O USO DO COMPUTADOR COMO FERRAMENTA DE MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NO
SISTEMA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – GOIATUBA – GOIÁS
Alzair Eduardo Pontes
Alzairpontes @hotmail.com
Programa De Pós-Graduação Em Administração, Universidade de Taubaté (UNITAU)
Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225 - portão 2 - Centro , Taubaté – SP - BRAZIL
Shirley Gomes Ribeiro Pontes
[email protected]
Instituto de planejamento Educacional e Estatístico (IPEE).
Av. Presidente Vargas, 1082,Goiatuba GO - BRAZIL
Moacir José dos Santos – co-autor
[email protected]
Núcleo de Pesquisa em Comunicação, Universidade de Taubaté (UNITAU)
Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225 - portão 2 - Centro , Taubaté – SP - BRAZIL
Resumo. Na atualidade, o acesso ao computador e, por consequência à internet, está muito
comum entre todas as classes sociais. A nova geração está totalmente dependente e fascinada
com as perspectivas que esses meios oferecem. A escola como instituição não está isenta a esse
processo, torna-se necessário observar como os professores estão caminhando nessa nova
perspectiva para o processo de ensino-aprendizagem. Este estudo busca observar esse caminhar
no sistema municipal de educação de Goiatuba-Goiás. No período de janeiro a março de 2012,
foram enviados 20 questionários aos professores e gestores do sistema, sendo elaborado um
instrumento de coleta, composto de 11 itens, com o objetivo de mensurar como esses
profissionais vêem o uso do computador como ferramenta colaborativa do processo ensinoaprendizagem, se utilizam softwares aplicativos e pedagógicos. E sua opinião quanto ao uso
dessas tecnologias como facilitadoras da aprendizagem. Após a avaliação dos questionários,
concluiu-se que no sistema municipal ainda é pequena a utilização dessas tecnologias, apesar da
consciência geral sobre a necessidade e importância do seu uso, da crença que essa máquina
estimula a criatividade e a autonomia dos alunos, da percepção que os alunos são usuários
frequentes do computador. A utilização de recursos computacionais na educação exige um novo
fazer pedagógico. Esse recurso modifica a forma de trabalhar a construção do conhecimento,
porém o computador é apenas um meio, o papel do professor em todo o processo educacional
tem de ser repensado a partir das metas pedagógicas e educacionais e também do sistema de
crenças e valores do professor, dos gestores, dos pais e da sociedade como um todo.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Mídias na educação; Professor e as novas tecnologias
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1. INTRODUÇÃO
O computador tem provocado profundas alterações nas relações de trabalho em todos os
setores, nas organizações políticas, administrativas e pedagógicas da escola, porém nesta última,
isso vai além, uma vez que as instituições escolares, com essa ferramenta, conseguem conectarse a pontos que estão equidistante do que ocorre em seu cotidiano, sedimentado ao longo dos
anos na arte do falar do professor e da escrita manual do aluno. Entretanto, esse fato por si só
não tem conseguido significativa transformação da escola, muito pelo contrário, as mudanças são
paulatinamente ditadas e não dependem exclusivamente do trabalho do professor.
A verdadeira integração do computador na realidade da escola supõe uma
nova organização escolar mais descentrada, um currículo mais flexível, a
instauração de novos tempos escolares, menos rígidos e programados,
mudanças no próprio espaço da sala de aula. E isto não acontece de um
dia para outro: requer tempo, ajudas específicas, incentivos, toda uma
estrutura de apoio. (FREITAS, 2008, p. 176)
Neste diapasão as mudanças exigidas para que a escola flexibilize sua organização curricular
é ditada pelos novos cenários da economia globalizada, que se apresenta como forma alternativa
de sobrevivência, exigindo do trabalhador competências e habilidades para ser inovador, criativo e
solucionador de problemas na vida cotidiana das pessoas e/ou das organizações. Segundo
Frigotto et. al. (2005, p.59): “É nesse embate de concepções de sociedade e trabalho que se
insere a disputa pela educação como prática social mediadora do processo de produção,
processo político, ideológico e cultural”.
Para tanto é fundamental que o professor se aproprie de novas formas e técnicas de ensino
para o desenvolvimento de uma aprendizagem que ultrapasse as barreiras do conhecimento tácito
e do senso comum e chegue ao nível da compreensão da relação existente entre as funções
psicológicas dos humanos e seus processos de aprendizagens, pois um dos papéis essenciais
exercidos pelo professor nessa direção é o de poder atuar como elemento de mediação entre o
sujeito aprendiz e o objeto do conhecimento, tendo clareza de que os fatores sociais, culturais,
históricos e institucionais, são elementos que além de influenciadores são determinantes dos
processos de aprendizagens, (FRIGOTTO et al, 2005).
Portanto esse estudo se justifica pela concepção de que o computador é uma ferramenta
tecnológica imprescindível no contexto escolar, pois essa ferramenta é o principal ícone da
sociedade moderna, com isso pretende-se, através de um estudo bibliográfico e uma pesquisa de
campo, mensurar a contribuição do computador como mediação pedagógica, e para a observação
do fenômeno proposto verificará o domínio dessa ferramenta por parte dos docentes do sistema
de ensino municipal, a existência de laboratórios de informática nas escolas do sistema, a
interação do aluno com o computador. Pretende-se ainda observar como o computador pode
contribuir para o processo ensino-aprendizagem dos educandos, analisar o uso que os
professores fazem do computador e a relevância que a “máquina” desempenha em suas
atividades pedagógicas, e também discutir questões referentes ao uso do computador no contexto
escolar que ainda são incipientes na atualidade, pois as novas tecnologias trouxeram grande
impacto sobre a Educação criando novas formas de aprendizado e de disseminação do
conhecimento e, especialmente, novas relações entre professor e aluno.
2. O COMPUTADOR E A EDUCAÇÃO ESCOLAR
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O uso do computador na educação, principalmente neste início de milênio, trouxe questões
que dizem respeito não só a sua utilização, mas principalmente sobre o uso de outras tecnologias.
Sendo o termo tecnologia, aqui denominado, segundo o conceito de Levy (1999), que a define
como o “conjunto ordenado de todos os recursos empregados na produção e comercialização de
bens e serviços”; no caso da educação, recursos que podem contribuir para sua eficácia, ou seja,
que podem possibilitar maior aprendizagem dos alunos. Ainda segundo o citado autor na já
referida obra, a tecnologia é produzida dentro de uma cultura e esta acaba condicionada por
aquela, no sentido de que, a partir da existência de uma dada técnica, a sociedade que a possui
acaba por não mais viver sem ela, pelas possibilidades que se abrem com essa tecnologia.
Portanto se hoje tem, na sociedade, a presença de computadores - tecnologia presente em
quase todos os âmbitos da nossa vida - essa tecnologia condicionaria a escola a também possuíla e dominá-la, pois a eletronização já é algo intrínseco à sociedade.
Valente (1998), certifica que o objetivo da utilização do computador na escola não deve ser
centrado no que o aluno desenvolve, mas na filosofia de uso do computador e como ele está
facilitando a assimilação de conceitos que permeiam as diversas atividades.
Para Mendes (2009), o computador pode ser utilizado na educação de duas formas:
a) Nas atividades de ensino através dos aplicativos auxiliadores que são programas de uso
geral tais como Word, Excel, Powerpoint, entre outros que auxiliam tanto professores como
alunos, os professores na aplicação dos conteúdos e os alunos na construção de
atividades criativas e de maior complexidade.
b) Na utilização de programas didáticos que são pacotes de auxílio ao ensino onde,
geralmente, uma equipe pedagógica formata um conteúdo mínimo a ser aplicado ficando o
professor ainda com a possibilidade de incrementar, naquilo que for conveniente,
principalmente inserindo fatos ocorridos no dia a dia como, por exemplo, os fenômenos
noticiados pela mídia e que muitas vezes implicam em descobertas cientificas, mudanças
na geografia mundial que geralmente mexe no curso da história da humanidade.
De acordo com Carraher (1992), o sucesso de um programa de computador em promover a
aprendizagem depende de sua integração ao currículo. A escolha de softwares educativos deve
ser cuidadosa, pois deve estar de acordo com as concepções presentes no currículo da escola.
A eficiência da interface homem-computador, possibilitada pelo uso de um sistema
operacional fácil de usar e manipular, somada à diminuição do custo dos equipamentos levou à
popularização do microcomputador e à sua adoção em todas as áreas de atividade, inclusive na
Educação.
2.1 O Computador entra na Escola
Para Levy (2001), toda tecnologia inserida no contexto escolar traz em sua essência a
necessidade do envolvimento de todos os agentes da escola, sendo os professores em primeiro
plano, depois os estudantes e, por último, os agentes administrativos, equipe pedagógica e a
comunidade. Todos esses agentes necessitam se capacitarem para que haja uma perfeita
interação no processo de ensino onde a aprendizagem venha ocorrer de forma estimuladora e sob
uma nova perspectiva.
Surge então o medo do desconhecido, assim como muitos mitos foram criados com a entrada
do computador na sala de aula, que chegou a ser visto como o “monstro”, mas isso sem a devida
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compreensão de que "hardware1" é o computador - palpável, físico; que "software2" é o programa
que será usado para a utilização do computador e que por trás ou frente dessas partes está o
"peopleware3" - a parte humana que comanda o conjunto. Sem as pessoas para operá-la a
fabulosa máquina de nada adiantaria.
Observa-se um crescente interesse e uma preocupação por parte dos educadores a esse
respeito. O interesse justificável pela possibilidade de novos caminhos para se alcançar uma
melhoria da qualidade de ensino. Já a preocupação seria mais por conta do desconhecimento da
maioria dos professores de como se utilizar dessa tecnologia de forma plena e proveitosa, porém
tudo isto vem sendo gradativamente dominado, deixando de existir a ameaça do desconhecido,
ficando livre o caminho da superação.
Para Freitas (2008), somente há integração do computador na realidade da escola quando
houver descentralização na organização escolar, a flexibilidade nos currículos, menor rigidez e
programação dos tempos escolares, ressalta ainda o autor, que essa dinâmica não acontece de
um dia para outro, requer uma estrutura de apoio, que perpassa por ajudas específicas, tempo e
valorização profissional.
Na opinião de Levy (1999), uma tecnologia não é boa, nem má, mas depende do uso que se
faz dela, do contexto em que se insere. A questão é definir qual tecnologia é utilizável na
educação. Porém, considerando ainda que nem todas as classes sociais tem acesso a essa
tecnologia, seria a escola o lócus para essa inserção, exemplifica Levy (2001 p.132), explicitando
o pressuposto que “é na escola que o indivíduo tem a oportunidade do aprendizado interativo e
cooperativo, sendo o principal canal de acesso para a inclusão e cidadania”. O autor afirma ainda
que o computador proporciona na atualidade que os professores aprendam ao mesmo tempo em
que os estudantes, oportunizando a atualização continua tanto dos saberes quanto das
competências didático-pedagógicas do educador.
O computador na sala de aula oportuniza o aluno a buscar uma série de oportunidades, e é
responsabilidade do professor fazer a mediação para que essas informações sejam uma
construção de saberes de forma responsável e autônoma, pois o aluno aos poucos vai se
familiarizando com a “máquina” e começa a navegar por caminhos novos na busca de outros
conhecimentos que certamente ultrapassam as fronteiras daqueles delimitados pela capacidade
humana do professor.
Diante a essa realidade, há os defensores de que o computador pode, sim, facilitar e até
mesmo agilizar a dinâmica das aulas e do professor aumentando a seara de idéias e acesso a
informações, principalmente as informações mais recentes, entre outras possibilidades que no
caso são infinitas. No lado oposto, ou seja aulas tradicionais sem o uso mediação tecnologica, o
aluno fica limitado ao conhecimento do professor e ao livro didático.
2.2. Computador e o Processo de Ensino Aprendizagem
Determinar a importância desta ou daquela tecnologia, em termos de ajudar o aluno na
construção do conhecimento tem sido uma preocupação recorrente de muitos educadores. A
pergunta que mais se busca resposta na atualidade é quais recursos são válidos para que os
alunos avancem no processo de aprendizagem? No cenário atual, não há como negar que a
1
Hardwere é a parte física do computador, ou seja, é o conjunto de componentes eletrônicos, circuitos integrados e
placas, que se comunicam através de barramentos.
2
Software é a parte lógica, ou seja, o conjunto de instruções e dados processado pelos circuitos eletrônicos do
hardware. Toda interação dos usuários de computadores modernos é realizada através do software, que é a camada,
colocada sobre o hardware, que transforma o computador em algo útil para o ser humano.
3
O peopleware é a parte humana que se utiliza das diversas funcionalidades dos sistemas computacionais.
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presença da informática na educação é importante, é inevitável, dado que o computador tornou-se
objeto sócio-cultural integrante do cotidiano das pessoas.
De acordo com Zambalde et al. (2000) define-se informática como o ramo do conhecimento
que cuida dos conceitos, procedimentos e técnicas referentes ao processamento ou tratamento de
conjuntos de dados. O processamento de dados consiste em qualquer atividade que envolva o
recebimento de dados brutos (entrada), a manipulação desses dados (processamento) e a sua
consequente adequação em informação específica (saída).
A tarefa de processar dados, em informática, é realizada pelo que se denominou sistema ação conjunta de equipamentos, instruções e pessoas, objetivando a solução de um determinado
problema. Os equipamentos são os computadores e seus periféricos, tais como teclado, mouse,
drive, monitor e impressora, denominados hardwares (recursos físicos). As instruções ou
comandos são programas, como sistema operacional, planilha eletrônica, contabilidade e folha de
pagamento, denominados softwares (recursos lógicos). As pessoas são profissionais e/ou
usuários, utilizando o hardware e o software, tais como digitador, programador, operador, analista,
trabalhador, professor, estudante e pesquisador (recursos humanos).
Segundo Schaff (1995), percebe-se, que nos últimos anos, há um interesse e uma
inquietação bem visível no meio educacional a respeito da inserção do computador na escola. O
interesse parece justificar-se pela possibilidade de novos métodos para se alcançar uma melhoria
da qualidade de ensino; mas percebe-se que o grande dilema talvez fique por conta do medo da
substituição do homem pela máquina.
Porém esse “medo” não pode ser o vetor ou mesmo interferir em um processo que na visão
de Kenski (1998), é inevitável nos dias atuais, pois ele ensina que as velozes transformações
tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e aprender. É
preciso que se esteja em permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo.
Confirmando essa teoria, encontra-se nos documentos oficiais do Ministério da Educação a
clara menção para uma indispensável orientação na formação de professores para a educação
básica, onde temas como fazer uso das novas linguagens e tecnologias sejam considerados no
âmbito do ensino e da gestão, de forma a promover a efetiva aprendizagem dos alunos. Inclusive
levando os cursos e licenciaturas a dotarem em seus currículos disciplinas voltadas ao
conhecimento e à prática da utilização de tecnologias, principalmente de computadores, como um
recurso para o desenvolvimento do processo de ensino.
2.3. O Uso do Computador pelo Professor
Muito se tem questionado, por parte dos professores, com relação ao computador como
prática educacional, assim como, aos menos informados, há um grande receio do uso, em virtude
de acharem que podem ser substituídos pela máquina.
Como descrito por Tarja (2001), é necessário que os professores sejam capacitados no
âmbito desta nova realidade educacional, que estejam preparados para superarem os obstáculos,
pois é fundamental que ele saiba analisar, de forma crítica, a integração dessa nova tecnologia
com sua prática de ensino. Esse autor alega que:
O professor deve estar aberto para mudanças, principalmente em relação
à sua nova postura: o de facilitador e coordenador do processo de ensinoaprendizagem; ele precisa aprender a aprender, a lidar com as rápidas
mudanças, ser dinâmico e flexível. Acabou a esfera educacional de
detenção do conhecimento, do professor “sabe tudo”. (TARJA, 2001,
p.114)
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Do ponto de vista de Valente (1999), Mudar a visão e desenvolver capacidades para perceber
os novos recursos que as tecnologias põem à disposição é mais do que receber treinamento para
manusear o computador. O autor afirma que:
A formação do professor para ser capaz de integrar a Informática nas
atividades que realiza em sala de aula deve prover condições para ele
construir conhecimento sobre as técnicas computacionais, entender por
que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e ser capaz
de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Essa prática
possibilita a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma
abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de
problemas específicos do interesse de cada aluno. Finalmente, deve-se
criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado
e as experiências vividas durante a sua formação para a sua realidade de
sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus alunos e os
objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir (VALENTE, 1999, p.39).
Em Almeida (1998), encontra-se o seguinte ensinamento:
Para que o professor tenha condições de criar ambientes de aprendizagem
que possam garantir esse movimento (contínuo de construção e
reconstrução do conhecimento) é preciso reestruturar o processo de
formação, o qual assume a característica de continuidade. Há necessidade
de que o professor seja preparado para desenvolver competências, tais
como: estar aberto a aprender a aprender, atuar a partir de temas
emergentes no contexto e de interesse dos alunos, promover o
desenvolvimento de projetos cooperativos, assumir atitude de investigador
do conhecimento e da aprendizagem do aluno, propiciar a reflexão, a
depuração e o pensar sobre o pensar, dominar recursos computacionais,
identificar as potencialidades de aplicação desses recursos na prática
pedagógica, desenvolver um processo de reflexão na prática e sobre a
prática, reelaborando continuamente teorias que orientem sua atitude de
mediação. (ALMEIDA, 1998, p. 02)
A utilização da informática na educação deve ser analisada como processo de modernização,
renovação e troca de resultados. Gates (1995), afirma que a capacidade para a inovação será
muito importante para que sejam superadas as desigualdades sociais e culturais entre classes e
povos:
A educação não é a resposta total para todos os desafios criados pela Era
da informação, mas é parte da resposta, da mesma maneira que a
educação é parte da resposta para uma gama dos problemas da
sociedade. (...) A educação é o grande nivelador da sociedade, e toda
melhoria na educação é uma grande contribuição para equalizar as
oportunidades, (GATES,1995, p. 316).
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
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Este estudo aconteceu no município de Goiatuba-Goiás especificamente no Sistema
Municipal de Ensino, com a finalidade de descrever a forma como está sendo utilizado o
computador no processo de mediação pedagógica, estabelecendo a conexão entre a necessidade
do aluno e o domínio da ferramenta por parte dos professores. Procurou-se, para isso, efetuar um
levantamento de aspectos importantes, dos pressupostos sobre o papel do computador no âmbito
escolar, mas especificamente na sala de aula.
Quanto aos meios, foram utilizados a pesquisa de campo na forma de aplicação de um
questionário e a pesquisa bibliográfica a partir de fontes secundárias como livros, artigos,
dissertações e teses, alguns desses inclusive postadas em rede eletrônicas.
Quanto ao tratamento dos dados, a análise pode ser classificada de forma qualitativa e
quantitativa, pois se trabalhou com dados que não podem ser quantificados, uma vez que são
deduções entre as respostas mensuradas no instrumento de coleta versus a teoria defendida
pelos autores utilizados como referencial teórico e outros dados perfeitamente quantificados no
questionário aplicado, sendo a amostra representada por 10% do universo, que é compreendido
pelos professores do sistema municipal de ensino de Goiatuba GO, no período de janeiro a março
de 2012.
4. RESULTADOS
Neste item serão apresentados e analisados os resultados inerentes ao trabalho de campo
realizado junto aos professores do sistema municipal de ensino, quanto ao uso do computador
como mediação do processo ensino-aprendizagem. Diante da metodologia utilizada para a coleta
de dados, aplicação de questionário, os resultados para as 11 questões fechadas foram:
Para a questão número 1 (um) onde foi inquirido, ao professor, em qual ambiente acontece
seu acesso ao computador, 85% responderam que em suas residências, e apenas 15%
apontaram para o acesso nos dois ambientes, escola e residência. Esses dados afirmam o
pensamento de Kenski (1998) quando a autora ressalta que é inevitável, nos dias atuais, o
domínio do computador por todos os agentes da escola, pois ele afirma que as velozes
transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar
e aprender, o que necessariamente passa pela utilização das novas tecnologias. O resultado
demonstra que os professores do sistema estão se esforçando para dominar essa ferramenta, que
ao longo deste estudo, tem se caracterizado como imprescindível para a mediação do processo
ensino-aprendizagem, o que em parte responde um dos objetivos deste trabalho que é mensurar
o domínio do computador por parte dos professores do Sistema.
Esse resultado demonstra que os professores estão se preparando e que já têm acesso ao
computador, mas em contrapartida mostra uma outra realidade: as escolas não estão
disponibilizando os meios necessários para uma verdadeira interação dos multimeios no processo
de ensino-aprendizagem, haja vista que o professor está tendo mais acesso ao computador em
sua residência onde as atividades de planejamento são executadas.
Quando perguntado aos professores qual seu domínio de aplicativos como Word, Powerpoint
e Internet (questão 2), a resposta foi 50 % com domínio total e outros 50% com domínio parcial
para os aplicativos citados, outro ponto positivo a favor dos educadores uma vez que, segundo os
autores citados neste estudo, os sistemas operacionais, os softwares, são ferramentas
imprescindíveis para criar ambientes de aprendizagem. Essa indagação também responde ao
objetivo de mensurar o domínio do computador por parte dos docentes.
Em relação à infraestrutura disponibilizada pela unidade escolar, foi perguntado se existem
laboratórios de informática nas escolas, questão 3 (três), 50% afirmam que sim, porém outros
50% afirmam que não, isso mais uma vez demonstra que a escola não está preparada para
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disseminar a cultura através da eletronização de seus processos, o que responde ao objetivo de
pesquisa “existência de laboratório de informática na unidade educacional”.
Na opinião dos professores, diante das respostas mensuradas na questão 4 (quatro), 60%
dos alunos têm acesso ao computador apenas na escola, enquanto 20% tem acesso em suas
residências e outros 20% frequentam as Lan House4 para terem acesso ao computador. Esse
quesito respondeu com positividade a outro objetivo que era o de verificar o acesso dos alunos ao
computador e restou comprovado que 100% dos alunos têm acesso a essa tecnologia mesmo que
de forma precária e limitada.
Outra questão levantada foi se a capacidade de manuseio do computador por parte dos
alunos permite aos professores utilizá-lo como processo de mediação pedagógica, 80% dos
professores entendem que sim. É provável que os 20% que não creem que o conhecimento
possuído pelos alunos referente ao domínio do computador seja creditado às limitações que ainda
existem para o acesso pleno a esse recurso.
Quando perguntado aos docentes se os mesmos utilizam o computador para planejarem suas
atividades de ensino, 100% afirmaram que sim, o que demonstra a necessidade da escola
proporcionar a utilização da ferramenta em sala de aula, pois uma aula preparada no computador,
se aplicada com seu auxílio, certamente ficará mais atraente devido à possibilidade de
visualização de figuras e movimentos que proporcionam uma maior memorização da informação a
ser transmitida. Essa pergunta também tem nexo com o objetivo de mensurar o domínio do
computador por parte dos professores do Sistema, já comentada na questão 1 (um).
Diante das respostas da questão 7 (sete), onde 70% dos docentes responderam que levam
os alunos ao laboratório de informática da escola, fica evidenciado a necessidade do uso do
computador como recurso didático, porém considerando as respostas da questão 3 (três), onde se
afirma que em 50% das escolas não existe esse espaço, há de se concluir que a falta de acesso
por parte dos alunos ainda é fator a ser repensado pelas políticas públicas para a área de
educação no município estudado. Essa propositura procurou analisar o uso do computador por
parte dos professores o que corresponde a um dos objetivos deste estudo.
Essa conclusão acima é corroborada pela resposta à questão 8 (oito), onde os professores
classificaram como importante 15% e muito importante 85% o uso do computador para as
atividades docentes, ou mesmo na resposta à indagação “você entende que os estudantes se
tornam mais criativos quando se usa o computador para mediação pedagógica” quando 100% dos
docentes responderam que sim.
E na sequência veio a confirmação do fenômeno já evidenciado em outros questionamentos
apontados no instrumento de coleta, os professores ao serem inquiridos se o computador na
atualidade já está “dentro” da sala de aula, apenas 35% responderam que sim, 15% afirmaram
que não e 50% responderam que o computador está parcialmente inserido na sala de aula.
Quando perguntado aos docentes se há desvantagem no uso do computador em sala de
aula, questão 11 (onze), houve significância para as respostas induzidas “dispersão da turma”,
“difícil controle aos acessos” e “muitos alunos para apenas um professor” sendo este último válido
para sala de informática. Porém o que mais mereceu atenção foram os apontamentos
espontâneos grafados em alguns dos instrumentos de coleta: “falta de experiência”, “falta de
capacitação em curso básicos (Word, Excel etc..”, “poucos computadores para muitos alunos”.
Para fechar, fica o registro apontado por um professor do Sistema: “seria bom se todos nós,
professores e alunos, soubéssemos manusear bem o computador”.
4
Lan House é o estabelecimento no qual é oferecido o uso de computadores ligados em rede para acesso à internet e
programas. Em geral, é um centro de entretenimento, educação e cultura, localizados em diversos pontos das cidades, e
que normalmente é cobrada uma taxa dos usuários.
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8. CONCLUSÃO
Com o passar dos anos, a eletronização ganha cada vez mais espaço no mundo. Hoje grande
parte dos bens que as pessoas possuem são adquiridos ou manuseados por meio eletrônico. Os
meios digitais estão cada vez mais presentes nos supermercados, lojas, indústrias, agricultura...
no entanto, não tão presente nas escolas. A educação não pode ficar à margem desse processo,
indispensável para a formação plena do indivíduo.
Parafraseando Levy (2001), pode-se deduzir que, no mundo atual, a sociedade passa por
diversas transformações sociais, culturais e até então tecnológicas, o que desencadeia a
necessidade de acompanhar essas evoluções, uma vez que as mesmas são de fundamental
importância para o progresso de um indivíduo numa sociedade, sendo a utilização do computador
no processo educativo, desde as séries iniciais, uma oportunidade de ampliar o conhecimento dos
alunos na escola e contextualizado com as demandas da sociedade e do mundo do trabalho.
O uso do computador na educação deveria estar fomentando novas nuances na abordagem
pedagógica vigente e não apenas colaborar, com o professor, na aplicação de seus conteúdos ou
mesmo melhorar a performance tornando mais eficiente o processo de transmissão de
conhecimento.
É preciso existir uma aliança na utilização de novas tecnologias, buscando a possibilidade de
criar e transformar conhecimentos estimulando a comunicação entre as pessoas e visando a
expansão da autonomia pessoal nos processos de aprendizado, e isso só vai acontecer com uma
junção de esforços dos agentes da escola, evidentemente que contrabalanceado por uma política
pública voltada para atender as demandas educacionais.
Ficou ainda evidenciado, neste estudo, que o desenvolvimento tecnológico tem colocado o
computador como instrumento de auxílio no processo de ensinar e aprender no ambiente escolar.
Esse instrumento, segundo os autores pesquisados e as respostas mensuradas no instrumento de
coleta, demonstra que cada vez mais o uso do computador é uma realidade no cotidiano das
famílias, com isso não poderá ser o ambiente escolar diferente da realidade já vivenciada pelos
educandos e educadores, pois nada adianta o professor planejar sua aula em casa utilizando seu
próprio computador e chegar à escola e não ter a mesma ferramenta à sua disposição para aplicar
seu plano de aula utilizando os recursos que melhor ilustra o conteúdo planejado; da mesma
forma, se o aluno tem o acesso apenas fora do ambiente escolar, é provável que possua
informações além daquelas que estão sendo repassadas pelo professor o que pode tornar as
aulas pouco atrativas.
Os aspectos positivos deste estudo foram a constatação quanto ao domínio do computador
por parte dos docentes do sistema de ensino municipal onde, em sua plenitude, os mesmo
utilizam da ferramenta como meio de planejar suas aulas; ficou comprovado que os alunos são
plenamente inteirados com o computador; foi ainda mensurado, diante das respostas dos
professores, que o computador pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem dos
educandos, mas para que isso ocorra efetivamente há a necessidade de ampliação do acesso; é
também notório que os docentes utilizam computador e entendem ser muito relevante o seu uso
para desempenhar sua atividades.
Como aspectos negativos ficou registrado que apenas 50% das unidades escolares possuem
laboratórios de informática, segundo os professores os alunos ainda não têm acesso pleno ao uso
do computador, tendo que recorrer a Lan house para realizarem pesquisas ou mesmo acessarem
a internet; a falta de uma capacitação especifica para os professores utilizarem melhor o
computador no processo de ensino-aprendizagem; e, por último, mesmo nas escolas que
possuem computadores o número de máquinas são insuficientes para atender o alunado.
Diante de todo o exposto, a incógnita norteadora deste estudo que se traduz em verificar se o
computador vem contribuindo com a mediação pedagógica no sistema municipal de educação da
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cidade de Goiatuba-Goiás, diante dos aspectos positivos e negativos mensurados, pode-se
afirmar que a utilização do computador em sala de aula no sistema estudada é uma realidade,
pois já existe uso da ferramenta o que demonstra que as fronteiras da educação convencional já
foram ultrapassadas, oportunizando as escolas a uma renovação da forma de se trabalhar os
conteúdos de ensino, tendo o educador a obrigatoriedade de estar consciente de que a forma de
ensinar na atualidade contempla um vocabulário com nomenclatura composta por termos como:
teclado, mouse, hardwares, softwares etc..., e saber empregá-los é fundamental para o êxito na
missão de transmitir e/ou construir conhecimentos.
Tendo em vista os aspectos observados, espera-se que este estudo oportunize uma reflexão,
por parte dos agentes da escola, no sentido de melhorar a educação incorporando cada vez mais
as novas tecnologias no processo educativo de seus alunos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M, E. B. A informática na Escola – PUC-SP 1998.
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