ATENÇÃO FARMACÊUTICA AO PACIENTE COM DISLIPIDEMIA Murilo Lopes∗ Rafael Bruno Guayato Nomura∗ Fabiane Yuri Yamacita∗∗ INTRODUÇÃO Diversos estudos estabelecem uma clara relação entre dislipidemia e o aumento do risco de morte. O aumento dos níveis plasmáticos de colesterol de baixa densidade (LDL-C), a redução dos níveis de colesterol de alta densidade (HDL-C) e o aumento de triglicerídios (TG) são fatores de risco para eventos cardiovasculares, que, segundo a OMS, são a principal causa de mortes no mundo, não sendo diferente no Brasil, onde estatísticas apontam que as principais causas de morte são as doenças cardiovasculares. Nos Estados Unidos, esse número chegou a 38,5% em 2001. Em 2004, esse índice atingiu a marca de 29% das mortes. O Brasil apresenta um elevado índice de dislipidemia em sua população, onde, em uma análise realizada, foi observada uma taxa auto-referida de dislipidemia de aproximadamente 16,5% (Fernandes, 2011). Entre crianças e adolescentes, a prevalência de dislipidemia no Brasil, varia entre 28 e 40% das crianças e adolescentes, quando se considera o nível de colesterol total, acima de 170 mg/dL (Giuliano, 2008). DESENVOLVIMENTO A dislipidemia é um distúrbio crônico caracterizado por concentrações anormais de ∗ Dicentes do Centro Universitário Filadélfia - UniFil Docente do Centro Universitário Filadélfia - UniFil ∗∗ lipídios ou lipoproteínas no sangue (triglicerídeos, colesterol, lipoproteínas de alta (HDL) e baixa densidade (LDL)). O colesterol é clinicamente mais importante, pois tem relação direta com a obstrução das artérias, especialmente o LDL, que tem como principal componente o colesterol, que tem a função de transporte do mesmo para os tecidos periféricos. Quanto mais elevado o valor de LDL, maior o risco de aterosclerose. No caso do HDL, também composto principalmente por colesterol, cuja função é transportar o mesmo dos tecidos periféricos para ser excretado pelo fígado ou metabolizado, ocorre o oposto. Quanto mais elevado o valor de HDL, menor a chance de formação da aterosclerose. O colesterol entra na circulação de duas maneiras: absorvidos pela ingestão de alimentos predominantemente de origem animal (via exógena), e sintetizado pelo fígado (via endógena). Ambas as formas contribuem de maneira semelhante. Os triglicerídeos, que, apesar de desempenharem um papel menos importante, apresentam maiores efeitos em mulheres (Robbins, 2000). Causam a pancreatite e dos processos degenerativos dos vasos. Entram na circulação da mesma forma que o colesterol, provenientes de animais e vegetais. A incidência de dislipidemia é decorrente da genética do indivíduo, dos hábitos alimentares, de fatores de risco adquiridos como: diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo, tabagismo, idade e sexo, história familiar, hipertensão arterial e o uso de medicamentos, betabloqueadores, corticóides, anabolizantes. A dislipidemia é assintomática, sendo comumente descoberta somente após algum episódio cardiovascular. Seu principal risco está na formação da aterosclerose, que tem como conseqüências o infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica. Cabe ao farmacêutico estimular que a população faça o monitoramento constante de suas taxas de lipídios sanguíneos e em relação ao tratamento medicamentoso, orientar os pacientes em relação aos horários de administração dos medicamentos prescritos pelo médico, visando diminuir a toxicidade, otimizar resultados, prevenir e solucionar problemas relacionados a esses medicamentos. O farmacêutico também deve orientar o paciente sobre a importância da manutenção do tratamento prescrito pelo médico, ainda que ele não apresente nenhum sintoma aparente, além de orientar o paciente em relação a medidas que auxiliem na diminuição dos níveis de lipídios, como a adoção de uma dieta equilibrada com baixos níveis de gordura e o abandono do sedentarismo. O tratamento farmacológico consiste em fármacos inibidores da enzima HMG-CoA redutase (Sinvastatina, Atorvastatina), fibratos (Fenofibrato, Bezafibrato), Resinas de troca (Colestiramina), Ezetimiba, Ácido nicotínico e derivados. CONCLUSÃO A dislipidemia deve ser tratada de maneira profilática, independente de suspeita de sua ocorrência ou da presença de doenças a ela associadas, a fim de mostrar a redução da morbimortalidade geral em relação às doenças cardiovasculares, visando ainda a melhora na qualidade de vida dos pacientes. Levando em consideração os dados apresentados em relação a incidência em crianças e adolescentes, o perfil lipídico deve ser avaliada desde cedo, especialmente quando houver histórico familiar de doenças cardiovasculares e dislipidemia. REFERÊNCIAS FRANCA, Everaldo de; ALVES, João Guilherme Bezerra. Dislipidemia entre Crianças e Adolescentes de Pernambuco. Arq. Bras. Cardiol. vol.87 no.6 São Paulo, 2006. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/abc/v87n6/07.pdf >. Acesso em 27 de Maio de 2012. FERNANDES, Rômulo Araújo. et al. Prevalência de Dislipidemia em Indivíduos Fisicamente Ativos durante a Infância, Adolescência e Idade Adulta. Arq Bras Cardiol., v. 97, n. 4, 2011.Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v97n4/aop07611.pdf>. Acesso em 27 de Maio de 2012. GIULIANO, Isabela de Carlos Back; CARAMELLI, Bruno. Dislipidemias na Infância e na Adolescência. Pediatria (São Paulo), v. 29, n. 4, 2008. Disponível em: <http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/1238.pdf>. 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