Prematuridade extrema: Desfechos neonatais Perspectivas para o século 21 [email protected] PREMATURIDADE - DEFINIÇÕES Pré –Termo : concepto nascido < de 37 semanas completas ou < de 259 dias a partir da DUM [OMS, 1972] Baixo peso ao nascer < 2.500g low birthweight Muito baixo peso ao nascer < 1.500g very-low birthweight Extremo baixo peso ao nascer < 1.000g extreme-low birthweight Prematuridade extrema é um desafio Determinação exata da idade gestacional Objetivo classificar o RN - pré-termo < 37 sem pré-termo limítrofe 36 - 36 6/7 pré-termo moderado 31 - 35 6/7 pré-termo extremo < 30 6/7 - termo entre 37 e 42 sem - pós-termo > 42 sem antecipar a possibilidade de afecções mais frequente em cada grupo Avaliação do risco perinatal Prematuridade 13 milhões de partos pré-termo anual em todo o mundo 75-90% de todos os óbitos neonatais não devidos a MF RPM / TPP responsáveis por 70% dos partos pré-termo UTI neonatal, altos custos 12 10,2 10 8 9,8 10,6 7,8 6 5,8 5,8 Europa Oceania 4 2 0 Brasil e América Latina África Ásia América do Norte Villar et al, 1994 Causas de prematuridade Patologia Materna associada à RN < 1500g 35 17 40 16 3 15 RPM TPP HAS GEMELAR L Amn OUTROS Marino WT, 2001 Nº e porcentagens de RN únicos e múltiplos em hospitais privados de São Paulo – nascidos vivos S Luiz Única Pró Matre jan 2004 a jun 2005 Sta. Catarina Einstein 8.455 [95] 6.398 [95] 5.344 [97] 3.587 [91] Gêmeo 362 [4.0] 224 [3.3] 152 [2.7] 259 [6.6] Trigêmeo ou + 44 [ 0.4] 54 [0.8] 09 [0.1] 71 [1.8] 8.862 6.676 5.506 3.917 4.1% 3.8 % 8.4% Total NV Taxa RN 4.4% * Gemelar * elevação de 100% trigêmeos em relação à 2001 Fonte : SINASC/SMS, junho de 2005 Impacto das gestações múltiplas nas taxas de prematuridade, baixo peso e mortalidade neonatal – R Brock & AD Deutsch, 2004 651 RN de gestações múltiplas, jan 2001 a dez 2003 520 gêmeos, 111 trigêmeos, 20 quadrigêmeos Gêmeo Trigêmeo Quadrigêmeo IG [m±DP] 35.5 [±3.3] 31.8 [±3.4] 30.1 [±3.5] Peso [m±DP] 2304 [±537] 1616 [±545] 1340 [±510] < 2500g 55% 93% 100% < 1500g 6% 40% 75% 90 80 70 60 ÚNICA Gemelar 3 ou + 50 40 30 20 Khan,2003 10 0 < 32 SEM < 35 SEM < 37 SEM Trigemelares: 272/7 semanas RN múltiplos: 60,6 % UTIN neonatal; 33,2 % das internações em UTI Fonte: 2004 Depto Perinatologia – HIAE Economic consequences of preterm birth and low birthweight. Petrou S – Br J Obstet Gyneacol. 2003; 114(4) 21 estudos < 1000g 15 estudos entre 1000 e 1500g 04 estudos > 1500g Tabela 1. Custos hospitalares com cuidados neonatais (1998) PESO < 1000 g 1000 – 1499 g 1500 g CUSTO MÉDIO R$ 186.188,80 R$ 106.295,92 R$ 43.417,17 CUSTO MÍNIMO R$ 143.667,60 R$ 69.697,60 R$ 20.253,80 CUSTO MÁXIMO R$ 228.710,00 R$ 142.894,23 R$ 66.580,54 Taxa de sobrevivência de 1 ano de RN Pré-Termo Extremo A sobrevida infantil [1 ano] aumenta 3% por dia de permanência in utero entre 23 e 26 semanas ! Evolução da sobrevida de pré-termo extremo - EUA 80 % 60 40 20 0 22 23 24 25 Idade Gestacional 1987-88 1989-96 1989-97 Hack M e col, 1991 / Hack M e Fanaroff AA, 1999 / O’Shea TM e col, 1997 1900... 2000... RN EXTREMO BAIXO PESO • SOBREVIDA CUIDADOS BÁSICOS • NUTRIÇÃO • CORTICOESTERÓIDE ANTE-NATAL PÓS-NATAL • SURFACTANTE EXÓGENO • VENTILAÇÃO MECÂNICA Taxa de sobrevida por Idade Gestacional em 173 RN com PN < 1000g (MacGill Hospital (Canada 93-97) IG(sem) Total Nascimentos Sobrevida(%) <24 24-246/7 24 35 8 (33) 9(38) 25-256/7 26 21(58) 26-266/7 34 27(79) 27-276/7 28-286/7 18 16 17(94) 14(88) 29-296/71 >30 10 8(80) 10 10(100) Sobrevida Neonatal por faixa de peso 2002/2003 Peso RN Obito % <500 04 04* 100 500-749 10 03 30 750-999 21 02 9.5 90 1000-1249 29 0 0 80 1250-1499 38 1 2.6 1500-1749 62 0 0 1750-1999 83 0 0 2000-2499 344 1 0.3 > 2500 5.055 03* 0.06 Total 5.646 14 0.2 98,6 100 98,8 99,93 90,5 70 70 60 50 40 30 CMN corrigido = 1.2/1000 nv 20 10 0 0 <500g 500749 750999 1000- 1500- >2500 1499 2499 Impacto das gestações múltiplas nas taxas de prematuridade, baixo peso e mortalidade neonatal – R Brock & AD Deutsch, 2004 651 RN de gestações múltiplas, jan 2001 a dez 2003 520 gêmeos, 111 trigêmeos, 20 quadrigêmeos Gêmeo Trigêmeo Quadrigêmeo IG [m±DP] 35.5 [±3.3] 31.8 [±3.4] 30.1 [±3.5] Peso [m±DP] 2304 [±537] 1616 [±545] 1340 [±510] < 2500g 55% 93% 100% < 1500g 6% 40% 75% elevação de 100% trigêmeos em relação à 2001! Sobrevida 500 a 749 g 54% 750 a 999 g 87% 1000 a 1500g 99% Mortalidade Asfixia Hemorragia intra-craniana Hemorragia pulmonar Sepse tardia Reação dos pais aos riscos imediatos e em longo prazo Estar preparado para comunicação efetiva • Conhecer família – Pais preferem estar juntos • Abordagem direta com simpatia e clareza • Ambiente privacidade e tempo disponível • Evitar, neste momento lista de sequelas Diagnóstico Não demorar para contar aos pais Prematuridade Extrema: Reanimação Quando não iniciar: Idade gestacional ≤ 23 sem. Peso ≤ 400g Improvável resultar em sobrevida ou sobrevida sem sequelas graves Quando cessar: PCR sem circulação espontânea Após 10 min de assistolia, improvável resultar em sobrevida ou sobrevida sem sequelas graves (classe IIb, NDE 5) Guidelines 2000 for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care: International Consensus on Science Pediatrics 2000;106;29 Causas de mortalidade do RN Pré-Termo Extremo Neonatal Precoce 7 d SDR 46% Asfixia Perinatal 24% Sepse precoce 15% Malformação 11% Neonatal Tardia > 7 d Sepse tardia Enterocolite N RBPN,2000 91% 08% Taxas de Ventilação mecânica % VM 100 80-90 50-60 <=24 25-26 27-28 0 semanas de gestação Bardin, 1999 INCIDÊNCIA DE CANAL ARTERIAL PERSISTENTE (%) IDADE PÓS NATAL(horas) IG (sem) >40 38-40 34-37 30-33 29 0-24 saudável SDR 55 85 96 87 87 80 88 24-48 Saudável SDR 0 50 42 31 56 40 84 48-72 Saudável SDR 0 5 12 13 25 20 77 72-96 Saudável SDR 0 0 4 0 11 7 65 CLYMAN, R.L., 2000 PCA com repercussão, de acordo com o peso de nascimento PESO DE NASCIMENTO (g) % PCA 500-999 42 1000-1499 21 1500-1750 7 Ellison R.C., et al., 1983 Persistência de canal arterial - HIAE -RN PN <1500g e IG <32s diagnóstico de PCA ao Ecocardiograma UTIN- HIAE no período de 1/10/01 a 30/04/04 Tipo de estudo: Coorte histórica. Critérios de exclusão: anomalia congênita maior, morte nas primeiras 24 horas de vida, ausência de PCA . Métodos RN divididos de acordo com a idade gestacional em: grupo 1 - < 28 s grupo 2 - > 28 s Persistência de canal arterial - HIAE 100 1(<28s) 2 (>28s) 80 60 % RN 40 20 0 Cirurgia DBP ROP Causas de mortalidade do RN Pré-Termo Extremo Neonatal Precoce 7 d SDR 46% Asfixia Perinatal 24% Sepse precoce 15% Malformação 11% Neonatal Tardia > 7 d Sepse tardia Enterocolite N RBPN,2000 91% 08% ECN - INCIDÊNCIA 1 - 5 % das admissões em UTI Neonatal 1 - 3 / 1000 nascidos vivos 62 - 94% são pré-termos relação inversa com PN e IG < 1000g 1000-1500g 1501-2500g > 2500g 42 casos / 1000nv 39 casos / 1000nv 3,8 casos / 1000nv 0,11 casos / 1000nv Wilson, 1981 ECN - INCIDÊNCIA Em relação à IG Geralmente < 35-36semanas Sexo / raça não há associação consistente Idade de início idade média varia com a IG 20 dias 13,8 dias 5,4 dias 30 semanas 31-33 semanas 34 semanas Stoll, 1980 Nos 28 semanas: o risco persiste até que atinja 35-36 sem. incidência: 5 – 14% (< 25 s) C.N.Network,2001 ECN – Aspectos Radiológicos ECN – Aspectos Radiológicos ECN – Aspectos Radiológicos ECN – Aspectos: Ressonância magnética ECN – Tratamento Clínico Jejum Descompressão Abdominal •Cirúrgico •Coordenação adequada entre neonatologista/cirurgião ECN • ECN é doença de causa multifatorial • não completamente esclarecida • prevenir a prematuridade ainda é o melhor tratamento Desafios do RN Pré-Termo Extremo Displasia broncopulmonar Crises de apnéia Sepse Enterocolite necrosante Desafios do RN Pré-Termo Extremo Persistência de canal arterial Displasia broncopulmonar Crises de apnéia Retinopatia da prematuridade Enterocolite necrosante Doença Metabólica Óssea Retinopatia da prematuridade Objetivo Avaliar a prevalência, gravidade da ROP e patologias associadas entre os RNMBP admitidos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do HIAE. Metodologia Estudo retrospectivo de RNMBP com idade gestacional (IG)≤ a 32 semanas (s) admitidos na UTIN que sobreviveram após a 4ª semana de vida. Divididos em: Grupo 1: com ROP Grupo 2: sem ROP Período: 01/12/01 a 31/12/03 Exame do fundo de olho: realizado por um único oftalmologista: 1o exame realizado entre a 4ª e 6ª semanas de vida. As avaliações seguintes foram feitas de acordo com protocolo de atendimento e determinadas pelas alterações encontradas no FO em prévio exame. Características da população estudada Características RN com ROP n = 29 RN sem ROP n = 85 PN (g) 903,7 ± 233,6 1373,8 ± 285,9 p < 0,01 26,7 ± 1,9 30,1 ± 2,0 p < 0,01 16/13 45/40 p = 0,994 Gemelaridade 20 (69%) 58(68%) p = 0,874 Fertilização 20(69%) 47(55%) p = 0,313 Corticoide Pré-natal 17(58%) 53(63%) p = 0,781 IG (semanas) Sexo (M/F) Idade média do aparecimento da ROP foi de 49,2 ± 13,3 dias. Características da população estudada segundo os fatores de risco e a presença ou não de ROP RN com ROP n = 29(%) RN sem ROP n = 85(%) Uso de surfactante 25(86%) 34(40%) p < 0,001 Acidose metabólica 6(21%) 23(27%) p < 0,01 Insuficiência renal 5(17%) 8 (9%) p = 0,42 PCA 21(72%) 22(26%) p < 0,01 Clipagem de CA 15(52%) 3(3%) p < 0,001 Corticoide Pós-natal 19(66%) 9(11%) p < 0,001 DBP 22(76%) 14(16%) p < 0,01 Sepse 27(93%) 37(44%) p < 0,001 Transfusões 24(83%) 50(59%) p = 0,035 HIC 10(34%) 3(4%) p < 0,001 Hipo/hiperglicemia 18(62%) 24(28%) p = 0,002 Fatores de risco presente (n;%) Características da população estudada segundo peso ao nascer e a presença ou não de ROP. Nº de RN 80 78 70 60 50 com ROP 40 30 sem ROP 20 10 21 7 8 0 Peso < 1.000g Peso = ou > 1.000g Doença Pulmonar Crônica RNEBP Tempo médio de ventilação mecânica: 32 dias oxigênio: 60 dias Até 70% DPC - necessidade de O2 70% com 28 dias 36% com 36sem - 5 -10% alta hospitalar com O2 (após 40s IG corrigida) Re-internações no 1º ano de vida Bardin, 99; Canadá Taxas de Disfunções major* *Paralisia cerebral, amaurose, surdez e retardo mental % afetados Hack & Fanaroff, 1999 30 20 10 23 24 25 0 semanas de gestação HEMORRAGIA PERINTRAVENTRICULAR INCIDÊNCIA ANOS CRITÉRIOS INCLUSÃO Nº RN INCIDÊNCIA (%) FINAL 70/ 80 PT vários PN e IG ~1200 35-50 FINAL 80 <1501g ~800 20 METADE 90 <1501g ~400 15 EPM (94-98) <1501g 368 39 RBPN (99) <1500g 1413 (26%) VOLPE, 2000 HEMORRAGIA PERIINTRAVENTRICULAR INCIDÊNCIA 60 I 50 N C 40 I D % 30 Ê N 20 C I 10 A 0 EPM (94-98) Sheth (86-95) 500- 750- 1000- 1250- 1500- 1750- 1550750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 PESO DE NASCIMENTO (g) Taxas de Disfunções Major* Variável conforme metodologia estudos, características população Ausente 35 - 80% Leve-moderada 8 - 57% Grave 6 - 20% 50% Microprematuros (< 26s) Seqüelas graves Retardo mental Paralisia cerebral Cegueira Surdez 10 - 20% 5 - 15% 2 - 11% 1 - 9% PT < 1000g Defic. Neurossensorial 28% Problema Visual 57% PC 10% Como avaliar o crescimento e desenvolvimento do prematuro ? Idades importantes 4m IC Catch-up crescimento e intervenção 8m IC Desenvolvimento e Paralisia cerebral 18-24m Desenvolvimento mental (Bayley) 3 anos Cognição e linguagem 4 anos Alter. sutís, visuomotoras, comportamento >5a Desempenho escolar Problemas no desenvolvimento RNPT 1os 2 anos Escolar Distonia transitória Deficiência cognitiva, motora < escores desenv. Problema visual Paralisia cerebral Hiperatividade atenção visão audição Deficiência auditiva Atraso linguagem Sintomas psiquiátricos Necessidade escola especial