Tema 1:
Concepção do Ensino de
História
• História: fenômeno que marca a humanidade
e sobretudo a civilização ocidental
• preservar elementos do passado, pesquisar
as suas marcas, organizar narrativas sobre
os homens e mulheres no tempo, e
sobretudo contar histórias, ensinar as
narrativas que ensinem padrões de
identidade aos mais jovens, são marcas da
humanidade
• objetivo: reunir a todos, narradores e
ouvintes, num laço de pertencimento, de
identidade
• o esforço por construir identidades pelo
conhecimento sobre o grupo no tempo
começa muito antes da escola, e se
materializa em monumentos, nomes de rua,
festas cívicas, programas de televisão
• discussão sobre o ensino de História:
contribuição da disciplina para a vida prática
do aluno
• segundo Rüsen (2001) – a relação entre o
conhecimento histórico e a vida prática é
intrínseca: faz parte do agir humano uma
base em algum tipo de conhecimento que
conecte passado, presente e futuro
• um determinado sujeito, num determinado
tempo, condiciona o tema e as palavras que
teremos para falar sobre eles, e nisso
posiciona-se
• notando que o mundo em que vive – até
mesmo a forma de viver o tempo – é
construída, conhecendo como foi essa
construção,
o
aluno
concebe
intelectualmente a possibilidade prática de
participar dessa construção, de sua
desmontagem ou de sua reforma
• diferente do que imagina o senso comum,
influenciado por séculos de uma visão
histórica conservadora, a História não é o
estudo do passado, nem como ciência nem
como ensino
• a História é um nexo significativo entre
passado, presente e futuro, não apenas uma
perspectiva do que aconteceu, não o
levantamento do que “realmente aconteceu”
• atualmente se questiona a educação cívica
como uma pedagogia da nação através de
uma pedagogia da passividade e da
obediência, bem como o uso do
conhecimento histórico para controle e não
para emancipação social
• no entanto, não se pode fugir à necessidade
de educação cívica, porque sem ela não há
nação
• na atualidade a identidade vai muito além da
cidadania (entendida como forma de
identificação com um dado grupo político)
• fatores como etnia, gênero, opção sexual,
religião, regionalismo, interferem fortemente
na constituição da identidade dos indivíduos,
e alternam-se, juntamente com a identidade
política ou cidadania
• a contribuição da História na escola não é só
a compreensão da própria realidade e a
formação da identidade, mas também a
concepção e compreensão da diferença e da
alteridade
• tendo como meta um cidadão ativo na
construção de uma sociedade radicalmente
democrática, o ensino da diferença é
fundamental na própria elaboração de uma
perspectiva do passado que considere o que
não aconteceu, os projetos dos vencidos,
uma história das ideias do mundo:
• para que não se ensine e não se aprenda
que o presente tal como o conhecemos era a
única possibilidade, com o que acabamos
organizando o conhecimento do passado em
função do presente (objetivo cognitivo)
• também para que percebamos que a
realidade não é uma, e que é histórica,
portanto modificável, dependente da ação
humana
• para agir no mundo é preciso ter uma
perspectiva de futuro, uma utopia no melhor
sentido
• perceber como a História é uma disciplina
que articula o tempo, e não apenas o
passado: a dimensão do futuro, das visões e
projetos de futuro no passado, por parte de
grupos ou de sociedades inteiras, é um
elemento fundamental na reflexão que o
ensino de História deve propiciar
• a História não é só o ensino do que
aconteceu, mas também do que poderia ter
acontecido e do que pode acontecer
• sem projetos ou possibilidades, a história
pode ser terrivelmente decepcionante
• não há assunto que não possa ser melhor
compreendido através do recurso à história
• conhecer a história e manejar o seu método
de construção do conhecimento é uma
necessidade, se almejarmos formar um
pensamento autônomo, crítico e criativo
• pensar historicamente é nunca aceitar as
informações, ideias, dados..., sem levar em
consideração o contexto em que foram
produzidos
• o ato de pensar historicamente é um
exercício que resgata o tempo próprio das
coisas, e não o tempo fluido, místico com
que muitas delas se apresentam
• o objetivo maior é formar a capacidade de
pensar historicamente e, portanto, de usar as
ferramentas que a História dispõe
• a contribuição da História para a formação do
cidadão, além de favorecer a(s) identidade(s)
individual(is), está na possibilidade de educar
para o conhecimento do outro, em outro
lugar e outro tempo: isso desenvolve a
tolerância e a capacidade crítica, uma vez
que só podemos julgar a nossa própria vida
social se temos exemplos de outras formas
de vida e relacionamento
(CERRI, Luis Fernando. Oficina de História 1. Ponta
Grossa: Ed.UEPG, 2009)
As transformações do ensino da História no
Brasil
VISÃO DA CIÊNCIA
Ensino tradicional
Preocupação com o estudo dos fatos,
neutralidade do historiador e da explicação
histórica. Ênfase na história dos fatos
políticos e na história como produto da ação
de indivíduos, de heróis. História considerada
como ciência que estuda exclusivamente o
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Brasil
VISÃO DA CIÊNCIA
Ensino de estudos sociais
Interdisciplinaridade das ciências sociais
(História,
Geografia,
Antropologia
e
Sociologia). Predomínio do ensino de
estudos sociais. Estudo das sociedades no
transcorrer do tempo como objetivo do
ensino.
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Brasil
VISÃO DA CIÊNCIA
Tendências atuais
História como história de todos os homens, e
não somente de heróis.
Inclusão
de
novas
contribuições
historiográficas: história econômica, cultural e
social.
Análise do fato histórico substituída por outras
possibilidades, como análise do processo
histórico e da experiência dos sujeitos da
história.
Incorporação dos novos temas e objetos da
História, como a história das mulheres, a das
crianças e a dos movimentos sociais.
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Brasil
FUNÇÃO DO ENSINO
Ensino tradicional
Estudo das origens, da genealogia das nações.
Objetivo de formar o cidadão para a pátria e
construir identidades nacionais.
Estudo dos legados, principalmente daqueles
da civilização europeia.
Compreensão da nação brasileira como fruto
da integração entre três raças: branca, índia
e negra.
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FUNÇÃO DO ENSINO
Ensino de estudos sociais
Integração do educando em um meio cada vez
mais amplo.
Estudo da história do presente, evitando o
estudo do passado pelo passado.
Formação de cidadãos para a sociedade em
desenvolvimento, democrática e industrial.
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Brasil
FUNÇÃO DO ENSINO
Tendências atuais
Contribuição para a construção da cidadania.
Desenvolvimento de raciocínios historicamente
corretos.
Aquisição da capacidade de análise da relação
presente-passado.
Apreensão da pluralidade de memórias, e não
somente da memória nacional.
Preocupação com as finalidades do ensino da
História no mundo contemporâneo.
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Brasil
RELAÇÃO PROFESSOR x ALUNO
Ensino tradicional
Professor como transmissor do saber
histórico e verdadeiro, pronto e acabado.
Aluno
como
receptor
passivo
do
conhecimento histórico transmitido pelo
professor.
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RELAÇÃO PROFESSOR x ALUNO
Ensino de estudos sociais
Aluno como centro do ensino.
Professor
como
facilitador
da
aprendizagem.
Relação baseada na vigilância do aluno
pelo professor.
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RELAÇÃO PROFESSOR x ALUNO
Tendências atuais
Importância do domínio do conteúdo específico
pelo professor, que deve ser comprometido com
o aluno e mediador entre este e o conhecimento
histórico.
Professor
como
responsável
pela
intermediação entre o aluno e o percurso
para produção do conhecimento histórico.
Aluno como sujeito de seu próprio
conhecimento e do conhecimento histórico.
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CONTEÚDO
Ensino tradicional
Organização de forma linear, cronológica,
baseada principalmente na periodização
política e baseada em fontes escritas.
História narrativa e descritiva.
Conteúdos selecionados com base em visões
“oficiais” da História.
Valorização das datas comemorativas.
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CONTEÚDO
Ensino de estudos sociais
Fragilização do conteúdo específico da
História.
Valorização da aprendizagem baseada no
desenvolvimento de atividades.
Livros didáticos
ilustrações.
em
que
predominam
Simplificação do conhecimento histórico.
Currículos
organizados
em
“círculos
concêntricos”: família, escola, bairro, cidade,
país e mundo.
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CONTEÚDO
Tendências atuais
Recuperação da historicidade do conhecimento
histórico.
Conteúdo histórico como produto do saberfazer específico.
Novas possibilidades de organização curricular
para o ensino da História, como a história
temática e o ensino por conceitos.
Valorização do conteúdo e de visões plurais e
críticas da História.
Incorporação de
historiadores.
novas
produções
de
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Brasil
MÉTODO
Ensino tradicional
Formal e abstrato, sem relação com a vida do
aluno.
Conteúdos e métodos sem o objetivo de
desenvolver a criticidade.
Predomínio
do
“ponto”
(texto
sobre
determinado conteúdo), questionário, testes
de múltipla escolha e exercícios com lacunas
a serem completadas.
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Brasil
MÉTODO
Ensino de estudos sociais
Baseado no ensino por atividades.
Ênfase na pesquisa e no trabalho em grupo.
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Brasil
MÉTODO
Tendências atuais
Tem como referência a própria ciência.
Recuperação do método da História em sala
de aula.
Preocupação com a transposição didática:
relação entre saber científico, saber a ser
ensinado, saber ensinado, saber aprendido e
prática social.
Valorização do uso de documento histórico em
sala de aula.
Incorporação
de
novas
linguagens
e
tecnologias no ensino da História, como
análise de filmes e uso da informática.
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AVALIAÇÃO
Ensino tradicional
Avaliação centrada no professor.
Avaliação de resultados, do produto da
aprendizagem, baseada na memorização
de
informações
transmitidas
pelo
professor. Avaliação classificatória.
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AVALIAÇÃO
Ensino de estudos sociais
Baseada
em
propostos.
objetivos
previamente
Avaliação do processo, e não do conteúdo.
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AVALIAÇÃO
Tendências atuais
Diagnóstica, processual, formativa.
Busca o crescimento do aluno, e não usa
sua classificação e exclusão.
(SCHIMIDT, Maria Auxiliadora)
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