PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC - 2009/10 Desenvolvimento de um protocolo de micropropagação para Jaracatia spinosa (Aubl.) A.DC. PROJETO DE ORIGEM: PROPAGAÇÃO DE ESPÉCIES FRUTÍFERAS NATIVAS DA REGIÃO OESTE DO PARANÁ PLANO DE TRABALHO DE PESQUISA DO ALUNO PIBIC 2009 - 2010 Curitiba Abril/Maio de 2009 SUMÁRIO 1. Introdução e contextualização ............................................................... 1 2. Objetivo ................................................................................................. 3 3. Roteiro de atividades do aluno .............................................................. 3 4. Cronograma .......................................................................................... 4 5. Referências Bibliográficas......................................................................6 PIBIC 2009/10 – Plano de Trabalho do Aluno 1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO O Jaracatia spinosa (Aubl.) A. DC é uma espécie arbórea nativa, pertencente à família Caricaceae, ao grupo das angiospermas. Possui ampla distribuição geográfica com ocorrência do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, em várias formações florestais. É conhecida pelos nomes populares de jaracatiá, mamãozinho, barrigudo, chamburu, mamãode-veado, mamão-do-mato, mamoeiro-bravo, mamoeiro-de-espinho, mamãozinhoda-mata. É uma planta lactescente, dióica e espinhenta, de 10-20 m de altura, com tronco de 70-90 cm de diâmetro, possui folhas compostas palmatilobadas, com 8-12 folíolos glabros (LORENZI, 2002). A madeira desta espécie é leve, macia, de fácil manuseio e baixíssima durabilidade sob quaisquer condições. Possui um grande potencial de exploração, devido à fabricação de doces caseiros à partir do caule e dos frutos desta árvore (LORENZI, 2002). Segundo Muniz et al. (2004), as fibras produzidas pela planta podem originar celulose e papel de ótima qualidade, alta resistência e baixo custo. Seus frutos são comestíveis e amplamente procurados por pássaros e macacos (LORENZI, 2002), que são os responsáveis pela dispersão de suas sementes. Animais frugívoros dependem da disponibilidade de frutos para sua permanência em determinada área, além de estarem intimamente relacionados à estruturas genéticas e demográficas de plantas zoocóricas, em decorrência da dispersão de suas sementes (WRIGHT et al., 1999). A dispersão de sementes é o processo pelo qual as sementes são removidas da planta-mãe e transportadas para regiões distantes e mais seguras, onde a predação e a competição são mais baixas, consistindo em um processo fundamental para o ciclo de vida do Jaracatiá, que é uma espécie dependente da distribuição zoocórica (TRABAQUINI et al., 2007). A diminuição e à extinção da fauna nas matas, em regiões menos preservadas, contribui para a baixa dispersão de sementes, influenciando nas interações entre plantas e animais, afetando o recrutamento nas populações de 1 PIBIC 2009/10 – Plano de Trabalho do Aluno plântulas, acarretando mudanças no padrão espacial, de regeneração e diversidade de espécies (WRIGHT, 2003). Por ser o jaracatiá uma planta pioneira adaptada à luminosidade direta, e de crescimento rápido, esta deve ser presença obrigatória em qualquer reflorestamento heterogêneo destinado à recomposição da vegetação de áreas degradadas de preservação permanente (LORENZI, 2002). A espécie está incluída na lista vermelha de plantas ameaçadas de extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 1995) e do Rio Grande do Sul (SEMA, 2002). O processo de extinção afeta diretamente o ecossistema, causando graves desequilíbrios ambientais, é neste contexto que um protocolo de micropropagação de Jaracatia spinosa merece destaque, visto que não se encontra relatos de trabalhos sobre micropropagação desta espécie. A micropropagação é uma técnica dentro da cultura de tecidos que possibilita propagar células ou tecidos vegetais em tubos de ensaio com meio nutritivo adequado, sob condições assépticas e com fatores ambientais controlados (GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1998). O método baseia-se na produção de plantas mais uniformes, sadias e a uma velocidade muito maior do que os métodos convencionais, sem considerar a manutenção de quantidades consideráveis de plantas por metro quadrado dentro de frascos em laboratórios protegidos do ataque de pragas, doenças e intempéries (LEE et al., 1995 e KERBAUY, 1997). Essa técnica tem se mostrado de enorme importância prática e potencial nas áreas agrícola e florestal, bem como no auxílio a programas de melhoramento genético, na propagação de plantas cultivadas livres de patógenos e na produção em larga escala de plantas para fins comerciais (CID, 2001). O protocolo de micropropagação para Jaracatiá permitirá estabelecer padrão para a multiplicação massal de mudas da espécie, proporcionando condições adequadas para o isolamento de doenças, melhoramento da qualidade fitossanitária, e obtenção de grande quantidade de plantas uniformes em curto espaço de tempo. 2 PIBIC 2009/10 – Plano de Trabalho do Aluno 2. OBJETIVO - Desenvolver um protocolo de micropropagação para Jaracatia spinosa (Aubl.) A. DC testando a germinação in vitro, o tempo de assepsia de explantes, o tipo de explante em potencial para o cultivo in vitro, os efeitos de reguladores vegetais na multiplicação e enraizamento das plântulas, bem como a aclimatação das plântulas micropropagadas. 3. ROTEIRO DE ATIVIDADES DO ALUNO Para o desenvolvimento de um protocolo regenerativo de Jaracatiá (Jaracatia spinosa (Aubl.) A. DC) in vitro, através da cultura de tecidos, serão conduzidos diferentes experimentos, no Laboratório de Tecnologia de Sementes da PUCPR – Campus Toledo, de agosto de 2009 a julho de 2011. Para a realização dos experimentos serão utilizadas sementes que foram coletadas em março de 2009, bem como mudas que serão propagadas na casa de vegetação após a parte I deste projeto. Será testada primeiramente a germinação in vitro para verificar o potencial de germinação da espécie, além do fato destas plântulas germinadas in vitro servirem como fonte de explante para a micropropagação. Sendo assim, deverá ser realizada a desinfestação das sementes, em câmara de fluxo laminar, através da imersão em álcool 70% por 2 minutos, hipoclorito de sódio 20% do produto comercial de uso doméstico (2,5% p.a.), e três gotas/100mL de Tween 20, por 10 minutos. Em seguida, será realizada a tríplice lavagem em água destilada autoclavada. As sementes desinfestadas serão inoculadas em frascos tampados com papel alumínio e vedados com papel filme, contendo 50 mL de meio de cultura MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962), acrescidos de 30 g/L de sacarose, 7% de ágar e pH ajustado para 5,8 antes da adição do Agar. As avaliações serão realizadas a cada 7 dias quanto a percentagem de germinação. Segmentos foliares basais, pecíolos, segmentos de caule, ápices foliares, radiculares e caulinares serão retirados de plântulas obtidas da germinação in vitro 3 PIBIC 2009/10 – Plano de Trabalho do Aluno e inoculados em placas de Petri contendo meio de cultura MS, 30 g/L de sacarose e 7% de Agar, sendo testadas diferentes concentrções de BAP (6- benzilaminopurina) e de ANA (ácido naftalenoacético). Após a inoculação, as placas de Petri serão mantidas no escuro por 7 dias para diminuir a incidência de oxidação fenólica para então serem transferidas para a sala de crescimento, sob fotoperíodo de 16 horas luz / 8 horas escuro e temperatura de 25 ± 2º C. As avaliações serão realizadas em intervalos de 7 dias, quanto ao número médio de brotos, folhas e gemas por explante, comprimento da maior brotação e presença e ausência de calos, durante 60 dias de cultivo. O delineamento experimental utilizado neste experimento será inteiramente casualizado com dez explantes por placa e cinco repetições por tratamento. A análise estatística empregada será análise de regressão através do programa computacional utilizando o software SISVAR (FERREIRA, 1999). Para as fontes de explante provindas de mudas propagadas em casa de vegetação, serão realizados experimentos com o intuito de estabelecer um protocolo de regeneração para a espécie, neste sentido será testado diferentes tempos de assepsia, para um determinado tipo de explante, o mesmo método utilizado para as sementes, anteriormente citado, porém com diferentes tempos (10, 15, 20, 25 e 30 minutos) de imersão em hipoclorito de sódio (20%). Após a desinfestação os explantes serão inoculados em frascos da mesma maneira que foi citado anteriormente para a germinação. Após a inoculação, os frascos serão mantidos no escuro por 7 dias e então transferidos para a sala de crescimento. As avaliações serão realizadas em intervalos de 7 dias, durante 30 dias, quanto à presença de contaminação sobre os explantes e a oxidação dos mesmos. O delineamento experimental será inteiramente casualizado com um explante por frasco e cinco frascos por tratamento. Os dados serão submetidos à análise de variância, e suas médias comparadas pelo teste de Tukey (5%). Através do resultado do teste de assepsia, serão testados diferentes tipos de explantes pré-definidos, passando os mesmos pelo método de assepsia que obteve melhor resultado, sendo inoculados em meio de cultura MS, com diferentes concentrações de BAP e de ANA. O explante que pela análise análise de 4 PIBIC 2009/10 – Plano de Trabalho do Aluno regressão demonstrar ser mais promissor para o cultivo in vitro será utilizado para a fase de teste de reguladores vegetais para obter maior número de brotações, bem como posterior enraizamento. As avaliações serão realizadas aos 30 dias após a inoculação (DAI), quanto ao número de brotações por explante e a altura média das brotações (cm). Após a avaliação será realizada a repicagem das brotações e inoculadas nos mesmos meio de cultura, e então feita novas avaliações aos 30 e 60 dias após a transferência (DAT). Passados o período de 60 dias as brotações multiplicadas serão transferidas para frascos contendo meio de cultura MS com outras concentrações de reguladores para o enraizamento, onde permaneceram por mais 30 dias. Os dados serão submetidos à analise estatística. A fase de aclimatação ocorrerá após a fase de elongação da parte aérea e enraizamento das plântulas, sendo escolhidas através de um padrão visual, buscando a uniformidade das plântulas para a aclimatação. Após o processo de aclimatação será determinado o número de plantas que sobreviverão. 4. CRONOGRAMA Meses Atividades A S O N D x x x Rev.bibliográfica x x Preparo de soluções estoque Preparo meio de cultura Germinação in vitro x x x x x x Propagação de explantes germinados in vitro Obtenção de mudas Teste de assepsia Teste de explantes Teste de Reg. Veg. J F M A M J J x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x A S O N D J F M A M J x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Aclimatação Análise e interpretação dos resultados Publicação do projeto Relatório J x x x x x x x x x x x x x 5 x x x x PIBIC 2009/10 – Plano de Trabalho do Aluno 5. REFERÊNCIAS CARVALHO, J. M. F. C.; VIDAL, M. S. Noções de Cultivo de Tecidos Vegetais. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. 39p. CID, L.P.B. A propagação in vitro de plantas. O que é isso? Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, Brasília, n.19, p.16-21, mar./abr. 2001. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M.A. Micropropagação. In: TORRES, A.C.; CALDAS, L.S.; BUSO, J.A. (ed). 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In: LEE, T.S.G. (Ed.). Biofábrica: produção industrial de plantas ‘in vitro’. Araras: UFSCar, 1995. p.9-17. NASCIMENTO, A. C.; PAIVA, R.; NOGUEIRA, R. C.; PORTO, J. M. P.; NOGUEIRA, G. F.; SOARES, F. P. BAP E AIB NO CULTIVO IN VITRO DE Eugenia pyriformis Cambess. Rev. Acad. Ciênc. Agrárias Ambientais, Curitiba, v. 6, n. 2, p. 223-228, abr./jun. 2008. 6 PIBIC 2009/10 – Plano de Trabalho do Aluno NICIOLI, P. M.; PAIVA, R.; NOGUEIRA, R. C.; SANTANA, J. R. F. de; SILVA, L. C.; SILVA, D. P. C. da; PORTO, J. M. P. Ajuste do processo de micropropagação de barbatimão. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n. 3, p. 685-689, mai-jun, 2008. SATO, A. Y.; DIAS, H. C. T.; ANDRADE. L. A. de; SOUZA. V. C. de. Micropropagação de Celtis sp: controle da contaminação e oxidação. Cerne, v.7, n.2, p.117-123, 2001. TORRES, A.C.; FERREIRA, A.T.; SÁ, F.G. de. et al. Glossário de biotecnologia vegetal. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2000. 128p. 7