O SIGNO O SIGNO  “entidade psíquica de duas faces”  “combinação do conceito e da imagem acústica”  “une não uma coisa e um nome, mas um conceito e uma imagem acústica” SIGNO – COMPONENTES  IMAGEM ACÚSTICA – parte sensível, sensorial e é só, neste sentido, que é material; a marca ou impressão psíquica desse som, a sua representação mental facultada pelo testemunho dos sentidos;  CONCEITO – parte psíquica, imagem mental, é mais abstracto que a imagem acústica.  As imagens acústicas são variáveis consoante as línguas; os conceitos são universais. (Aristóteles) SIGNO - COMPONENTES Significado Conceito Imagem acústica Significante Substância Conteúdo Psíquico Forma Expressão Sensível “árvore” CIRCUITO DA FALA (Saussure)  Pode dividir-se em:  1. parte exterior (vibração dos sons no seu trajecto boca-ouvido) / parte interior (tudo o resto);  2. parte psíquica (cérebro e processos a ele associados) / parte não psíquica (factos fisiológicos com sede nos órgãos: fonação e audição, e factos físicos exteriores ao sujeito, possibilitados através das ondas sonoras); 3. parte activa (centro de associação do sujeito emissor ao ouvido do outro) / parte passiva (o que se processa do ouvido deste ao seu centro de associação);  4. cérebro: parte executiva (activa) e parte receptiva (passiva). SIGNO – PRINCÍPIOS QUE O ASSISTEM (Saussure)  1. ARBITRARIEDADE;  2. LINEARIDADE DO SIGNIFICANTE;  3. IMUTABILIDADE;  4. MUTABILIDADE. ARBITRARIEDADE  O traço que une o significante ao significado é arbitrário, o. s., não assenta numa relação lógica, racional, motivada nem natural.  Ex.º: a ideia de pé não está ligada por nenhuma relação à cadeia de sons “p” + “é”. Podia ser perfeitamente representada por outra cadeia de sons, provando-o as diferenças entre as várias línguas.  Os sinais puramente arbitrários realizam melhor do que os outros o ideal do processo semiológico. ARBITRARIEDADE  OBJECÇÕES:  Onomatopeias;  Exclamações;  Protótipos de composição e derivação vocabulares. ARBITRARIEDADE  Não deve dar a ideia de que o significante depende da livre escolha do sujeito falante: não está em poder do indivíduo alterar o signo, desde que ele tenha sido aceite por um grupo linguístico.  Arbitrariedade sim, mas na relação do signo ao significado, com o qual não tem qualquer ligação natural. ARBITRARIEDADE  Um sistema é arbitrário, quando os seus signos são estabelecidos, não por contrato, mas por decisão unilateral.  Roland Barthes LINEARIDADE DO SIGNIFICANTE O significante, por ser de natureza auditiva, desenvolve-se no tempo e, ao tempo, vai buscar os seus atributos:  A) representa uma extensão;  B) essa extensão é mensurável numa só dimensão: é uma linha.  Todo o mecanismo da língua, para deter sentido, carece deste princípio. IMUTABILIDADE  O signo é imutável, porque resiste a qualquer substituição arbitrária.  A massa social não é consultada e o significante, escolhido pela língua, não poderia ser substituído por qualquer outro.  A comunidade linguística não tem soberania sobre uma só palavra.  O factor linguístico da transmissão domina totalmente a língua e exclui qualquer modificação linguística geral e repentina. IMUTABILIDADE  Explicações:  A soma dos esforços, que exige a aprendizagem da língua materna, impossibilita uma modificação geral;  A reflexão não intervém na prática de um idioma: os sujeitos falantes são, na sua larga maioria, inconscientes das leis da língua e, se não se apercebem delas, não podem, sobre elas, reflectir e modificá-las;  E mesmo se os sujeitos falantes fossem conhecedores, seria preciso recordar que os factos linguísticos não provocam grandes críticas, pois cada povo está geralmente satisfeito com a língua recebida. IMUTABILIDADE  Explicações (cont.):  Carácter arbitrário do signo: coloca a língua ao abrigo de qualquer tentativa de mutação;  A enorme quantidade de signos necessários para constituir qualquer língua;  Carácter demasiado complexo do sistema: uma língua constitui um sistema, ponto em que reina uma certa disciplina e em que se denota mais a incompetência da comunidade para a transformar;  Resistência da inércia colectiva a todas as inovações linguísticas: a língua é o sistema de que mais se servem os indivíduos e é, de todas as instituições sociais, a que oferece menor margem a iniciativas factor de conservação. MUTABILIDADE  Apesar de a solidariedade para com o passado anular a liberdade de escolha e, assim, garantir a estabilidade do signo, o TEMPO, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito sobre esta: o de alterar, mais ou menos rapidamente, o signo linguístico. Daí podermos falar simultaneamente em imutabilidade e mutabilidade do signo.  O signo altera-se, porque permanece. MUTABILIDADE  A língua é radicalmente impotente para se defender, instante a instante, dos factores que desviam a relação entre significante e significado.  Ex.ºs: o latim plicare (matar) evoluiu para o francês noyer (afogar); o árabe suq (mercado) evoluiu para o português açougue (talho; matadouro). É uma das consequências da arbitrariedade do signo. O tempo altera tudo: não há motivos para que a língua seja excepção a esta lei universal. SIGNO - CONCEPÇÃO  “é um estímulo – isto é, uma substância sensível – cuja imagem mental está associada no nosso espírito à de um outro estímulo que ele tem por função evocar com vista a uma comunicação”.  Pierre Guiraud SIGNO – PRINCÍPIOS QUE O ASSISTEM (Pierre Guiraud)  1. Comunicação: o signo é sempre a marca de uma intenção de comunicar um sentido. Exclui os índices naturais;  2. Codificação: a relação entre o significante e o significado é convencional, o. s., resulta de um acordo entre os seus utentes, que a reconhecem e a respeitam no emprego do signo;  3. Motivação: relação natural entre o significante e o significado, parte da sua natureza. A motivação não exclui a convenção. SIGNO – PRINCÍPIOS QUE O ASSISTEM (Pierre Guiraud)  3. Motivação (cont.)  “a maior parte das vezes os signos são motivados no seu princípio; todavia, a evolução histórica tende a obliterar a motivação e deixando esta de ser notada, o signo funciona por convenção”.  Pierre Guiraud SIGNO – PRINCÍPIOS QUE O ASSISTEM (Pierre Guiraud)  4. Monossemia (um significante faz-se corresponder a um significado e vice-versa) e polissemia (um significante pode combinar-se com vários significados e um significado com vários significantes);  5. Denotação (constituída pelo significado concebido objectivamente e apenas como tal) e conotação (expressa por valores subjectivos ligados ao signo, resultantes da sua forma e função. Ex.º: Um uniforme denota o grau e uma função; conota o prestígio e autoridade que lhe estão associados. SIGNO – PRINCÍPIOS QUE O ASSISTEM (Pierre Guiraud)  6. Matéria (ou veículo sensível), substância (ideia, conceito) e forma (valor). VALOR LINGUÍSTICO  Tratar o signo, não pela sua composição, mas pelas suas imediações: é o problema do valor.  O valor está intrinsecamente relacionado com a noção de língua: leva a despsicologizar a Linguística e a aproximá-la da Economia.  Abordagem de um sistema de equivalências. VALOR LINGUÍSTICO  Para que haja SIGNO ou valor económico, é necessário:  1. a troca de coisas dissemelhantes;  2. a comparação de coisas similares entre si.  O sentido só fica verdadeiramente fixo, depois desta dupla determinação: significação e valor. VALOR LINGUÍSTICO O valor não é a significação: ele provém, diz Saussure, “da situação recíproca das peças a língua”; é mesmo mais importante do que a significação: “que há de ideia ou de matéria fónica num signo tem menos importância do que o que existe à volta dele nos outros signos”