CULTURA E CAPITAL SOCIAL: UMA VISÃO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL Edluce J R Silva Fabio Ricci Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional Universidade de Taubaté (UNITAU) Rua Visconde do Rio Branco, 210 – 12.020-040 – Taubaté/SP, Brasil Resumo. O presente artigo faz uma relação entre cultura e capital social com foco na possibilidade de desenvolvimento local. A proposta não é esgotar o tema, mas sim despertar a perspectiva de fomento a cultura e incentivo ao capital social como aspectos essenciais para estudiosos e grupos de poderes locais em busca de novas possibilidades de promoção regional. A origem da cultura como é amplamente e tradicionalmente discutida, nesse trabalho será abordada de forma simplista, porém com importantes definições. Entretanto o tema capital social por ser relativamente novo e contraditório, será um pouco mais debatido e conceituado. No entanto a reflexão que será feita sobre o desenvolvimento regional será totalmente a luz dos dois primeiros conceitos, porém, cabe enfatizar que desenvolvimento regional não pode ser visto somente desse prisma, existem outros importantes setores que buscam o mesmo objetivo, como por exemplo, economia política, políticas públicas, associativismo, dentre outros. O resultado esperado para esse artigo foi alcançado, uma vez que, identificamos que os aspectos culturais estão inseridos no capital social, que por sua vez, se for acumulado pode favorecer o enfrentamento das questões relacionadas à coletividade, consequentemente o desenvolvimento local e regional. Palavras Chaves: Desenvolvimento Regional, Capital Social, Cultura. 1. INTRODUÇÃO Bandeira (1995, p5) enfatiza a importância da participação da sociedade civil e da articulação de atores sociais para as ações relacionadas com a promoção do desenvolvimento. “A construção de redes sociais e a consequente aquisição de capital social estão condicionadas por fatores culturais, políticos e sociais.”(MARTELETO E SILVA, 2004, P.4). Com base nessas afirmações é que inicia-se a discussão de que a cultura e o capital social podem promover ações para o desenvolvimento regional e local. Esse artigo foi dividido em três partes igualmente importantes: na primeira falaremos um pouco sobre a definição do escopo da cultura, apresentaremos uma linha de pensamento e a seguiremos por todo o trabalho. O pensamento apresentado será o do autor Geertz (1978) que há mais de três décadas apresentou a cultura como consequência de simbolismo, ou seja, os indivíduos ou grupos se manifestam ou repetem suas ações baseados em significados simbólicos individuais ou coletivos. Essas manifestações é que caracterizam o processo de construção cultural. A segunda parte do artigo fala sobre a conceituação do capital social e a identificação dos seus atores sociais. Esse capítulo vai tratar um pouco mais minuciosamente da importância da construção redes de relacionamentos, bem como de seus processos de estruturação, pois é através desse estudo que chegaremos a definição de que nosso objeto de estudo pode promover o desenvolvimento. The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 Como afirma Carniello e Santos (2011, p.1.A) “O capital social é uma das teorias que permite compreender diferenças regionais. Constitui-se pela rede de relações duráveis entre indivíduos que permite o alcance de objetivos comuns.” Na terceira parte desse trabalho apresentaremos definições e justificativas de importantes pesquisadores acerca da probabilidade de desenvolvimento regional através do fomento ao objeto aqui estudado. Faremos uma reflexão para dar margem a novos estudos, mais aprofundados. Lembrando que essa é apenas uma vertente do fomento regional. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Definição de cultura O conceito cultura é extremamente antigo e com inúmeras variáveis. Portanto, para esse trabalho serão apresentados escopos tradicionais e de entendimento simples. Seguiremos uma linha de raciocínio similar a de Geertz que defende a cultura como essencialmente semiótica, “não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado” (GEERTZ,1978, p2.). Seguindo esse pensamento podemos enfatizar a definição de cultura exposta por Rattner (2003) que afirma ser a união de sabedoria, crenças, valores, artes, normas e tradições adquiridos por pessoas pertencentes a grupos sociais independente de localização e tempo, ou seja, cada grupo terá o seu conjunto de aspectos que constituirá a cultura daquele grupo. O mesmo autor continua: Sendo a parte “aprendida” do comportamento humano, a cultura em seus variados aspectos confere “sentido” à vida dos seres humanos, que se comportam de acordo com as normas e valores codificados em sua linguagem de símbolos que, em seu conjunto, configuram o estilo de vida do grupo, da comunidade e da sociedade. Sua função básica é manter a coesão do grupo de seus portadores, resistindo às mudanças introduzidas por processos econômicos e políticos, internos e externos. (RATTNER, 2003, p 4 e 5.) Segundo Lopes (1995, p.23) a origem da cultura pode ser destacada como “um conjunto de transformações, apropriações e interpretações que o homem realiza junto à natureza”. O autor acima destaque que a cultura na relação homem X natureza, se estrutura de acordo com a intencionalidade do homem em relação ao natural e ao social, como por exemplo, a força da intenção do trabalho para transformar algo e modificá-lo gera uma interferência no natural que dá início a construção do social, por sua vez, da início ao desenvolvimento da cultura. Laria (1986, p.17) afirma que a cultura pode ser adquirida em qualquer lugar e em qualquer tempo, independente de laços familiares. Ele explica que “Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde início em situação conveniente.” Essa colocação do autor, reafirma a posição de Geertz, uma vez que os um símbolos vivenciados é que predominam a criação cultural do indivíduo. Laria (1986) faz uma analogia a uma criança sueca transferida para o Brasil logo após seu nascimento, ele afirma que se ela for criada por sertanejos, não se diferenciará mentalmente em nada do seu irmão brasileiro. Com as colocações acima, percebemos que realmente a semiótica predomina o processo de construção cultural de uma pessoa ou grupo. Podemos enfatizar que os símbolos percebidos e vivenciados é que fazem sentido e dão valor às crenças e valores que conduzem a conduta The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 humana. “a cultura é composta de estruturas psicológicas por meio das quais os indivíduos ou grupos de indivíduos guiam seu comportamento.”(MILANI, 2003, p.1) 2.2 Escopo de capital social A definição do capital social é apresentada por Maciel Filho (2010) como estando necessariamente ligada às relações interpessoais fundamentadas em reciprocidade e confiança social, e que independente do grupo familiar em que estão inseridas, sempre geram processos de cooperação organizados entre as redes de relacionamentos. A rede é o conjunto formado pelos atores que compartilham um mesmo interesse, num processo de reconhecimento mútuo. O conjunto dos recursos individuais é, assim, transformado em recurso coletivo (DEGENNE, 2004) e (MERTENS, 2011). Nesse contexto percebemos que autores enfatizam que o capital social é decorrente de relações em redes, ou seja, é decorrente de ações coletivas estruturadas. A aplicação de conceitos da Teoria da informação ao contexto das redes sociais oferece um suporte epistemológico para os questionamentos que surgem quanto à eficiência das redes, contribuindo ainda para a análise da relação que se estabelece entre os laços sociais e o seu potencial de utilidade para alcançar determinados fins. (CASTRO, 2008, P.134) Como afirma Coleman (apud CASTRO, 2008): O capital social é definido por sua função. Ele não é uma identidade única, mas uma variedade de identidades, com dois elementos em comum: todas elas consistem em algum aspecto de estruturas sociais e elas facilitam certas ações dos atores - seja pessoas ou atores corporativos dentro da estrutura. (COLEMAN, 1998, P. 98 apud CASTRO 2008, P. 135) Essas afirmações enfatizam que o capital social pode ser constituído por atores sociais individuais ou coletivos, familiares ou profissionais, dentre outros. Podemos destacar também que os atores sociais podem se públicos os privados, naturais ou estimulados. Para Macke, Carrion e Dilly (2010) as organizações não atuam no mesmo âmbito do Estado, ou seja, possuem seu próprio modo de gestão social, mesmo que em muitas vezes o público e o privado se unam para fomentar o desenvolvimento dos grupos e redes de relacionamentos. Nesse caso de união destaca-se o objetivo do capital social, ou seja, o objetivo da coletividade, como afirma Bandeira (1999, p.12): Segundo estudos recentes, o capital social – que é composto por um conjunto de fatores de natureza cultural que aumenta a propensão dos atores sociais para a colaboração e para empreender ações coletivas – constitui-se em importante fator explicativo das diferenças regionais quanto ao nível de desenvolvimento. Além dessa união, as organizações precisam buscar informações e atualizações nos grupos de relacionamentos em que elas estão inseridas, independente dos grupos internos que as formam (ANAND, GLICK, E MANZ, 2002, p.57). Como afirmam os mesmo autores: The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 As organizações operam hoje em um mundo de crescente complexidade em que o conhecimento, em constante evolução, põe em evidência a necessidade de se buscar informação fora dos limites fronteiriços formais. Sendo assim, grandes quantidades de conhecimento são adquiridas de fontes externas, processo consumado quando as organizações estendem seus vínculos a organizações e indivíduos de fora. A participação da sociedade civil e da articulação de atores sociais para as ações relacionadas com os problemas sociais e com a promoção do desenvolvimento local, se fazem necessárias no processo de construção e fomento, na medida em que suas ações estejam direcionadas para a geração do capital social (BANDEIRA, 1999) e (MACKE, CARRION E DILLY, 2010). A autora Sacchet (2009) realizou pesquisas sobre o capital social e a representação política no Brasil, dessa forma, percebeu que as sociedades com índices mais altos de capital social têm maior igualdade social e política de gênero. Ela igualmente afirma que esse alto índice também contribui para promover a equidade política entre homens e mulheres. Os quadros abaixo, enfatizam claramente algumas práticas e valores que fomentam, incentivam e interferem na construção dessas redes de relacionamentos: Quadro 1 Interdependência entre Capital Social, Estrutura e Cognição Capital Social Fontes Manifestações Elementos Estruturais Elementos Cognitivos Redes e Relações Normas Interpessoais Crenças Papéis e Regras Atitudes Procedimentos e Valores Precedentes Fatores Dinâmicos Organização Social Confiança Domínios Ligações Horizontais e Cooperação Verticais Elementos Comuns Expectativas que levam ao comportamento cooperativo que geram benefícios mútuos. Fonte: Silva, Pereira e Alcântara (2012, p.23) Quadro 2 Síntese de algumas definições de Capital Social The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 Fonte: Milani (2003, p. 16, 17 e 18) A estrutura dos quadros apresentados pelos autores mostra que a construção do capital social é algo sistemático e ordenado, consequentemente entendemos que o resultado dessa constituição só se concretiza com elementos (redes, organizações e agrupamentos) e indivíduos racionais com objetivos de benefícios coletivos. Para Tonella (2003) um determinado grupo poderia ser entendido como a capacidade da mobilização em benefício da coletividade. Outro prisma desse contexto é apresentado por Degenne (2004, p.303): A estrutura social é piramidal; nela existe certa congruência de status. Nesse sentido, o capital social de um indivíduo depende da posição dos membros da sua rede no sistema de estratificação. As trocas são mais fáceis entre pessoas com posições de status próximas do que entre pessoas com status muito diferentes. Percebe-se que mesmo com indivíduos racionais, elementos determinados e objetivos organizados, a relação com os membros mais próximos, normalmente família e grupos de trabalhos, são extremamente fundamentais no processo de construção de uma rede. Ficando para segundo plano os atores sociais menos influentes. Essa denominação “menos influente” se caracteriza simplesmente pelo contato menor, ou seja, no primeiro plano existe uma facilitação para a circulação da informação, uma pré-disposição à credibilidade e à confiança e ainda, uma identificação ao pertencimento (DEGENNE, 2004). Sacchet (2009) também afirma que os atores mais influentes nas redes “...são compostos por pessoas que têm experiências similares e estão relacionados às questões da vida familiar e comunitária - vizinhança - e da fé religiosa.”. The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 Um aspecto aparentemente negativo do capital social é apresentado por Sacchet 311): (2009, p. O acesso aos recursos do CS e a sua natureza seriam estruturalmente influenciados pela posição social dos indivíduos, assim como grupos em posições de poder podem fazer uso do seu CS para excluírem outros grupos. Ou seja, o CS pode ser um recurso também utilizado para a exclusão. Diante dessa nova visão, percebemos que o capital social pode trazer com a mesma intensidade os benefícios mútuos e os interesses coletivos impresumíveis, como por exemplo, a exclusão de um ou mais membros da rede, sejam eles indivíduos os organizações. 3. UMA VISÃO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL Na atualidade, com as incertezas quanto à efetividade do desenvolvimento, e a insegurança em definir modelos tradicionais baseados em economia e políticas públicas, faz-se necessário à análise de novos conceitos, como o capital social e seus atores sociais, bem como a promoção da cultura, que por sua vez, tem papel proeminente na busca do desenvolvimento (RATTNER, 2003). Estaremos verdadeiramente investindo em desenvolvimento se incentivarmos o crescimento das redes de relacionamentos, assim como afirma Macke, Carrion e Dilly (2010, p.850) “todas as suas dimensões, uma vez que promovem a troca de experiências, fortalecem os relacionamentos e melhoram a estrutura dos programas através da atuação em redes e não mais de forma isolada.”. E ainda conclui: “Por isso, faz-se necessário criar uma rede de atuação no campo social, onde a sociedade seja vista como um todo e não de forma fragmentada.”. Macke, Carrion e Dilly (2010, p.850) Como afirma Manfredini (2005, p29.): Para o alcance efetivo da sustentabilidade das nações exigi-se profundas mudanças estruturais, culturais, além de uma mudança nos paradigmas que regem os modelos econômicos e sociais. Na literatura encontram-se como principais explicações para este fato, a falta de visão a longo prazo e a mudança do individualismo para o coletivo. Com base nessas colocações ressaltamos que as ações coletivas podem promover mudanças sociais e consequentemente o desenvolvimento democrático. Manfredini (2005) também ressalta que as manifestações culturais certamente são alternativas de mudar processos de desenvolvimento de comunidades em geral, principalmente através da conscientização das problemáticas sociais e dos problemas da localidade. Outro ponto de vista sobre o tema estudado é que grupos com elevado capital social apresentam altos desempenhos na sociedade civil organizada (Weisz e Vassolo, 2004). Assim Como afirma Franco (2001) apud Castro (2008, p.135) “...onde existe capital social, as sociedades exploram melhor as oportunidades que se apresentam e tornam-se mais fortes; as instituições funcionam melhor e as organizações tornam-se mais eficientes”. Os autores acima citados corroboram o conceito de que o capital social deve ser estimulado e incentivado para que as regiões se desenvolvam no âmbito social, para consequentemente se desenvolverem economicamente. The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 As regiões com práticas associativistas e redes de solidariedades normatizadas e tradicionais, tendem a ser mais desenvolvidas economicamente, garantindo um melhor nível de bem estar e qualidade de vida, ou seja, podemos dizer que há uma relação direta entre redes consolidadas e capital social (MARTINS E LOTTA, 2010). A premissa dessa concepção baseia-se na existência de redes de relações formais e informais que, pautadas na cooperação e reciprocidade, são elementos de fomento ao desenvolvimento. Os estudos contemporâneos sobre desenvolvimento indicam as práticas participativas como elementos constitutivos dos processos de desenvolvimento regional. (CARNIELLO E SANTOS, 2011, p.171. B) Bandeira (1999) também estuda essa questão e afirma que “Tal é sua relevância que se parte da premissa de que a cooperação é uma das variáveis que explica as diferenças rumo ao desenvolvimento de uma região.”. Um estudo realizado por Khan e Silva (2003), em uma cidade do interior do Ceará, mostrou que a melhoria na qualidade de vida pode ser desenvolvida com base no resultado do impacto da reformulação das redes sociais, isto é, foi realizado um estudo com redes de relacionamentos pobres, e identificou-se que um enfoque para fortalecer a credibilidade e confiança, gera o desenvolvimento do capital social. Rattner (2003, p.6) explica um outro aspecto positivo do incentivo a cultura no processo de desenvolvimento, aspecto esse que colabora indiretamente através da melhoria nas relações sociais e da participação popular. Desenvolvendo uma ampla variedade de programas, os espaços culturais podem oferecer opções alternativas de identidade, pertinência e participação social. A família, instituição social básica de integração social, seria a principal beneficiada por programas culturais, reforçando os vínculos afetivos e espirituais que contribuem à melhoria do rendimento escolar das crianças e no desenvolvimento de sua inteligência emocional e criativa. Deste modo, evidencia-se que “o acúmulo de capital social favorece o enfrentamento dos desafios relacionados à efetivação do desenvolvimento local”. (CARNIELLO e SANTOS, 2011, p.178 .B). 4. MATERIAIS E MÉTODOS Para a elaboração desse artigo foram realizadas técnicas de delineamento de pesquisa com Fontes de Papel, com análises documentais e pesquisas bibliográficas já validadas para a construção do referencial teórico e definição do tema abordado. A pesquisa bibliográfica foi realizada no período de 15 de junho a 14 de outubro de 2012, através do banco de dados da Scielo, Anpad, Periódicos Capes, e dissertações da Biblioteca da UNITAU. As palavras chaves para a busca de artigos científicos relevantes foram capital social, cultura, aspectos culturais e desenvolvimento regional. The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 Portanto, apesar das limitações dos métodos utilizados foi possível a construção do escopo da cultura e do capital social, bem como justificar as possibilidades de desenvolvimento local apresentadas. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Evidencia-se que o tema apresentado ainda exige estudos mais amplos, bem como pesquisas com fonte de dados mais especificas e direcionadas. A proposta do artigo foi corroborar a ideia de que a cultura aliada aos demais atores sociais do capital social, pode promover o desenvolvimento local. Como apresentado nos resultados da pesquisa realizada por Manfredini (2003) no bairro dos Marins da cidade de Piquete/SP, o as ações participativas provenientes do incentivo a cultura podem promover o desenvolvimento de uma região, através da construção de um planejamento estratégico que trace ações a longo prazo. Cabe ressaltar que o planejamento estratégico não é a única fonte de promoção do desenvolvimento, podemos citar outros exemplos, como a mudança opcional de comportamento dos indivíduos ou grupos objetivando o crescimento tradicional, seja nas escolas, nos trabalhos, nas redes de relacionamentos e em todos os processos coletivos. Milani (2003, p.10) justifica a afirmação acima: Chamada diversamente de etnociência, análise componencial ou antropologia cognitiva (hesitação terminológica que reflete uma in certeza profunda), essa escola de pensamento afirma que a cultura é composta de estruturas psicológicas por meio das quais os indivíduos ou grupos de indivíduos guiam seu comportamento. Como afirma Carniello e Santos (2011, p.179 . B) “... o capital social pode ser estimulado, mas é fato que se, culturalmente, houver uma predisposição cultural para a cooperação, o acúmulo de capital social pode ser alcançado de maneira mais efetiva.”. A afirmação dos autores enfatizam que a exposição dos atores sociais cognitivos podem modificar ou interferir na constituição capital social coletivo (DEGENNE, 2004). Percebemos também que a teoria do capital social favorece o entendido sobre o conjunto de investimentos que são canalizados em ações socioeconômicas e culturais para atender demandas sociais específicas advindas de grupos organizados da sociedade civil (SILVA, PEREIRA E ALCÂNTARA, 2012) A colaboração da cultura e do capital social no processo de desenvolvimento local afigura-se como fator essencial, tanto para sociedades predispostas ou não. Dessa forma, entendemos que o capital social é extremamente favorável na construção da família, da comunidade e da sociedade como um todo e não fragmentada (RATNNER, 2003). 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANAND, Vikas; H. GLICK, William and C. MANZ, Charles. Capital social: explorando a rede de relações da empresa. Rev. adm. empres. [online]. 2002, vol.42, n.4, pp. 1-15. ISSN 00347590. The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 BANDEIRA, Pedro. 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