Prevalência de retinopatia da prematuridade em recémnascidos de muito baixo peso. Lermann VL, Fortes Filho JB, Procianoy RS. Jornal de Pediatria. 2006;82:27-32. Ana Marily Soriano Ricardo Neto Coordenação: Nilcéia Peclat Lessa Hospital Regional da Asa Sul Unidade de Neonatologia INTRODUÇÃO Retinopatia da Prematuridade (ROP) é uma doença vasoproliferativa, de etiologia multifatorial, secundária à vascularização inadequada da retina. Nos EUA é a 2ª causa mais comum de cegueira em crianças com menos de 6 anos. América Latina: 24% das crianças cegas sejam decorrentes de ROP. INTRODUÇÃO Brasil: desconhece o n° exato de crianças. Estima-se que 16 000 RN desenvolvam ROP anualmente, 10% desenvolvendo cegueira. OBJETIVOS Avaliar a prevalência de retinopatia da prematuridade e os fatores de risco em recém – nascidos de muito baixo peso internados em uma unidade de tratamento intensivo neonatal. METODOLOGIA Estudo transversal, caráter observacional, realizado na UTIN do HCPA, no período de 01/10/2002 – 31/03/2004. Incluídos todos os RN com peso nascimento «1500g e/ou IG «32 semanas. Excluídos todos os RN que foram à óbito antes de 6 semanas de vida. METODOLOGIA Feito fundoscopia de todos os RN com 6 semanas de vida: – colírios de Tropicamida 0,5% + Fenilefrina 2,5% 1gt a cada 10min, por 3 vezes, 1h antes do exame. Os exames foram realizados sempre pelo mesmo oftalmologista. O estagiamento da ROP foi feito de acordo com sua classificação internacional. ZONAS OCULARES ESTAGIAMENTO ROP Estágio 1: Linha demarcatória entre a retina vascular e avascular. Estágio 2: A linha demarcatória vai aumentando e formando uma prega. Estágio 3: Inclui a neovascularização e a formação de vasos extra-retinianos. ESTAGIAMENTO ROP Estágio 4: Descolamento sub-total da retina. – – 4A: a mácula está preservada 4B: a mácula está descolada ESTAGIAMENTO ROP Estágio 5: Descolamento total de retina. Estágio “mais doença”: Tortuosidade vascular, significa doença ativa e em progressão. METODOLOGIA O tratamento foi realizado com fotocoagulação com diodo Laser em todos os pacientes que atingiram a doença limiar. Acompanhamento ambulatorial até a involução da retinopatia ou completa vascularização da retina. METODOLOGIA Variáveis estudadas: – Sexo, peso de nascimento, IG, APGAR 5º min, classificação nutricional , uso de O², uso de VPM, presença de HIC, uso de indometacina profilática e/ou terapêuticas, transfusões sangüíneas. METODOLOGIA Estimativa de prevalência com margem de erro de até 1%, com intervalo de confiança de 95% = tamanho amostral de 115 RN. Análise estatística: – média e desvio padrão, proporção simples, porcentagem, distribuição binominal, teste t student, ANOVA, tukey test, teste qui-quadrado. RESULTADOS 139 RN com peso de nascimento «1500g e/ou IG «32 semanas. – 22 óbitos com menos de 6 semanas. – 3 RN foram perdidos. – Total de RN estudados = 114. RESULTADOS RESULTADOS n=114 RN COM ROP 27% SEM ROP 73% Doença limiar em 5.3% (6 RN). Nenhum apresentou ROP 4 ou 5. ROP: 50% dos RN<1000g e 20% dos RN» 1000g. ROP: 71,5% dos RN < 28 sem e 24,5% dos RN » 28 sem. RESULTADOS RESULTADOS RESULTADOS REVISÃO As primeiras lesões retinianas em RNPT foram descritas em 1945 por Terry, que publicou 117 casos, conhecidos como Fibroplasia retrolental. 2 fases epidêmicas: – 1950: uso abusivo do O2 nas UTIN. – 1970: sobrevida maior dos RNPT/ MBP. REVISÃO Desenvolvimento normal da retina: – 16ª sem: migração dos vasos do disco óptico até a ora serrata. – 36ª sem: é alcançada a ora serrata nasal. – 40ª sem: é alcançada a ora serrata temporal. REVISÃO Desenvolvimento da ROP dá-se pela cessação da vasculogênese. Em lugar de uma transição gradual da retina vascularizada para avascular, há uma interrupção abrupta dos vasos marcada por uma linha na retina, indicado o início da ROP. REVISÃO Etiopatogenia: – Fatores regulados pelo O2: Fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). A hiperóxia aumenta a produção VEGF, estimulando a neovascularização da retina. – Fatores não regulados pelo O2: Fator de crescimento insulina like (IGF-1). RN com ROP apresentam níveis séricos menores de IGF-1, esse achado é preditivo para o desenvolvimento da ROP. REVISÃO Outros fatores de risco para ROP: – Septicemia, infecções congênitas, suporte ventilatório, transfusões sangüíneas, hemorragia intracraniana, asfixia e deficiência de vitamina E. Dados da literatura mostram que a ocorrência de ROP está associada principalmente à baixa IG e peso de nascimento. (Purohit, 1981 / CRYO-ROP,1986 / Charles, 1991 / Graziano, 1993 / Chiang, 2000v/vLarsson, 2002) CONCLUSÃO A ocorrência de ROP, apesar de semelhante à encontrada na literatura, ainda é alta nos RN de muito baixo peso. O desenvolvimento da ROP é inversamente proporcional ao peso e à idade gestacional ao nascimento.