A CONSCIÊNCIA POSSÍVEL PARA A COMUNICAÇÃO DA INFORMAÇÃO PELA OPOSIÇÃO SINDICAL PETROLEIRA NO RIO DE JANEIRO Miriam de Fátima Cruz NA DÉCADA DE 1980 Orientadora: Profa Dra Isa Maria Freire Rio de Janeiro 15 de setembro de 2006 CONTEXTO A informação como estratégia política para gerar conhecimento e discussão das propostas da Oposição Sindical Petroleira no período de 1980/90; Boletim Surgente informações de conteúdo político e ideológico já sedimentado ou em sedimentação na categoria. A informação é importante em todos os setores sociais, e fundamental no trabalho sindical, que resiste as limitações do capitalismo produzindo formas alternativas para a comunicação da informação, produzindo ou reproduzindo informações e desenvolvendo processos eficientes de divulgação. OBJETIVO GERAL Analisar o papel que a informação veiculada no Boletim Surgente exerceu no movimento sindical petroleiro do Estado do Rio de Janeiro, na década de 1980/90. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Narrar a história do movimento sindical dos Petroleiros do Rio de Janeiro no contexto na década de 1980/90; Resgatar a história e objetivos do Boletim Surgente através de entrevistas com algumas de suas lideranças. MARCO TÉORICO O estudo foi estruturado em duas partes: A Informação no Movimento Sindical Análise do Processo de Comunicação da Informação. A informação no movimento sindical A Revolução Industrial estabelece novas bases nas relações de trabalho e na estrutura social originando, duas classes sociais distintas: - Burguesia, detentora dos bens de produção; - Operariado, dispõe apenas de sua capacidade de trabalho para vender. Movimento Político e Sindical tradicionalmente fez uso de jornais e boletins para levar a informação e conscientizar os trabalhadores: 1830 – A Voz do Povo (Central de Sindicatos Ingleses); 1848- Marx e Engels - Nova Gazeta Renana; 1900 - Lênin - ISKRA (A Centelha)- jornal como organizador coletivo. Petroleiros 1947 – 1954 “O Petróleo é nosso” mobilizou os brasileiros em debates, envolvendo desde getulistas até o PCB; Outubro 1953 - sancionada a Lei 2.004, que estabelecia o monopólio estatal do petróleo; Março 1954 - Criação da PETROBRAS. Década de 60 - Campanha nacional pela encampação das refinarias de petróleo privadas: Tudo de petróleo para a PETROBRAS. Década de 80 - Os principais sindicatos de petroleiros começaram um processo de renovação que culminou com a derrota das antigas direções sindicais. 1983 - Criação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), desafiando a Lei de Segurança Nacional. Movimento Sindical: anos 1980 A conjuntura política do país (abertura política e outras questões sociais); Surgimento do “novo sindicalismo”, organizando a oposição sindical a se organizar e a criar canais de divulgação e discussão de suas idéias. Movimento Sindical: anos 1980 - Novo Sindicalismo: - Oposições (fora da estrutura sindical reunindo militantes operários de esquerda, católicos e independentes) - críticas a estrutura sindical e a política de conciliação de classes, defendiam o sindicalismo classista, independente e organizado na base e se organizavam nos locais de trabalho; Autênticos (estrutura sindical e agrupavam os setores críticos das diretorias conservadoras, conciliadoras ou “pelegas”) - defendiam o sindicalismo combativo, de massa e mobilizador. Oposição Petroleira, passa a produzir o “Informativo Surgente/ Petroleiros – Rio”, tendo como subtítulo: “Informativo da Oposição sindical – Todo apoio à CUT” (30 de outubro de 1985) Surgente SURGENTE – Poço de petróleo que produz por si mesmo e é o resultado de forças internas da natureza. Análise do Processo de Comunicação da Informação Freire (1995, p. 141) no fenômeno da comunicação humana: [a informação] representa uma forma coerente e adequada de expressão do conhecimento cujo sentido somente será decifrado por um receptor, se este transformar suas próprias estruturas de percepção e conhecimento do mundo. Barreto (1996) revendo Belkin & Robertson (1976), define informação como: estruturas significantes com a competência de gerar conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou na sociedade. No estudo da comunicação humana, o conceito de consciência possível , é fundamental e pode ser usado na abordagem das possibilidades da transferência da informação em diversos grupos na sociedade. Entretanto, esta “consciência possível” também representa uma possibilidade de comunicação de informações que pode vir a transformar a própria consciência real de uma dada classe ou grupo social. Goldmann, a partir dos estudos de Marx e Luckács sobre a consciência de classe, desenvolveu a Teoria da Consciência Possível e observou que cada classe ou grupo social, possui certa consciência das relações sociais e que o grau de entendimento dessas relações varia de uma para outra classe, o limite máximo de entendimento da visão da totalidade das relações sociais é o limite máximo que um classe social grupo pode atingir sem que haja transformação. Em A Santa Família, o conceito de consciência de classe era explicada da seguinte forma: não interessava saber o que pensa este ou aquele proletário, ou mesmo todos os proletários em conjunto, mas saber qual é a consciência de classe do proletariado. Esta é a distinção entre consciência real e consciência possível. A “consciência possível” também representa uma possibilidade de comunicação de informações que podem vir a transformar a própria consciência real de uma dada classe ou grupo social. Na perspectiva da Consciência Possível, analisamos de que forma a Oposição Sindical atuou neste processo de comunicação da informação através do Informativo Surgente. No Boletim Surgente, a consciência de classe era reforçada por algumas expressões: SINDICATO É PRA LUTAR! QUEM TEM INFORMAÇÃO TEM PODER! SOMOS TODOS PETROLEIROS! Para Goldmann no processo da comunicação, a informação não é recebida tal e qual foi transmitida, devido a estrutura mental e social do receptor, podendo ocorrer: a) A informação não será decodificada adequadamente; b) será decodificada, mas não será aceita; ou c) será decodificada e aceita. Mas, alguma coisa sempre será captada. MUITO OBRIGADA!!! informações prévias para o receptor; 2) escotomização: atinge problemas psíquicos do receptor que não aceita a informação, não a deixa ‘passar’; 3) sociológico: a mensagem fere interesses ou pontos de vista do receptor. Ex.: pesquisadores que se negam a conhecer uma teoria nova que colocaria em dúvida seus trabalhos anteriores. 4) epistemológico: a mensagem entra em conflito tanto com a consciência real do receptor quanto com a sua consciência possível. Ex.: a visão de mundo, concepções filosóficas, religiosas, de tempo e de espaço etc. A consciência possível de um grupo é atingida quando a informação é aceita pelo mesmo e faz com que o