NASCIMENTO, K.S.; CRISPIM, J.G.; NASCIMENTO, A.M.M.; RÊGO, M.M.; PESSOA, A.M.S.; REGO, E.R. Efeito de diferentes
concentrações de sais e diferentes luzes em plântulas de mandacaru germinadas in vitro. In: II Simpósio da Rede de Recursos
Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical,
2015 (R 97).
Efeito de diferentes concentrações de sais e diferentes luzes em plântulas de
mandacaru germinadas in vitro
Kaline da Silva Nascimento1,2; Joelson Germano Crispim1,4; Antônia Maiara Marques do
Nascimento1,4; Mailson Monteiro do Rêgo1,3; Angela Maria dos Santos Pessoa1,2 e
Elizanilda Ramalho do Rêgo1,3
1
Laboratório de Biotecnologia Vegetal – Centro de Ciências Agrárias – Universidade Federal da Paraíba, Campus II,
2
Rodovia PB 079 - Km 12, CEP: 58397- 000, Areia – PB Brasil. Programa de Pós Graduação em Agronomia
(CCA/UFPB); 3Professor Adjunto (CCA – UFPB). 4Graduando em Ciências Biológicas (CCA – UFPB). E-mail:
[email protected],
[email protected],
[email protected],
[email protected],
[email protected], [email protected].
Palavras-chave: cultura in vitro, Cereus jamacaru, meio de cultura, qualidade de luz
Introdução
O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.) é uma cactaceae de ocorrência nas caatingas nordestinas
e que tem grande importância como planta ornamental, medicinal e como suplementação na alimentação de
animais nos períodos de secas prolongadas. Adicionalmente é importante na sustentabilidade e
conservação da biodiversidade do bioma caatinga (Andrade et al. 2006; Cavalcante e Resende, 2007).
Uma das formas de se obter plantas em grande quantidade, em curto tempo e de boa qualidade
fotossanitaria é por meio de técnicas de cultura de tecido. O uso dessas técnicas minimiza o tempo
necessário para a introdução de novas cultivares no mercado e aumenta a disponibilidade de plantas com
características agronômicas melhoradas (Bhojwani et al., 2013). O sucesso da microporpagação é
influenciado por vários fatores como o meio de cultura, qualidade de luz e genótipo. Tendo isso em vista, o
objetivo desse trabalho foi estabelecer a melhor qualidade de luz e concentrações de sais do meio MS
(Murashige e Skoog, 1962) no desenvolvimento de plântulas in vitro de mandacaru.
Materiais e Métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de Biotecnologia Vegetal, CCA-UFPB. Sementes de
mandacaru foram lavadas em água corrente e depois levadas para a câmara de fluxo laminar e imersas em
álcool 70% (v/v) por um minuto e lavadas com água destilada, deionizada e autoclavada (DDA). A
desinfestação foi realizada em solução 1:1 de hipoclorito de sódio e água destilada, deionizada e
autoclavada (DDA) durante 15 minutos, seguida de três lavagens com água DDA. Para a retirada do
excesso de hipoclorito. Após serem desinfestadas, as sementes foram inoculadas em tubos de ensaio
contendo meio de cultura MS (Murashige & Skoog, 1962) em três diferentes concentrações de sais (MS,
-1
MS/2, MS/4), suplementados com 100 mg.L de mio-inositol, e 3.0% (p/v) de sacarose, solidificado com
ágar (Sigma) a 0,7% (p/v). O pH do meio foi ajustado para 5,7 ± 0,1, antes da inclusão do ágar. O meio foi
vertido em tubos de ensaio de 25 x 150 mm e posteriormente autoclavado (120°C por 15 min). Após a
inoculação das sementes, as culturas foram transferidas para sala de crescimento e submetidas a três
-2 -1
-2 -1
condições de luz: branca (350-700 nm, 20 μmol.m .s ), azul (430-490 nm, 17 μmol.m .s ), vermelha
-2 -1
(630-700 nm, 12 μmol.m .s ), emtemperatura de 27 ± 1 °C e fotoperíodo de 16 horas.
Após os 50 dias de cultivo avaliou-se comprimento da plântula, comprimento da parte aérea,
comprimento da maior raiz, número de raízes, diâmetro do epicótilo, diâmetro basal do hipocótilo, número
de espinhos, largura e comprimento da folha cotiledonar. O delineamento estatístico utilizado foi o
inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x4, totalizando 12 tratamentos, com 10 repetições cada um.
Foi realizada a análise de variância e a comparação das médias pelo teste de Scott-Knott (P>0,05). Todas
as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa computacional Genes (Cruz, 2006).
Resultados e Discussão
Na análise de variância nenhuma das variáveis foi significativa para as três diferentes
concentrações de sais (MS, 1/2MS, 1/4MS), indicando que as diferentes concentrações de sais não
interferiram nas características avaliadas. Para a qualidade de luz todas as características foram
significativas pelo teste de Scott-Knott (Dados não mostrados).
A característica CP (comprimento da plântula) apresentou maior valor para as plântulas que se
desenvolveram na luz vermelha, visto que as plântulas apresentaram estiolamento. Isso é justificado pela
influência da luz vermelha no desenvolvimento das plantas, pelas alterações nas razões vermelho/vermelho
II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015
Valorização e Uso das Plantas da Caatinga
distante (V:VD) e na ativação do fitocromo, que estimulam respostas no alongamento do caule (Smith,
1982; Taiz e Zeiger, 2013).
Para as características CPA (comprimento da parte aérea); NR (número de raízes) e DE (diâmetro
do epicótilo) a luz azul foi responsável pelos menores valores. Para CR (comprimento da raiz), DB (diâmetro
basal), NE (número de espinhos), LFC e CFC (largura e comprimento da folha cotiledonar) os maiores
valores foram para as plântulas cultivadas na luz branca (Tabela 1). Semelhantemente, Donini et al. (2008)
concluiram que a luz branca foi responsável pelo melhor estabelecimento da cultura.
Para interação (LxM) somente o diâmetro basal (DB) apresentou significância (Dados não
mostrados).
Tabela 1. Teste de médias de nove características de plântulas de mandacaru cultivadas in vitro em
diferentes luzes (vermelha, branca e azul).
Luzes
Vermelha
Azul
Branca
CP
5,46a
3,99b
4,429b
CPA
0,997a
0,3303b
0,972a
CR
1,476b
1,187b
1,867a
NR
5,433a
2,767b
5,100a
Características
DE
DB
0,3843a 0,1047b
0,299b
0,1067b
0,4123a 0,141a
NE
12,03b
4,833c
14,8ª
LFC
0,1767b
0,1577b
0,222a
CFC
0,4103a
0,3417a
0,3187a
*Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott.
Figura 1. Plântulas de mandacaru cultivadas in vitro. (A) Plântulas desenvolvidas em luz branca e em meio
de cultura MS, 1/2MS, 1/4MS. (B) Plântulas desenvolvidas em luz azul e em meio de cultura MS, 1/2MS,
1/4MS. (C) Plântulas desenvolvidas em luz vermelha e em meio de cultura MS, 1/2MS, 1/4MS. Areia, PB.
2015.
Conclusões
As diferentes concentrações de sais do meio de cultura MS não influenciaram nas características
avaliadas. As maiores plântulas foram as que germinaram e se desenvolveram em luz vermelha, porém as
que apresentaram melhor desenvolvimento quanto às folhas cotiledonares, raiz, número de espinhos foram
as que foram cultivadas em luz branca.
Referência
ANDRADE, C. T. S.; MARQUES, J. G. W. & ZAPPI, D. C. Utilização de cactáceas por sertanejos baianos. Sitientibus.
Série ciências biológicas. v. 6, p 3-12. 2006
BRESSAN, P.H. et al. Factors affecting in vitro propagation of rose. Journal of the American Society for Horticultural
Science, v.107, p.979- 990, 1982.
BHOJWANI S.S.; DANTU P.K. Micropropagation. In: Plant tissue culture: an introductory text. Springer, New Delhi,
India, p. 245–274. 2013.
CAVALCANTE, N.B.; RESENDE, G.M. Efeito de Diferentes Substratos no Desenvolvimento de Mandacaru (Cereus
jamacaru P. DC.), Facheiro (Pilosocereus pachycladus RITTER), Xiquexique (Pilosocereus gounellei (A. WEBWR EX
K.SCHUM.) BLY. EX ROWL.) e Coroa-de-Frade (Melocactus bahiensis BRITTON & ROSE). Revista Caatinga, v.20,
n.1, p.28-35, 2007.
CRUZ, CD. Programa Genes: Aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa, UFV, Brasil, 648p. 2006.
DONINI, L. P. et al. Avaliação da resposta de três cultivares de ovileira ao cultivo in vitro sob diferentes comprimentos
de onda luminosa e feitos da combinação de zeatina e ácido giberílico. Scientia Agraria, Curitiba. v.9, n.2, p. 229-233,
2008.
MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures.
Physiology Plantarum. v.15, p. 473– 497. 1962.
SMITH, H. Light quality, photoperception, and plant strategy. Annual review of plant physiology, v. 33, n. 1, p. 481518, 1982.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fitocromo e controle do desenvolvimento vegetal pela luz. In: Fisiologia vegetal. 5.ed. Porto
Alegre: Artemed, p. 494-520. 2013.
II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015
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