combustao.htm, acesso em 10 maio 2011) 99 qual esclarece o funcionamento básico do motor de um cilindro. De imediato, mostrei o exemplo: O motor de uma moto é considerado monocilíndrico (um cilindro). Determine a cilindrada do motor de uma moto com as seguintes especificações: Diâmetro do cilindro: 56,5 mm Curso do pistão: 49,5 mm: Brasil Escola Após a resolução deste exemplo, obtivemos como resultado um valor aproximado de 124 cm3 que o fabricante da motocicleta arredonda para 125 cilindradas. Em seguida, mostrei ao grupo uma tela previamente preparada por mim, (figura XVII), que relaciona o ciclo trigonométrico com o movimento do pistão. Durante a discussão, destacamos o diálogo: Pesquisador: podemos associar o movimento de ―vai e vem‖ do pistão com o ciclo trigonométrico, (mostrado a animação na tela do data show) e o deslocamento, ―a vida‖ do motor, à função seno ou cosseno, como se fosse o fio inextensível se deslocando ao eixo real que seria a estrada, o que vocês acham? João: ´Legal´, e podemos falar de vários outros conceitos. (se referindo ao volume, fórmula para calcular a cilindrada, deslocamento vertical para fixar o pistão) D.B. p. 12 Nesta ocasião, nossas reflexões foram ao encontro das ideias de Shulman (1986), a partir do momento em que constatamos a presença do Conhecimento Pedagógico do Conteúdo e o Conhecimento Pedagógico Geral, pois ao discutirmos o movimento do pistão, estamos associando o conteúdo matemático a uma aplicação prática e usando mecanismos necessários para ensinar e aprender, valorizando o conhecimento prévio do aluno, uma vez que estes sabiam que o motor funciona, mas desconheciam a relevância desta aplicação da função periódica no funcionamento do pistão. 100 Figura 19: Fotografia do Movimento de um Pistão Fonte: youtube http://www.youtube.com/watch?v=IuEn-Aimc0M Figura 20: Funções Seno e Cosseno com o Motor de um Cilindro Fonte: Acervo Próprio 12º Encontro Neste encontro, o conteúdo matemático discutido foi uma aplicação prática para funções periódicas. Durante a semana, percebemos o entusiasmo dos alunos com o princípio de funcionamento do motor da motocicleta, e em conversas informais entre os professores do grupo de estudos, resolvemos que deveríamos nos aprofundar mais na discussão sobre o funcionamento de um motor, agora canalizando a discussão para um motor de automóvel de 4 101 cilindros, ou seja de 4 pistões. Para introduzir o assunto em questão, assistimos a um vídeo disponibilizado no youtube30, que mostra a montagem e o funcionamento de um motor de automóvel. Em seguida, discutimos sua aplicação em sala de aula e o movimento dos pistões modelados por um ponto ―P‖ que se move obedecendo as coordenadas (cos(P), seno(P)), no software Geogebra. O texto que se refere ao funcionamento de um motor com quatro pistões encontra-se, na íntegra, no Anexo VIII. Vivenciamos, nesta discussão, as três categorias do conhecimento desenvolvidas por Shulman (1986): Conhecimento do Conteúdo, Conhecimento Pedagógico do Conteúdo e Conhecimento pedagógico geral. E podemos constatar que estas três categorias se desenvolvem simultaneamente. Vivenciamos, também, que um grupo de estudos proporciona bases sólidas para que o professor possa enfrentar, com mais confiança e criatividade, sua jornada na sala de aula. Figura 21: Relação das Funções Seno e Cosseno com o Motor de Quatro Cilindros Fonte: Acervo Próprio 30 Youtube sistema de vídeos interativos: http://www.youtube.com/watch?v=QPhJKSVI1lI 102 Figura 22: Fotografia Motor 4 Cilindros Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=QPhJKSVI1lI 13º Encontro Nesta reunião, o conteúdo matemático desenvolvido foi a aplicação das funções periódicas no movimento de uma mola. Iniciamos discutindo o seguinte problema31: Uma pequena bola é presa a uma mola perfeitamente elástica apoiada em uma superfície horizontal lisa. Com a mola em seu comprimento normal, a bolinha fica em equilíbrio, parada. Afastando-se a bolinha 10 cm da posição de equilíbrio, a mola fica esticada. Abandonando-se, então, ela passa a oscilar em torno da posição inicial, realizando um movimento de vai e vem. É possível mostrar que o afastamento x da bolinha em relação à posição de equilíbrio é uma função periódica do tempo t e pode ser expressa pela fórmula x= 10.cos (k t), com x em centímetros e t em segundos. Notando que a bolinha retorna a posição em que foi abandonada (x=10 cm) a cada 4 segundos. a) Determine o valor de k; b) Calcule o valor de x para t=1s, t=2s, t=3s e t=10/3 s; c) visualize do gráfico de x como função de t; d) Construa o gráfico. Este problema foi apresentado pelo professor João, pois em conversas informais na escola, já havíamos feito uma prévia sobre esta reunião e resolvemos 31 que discutiríamos este problema, que também está Proposto no Caderno do Aluno do 3º ano do Ensino Médio (SEESP, 2010, volume 3, p. 6) 103 disponibilizado no Portal RIVED32, o qual inclui um roteiro com orientações para a aplicação pelo professor. Tal atividade relaciona as funções seno e cosseno com o movimento periódico de uma mola. Figura 23: Atividade I Trigonometria com Molas Fonte: http://rived.mec.gov.br/atividades/matematica/trigonometria_molas/mat1_ativs1.swf Após a leitura do problema, o professor Teixeira comentou: ...este problema é o mesmo proposto pelo RIVED. Como não teremos computadores para todos os alunos, vamos fazer uma discussão em sala de aula e depois construir a animação da mola no applet. DB. p.12 Sugestão aceita por todos, discutimos o ―Roteiro da Mola‖ que é disponibilizado em duas atividades. Na primeira atividade33 é apresentado o desenho de uma bola presa na extremidade de uma mola, ao lado de um sistema de eixos cartesianos, a primeira indicação é que o aluno aperte a tecla ―play”, onde há a animação. A partir do movimento, é construída uma função relacionando o deslocamento da bola com o tempo, (Figura 21). No roteio de atividade o applet traz: Opções - disponibiliza uma calculadora adaptada onde é possível ver os valores do seno, o esboço do gráfico da 32 http://rived.mec.gov.br/atividades/matematica/trigonometria_molas/mat1_ativs1.swf . (Acesso em 12 maio 2011) 33 http://rived.mec.gov.br/atividades/matematica/trigonometria_molas/mat1_ativs1.swf 104 função seno e uma tabela trigonométrica com os valores do seno e cosseno no primeiro quadrante. Teoria - faz um resumo do significado do Movimento Harmônico Simples, envolvendo as funções x= A cos (wt+a) e x= A sen(wt+a) fazendo também a definição de período, frequência, elongação, amplitude, pulsação, fase e fase inicial. Questões - sugere que o aluno faça uma explicação sobre a relação do movimento da mola com o gráfico. Para esta explicação é sugerido que ele saiba o que é período, frequência e amplitude. João: Eu não conhecia este aplicativo. Concordo, em parte, com esta dissertação - referindo-se a Goios (2010. p. 22) ―o guia parece levar o professor a “reproduzir” a atividade do mesmo modo que fazia com o livro Didático”. Mas como acompanhamos o Caderno do Aluno, este aplicativo é uma maneira interessante de explorar o período e a amplitude das funções seno e cosseno. Teixeira: Apesar de não ter domínio em modificar esta atividade, acredito, também, que seguir o roteiro é um bom caminho para o seu desenvolvimento, além de que os aluno já sabem o que é período e amplitude. Quem conseguir entender o exercício acompanhando o Caderno do Aluno, irá reforçar ainda mais o conceito com a animação do applet. Ronaldo: Também concordo em parte com o julgamento feito por Goios, apesar do roteiro vir engessado, podemos visualizar uma aplicação do MHS. DB. p. 13. Este aplicativo também foi estudado por Goios (2010) cuja dissertação foi, em parte, estudada pelo grupo. Na segunda atividade, o applet (Figura 22) apresenta uma tela similar à anterior, agora com duas molas. Ao clicar o botão ‖play‖ é possível visualizar, simultaneamente ou não, dois gráficos da função seno com amplitudes diferentes. No roteiro de questões (os outros são idênticos), o aplicativo sugere que seja explorado o significado de amplitude e frequência. 105 Figura 24: Atividade II Trigonometria com Molas Fonte: http://rived.mec.gov.br/atividades/matematica/trigonometria_molas/mat1_ativs1.swf Acreditamos que, neste encontro, pudemos vivenciar a formação do professor como educador em direção a seu desenvolvimento profissional, uma vez que, segundo Ponte (1995), não basta ao professor ter um conhecimento puramente técnico, oriundo da prática e da reflexão, é indispensável, também, que este profissional possua domínios e habilidades com a TIC, uma ferramenta cada vez mais presente no ensino, principalmente nos conteúdos matemáticos. Os professores, ao conhecer e dominar estas novas tecnologias, mudam o seu ambiente de trabalho e o modo como se relacionam com outros profissionais. É importante que estes saibam usar, em sua prática, as TICs. A inclusão do uso destas tecnologias permite uma perspectiva inovadora para o ensino da matemática, reforçando os conceitos e as interpretações gráficas, as novas formas de representação. Deste modo, as TIC podem favorecer o desenvolvimento dos alunos em importantes competências, bem como atitudes mais positivas em relação à matemática, estimulando uma visão mais completa sobre a natureza desta ciência. 106 14º Encontro Neste encontro, consultamos o site ―TIC no Processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática‖34. Verificamos que havia 19 applets, alguns muito parecidos com os que desenvolvemos em nossas reuniões. Decidimos, então, aplicar atividades em nossas turmas com o auxilio da apostila 35. Selecionamos, deste material, cinco atividades propostas pelo portal ―Estudando Trigonometria com applets desenvolvidos no software Geogebra‖ para aplicarmos em nossos alunos. ( as atividades se encontram no Anexo IX). No site ―Portal do Professor‖, verificamos que, além de atividades disponibilizadas para o ensino e aprendizagem de Matemática, há muitos trabalhos relacionados a outras disciplinas. Entre as atividades disponibilizadas para consulta, havia 89 discutindo trigonometria nos mais diferentes níveis. Entre estas, escolhemos o applet, figura 23, que apresenta a animação da função g(x) = d + a sen (b x + c),, por se tratar de um estudo da função seno e cosseno mais próxima das atividades que estávamos desenvolvendo com nossas turmas. Figura 25: Definição da função seno Fonte: http://www.es.iff.edu.br/softmat/projetotic/trigonometria_dinamica/DefinicaoSeno.html 34 : http://www.es.iff.edu.br/softmat/projetotic/trigonometria_dinamica/DefinicaoSeno.html Desenvolvida por: Larissa de Sousa Moreira e Cíntia da Silva Gomes, e orientada por: Gilmara Teixeira Barcelos e Silvia Cristina Freitas Batista, disponível em: http://www.es.iff.edu.br/softmat/projetotic/trigonometria_dinamica/2Apresentacao.html: 35 107 Finalizando o encontro, foi realizada a entrevista coletiva (na íntegra, no Apêndice VI). A análise da entrevista revelou que foi fundamental para o engajamento dos professores e para provocar reflexões sobre o conteúdo didático, construir materiais tanto no contexto computacional, como fora dele, usando as experiências anteriores dos professores, como já fora constatado na pesquisa de Lobo da Costa, 2004. Uma evidencia para esta afirmação vem das respostas dadas pelos professores João, Teixeira e Ronaldo ao longo da entrevista coletiva: Pesquisador: Quais os saberes mobilizados, por você, ao elaborar a aula de trigonometria a ser aplicada num ambiente informatizado? João: Passei a utilizar o software, e com isso a preparar as aulas não mais da forma tradicional e sim com o software. Teixeira: Os conhecimentos sobre trigonometria foram ampliados. Discutimos e demonstramos sua aplicação no software. Ronaldo: Fui motivado a mudar minha prática em sala de aula, dando menos conteúdos e discutindo mais com os alunos. Pesquisador: Você considera que essas atividades provocaram reflexões sobre a sua prática? João: Eu passei a ver a trigonometria com outros olhos e a explicar de outra maneira, mostrando, de forma mais prática, este tópico. Teixeira: Sim, minhas aulas ficaram mais leves e divertidas Ronaldo: Sim, pois uma situação é desenhar a função seno ou cosseno, outra situação é ter condições de discutir as propriedades destas funções. Entrevista: Julho 2011. Acreditamos que este trecho de entrevista vem ao encontro do trabalho que Fiorentini (2004), desenvolve no GdS em que os professores escolares36 também produzem conhecimentos a partir dos desafios de sua prática. O professor, na perspectiva de desenvolvimento profissional, constitui-se em um agente reflexivo de sua prática pedagógica, passando a buscar, de forma autônoma ou colaborativamente, subsídios teóricos e práticos que o ajudem ajudem a compreender e a enfrentar os problemas e desafios de seu trabalho escolar. 36 Fiorentini designa com o termo ―professores escolares‖ aqueles que lecionam e estão na ativa na Educação Básica. 108 CAPITULO 5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 109 5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta pesquisa, o foco esteve no desenvolvimento profissional docente de um grupo de estudos formado por professores de Matemática que investigaram o uso da tecnologia no ensino de funções trigonométricas. A questão orientadora da pesquisa foi a seguinte: Quais os fatores relevantes para impulsionar o desenvolvimento profissional docente que emergem em um grupo de estudos de professores de matemática ao investigarem o uso de tecnologia no ensino de funções trigonométricas? A análise criteriosa dos encontros do grupo e dos dados coletados nos permitiu concluir que os fatores relevantes para o desenvolvimento profissional docente podem ser agrupados da seguinte forma: 1) Características ligadas ao próprio grupo, 2) Características ligadas ao conhecimento matemático do conteúdo, 3) Participação colaborativa, 4) Conhecimento pedagógico do conteúdo, 5) Conhecimento tecnológico do conteúdo. O quadro abaixo sintetiza os grupos de fatores emergentes no Grupo de Estudos. Quadro 9: Características Emergentes para o Desenvolvimento Profissional Docente Características Específicas do Grupo Conhecimento Tecnológico do Conteúdo Fatores emergentes Conhecimento do Conteúdo Matemático Conhecimento Pedagógico do Conteúdo Participação Colaborativa Na sequência, discutimos cada um desses grupos de características. 110 5.1 Fatores Referentes às Características Específicas do Grupo O desenvolvimento deste grupo se deu pelo engajamento e compromisso em participar de uma pesquisa para ensinar e aprender as funções trigonométricas usando um software educativo, pelo desafio frente ao novo, embasado na confiança mútua que havia no corpo docente escolar, interessados em buscar alternativas para desenvolver atividades que fossem possíveis aplicar em um ambiente escolar. Todos os professores do grupo já trabalhavam na escola há pelo menos 5 anos, e neste local de trabalho predominava o companheirismo e a harmonia. Mesmo antes do início da pesquisa, esporadicamente, estes professores trocavam suas turmas, com a anuência do coordenador pedagógico, tendo por objetivo desenvolver o conteúdo com metodologias diferentes para motivar os alunos e impulsionar a aprendizagem. Com a formação do grupo, os laços de amizade se fortaleceram, reforçando ainda mais as características de um trabalho colaborativo (apontado no capítulo 2-p. 34), aumentando a confiança entre os pares. A participação no grupo foi voluntária, o que facilitou a troca de experiências. Vale a pena ressaltar que, além do ambiente favorável, contávamos, também, com o fato do autor desta pesquisa fazer parte do corpo docente, o que favoreceu o envolvimento e o compromisso do grupo, além de facilitar o diálogo. 5.2 Fatores Referentes ao Conhecimento do Conteúdo Matemático Ao longo dos encontros, observamos que o grupo de estudos foi se aperfeiçoando e os conhecimentos referentes ao conteúdo matemático foram sendo (re) construídos. Destacamos que, antes da pesquisa, medir o arco em graus ou em radianos era indiferente. Contudo, no terceiro e quarto encontros, após a leitura e estudo dos textos de Quintaneiro (2010) e Goios (2010) e após as explorações realizadas com o software, foi possível a (re)conceituação de conceitos, como o de radiano, e também foi possível perceber que a unidade radiano confere ao arco o status de um número real. O conteúdo ―funções seno e cosseno‖ foi escolhido pelos docentes 111 integrantes do grupo por haver interesse em estudar, discutir e desenvolver metodologias diferenciadas em relação a este assunto, por se tratar de um conteúdo presente no currículo da 2º série do Ensino Médio na qual tais professores ministram aulas. A pesquisa confirmou que, ao estudarem em conjunto e discutirem os conteúdos, os professores passaram a conhecer novas maneiras de abordar este assunto. Isso fez com que eles oferecessem atividades diferenciadas na tentativa de levar os alunos a atribuírem significado aos conceitos. Ao longo dos encontros, pudemos observar, por meio das discussões e gravações de conversas, que o grupo de estudo foi se aperfeiçoando e os conhecimentos referentes ao conteúdo matemático foram se desenvolvendo. 5.3 Fatores ligados à Participação Colaborativa Partindo do pressuposto de que os professores produzem conhecimentos ao longo da carreira, sempre iniciávamos os encontros perguntando-lhes: ―Como você iniciaria este assunto?” “O que você acha se...” Assim, no decorrer dos encontros, a prática e os saberes profissionais dos professores foram fundamentais para desencadear as discussões e levar os professores a uma participação efetiva e colaborativa, em especial quando aplicavam atividades aos alunos e traziam suas impressões e apreciações para serem objetos de discussão do grupo. A partir do momento em que o profissional acredita que pode contribuir para a formação do aluno, motiva-se, valoriza-se, reflete sobre sua prática frente aos desafios pertinentes a essa tarefa e percebe que seu desenvolvimento profissional é imprescindível para que tal evento ocorra com sucesso, uma vez que viabiliza a análise e a reflexão sobre um determinado assunto. Citamos como exemplo, a discussão, ocorrida no terceiro encontro, sobre como explicar aos alunos o porquê do ciclo trigonométrico ter raio igual a 1. Enfatizamos que o grupo de estudo, além de facilitar o acesso às tecnologias, faz o professor ver que seu papel deve ser dinâmico, sendo ele 112 próprio, o principal protagonista , uma vez que exerce a figura de mediador e facilitador da construção do conhecimento. Entretanto, para que isso ocorra, ele deve inteirar-se das possibilidades que a tecnologia oferece e ter acesso aos recursos de multimídia quebrando, consequentemente, o paradigma de que a tecnologia não faz parte do cotidiano escolar. 5.4 Fatores ligados ao Conhecimento Pedagógico do Conteúdo A partir dos encontros do grupo, notamos um movimento no sentido de integrar novos recursos didáticos e metodológicos à pratica de ensino de trigonometria no Ensino Médio. O conhecimento pedagógico do grupo sobre o conteúdo favoreceu as discussões, viabilizou a análise e reflexão sobre o ensino de funções trigonométricas, temática para a qual desenvolvemos metodologias diferenciadas para o ensino do assunto citado. O grupo abriu espaço para a exposição da criatividade e dos talentos dos participantes. Estes se sentiram acreditados e motivados para o trabalho de pesquisa e aperfeiçoamento. Como indício deste fato, temos a postura do professor Teixeira que, após os primeiros encontros, sentiu-se encorajado a buscar novos recursos fora do ambiente de trabalho e do campo desta pesquisa, frequentando o curso ―Matemática: Sua Geração e Difusão ao Longo da História‖ patrocinada pela Uniban Brasil, ministrado pelo Prof. Dr. Ubiratan D´Ambrósio. Já o professor João, matriculou-se em uma especialização na Faculdade Osvaldo Cruz, cursando ―Gestão Integrada a Educação‖ com término em dezembro 2011. O professor Ronaldo buscou apoio, fazendo um elo entre a Escola Básica e a Universidade, trazendo para a escola algumas novidades tecnológicas dentro das discussões, assim como vivenciando a prática de grupos colaborativos sendo atuante no GdS Unicamp, com a coordenação de Fiorentini, vindo ao encontro de trabalhos de pesquisadores como, por exemplo, Lobo da Costa (2010). Se antes o importante era ―aprender para trabalhar‖, hoje é o ―aprender a aprender sempre‖, porque os conhecimentos aprendidos anteriormente nem sempre conseguem dar conta das novas situações sociais. Assim, é preciso uma aprendizagem permanente. (p.88) 113 5.5 Fatores relacionados ao Conhecimento Tecnológico do Conteúdo Com a utilização dos recursos da Informática e no decorrer dos encontros, o grupo teve uma oportunidade para: 1. Conhecer e aprender a usar software educativo; 2. Conhecer outras pesquisas que se desenvolveram usando software educativo; 3. Conhecer e utilizar materiais disponíveis na Internet. Sendo assim, os estudos do grupo não se limitaram a manusear o software Geogebra, mas também a analisarem outras pesquisas, conhecerem materiais que estão disponibilizados na internet, referentes ao uso de softwares educacionais voltados para a aplicação na sala de aula, o que construiu conhecimentos tecnológicos do conteúdo de trigonometria. Houve a preocupação em associar esta tecnologia à experiência e ao saber do professor. Todos os participantes já haviam trabalhado com as razões seno e cosseno, porém não conheciam a mesma aplicação desenvolvida no software. Isso fez com que os professores desenvolvessem uma postura mais crítica em relação ao que é possível fazer com o apoio do software. Construir atividades no computador, oportunizaram aos professores e aos alunos vivenciarem uma nova maneira de aprender um conteúdo, diferente da maneira tradicional, e dar a ambas as partes a liberdade de exercer livremente a imaginação e a criatividade, o que pode ser considerado um passo fundamental na direção de institucionalizar o uso da tecnologia no cotidiano didático, favorecendo o domínio sobre as ferramentas tecnológicas. O quadro abaixo resume os conteúdos matemáticos estudados pelo grupo com o software Geogebra e, em cada encontro, o que surgiu de novo no entendimento do Grupo: Quadro 10: Resumo dos Conteúdos Abordados e a Relação com o Software Conteúdo Matemático Software Geogebra Número O software acrescenta novas possibilidades para a exploração da relação entre o comprimento da circunferência e seu diâmetro. Isto é, com o uso do software é possível visualizar com dinamismo o valor do 114 número . Vale ressaltar que, além dos materiais manipulativos, como por exemplo, barbante e objetos circulares, usados anteriormente pelos professores, é possível explorar o número também com o software. Relação entre as unidades de grau e radiano Com o auxilio e dinamismo de software, é possível visualizar que o radiano representa um arco de forma linear, envolvendo o ciclo trigonométrico como se fosse um fio inextensível, a reta imaginada como um carretel. (c.f. Euler) Triângulo Retângulo Com o uso do software, é possível construir com precisão os triângulos, podendo-se conferir as medidas e relacioná-las com as escalas e unidades de medidas, pode-se ampliar ou reduzir as medidas dos lados, mantendo as propriedades do triângulo. Razões trigonométricas: Relação fundamental: sen2x+cos2x=1 É possível comparar várias razões trigonométricas, por semelhança de triângulos, fazendo, nas medidas, várias construções com precisão. Ciclo trigonométrico Crescimento e decrescimento do seno e cosseno Com o auxilio e dinamismo de software, foi possível visualizar que, conforme o valor do seno aumenta, o valor do cosseno diminui e vice-versa, confirmando a relação fundamental da trigonometria: sen2x+cos2x=1. f(x) = a + b sen (c x + d) O software auxilia a visualização dos parâmetros a, b, c, d destas funções que envolvem seno e cosseno e as relações com a Imagem, Amplitude e Período, relacionando dinamicamente com estes parâmetros. g(x)= a+ b cos(c x+ d ) Nesta pesquisa, entendemos que a formação de um grupo de estudos, dentro da unidade escolar e com a característica de ter uma ligação entre a universidade e a escola, foi um fator relevante para impulsionar o desenvolvimento profissional do grupo e pode ser uma alternativa para desenvolver na escola uma perspectiva de organização aprendente. Quando o professor se apropria da TIC, ele aumenta seu leque de conhecimentos que, aliado a sua experiência e ao seu conhecimento vindo da reflexão, incrementam seu desenvolvimento profissional. Ponte (1999) afirma ainda, que os professores de Matemática precisam saber usar softwares 115 educacionais, principalmente os relacionados com sua disciplina, favorecendo assim o seu desenvolvimento profissional. 5.6 Considerações Finais A metodologia Design-Experiment, utilizada nesta pesquisa, possibilitou fazer as intervenções necessárias para re-examinar a aprendizagem nos contextos, os quais foram projetados para produzir uma aprendizagem significativa, utilizando metodologias de experimento impulsionadas para o entendimento teórico e prático para que houvesse interesse, tanto do grupo de estudos, sujeitos da pesquisa, como dos alunos. Relacionar o conteúdo matemático – periodicidade - com o movimento dos pistões de um automóvel, com motor de quatro cilindros, foi determinante para que houvesse a motivação dos alunos para entender movimentos periódicos. Foram envolvidos, na pesquisa, os professores de Matemática: João, Teixeira, Ronaldo, Valquíria, Helena, Joaquim e José. Consideramos como professores centrais do grupo de estudo, os docentes Teixeira, João e Ronaldo por terem participado ativamente de todos os encontros e atividades. Os demais professores relacionados não participaram de todas as discussões em grupo, contudo foram importantes no desenvolvimento do estudo, pois enquanto discutíamos o deslocamento vertical e a amplitude das funções seno e cosseno, professoras tais como as professoras Valquíria e Helena, que não lecionavam no segundo ano e, então, não aplicaram atividades de trigonometria, desenvolveram funções do segundo grau em suas turmas. O conceito de deslocamento pôde ser aproveitado de modo mais dinâmico com o auxilio do software, o que possibilitou fazer uma analogia com a função do segundo grau, no deslocamento do vértice desta função. O professor José, que ministra aulas de Física, desenvolveu no software funções que permitiram visualizar as características do movimento uniforme e do movimento uniformemente variado. O professor Joaquim, que ministra aulas no Ensino Fundamental, desenvolveu, com seus alunos, alguns conceitos fundamentais de Geometria, como a Condição de existência do triângulo, soma dos ângulos 116 internos de um triângulo qualquer, condição de alinhamento de três pontos, construção da circunferência, construção de polígonos regulares e irregulares. Em relação ao software Geogebra, destacamos que ele foi relevante para os estudos do grupo, uma vez que os professores envolvidos mostraram-se satisfeitos com a nova metodologia desenvolvida para suas aulas e com o fato deste software possuir características funcionais de fácil entendimento e manipulação e ainda ser distribuído livremente. O software possibilitou a construção de uma sequência didática a ser desenvolvida em sala de aula. Uma dificuldade que tivemos ao lidar com este software foi que ao apresentamos o ciclo trigonométrico, as frações são representadas por números decimais como, por exemplo: é representado por 1,57... Apontamos, também, como dificuldade a ser superada, o fato de que na escola não há computadores suficientes para todos os alunos. Sendo assim, as apresentações, no Data-show, tornam-se o único recurso disponível aos professores para explorar o software com os alunos. Acreditamos que, se todos os discentes tivessem manipulado o software, poderíamos ter outro nível de participação dos alunos e talvez pudéssemos aprofundar mais os conteúdos. Contudo, cremos ser um avanço o professor ter acesso ao computador em seu ambiente de trabalho, uma vez que tal fato era impensável há alguns anos. Para as próximas pesquisas, referentes a este tema, sugerimos que se trabalhe logo de início, as unidades usadas em grau e radiano, apesar dos alunos preferirem trabalhar com as unidades em grau. Conforme apontou Goios (2010), trabalhar as unidades em radiano prepara os alunos para o estudo das funções trigonométricas de domínio real. Como fator positivo para a escola, destacamos a disposição dos professores, não só os de Matemática, mas também os de outras disciplinas, em participar de grupos de estudos entre os pares, o que motivou a discussão de possíveis soluções para os problemas envolvendo suas disciplinas. Entendemos que esta pesquisa tornou evidente que, no contexto investigado, o estabelecimento de grupos de estudos na escola, envolvendo a 117 parceria universidade-escola, foi uma possibilidade viável para impulsionar o desenvolvimento profissional docente e integrar o uso da tecnologia para o ensino de trigonometria, especialmente quando os professores têm a oportunidade de levar para a sala de aula o que é discutido no grupo de estudos. Finalizamos esta pesquisa convictos de que contribuímos, de maneira positiva, para a melhora do ensino na escola na qual se desenvolveu a pesquisa, para o aperfeiçoamento dos professores nela envolvidos, bem como para o enriquecimento do aprendizado dos discentes. 118 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOZZINI, I.C.; OLIVEIRA TALORA, Os Professores e a Construção do Espaço Coletivo Escolar: o Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), Revista LOGOS, no. 14, 2006. CANDIDO, A S. 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Educação Continuada do Professor de Matemática do Ensino Médio no Espaço Coletivo Escolar, Dissertação Universidade Bandeirante de São Paulo, 2009. 122 Apêndice I: Questionário para Avaliação dos Alunos Apêndice I Questionário para Avaliação dos Alunos Nome ______________________________________ No ______ 2º Série _______ 1º questão: Complete a tabela com valores do seno para uma volta no ciclo trigonométrico. Ângulo 0o seno 90º 180º 270º 360º 2º Questão: Qual o maior e o menor valor que pode assumir o sen x, sendo 0o≤x≤360º? 3º Questão. Quando o seno é crescente e decrescente? Ângulo 0o ≤ x ≤ 90º 90º ≤ x ≤ 180º 180º ≤ x ≤ 270º 270º ≤ x ≤ 360º Seno 4º Questão. Observando o ciclo trigonométrico no Data-show, complete a tabela. Para qual ângulo teremos os valores iguais para o seno? Ângulo Em qual ângulo o seno é o mesmo? 15o 30º 45º 60º 75º 90º 5º Questão. Quando a soma de dois ângulos é igual a180º? 123 Apêndice II Questionário de Identificação dos Sujeitos da Pesquisa Apêndice II Questionário de Identificação dos Sujeitos da Pesquisa TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Entendo que fui convidado (a) a participar como voluntário (a) dessa pesquisa e acredito ter sido suficientemente informado (a) segundo o que li e o que me foi explicado a respeito da mesma. Ficaram claros para mim, quais os propósitos do estudo, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes bem com o fato de que minha participação é isenta de despesas. Eu ______________________________________________,concordo, voluntariamente, em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido com a minha participação neste estudo. RG Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste colaborador para a participação neste estudo. Pesquisador responsável pelo estudo Ronaldo Barros Orfão Suzano ______/_____/ 20_____ 124 QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO 1. Dados pessoais: Nome: ____________________________________________________________ Idade: ____________________ e-mail: _____________________________________________________________ Telefone: __________________ 2. Situação funcional: Colégio onde leciona: _________________________________________________ Cargo: _____________________________________________________________ 3. Formação Acadêmica: Magistério: Sim ( ) Não ( ) Ano de Conclusão:___________ Instituição___________________________________________________________ Graduação: Sim ( ) Não ( ) Curso: _____________________________________________________________ Ano de Conclusão:___________ Instituição___________________________________________________________ Pós-Graduação: Sim ( ) Não ( ) Curso: _____________________________________________________________ Ano de Conclusão:___________ Instituição___________________________________________________________ 4. Há quanto tempo você leciona? Em qual série você prefere lecionar? ___________________________________________________________________ 5. O que o levou a ser professor? 6. Comente a respeito das aulas de Matemática que você teve quando era estudante. 7. Você acha que a metodologia utilizada por seus professores seria adequada para ensinar as crianças de hoje? Por quê? ____________________________________________________________________ 8. Quando estudante você aprendeu trigonometria? 125 ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 9. Se sim, em que momentos? Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) 10. Como você avalia seu aprendizado de trigonometria? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 11. Quando você era aluno, durante as aulas de trigonometria, eram utilizados materiais concretos? E outros recursos didáticos? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 12. Na época em que você era aluno, algum de seus professores marcou, positiva ou negativamente, sua vida estudantil a ponto de, hoje, você, como profissional, espelhar-se nele para ensinar seus alunos? Comente. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 13. Como você procura ensinar trigonometria para seus alunos? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 14. Quais as principais dificuldades que você identifica nos seus alunos durante o processo de aprendizagem de trigonometria? ____________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 15. Quais recursos didáticos você acredita que possam auxiliar a aprendizagem de trigonometria? Por quê? ____________________________________________________________________ 16. Você já experimentou utilizar esses recursos com alguma classe ? Comente. ____________________________________________________________________ 126 17. Você conhece softwares de Geometria Dinâmica? Quais? ____________________________________________________________________ 18. Você já trabalhou com os alunos algum software para usar em suas aulas? Qual a reação dos alunos? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 19. Você gostaria de acrescentar alguma informação sobre sua prática? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Muito obrigado!] Ronaldo Barros Orfão 127 Apêndice III: Identificação dos Sujeitos da Pesquisa b Apêndice III Identificação dos Sujeitos da Pesquisa Caracterizamos o perfil dos professores de Matemática que participaram diretamente (João, Teixeira e Ronaldo) e indiretamente (Valquíria, Helena, Joaquim, José) da pesquisa, assim como o professor coordenador (Batista) que acompanhou a pesquisa. O perfil foi traçado tomando-se como referência a análise do questionário que se encontra no Apêndice I. Batista, no ano da pesquisa, tinha 27 anos, sendo um ano atuando em sala de aula como professor de geografia e cinco anos atuando como professor coordenador. Optou por ser professor pela admiração que tinha por seus professores. É Licenciado em Geografia, Universidade Guarulhos (2007), pós-graduação em Gestão Educacional (2010). Quando estudante, sempre aprendeu com aulas tradicionais. Avalia como sendo ruim seu aprendizado em matemática. Utiliza-se da tecnologia em sua vida profissional. Até o inicio desta pesquisa, não teve contato com nenhum tipo de software educativo e aceitou participar deste estudo pela oportunidade de entrar em contato com estes softwares. Sua participação foi motivada por estar interessado em conhecer os recursos tecnológicos que iríamos investigar e o possível desempenho do grupo de estudo. O professor João, no ano da pesquisa, tinha 45 anos, com 13 anos atuando em sala de aula como professor de matemática somente em escola publica. Tornou-se professor de Matemática por ter tido dificuldades em entender a disciplina no Ensino Básico. É Licenciado em Matemática pela Faculdade Osvaldo Cruz (2000). Esta cursando ―Gestão Integrada‖ na mesma faculdade com previsão de término para 2011. Quando estudante, sempre aprendeu com aulas tradicionais, sem métodos atrativos. Atuando como professor, procura, na medida do possível, mostrar a aplicação da matemática de maneira concreta. Nunca teve contato com softwares educativos e no início dos estudos mostrou-se resistente quanto ao uso de software. No entanto, no decorrer dos encontros, segundo seus relatos, foi se sentindo confiante com o uso do Geogebra. 128 Em minhas aulas de trigonometria, usava praticamente o básico. Agora elas se tornaram mais dinâmicas, posso dizer que aprendi com o Geogebra. O professor Teixeira, no ano da pesquisa, possuía 29 anos, com 11 anos atuando em sala de aula como professor de Matemática somente em escola pública. Tornou-se professor seguindo a tradição familiar. É Licenciado em Matemática pela Universidades Braz Cubas, Mogi das Cruzes (2001). Fez mestrado em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo (2007). Quando estudante, sempre aprendeu com aulas tradicionais e hoje acredita que para se ensinar matemática é preciso se estar em constante atualização. Quando aluno, tanto no Ensino Básico como na graduação, nunca teve aulas em que seus professores usassem recursos tecnológicos. Até o momento do primeiro encontro com o grupo de estudos, não havia entrado em contato com software educativo. A professora Valquíria, no ano da pesquisa, possuía 43 anos, com 20 anos atuando em sala de aula como professora de Matemática em escolas publica e privadas. Cursou três anos de Engenharia Química’, mas optou pela licenciatura por acreditar no oficio de professora, inspirada por uma professora no antigo ginásio. É Licenciada em Matemática pela Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes, (2001), fez pós-graduação em Coordenação Pedagógica pela Universidade Veiga de Almeida (2004). Acredita que as aulas de matemática devem ser pautadas pelo dinamismo do professor. Em sua formação não teve contato com os software educacionais e até o início deste estudo, não os conhecia. Como aprendi em aulas tradicionais, acreditava ser este o melhor caminho, mas estou mudei de opinião após frequentar algumas das reuniões do grupo de estudo. 129 A professora Helena, no ano da pesquisa, tinha 46 anos, com 15 anos atuando em sala de aula como professora de Matemática somente em escola pública. Optou por ser professora por satisfação pessoal. É Licenciada em Matemática pela Faculdade Metropolitana Unida (1991). Fez especialização em Educação Matemática pela PUC-SP (2006). Quando estudante, sempre aprendeu com aulas tradicionais, teve pouco contato referente ao ensino de trigonometria e acredita que seu conhecimento evoluiu devido sua dedicação própria. Conhece os seguintes softwares: Graphmática, Geogebra, CabriGéomètre, porém, até o começo destes encontros, não havia usado estes aplicativos em sala de aula e nem participou de todos os encontros do grupo. Porém, avaliou que depois de frequentar alguns encontros do grupo, obteve confiança para explorar os recursos do Geogebra e usá-los em sala de aula. O professor Joaquim, no ano da pesquisa, possuía 50 anos, sendo 30 anos atuando em sala de aula como professor de matemática e trabalha no período da manha na escola privada e no período da tarde na escola pública. Optou por ser professor alimentado pelo desejo de encontrar formas interessantes e agradáveis de aprender matemática. É Licenciado em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Moema (1980) e Pedagogia (1984), pela Faculdades São Marcos. Cursou Pós-graduação em Psicopedagogia (1996), Educação Especial (2006). Quando estudante, sempre aprendeu com aulas tradicionais, que visavam a memorização e a repetição de conceitos. Conhece os softwares Graphmática, Geogebra, Cabrigéomètre, Winplot, porém ainda não se sente confiante em explorar estes software em sala de aula. O professor José, no ano da pesquisa, tinha 34 anos, com três anos atuando em sala de aula como professor de Física, somente em escola pública. Optou por ser professor pensando nas oportunidade de trabalho. É Licenciado em Física pelo Instituto Federal (2007. Quando estudante, sempre aprendeu com aulas tradicionais, teve pouco contato referente ao ensino de trigonometria e em sua opinião tudo era muito abstrato, sem preocupação com a aplicação prática da matemática. Até o início desta pesquisa, não teve contato com nenhum tipo de software educativo e aceitou participar do grupo de estudos pela oportunidade de entrar em contato com estes softwares. 130 Ronaldo, autor deste trabalho, neste ano com 48 anos, sendo 18 anos atuando em sala de aula como professor de matemática em escolas públicas e privadas. Licenciado em Matemática, pela Universidade Camilo Castelo Branco, São Paulo (1995). Participou de cursos patrocinados pela SEESP, como por exemplo, ―Teia do saber, Reciclagem‖. Participou, também, do Curso de Verão em Cálculo no Rn na Universidade São Paulo (1998), fez especialização em ―Tópicos de Análise e Álgebra Linear‖ pela Universidade São Paulo,(1999). Cursou um semestre como aluno regular em Mestrado Educação Matemática (PUC,2000), membro ativo do GdS desde 2010. Tornou-se professor por gostar de matemática e de trabalhar com adolescentes. Quando estudante no Ensino Básico, comentou que teve bons professores e sempre recorda-se de uma professora de matemática que ministrava as aulas com dedicação e carinho. Na graduação, teve pouco contato com a tecnologia e hoje estudando com este recurso, tornou suas aulas mais dinâmicas. Aprendeu alguns recursos com o software CabriGéomètre, mas não trabalhou em sala. Usa e incentiva o uso da tecnologia na escola e trabalha com o softwares educacionais Winplot e Graphmática desde 2007 . Apêndice IV: Entrevista de Encerramento 131 Apêndice IV. ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA 1. Em relação às atividades dos encontros, você considera que elas provocaram reflexões a respeito do tema abordado? Descreva essas reflexões. 2. Você considera que essas atividades provocaram reflexões sobre a sua prática? Descreva essas reflexões. 3. Quais os saberes mobilizados, por você, ao elaborar a aula de trigonometria a ser aplicada num ambiente informatizado? 4. Foi possível aplicar a sequência didática com seus alunos? 5. Qual a sua avaliação da aplicação das atividades em sala de aula? 6. De que forma essa atividade ajudou (ou não) a sua prática pedagógica? 7. Como você avalia o uso de software para o ensino da trigonometria? Que outros recursos você já utilizou para ensinar funções trigonométricas? 8. Você tem mais a acrescentar a respeito desse processo como um todo? Apêndice V: Autorização do Responsável 132 Apêndice V Autorização do Responsável TERMO DE CONSENTIMENTO E LIVRE ESCLARECIMENTO. O seu filho (a) ___________________________da _____ Série____, por ser aluno desta Unidade Escolar, foi convidado (a) a participar do estudo, que tem como tema ―Professores de Matemática em Grupo de Estudo Investigando o Ensino de Matemática‖. O objetivo desta pesquisa é investigar indícios de desenvolvimento profissional docente, discente e contribuições do uso da tecnologia nas aulas de matemática. Ao participar deste estudo, os senhores permitirão que sejam coletados os dados necessários por meio de questionário, filmagens, entrevistas e áudio para o uso na pesquisa. Eu, professor Ronaldo Barros Orfão, responsável pelo estudo, estarei a sua disposição para sanar qualquer dúvida a respeito deste projeto. Fica estabelecido que seu filho (a) está participando de livre e espontânea vontade e que, se desejar, tem o direito de desistir de sua participação a qualquer momento. As informações nessa pesquisa, serão mantidas em sigilo, garantindo desta forma, seu anonimato. A divulgação dos resultados será utilizada somente para esta pesquisa. Não haverá despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Suzano, ________________________ 2011 Responsável Ronaldo Barros Orfão Assinatura Apêndice VI: : Resposta do Questionário Final 133 Apêndice VI Seguem as questões e as respostas dos professores: 1. Em relação às atividades dos encontros, você considera que elas provocaram reflexões a respeito do tema abordado? Descreva essas reflexões. Valquíria: Sim, precisei retomar o tema, rever conceitos para adequá-los ao uso da tecnologia. João: Sim, minhas reflexões foram voltadas para uma forma diferente de explicar o tema abordado, mostrando para os alunos que o tema não deve ficar no caderno, que eles podem ir além. Helena: Sim, pois me levou a refletir sobre a relevância de estar me atualizando em relação às novas metodologias para incrementar a prática docente. Teixeira: Sim, reflexões positivas, pois quando mostramos para os alunos o conteúdo em um software, fica ainda mais fácil sua visualização e sua compreensão. José: Sim, as reflexões foram positivas, e percebi que os alunos e eu ficamos motivados com o uso da tecnologia. Ronaldo: Sim, fui motivado a mudar minha prática em sala de aula, dando menos conteúdos e discutindo mais com os alunos. 2. Você considera que essas atividades provocaram reflexões sobre a sua prática? Descreva essas reflexões. Valquíria: Sim, principalmente sobre a abordagem do tema que pesquisou conceitos para vencer modos tradicionais de ensinar e aprender. João: Eu passei a ver a trigonometria com outros olhos e a explicar de outra maneira, mostrando de forma mais prática este tópico. Teixeira: Sim, minhas aulas ficaram mais leves e divertidas Helena: Certamente, uma vez que me fez ver possibilidades para apresentar o conteúdo. José: Sim, as aulas ficaram mais atraentes. novas 134 Ronaldo: Sim, pois uma situação é desenhar a função seno ou cosseno, outra situação é ter condições de discutir as propriedades destas funções. 3. Quais os saberes mobilizados por você, ao elaborar a aula de trigonometria a ser aplicada num ambiente informatizado? Valquíria: Além de dominar os conceitos é preciso ter o conhecimento básico de informática. João: Passei a utilizar o software, e com isso preparar as aulas não mais da forma tradicional e sim com o software. Teixeira: Os conhecimentos de trigonometria foram abordados de maneira dinâmica, assim, podíamos discutir para aplicarmos nos softwares e mostrarmos para os alunos. Helena: Partindo dos saberes já utilizados pude apresentar o conteúdo de maneira mais dinâmica e motivadora José: Dominar os conceitos a serem apresentados e ter um conhecimento básico de informática Ronaldo: Os saberes do conteúdo a serem ministrados e os recursos tecnológicos sobre os quais eu tenho conhecimento. 4. Foi possível aplicar a sequência didática com seus alunos? Valquíria. Em parte, sim João: Se tivéssemos mais tempo, a sequência seria muito melhor, mas mesmo assim, foi possível. Teixeira: Sim, com mais propriedades que antes do software. Helena: Sim, os alunos mostraram-se interessados e fizeram questionamentos mais relevantes em relação ao conteúdo apresentado. José: Sim, foi possível aplicar, pois as reuniões em grupo deram sustentação para me sentir seguro e esclarecer minhas dúvidas. Ronaldo: Com as reuniões e as reflexões foi possível elaborar e discutir as sequências com os alunos. 5. Qual a sua avaliação da aplicação das atividades em sala de aula? 135 Valquíria: Interessante, os alunos ficam mais atentos e interagem mais com o professor e colegas. João: Muito positiva, motivou-me a fazer reflexões sobre minha prática. Teixeira: Foi uma experiência muito valida, e já estou começando a usar o software para outros conteúdos, como por exemplo, funções do primeiro e segundo grau. Helena: A turma mostrou-se mais interessada e motivada por estar familiarizada com algumas das tecnologias apresentadas. José: Os alunos gostaram e participaram mais, aprendendo com mais facilidade e participando mais efetivamente das aulas. Ronaldo: Positiva, somente com lousa e giz, fica muito difícil envolver a maioria dos alunos. 6. De que forma os estudos de grupo ajudou (ou não) a sua prática pedagógica? Valquíria. As reuniões contribuíram com a minha prática, à medida que também estimulou a preparação das aulas e a minha busca pelo conhecimento tecnológico. João: Aprendi que não se deve ficar só no caderno e lousa, precisamos usar outras ferramentas. Ao discutir os problemas relacionados com a escola com os colegas do grupo, percebi que não me sentia mais sozinho. Teixeira: Mudou muito minha prática, minha concepção em relação aos softwares educativos. Principalmente no início, pois quebrou minha rejeição e tive a oportunidade de me expor aos poucos. Helena: Tornou as aulas mais dinâmicas e claras, levando os alunos a participarem mais ativamente das aulas. José: Trocando experiências, vivenciando completamente nova para mim. uma situação Ronaldo: Mostrando várias outras maneiras e formas de ministrar o conteúdo e tendo a oportunidade de discutir com colegas de uma mesma escola. 136 7. Como você compara o uso de software para o ensino da trigonometria e que outros recursos você já utilizou para ensinar funções trigonométricas? Valquíria. Não utilizei outros recursos especificamente a não ser tentar ―prender‖ a atenção do aluno durante as explicações. A aulas com o software são mais dinâmicas, propiciando situações de aprendizagem mais rápidas, comparadas ao uso tradicional da lousa. ―Os desenhos‖ feitos na lousa não são perfeitos e também demora mais para fazê-los. Já no software bastam alguns ―clics‖. João: Muito mais dinâmicas, e não utilizei outros recursos a não ser o software Teixeira: Não há uma comparação e sim um aliado, o software ajuda a fixar as concepções e as teorias pré-determinadas nas aulas tradicionais. Helena: Apesar de usar objetos manipuláveis, observei que o uso do software facilitou a aprendizagem e motivou os alunos. José: Nunca utilizei outros recursos. Ronaldo: O uso do software facilita muito o ensino e a aprendizagem, somente com aulas tradicionais não é possível, outros recursos que utilizo são materiais manipuláveis. 8. Você tem mais a acrescentar a respeito desse processo como um todo? Valquíria: A proposta é muito interessante e viável. O professor precisa apenas de tempo para conhecer o software e montar suas aulas. Esse ―tempo‖ precisa fazer parte do seu horário de trabalho e não fora dele, para que o professor também tenha qualidade de vida junto sua família. É necessário, também, estar com outros professores para a troca de experiência ( dúvidas, aulas preparadas, dicas sobre o software, entre outros) e também para praticar. É muito desagradável estar usando uma tecnologia e não conhecer comandos e seus recursos. O aluno percebe isso, como também percebe quando o professor não domina certos conceitos ou não prepara a sua aula. Acredito que seja essencial um investimento na formação do professor, ou melhor, na formação tecnológica do professor, principalmente aqueles que se formaram há mais de 15 anos e não tinham a informática presente nos currículos das universidades, mas que hoje é uma realidade nas escolas. 137 João: Seria muito bom que a maioria utilizassem estes recursos, eu não utilizei antes por não ter conhecimento. Teixeira: Como já disse foi uma experiência muito rica e muito válida, que vou levar para outros conteúdos para melhor compreensão por parte dos meus alunos. Gostaria de ressaltar também que os encontros semanais que tivemos para discutirmos sobre a aplicação do software foram muito produtivos para o grupo e para o meu aperfeiçoamento. Helena: O processo é ativo e ajuda o aluno a interagir de maneira mais efetiva com o andamento das aulas, facilitando, assim, a aprendizagem. José: É uma proposta interessante, motivadora, que atrai o aluno e o estudo em grupo mobiliza os envolvidos para enfrentar com mais naturalidade os conflitos em sala de aula. Ronaldo Foi uma experiência muito produtiva, que pretendo levar para outras áreas do conhecimento e séries, mudando minha forma de ministrar as aulas. Apêndice VII: Tela de Apresentação do Geogebra 138 Apêndice VII A tela de apresentação do software Geogebra, exposta ao abrir o aplicativo, está representada na figura 23 e apresenta o primeiro contato com o software, contendo: as duas barras de ferramenta, janela algébrica, Janela geométrica e caixa de entrada que são os elementos para iniciar as construções. Janela Geométrica: Local onde você visualiza os objetos construídos; Janela Algébrica Trata-se da Janela Fofoqueira: conta tudo que está relatado na Área de Trabalho. Entrada: Local onde pode digitar os comandos. Item selecionado Barra de Ferramentas 1. Janela Algébrica Barra de Ferramentas 2 (ícones). Descrição como usar o ícone Janela Geométrica, Campo de Entrada Figura 26: Tela de Apresentação do Software Geogebra Fonte: Acervo Próprio 139 Em todos os ícones deste campo de entrada existem vários outros ícones que estão relacionados com o ícone de apresentação. Nesta tela, temos os ícones relacionados com a construção da circunferência Apêndice VIII: Construção deum Arquivo para dar Significado ao Número 140 Apêndice VIII Construção do número Este arquivo foi estruturado para visualizar a relação entre o comprimento e o diâmetro da circunferência, ao movimentar o ―seletor a‖, que aparece na tela no canto superior esquerdo, o valor do raio, diâmetro e comprimento da circunferência se alteram. Durante a aula, com uma calculadora e uma tabela, os alunos anotam os valores visíveis e fazem a operação de divisão entre o valor do comprimento da circunferência e o diâmetro. Com algumas divisões, os discentes conseguem inferir que este número é a constante . Raio Diâmetro Passo. 1. Comando Após abrir o software Geogebra, Com o botão direito do mouse, dê um click em eixos. Selecione o ícone controle deslizante e dê um click no canto superior da área geométrica, na janela que aparecer, selecione mínimo 0(zero) e máximo 20 (vinte) com incremento de 1 (um). . Selecione o ícone circulo ―Dado Centro e Raio‖, dê um click no centro da janela geométrica, o software solicitará o valor do raio. Digite ―a‖. O centro da circunferência será nomeado como ―a‖ Dê um click sobre a circunferência. 2. 3. 4. Comprimento Comp./Diâmetro. Ação. O Sistema de eixos ficará oculto. Este vai ser o valor do raio Circunferência com raio ―a‖. O software criará um ponto ―B‖. 5. Selecione ―segmento definido por dois pontos‖. Obs. Este segmento será o Raio. Trace o segmento unindo os pontos AB. 6. Dê um click sobre a circunferência. O software criará um ponto ―C‖. Comando Botão direito do mouse. 141 7. Selecione uma reta definida por dois pontos que passará pelos pontos C e A. Aparecerá uma reta, passando por C e A. 8. Selecione o ícone interseção de dois objetos ( este ícone está atrás do ícone do passo 3) e dê um click sobre a reta e a circunferência. Com o botão direito do mouse e próximo a reta, dê um click e escolha ―exibir objeto‖. Aparecerá o ponto E 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. Selecione ―segmento definido por dois pontos‖ e uma o ponto CE. Obs. Este segmento será o Diâmetro. Selecione o ícone ― segmento com comprimento fixo‖. Na caixa de dialogo que aparecer digite ―2*pi*a‖. Selecione o ícone ― Inserir texto‖, na caixa de diálogo que aparecer, escreva ―Raio =‖ e selecione na aba objeto a variável em letra minúscula que corresponde ao raio. Nota: esta variável estará visível na janela algébrica, em caso de dúvida, ao mexer no seletor ―a‖ poderá ser visto o valor do raio. O mesmo procedimento para o ―Diâmetro‖ Com o botão direito do mouse, dê um click próximo ao ponto ―A‖ e escolha exibir objeto. Repita o ―passo 11‖ com a palavra ―Comprimento‖ Na ―caixa de entrada‖ digite s=f/e. Obs: Neste aplicativo ―f‖ é o comprimento da Circunferência e ―e‖ é o Diâmetro. Selecione o ícone ― Inserir texto‖, na caixa de diálogo que aparecer, selecione ―Formula LaTeX‖, selecione ―fração‖ substitua, ―a por Comprimento‖ e ―b por Diâmetro‖ digite = selecione na aba objeto ―s‖. A reta ficará oculta Trace o segmento unindo os pontos CE. Aparecerá o Comprimento da Circunferência. Aparecerá na janela geométrica a palavra ―Raio= ― Aparecerá na janela geométrica a palavra ―Diâmetro = ― Ficará oculto o ponto ―A‖ Aparecerá na janela geométrica a palavra ―Comprimento = ― Na janela algébrica aparecerá o valor do ―‖ Ora aparecerá 3,14, ora pi. 142 18. Selecione o ícone ―Caixa para exibir /Esconder Objeto‖. Na caixa de diálogo escreva ―Circunferência‖ e na caixa abaixo selecione ―Círculo‖ Aparecerá uma caixa exibir ou não a Circunferência. 19. Selecione o ícone ―Caixa para exibir /esconder objeto‖. Na caixa de diálogo escreva ―Seletor‖ e na caixa abaixo selecione ―número a‖ Aparecerá uma caixa exibir ou não o Seletor 20. Selecione o ícone ―Caixa para exibir/esconder objeto‖. Na caixa de diálogo, escreva raio e na caixa abaixo selecione as três variáveis que faz parte do raio( ponto, segmento de reta e texto) O mesmo procedimento para o ―Diâmetro‖ Aparecerá uma caixa selecione ou não o Raio. 22. O mesmo procedimento para o ―Comprimento‖ Aparecerá uma caixa selecione ou não o Comprimento 23. O mesmo procedimento para o ―Divisão do Comprimento pelo Diâmetro‖ Aparecerá uma caixa Divisão do Comprimento pelo Diâmetro. 21. 24. 25. Aparecerá uma caixa selecione ou não o Diâmetro Aperte ctrl+shift+A, ―atalho para Só ―aparecerá o esconder a janela algébrica‖ aplicativo na tela‖ O objetivo do arquivo foi concluído os próximos passos são para formatação, para dar um design diferenciado, que depende do objetivo do usuário. Com o botão direito do mouse de um click próximo a qualquer objeto e aparecerá a seguinte tela Nome do primeiro objeto selecionado, os outros podem ser selecionados de acordo com a próxima tela. Exibe ou não o objeto Ao clicar, podemos mudar as propriedades do objeto seguindo os passos que a próxima tela indicar 143 Neste campo, estão todos os objetos do desenho indicado pelas suas respectivas variáveis. Esta janela permite ao usuário selecionar o objeto e alterar suas propriedades, como por exemplo, cor, nome, espessura, entre outras. Permite modificar as propriedades básicas do objeto, como por exemplo, nome, legenda, exibir ou não valor entre outras. Cabeçalho da 2º janela de formatação Permite variar as cores dos objetos. Altera a espessura da linha e preenchimento de objetos. Neste Arquivo, foi formatada a espessura do raio na cor azul, espessura do diâmetro na cor vermelha, espessura e comprimento na cor preta. Assim como as cores correspondentes dos textos. Arquivo Pronto para utilizar em Sala de Aula Fonte: Acervo Próprio. Apêndice IX: Construção de um Arquivo que Relaciona o Ângulo o Comprimento do Arco, e o Radiano. 144 Apêndice IX Relação entre Ângulo o Comprimento do Arco, e o Radiano. Este arquivo foi estruturado para visualizar a relação entre o ângulo, o comprimento do arco e o radiano. Ao movimentar o ―Ponto B‖, que pertence a circunferência, aparece o ângulo e o comprimento do arco em destaque. Passo. 1. 2. 3. 4. Comando Construir uma circunferência com centro na origem e raio 1 Construir um ponto sobre a circunferência Construir um ponto na interseção da abcissa e a circunferência. Construir um ―Arco circular dados centros e dois pontos‖ 5. Construir um segmento com comprimento fixo. 6. Medir o ângulo. 7. Inserir texto 8. 9. Ação. Comando Movimentar o ponto para verificar se ele não ―sai‖ da circunferência. Dar um click no eixo ―x‖ e na circunferência. Começar pela origem. Obs.: Verifique a variável deste arco, pois será usado no próximo comando. Após selecionar o comando, dê um click em um lugar da tela e na janela que aparecer, digite o valor da variável anterior. Dar um click nos pontos DÂB. Na caixa de diálogo que aparecer, escrever; ―ângulo (graus)= (selecionar em objetos) . Inserir texto Na caixa de diálogo que aparecer, escrever; ―Ângulo (rad.) = (selecionar em objetos) d.. O objetivo foi atingido. Basta formatar cores, espessura e aparência em geral. 145 Neste arquivo, foi formatado o tamanho da fonte para médio, as espessuras da linha do comprimento do arco e omitido os eixos. Arquivo Pronto para utilizar em Sala de Aula Fonte: Acervo Próprio. Apêndice X: Construção de um Arquivo Ciclo Trigonométrico 146 Apêndice X Construção do Ciclo Trigonométrico Discutido no 4º Encontro. Esta construção foi feita a partir do arquivo anterior que descreveu a visualização, a relação entre o ângulo, o comprimento do arco, e o radiano, ao abrir o arquivo no menu ―Arquivo‖, selecionar ―Gravar Como‖ e salvar com um nome diferente como, por exemplo, ―ciclo‖ e seguir as etapas descritas abaixo. Passo. 1. 2. Comando No menu exibir: exibir eixos e exibir janela algébrica. Selecionar ícone ―Reta Perpendicular‖ 3. Selecionar o ícone ―Interseção de objetos‖ 4. Com o botão direito do mouse, dar um click sob as retas perpendicular e selecionar ―exibir objeto‖ Selecionar o ícone ―Segmento Definido por dois Pontos‖ 5. 6. Com o botão direito do mouse, dar um click próximo ao ultimo segmento, selecionar propriedades 7. Selecionar o ícone ―Polígono Irregular‖ 8. Inserir texto Ação. Aparecerá na tela os eixos e a janela algébrica. Traçar duas retas perpendiculares aos eixos das ordenadas e abscissas. Dar um click nas retas e nos eixos. As retas perpendiculares não ficaram visíveis. Construir dois segmentos da origem até os dois pontos criados sob os eixos Em propriedades, alterar espessura da linha e cor. obs. O valor da variável destes segmentos que será o valor do seno e cosseno Construir um triângulo retângulo, usando a origem, o ponto B e o ponto projetado sob o eixo da abscissa. Digitar ―Seno = [valor da variável correspondente passo 6] Comando 147 9. Inserir texto 10. Formatar os dois últimos textos da mesma cor dos segmentos do passo 6 Caixa para exibir / Esconder objetos 11. Digitar ―Cosseno = [valor da variável correspondente passo 6] Seguir as orientações abaixo. Após selecionar o último ícone, aparecerá a caixa de diálogo figura XX, na janela legenda irá ―Caixa para Exibir / Esconder Objetos‖. Neste arquivo, usamos este comando para: Ângulo, Radiano, Seno, Cosseno e Triângulo Retângulo. Na Janela ―Selecione os objetos na construção ou escolha-os de uma lista‖. Vale a observação: Como esta caixa é Livre na tela, então basta dar um click sob o objeto que queremos que fique vinculado à caixa. Exemplo: Como foi vinculado a Caixa exibir/ocultar a variável ―Seno‖. Variável que Exibe/oculta. Objeto que fica vinculado à variável. Para selecionar, basta dar um click sobre o objeto na janela Geométrica. Após os dois procedimentos acima, dar um click. 148 Arquivo Pronto para utilizar em Sala de Aula Acervo Próprio. 149 Apêndice XI Este arquivo relaciona a visualização do ciclo trigonométrico com as funções seno e cosseno, a sua construção depende de 3 construções básicas, o ciclo trigonométrico, que optamos por deixar fora da origem, as funções seno e cosseno que podem ser vistas uma a uma ou simultaneamente. Figura 27: Construção do aplicativo relacionando: Ciclo Trigonométrico, Função Seno e Função Cosseno. Fonte Acervo Próprio Passo. 1. 2. 3. 4. Comando Ao abrir o software, com o botão direito do mouse, ir na aba ―eixo x‖ e na caixa ―distancia‖ selecionar /2. Digitar na ―Caixa de Entrada‖ A=(2,3) Selecionar o ícone ―Circulo Centro e Raio‖. Dê um click no ponto A, em seguida selecione 1 Selecionar o ícone ―Controle Deslizante‖, Em seguida na caixa de diálogo selecione mínimo 0 e máximo 20. Com Ação. Somente o eixo da abcissa ficara configurado com a escala em função de . Aparecerá na janela Geométrica o ponto A Aparecerá uma circunferência de centro(2,3) e raio 1. Vamos ter uma variável real [0,20] Comando 150 5. Incremento de 0,001, na aba ―animação‖, selecione ―Crescente‖ Digitar na ―Caixa de Entrada‖ B=(2+cos(a),3+sin(a) 6. Digitar na ―Caixa de Entrada‖ C=(a, sin(a) 7. Com o botão direito do mouse dar um click sobre o ponto ―C‖, e selecionar ―Habilitar Rastro‖ Com o botão direito do mouse, dar um click sobre o ponto ―C‖, e selecionar ―Propriedades‖ e alterar estilo e cor (vermelho) Digitar na ―Caixa de Entrada‖ D=(a, cos(a) 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. O Ponto ―B‖ ficará vinculado ao ciclo trigonométrico e ao seletor ―a‖. O ponto ―C‖ ficará vinculado à função seno e ao seletor ―a‖, Quando o ponto ―C‖ se movimentar, aparecerá na janela Geométrica, o rastro do ponto ―C‖. O ponto ―D‖ ficará vinculado a função cosseno e ao seletor ―a‖, Quando o ponto ―C‖ se movimentar, aparecerá na janela Geométrica, o rastro do ponto ―D‖. Com o botão direito do mouse, dar um click sobre o ponto ―D‖, e selecionar ―Habilitar Rastro‖ Com o botão direito do mouse, dar um click sobre o ponto ―D‖, e selecionar ―Propriedades‖ e alterar estilo e cor (Azul) Selecionar o ícone ―Reta Perpendicular‖ e dar um click no ponto ―C‖ e em seguida eixo da abcissa. Selecionar o ícone Iremos ter um ponto ―E‖ ―Interseção de dois objetos‖ perpendicular ao ponto e dar um click sobre o eixo ―C‖ e ao eixo das da abcissa e a última reta abcissas. criada. Com o botão direito do mouse,dar um click a última reta e selecionar ―exibir objeto‖ Selecionar o ícone Este segmento será a ―Segmento por dois Pontos‖ coordenada da abcissa e unir os pontos CE ( com a unidade em radiano) e a função seno 151 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Com o botão direito do mouse, dar um click sobre o ponto ―E‖, e selecionar ―Habilitar Rastro‖ Selecionar o ícone ―Caixa Os objetos para Exibir/ esconder relacionados com a Objeto‖, em Legenda digitar função seno ficarão ―Função Seno‖, em seguida visíveis ou não. selecione os objetos relacionados com esta função: Ponto ―C‖, Ponto ―E‖, segmento ―d‖. Na Janela de Álgebra, Teremos uma reta selecionar a reta ―b‖, e com perpendicular passando o botão direito do mouse, por ―D‖, e perpendicular selecionar exibir objeto. ao eixo das abcissas. Selecionar o ícone Teremos um ponto ―F‖ ―Interseção de dois objetos‖ perpendicular ao ponto e dar um click sobre o eixo ―D‖ e ao eixo das da abcissa e a última reta abcissas. criada. Selecionar o ícone Este segmento será a ―Segmento por dois Pontos‖ coordenada da abcissa e unir os pontos DF (com a unidade em radiano) e a função cosseno Selecionar o ícone ―Caixa Os objetos para Exibir/ Esconder relacionados com a Objeto‖, em ―Legenda‖ função Cosseno ficarão digitar ―Função cosseno‖, visíveis ou não. em seguida, selecione os objetos relacionados com esta função: Ponto ―D‖, Ponto ―F‖, segmento ―f‖. Formatar o ciclo trigonométrico com duas semirretas perpendiculares, com a caixa de inserir textos inserir ―Ângulo e Radiano‖ e associar os objetos do ciclo trigonométrico a caixa de texto ―Inserir/ esconder Objetos‖ Anexo I: Autorização da Comissão de Ética Anexo I Autorização da Comissão de Ética 152 153 Anexo: II Trecho da Dissertação de Oliveira (2010) Anexo II Texto discutido na segunda reunião, retirado, na íntegra, (p.101-104) da dissertação de Oliveira (2010). ’ 154 155 156 Anexo III: Trecho da Dissertação de Quintaneiro (2010) 157 Anexo III Texto retirado na íntegra da dissertação Quintaneiro (2010, p.1213), discutido no 4º encontro. 158 159 Anexo IV: Trecho da Dissertação de Goios (2010) Anexo IV Trechos retirados, na íntegra, da dissertação de Goios (2010, p.124126), discutidos no 3º encontro. Quanto aos valores dos ângulos, devemos trabalhar em graus e radianos de maneira a levar os alunos a construir o conceito de ângulo com das duas formas. É aceitável que os alunos prefiram trabalhar com as medidas dos ângulos em graus já que esta é bem mais familiar para ele, pois além dele já conhecer previamente os ângulos medidos em graus estes utilizam quase sempre números inteiros para representá-los, não aparecendo os números racionais em forma de fração ou decimais e irracionais como na medidas em radianos, mas as aplicação das funções trigonométricas nos dias atuais são de grande importância e não podemos ignorar as medidas em radianos, mas sim ajudar os alunos a sua compreensão. Uma sugestão para minimizar a dificuldade dos alunos com as medidas em radianos, seria os objetos de ensino apresentarem de forma conjunta as medidas em graus e radianos, para que os alunos pudessem se familiarizar com estes valores. Também é necessário um trabalho anterior com os números racionais e irracionais, pois a dificuldade com estes números dificultam a compreensão dos alunos com os valores em radianos. Conforme apresentado anteriormente as medidas em radianos apresentam alguns problemas para compreensão dos alunos o primeiro é o próprio conceito de radianos e o segundo é o fato dos matérias didáticos impressos trazem as medidas em radianos sempre em forma de frações ou números inteiros acompanhados do e os objetos de ensino devido a limitação dos softwares trazem alguns valores em frações e para a maioria dos valores eles estão representados por números decimais, aumentado ainda mais a dificuldade de compreensão dos alunos. Observando as dificuldades apresentadas pelos alunos assim como os benefícios encontrado na utilização dos OE nesta pesquisa, apresento um applet, construído por mim através do software Geogebra, com algumas sugestões para um modelo de OE para aulas de trigonometria. Conforme a 160 figura a seguir o OE para a função seno deverá ter as seguintes características: - Escala decimal para o eixo do seno; Linha tracejada para o acompanhamento da projeção do cateto sobre o eixo y; Arco AB, apresentando suas medidas em graus e radianos; Destaque para área do ângulo formado pelo arco AB; Escala em graus e radianos para o eixo x, quando apresentado o gráfico da função seno; Mesma escala para o gráfico da função e para a o círculo trigonométrico; Opção para exibir ou ocultar o gráfico da função seno. OE – Função Seno Figura 32: OE Função Seno Como já era esperado não apareceu nenhuma dificuldade no uso dos computadores pelos alunos, confirmando que esta é uma tecnologia em que o aluno esta preparado para utilizar, pois eles já fazem partem da geração ―Nativo Digital‖, portanto cabe aos professores, que ainda na sua maioria pertencentes a uma geração de ―Imigrantes Digitais‖, a incumbência de aprender como se utilizar dos recursos digitais em suas aulas. Concluindo, esta pesquisa apresenta que o uso de recursos digitais nas aulas de trigonometria é uma prática que trouxe muitos pontos positivos, mesmo quando estes recursos apresentam falhas que podem ser aperfeiçoadas. Pois a utilização estes recursos além de ser uma fonte motivadora traz também novas possibilidades para a construção do conhecimento da trigonometria, possibilidade estas diferentes das que se apresentam em uma aula com papel e lápis, que não seriam possíveis sem a utilização do computador. 161 Anexo V: Trecho da Dissertação de Lobo da Costa (1997) Anexo V Trechos retirados, na íntegra, da dissertação Lobo da Costa (1997, p. 24-26), discutidos no sexto encontro. 162 163 Anexo VI: Trecho da Dissertação de Quintaneiro, (2010) 164 Anexo VI. Trecho, na integra, da dissertação de Quintaneiro, (2010, p. 9-13.) sobre as duas necessidades de se usar a unidade em radiano nas funções trigonométricas. Discutido no sétimo encontro. 165 166 167 168 Anexo VII: Texto Referente a Discussão do Motor a Explosão 169 Anexo VII Motor a explosão - Texto discutido no 11º encontro. Publicado em pagina da internet no Portal São Francisco. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/motor-a-explosao/motor-aexplosao.php. (Acesso em - 10 maio 2011.) O texto discute o funcionamento de um motor monocilindro, utilizado em motocicletas, compressor de ar comprimido entre outros equipamentos, que pode ser modelado pelas funções seno e cosseno. O motor de explosão, ou motor de combustão interna, é amplamente usado para movimentar automóveis, ônibus, caminhões, etc. Nos motores a álcool ou gasolina a produção do movimento começa pela queima de combustível nas câmaras de combustão. Essa câmara contém um cilindro, duas válvulas (uma de admissão e outra de escape) e uma vela de ignição. O pistão que se move no interior do cilindro é acoplado a biela que se articula 170 com o virabrequim. O virabrequim ao girar faz com que o movimento chegue as rodas através do sistema de transmissão do carro. A figura acima mostra um esquema do motor a "quatro tempos", assim denominado porque seu funcionamento se faz em quatro etapas. Primeiro tempo (indução) A válvula de admissão se abre e uma mistura de combustível e ar é injetada no cilindro através da válvula de admissão enquanto o virabrequim, que gira, empurra o pistão para baixo. Segundo tempo (compressão) A válvula de admissão se fecha; a mistura é comprimida à medida que o pistão se eleva e, antes que este chegue à parte superior, a vela se ascende. Terceiro tempo (potência) A mistura acende-se; os gases quentes que se expandem, formados na explosão, produzem uma força que faz com que o pistão abaixe novamente, acionando o virabrequim. Quarto tempo (exaustão) A válvula de escape abre-se e os gases são expulsos pelo pistão que se eleva. Os motores modernos usam sistemas eletrônicos que regulam com precisão a quantidade e o teor da mistura introduzida nos cilindros, conhecidos por injeção eletrônica. 171 Para melhorar o rendimento dos motores, estes funcionam, normalmente, com vários cilindros. Em um motor de quatro cilindros, quando um dos cilindros está em aspiração, outro está em compressão, o terceiro está em explosão e o quarto está em exaustão. Se o motor está parado, os primeiros movimentos do pistão são feitos através de um motor elétrico, conhecido como motor de arranque. Depois das primeiras explosões do combustível o motor de arranque é desligado e os pistões passam a funcionar em ciclos, como os que foram descritos. Funcionamento dos Motores de Combustão Interna O potencial de energia do petróleo é muito elevado. A energia nele concentrada pode liberar-se instantaneamente como na pólvora, produzindo uma explosão, com grande efeito mecânico. Para que isso aconteça é necessário que ele seja queimado em uma mistura apropriada com certa percentagem de oxigênio. 172 Segundo Tempo Primeiro Tempo O pistão desce deixando entrar a mistura de combustível e comburente O pistão sobe comprimindo a mistura gasosa até que ... Terceiro Tempo Quarto Tempo Sob a ação de uma faísca elétrica, provocada pela vela, ocorre a explosão. O pistão sobe, provocando a saída dos gases produzidos na combustão. A seguir o ciclo de repete Anexo VIII: Texto Discutido no 12º Encontro, Motor 4 Cilindros 173 Anexo VIII Texto discutido no 12º encontro. Postado por Marcos Noé, em Equipe Brasil Escola Disponível em: http://www.brasilescola.com/matematica/cilindradas-um-motorcombustao.htm (Acesso em 18 maio de 2011.) Corte longitudinal de um motor movido a combustão Os veículos automotores são movidos em razão da conversão de formas de energia em energia mecânica, que é gerada nos motores a combustão e transferida em forma de movimento para as rodas. Carros, motos e caminhões utilizam motores a combustão, que diferenciam entre as modalidades de acordo com a quantidade de cilindradas (cc). Existem motos de 150, 250, 400, 500, 600, 750, 1000 cilindradas entre outras. Já os carros apresentam em seus modelos siglas, veja alguns exemplos: 1.0 (1000 cc), 1.4 (1.400 cc), 1.6 (1.600 cc), 2.0 (2.000 cc), 3.0 (3.000), 4.1 (4.100 cc). O termo ―cilindrada‖ vem de cilindro e é originalmente conhecido como o volume de deslocamento do motor, isto é, a capacidade em volume da câmara de um pistão. Os motores à combustão possuem cilindros (câmaras), onde ocorrem a explosão (ar + combustível + faísca) que movimenta os pistões, os quais estão ligados pela biela ao virabrequim, que recebe toda a força do movimento dos pistões, transmitindo a energia mecânica para o volante do motor que está conectada à caixa de velocidades (marchas), cuja força motriz será transmitida ou não. Na outra extremidade do virabrequim encontra-se uma polia, responsável por colocar em movimento através de uma correia outros equipamentos como a bomba de água, o motor 174 do ar condicionado, a bomba da direção hidráulica e etc. Veja esquema representativo de um motor a combustão: Para entendermos melhor o que vem a ser volume de um cilindro, vamos trabalhar com o exemplo de um carro 1.0. No carro 1.0, isto é, 1000 cilindradas, temos quatro cilindros (quatro pistões e quatro bielas). Uma cilindrada corresponde a 1000 cm³, que equivalem a 1 litro. Como o carro possui 1000 cilindradas e quatro cilindros, cada cilindro comporta 250 ml de gás, e ele aspira e expira um litro de gás por cada volta completa do virabrequim. As cilindradas de um motor são calculadas de acordo com o diâmetro e o curso de um pistão, sempre dados em milímetros (mm). Utilizamos a seguinte expressão matemática na determinação da cilindrada de um motor a explosão: Onde: 175 N = Número de cilindros do motor π = 3,14 d = diâmetro do cilindro C = curso do pistão no interior do cilindro O diâmetro e o curso do pistão costumam ser informados em milímetros, por isso devemos transformar para centímetros, para isso basta dividirmos por 10. Exemplo 1 Determine as cilindradas de um motor com as seguintes especificações técnicas: Número de cilindros: 04 Diâmetro do cilindro: 82,07 mm → 82,07/10 = 8,207 cm Curso do pistão:75,50 mm → 75,50/10 = 7,550 π = 3,14 Exemplo 2 O motor de uma moto é considerado monocilíndrico (um cilindro). Determine a cilindrada do motor de uma moto com as seguintes especificações: Diâmetro do cilindro: 56,5 mm → 56,5/10 = 5,65 cm Curso do pistão: 49,5 mm → 49,5/10 = 4,95 cm π = 3,14 O motor da moto possui 124 cc, mas na venda a indústria costuma informar 125 cc. Anexo IX: Atividades para Avaliação discutidas no 14º Encontro. 176 Anexo IX Atividades selecionadas da apostila elaborada por: Larissa de Sousa Moreira e Cíntia da Silva Gomes, discutidas no 14º encontro. Disponibilizadas várias atividades para o estudo de trigonometria utilizando-se o software Geogebra. http://www.es.iff.edu.br/softmat/projetotic/trigonometria_dinamica/Apostila.pdf, Acesso em 20 maio 2011. 1) Identifique em qual quadrante pode pertencer o ângulo apresentado em cada item, faça o rascunho do ciclo trigonométrico se achar necessário. 2) Identifique o sinal de: 3) Nos Parênteses , coloque V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas. 4) Identifique o sinal de: 5) Dadas as funções abaixo, faça o esboço do gráfico, determine o conjunto imagem, o período e a amplitude de cada uma delas.