CASO CLÍNICO 2 Nomes: Ana Luiza Magnabosco, 08 Carlos Eduardo de Mathias Sanches, 14 CASO CLÍNICO 2   ID: MAS, 50 anos, sexo feminino, branca, casada, advogada, natural e precedente desta. HPMA: Paciente relata ser diabética há 5 anos quando apresentou infecção urinária de repetição, polifagia e polidipsia. Na época, conta que houve melhora da sintomatologia quando fez uso de medicação (glibenclamida 5mg/dia). Está sem acompanhamento médico há 02 anos em uso de glibenclamida 5 mg/dia. CASO CLÍNICO 2 AP: Nega tabagismo e etilismo  AF: Pai hipertenso teve AVC aos 55 anos de idade.  Exame Físico: → PA=140x100mmHg →IMC=32 Kg/m² →Cintura abdominal=92cm →Fundo de olho anormal  CASO CLÍNICO 2 Exames: →CT: 320mg/dl....................... <200 ótimo 200-239 limítrofe >240 alto →LDL-C: 209 mg/dl................. . <100 ótimo 100-129 desejável 130-159 limítrofe 160-189 alto >190 muito alto  CASO CLÍNICO 2 HDL-c: 35mg/dl................<40 baixo >60 alto  TG: 380mg/dl..................<150 ótimo 150-200 limítrofe 200-499 alto >500 muito alto  CASO CLÍNICO 2  Glicemia: 240mg/dl  Glicemia pós-prandial: 320mg/dl CASO CLÍNICO 2  HBA-1c: 9,2%.......4 a 6% (bom controle <7%)  Creatinina: 1,2mg/dl .........0,60 a 1,30 mg/dL CASO CLÍNICO 2  TGO: 52 ...................................15 a 37 U/l  TGP: 70......................................30 a 65 U/l  TSH: 2,0 .....................0,35 a 5,50 m UI/ml CASO CLÍNICO 2 PCR-as: 3,5mg/l Risco de doença vascular 0,3 Processo inflamatório ou infeccioso 0,5   ECG: normal QUAIS AS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS?  1. 2. 3. 4. Síndrome Metabólica : Diabetes Mellitus tipo 2 Hipertensão arterial Dislipidemia Obesidade SÍNDROME METABÓLICA  Caracteriza-se pela presença de 3 dos 5 fatores: 1. cintura >102 cm em homens ou >88 cm em mulheres; 2. Baixo colesterol HDL < 40 em homens ou < 50 em mulheres; 3. Triglicerídeos aumentados >150 ; 4. Pressão arterial > 135x85, ou uso de medicações para controlar a pressão; 5. glicemia > 110 em jejum; SÍNDROME METABÓLICA M.A.D. apresenta os seguintes critérios para a síndrome metabólica: 1. HDL-c: 35mg/dl (< 50); 2. TG: 380mg/dl (>150); 3. PA=140x100mmHg (> 135x85); 4. Glicemia: 240mg/dl (> 110 ); 5. Cintura abdominal: 92cm (>88cm para mulheres).  DIABETES MELLITUS TIPO 2 Etiopatogenia:  Estado de hipoinsulinismo relativo. Ocorre, combinação em graus variáveis de 2 fatores: hipossensibilidade das células beta à glicose e uma resistência periférica à ação da insulina.  > 40 anos;  80% são obesos;  Combinação de fatores genéticos, com fatores ambientais e hábito de vida; DIABETES MELLITUS TIPO 2 Predisposição genética:  Parentes de 1° grau tem 5 a 10 vezes mais chance que a população geral;  Concordância entre gêmeos univitelínicos é de 70-90%; Fatores ambientais:  Cintura abdominal;  Sedentarismo;  Obesidade (↑de AG livre inibe a captação celular de glicose, liberação de TNF-alfa inibe o efeito insulínico). DIABETES MELLITUS TIPO 2 Quadro Clínico:  Poliúria, Polidipsia, Polifagia, Perda de Peso;  Obesidade Central;  50 a 60% são hipertensos e dislipidêmicos;  Complicações como: Retinopatia, nefropatia, neuropatia, doença cardiovascular manifesta. DIAGNÓSTICO Ind. Normal Glicose de Jejum (mg/dl) 2h após dextrosol (mg/dl) 70-100 <140 Int. a glicose/ <126 Pré diabético > 140 Diabetes >200 >126 Ao acaso (mg/dl) >200 HIPERTENSÃO ARTERIAL  Definição: entidade clínica, na qual o indivíduo apresenta níveis médios de PA que conferem um significativo aumento dos riscos de eventos cérebro/cardiovasculares e renais, a curto ou longo prazo, justificando uma programação terapêutica. CLASSIFICAÇÃO 1ª (essencial): corresponde a 95% dos hipertensos. Não apresenta causa definida;  2ª: investigar em hipertensos com menos de 30 e mais de 50 anos de idade. Causas: <30 anos: glomerulopatias, endócrinas, vasculares, drogas; >50 anos: hiperaldo 2º; síndrome obstrutiva da apnéia do sono.  ESTADIAMENTO (5ª DB) CLASSIFICAÇÃ O PAS (mmHg) PAD (mmHg) Ótima <120 <80 Normal <130 <85 Limítrofe 130-139 85-89 HA estágio I 140-159 90-99 HA estágio II 160-179 100-109 HA estágio III ≥ 180 ≥ 110 H. sistólica isolada ≥ 140 PA (M.A.D): 140x100 mmHg < 90 FATORES DE RISCO TABAGISMO  DISLIPIDEMIA  DIABETES MELLITUS  NEFROPATIA  IDADE SUPERIOR A 60 ANOS  HISTÓRIA FAMILIAR + (< 65/mulheres; < 55/homens)  RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL  RISCO CARDIOVASCULAR CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PA no consultório: média entre 2 medidas da PA, em pelo menos 2 consultas com níveis ≥ 140x90 mmHg;  MRPA: média de várias aferições da PA>135x85 mmHg;  MAPA: média das aferições automáticas durante o período de vigília, com valores ≥ 140x90 mmHg.  FISIOPATOLOGIA Há várias teorias, embora todas pressupõe: Retenção de sódio e água pelos rins Aumento da volemia, e portanto, do DC Vasoconst. peri. (SNS) – aa aferente renal Liberação de renina (ap. justaglomerular) SRAA→aumento da RVP(mantenedor da HA)  A PA↑ e a angiotensina II: remodelamento vascular, contribuindo com o aumento e a manutenção da PA alta.  COMORBIDADE  1. 2. 3. 4. É importante ressaltar que a hiperinsulinemia pode elevar a PA por: Aumento da reabsorção renal de sódio e água; Aumento da atividade simpática; Hipertrofia da musculatura lisa (efeito mitogênico); Aumento da concentração de cálcio citosólico. TRATAMENTO Portanto, a base da estratégia terapêutica destes pacientes está centrada no controle dos fatores de risco para aterosclerose, ou seja, tratar a hipertensão arterial,corrigir a obesidade e a dislipidemia, e sair do sedentarismo.  Dieta e Exercício Físico  Medicamentos Anti-Obesidade  Anti-Diabéticos Orais  Insulinoterapia  Tratamento da Hipertensão Arterial  Tratamento da Dislipidemia MEDICAMENTOS ANTI-OBESIDADE Terapia adjuvante em pacientes com IMC > 30Kg/m2 ou IMC > 27Kg/m2 na presença de comorbidades.  (1) redutores do apetite ou noradrenérgicos;  (2) indutores da saciedade (sibutramina);  (3) redutores da absorção intestinal de gorduras (orlistat).  OS ANTI -DIABÉTICOS ORAIS  Exercem o seu efeito de duas maneiras:estimulando a secreção de insulina pelas células beta (sulfoniluréias e meglitinidas) ou aumentando o efeito periférico da insulina (metformin e tiazolidinedionas). SENSIBILIZADORES- BIGUANIDAS Metformina:  Efeito: diminuiçãoda resistência periférica à insulina,reduz a gliconeogênese . Mecanismo de ação: é desconhecido.  Doses: 500mg, 850mg, 1000mg  Contra-indicação: Nefropata, hepatopata e cardiopata  OBS: não está associado ao aumento de peso e pode contribuir para a sua redução.  METFORMINA: ↓ a obesidade central;  ↓esteatose  METFORMINA: glifage 500mg c/ 30comp R$13,09  cloridrato de metformina 850mg c/ 30comp R$11,24  cloridrato de metformina 1g c/ 30comp R$ 16,12  SENSIBILIZADORES-TIAZOLIDINEDIONA (TZD) A sua ação é semelhante à da metformina, isto é, aumentam efeito periférico da insulina, porém, agindo muito mais no estímulo à captação celular periférica de glicose pelo músculo esquelético e tecido adiposo do que no bloqueio da gliconeogênese.  Mecanismo de ação: Aumento da expressão dos receptores periféricos de insulina (GLUT 4).  Efeito adverso: aumento de peso em 2-3Kg, além de leve edema.  Contra-indicado: ICC grave.  Exemplos: Rosiglitazona (Avandia) Pioglitazona (Actas):  TIAZOLIDINEDIONA   Avandia R$ 53,15 ( 4mg com 7c), R$ 86,56 (8mg com 7c) Actos 15mg R$ 94,10 30mg R$ 116,08 45mg R$ 188,28 SECRETAGOGOS- SULFONILURÉIAS Mec. De ação: agem estimulando a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas, pelo bloqueio de canais de K+ dependentes de ATP (canais KATP), o que promove o influxo de Ca+2,e a degranulação.  OBS: O aumento da secreção de insulina pode provocar um aumento do peso do paciente. Dificultando o controle da obesidade.  SECRETAGOGOS- SULFONILURÉIAS Efeitos Adversos: Todos podem causar hipoglicemia especialmente nos idosos, alcoólatras, desnutridos, nefropatas, hepatopatas e em uso de determinados medicamentos (salicilatos, warfarim, gemfibrozil, clofibrato, sulfas, fenilbutazona, metildopa, cloranfenicol, miconazol ou IMAO).  OBS: A chance de hipoglicemia é maior com a clorpropamida (meia-vida = 24-48h).  Exemplos: Glibenclamida (Daonil), Glipizida (Minidiab), Glicazida (Diamicron)  SULFONILURÉIAS  Glibenclamida R$ 10,00 (5mg 30c) SECRETAGOGO-INCRETINA   Exematide (byetta): Análogo go GLP1 ( hormônio liberado pelo íleo que promove ↑da liberação de insulina e ↓ do glucagon e gliconeogênese. Promove certo grau de anorexia. Vildagliptina (GALVUS) e Sitagliptina (JANUMET) Inibidor da DPPIV ( enzima que inativa o GLP1). SECRETAGOGO-INCRETINA Byetta: 250mcg inj inc 1,2ml- sist aplic R$ 393,27   Galvus:50mg c/ 28comp R$ 85,98  Janumet 50+500mg c/ 56comp R$190,86 TERAPIA FARMACOLÓGICA   1- Beta-bloqueadores e Agonistas alfa-2 de ação central (simpatolíticos); 2- Inibidores da E.C.A. (Enzima Conversora da Angio I em Angio II);  3- Antagonistas da Angio II nos receptores AT-1;  4- Diuréticos;  5- Antagonistas dos canais de cálcio;  6- Hidralazina. INIBIDORES DA ECA São fármacos que inibem a enzima conversora de angiotensina I em II. De uma maneira geral:  MELHOR FUNÇÃO ENDOTELIAL;  APRESENTAM SINERGISMO;  PROTEÇÃO CARDIOVASCULAR (ICC – IAM COM DÉFICIT FUNÇÃO);  NEFROPROTETOR;  DIMINUEM A RESISTÊNCIA INSULÍNICA; INIBIDORES DA ECA ATENUAÇÃO DA ATEROSCLEROSE (EM ANIMAIS);  DIMINUIÇÃO DO ESTÍMULO INFLAMATÓRIO;  ANTAGONIZA PROLIFERAÇÃO/ HIPERTROFIA;  MELHOR BALANÇO HEMOSTASIA;  BENÉFICA NA ↓RVP ;  PRESERVA CÉL.BETA PANCREÁTICAS.  IECA – EFEITOS ADVERSOS TOSSE SECA (PRINCIPAL)  EDEMA ANGIONEURÓTICO (+ GRAVE)  HIPERPOTASSEMIA (CUIDADO COM ESPIROLACTONA)  NO INÍCIO, AGRAVAMENTO, SE IRC  CONTRA-INDICADOS:GESTANTES / ADOLESCENTES / ESTENOSE RENAL  IECA - NAPRIX Nome genérico: Ramipril  Forma farmacêutica: comprimidos-2,5/5,0mg  Tem os mesmos benefícios dos IECA, podendo ainda ser administrado uma vez ao dia, pois mantem seu efeito por 24 horas  Metabolizado 1ª no fígado; eliminado pela urina e pelas fezes.  Não consta tosse seca em seus efeitos colaterais, diferente da maioria dos IECA  IECA - NAPRIX Interações medicamentosas: alopurinol,azatioprina, trimetoprima, ciclosporina, lítio, diuréticos de alça e poupadores de potássio, AINES, álcool, aspirina;  Preço: R$24,00 – R$48,00, de 20 a 30 dias  TRATAMENTO PARA DISLIPIDEMIA A paciente apresenta um HDL baixo, um LDL MUITO alto e um triglicérides alto.  Situação que predispõe à aterogênese, além disso o LDL do diabético têm um predomínio de partículas pequenas e densas que aumentam ainda mais o risco.  TRATAMENTO PARA DISLIPIDEMIA A principal intervenção deve ser em hábitos alimentares saudáveis e atividade física.  A primeira abordagem deve ser a mudança dos hábitos de vida e a dieta. Recomenda-se uma restrição de gordura saturada , colesterol e carboidratos ( triglicérides).  As gorduras saturadas e o colesterol geralmente estão presentes nos seguintes alimentos: leite integral, queijos, sorvetes, salsichas, lingüiças, hambúrgueres, carnes vermelhas, presunto,.  TRATAMENTO PARA DISLIPIDEMIA Fibratos Inibidores da HGHG – CoA Redutase Outras drogas: Probucol FIBRATOS Os fibratos tem maior eficácia em elevar o HDLc, além de reduzir o LDL-c. O fenofibrato e o gemfibrozil são boas opções em casos de HDL-c é inferior a 40-45mg/dL e que a dieta e a atividade física não foram suficients.  Reduzem os triglicerídeos com mais eficácia do que as vastatinas.  FIBRATOS Mec. De ação: Aumentam a síntese e a atividade da lipase lipoprótéica, enzima que promove o catabolismo de lipoproteínas ricas em triglicerídeos. Além disso, acredita-se que o fibrato reduz a síntese hepática de VLDL.  Eliminação renal, biotransformação em sua maioria hepática;  Contra-Indicada: Insuficiência hepática,renal, gravidez (primeiro trimestre)  FIBRATOS    Efeitos colaterais: Digestão lenta, erupções cutâneas, dores musculares. Contra-Indicada: Insuficiência hepática,renal, gravidez (primeiro trimestre) Exemplos:Etofibrato , bezafibrato , fenofibrato VASTATINAS  Diminuem o LDL-c na ordem de 25-55%, sendo a maior redução com a atorvastatina. Efeito redutor dos triglicerídeos, com uma queda entre 10-30%. VASTATINAS Mec. De ação: Atua bloqueando a síntese de colesterol endógeno ao inibir a enzima HMG Coa Redutase . O LDL não tendo colesterol para se combinar acaba sendo degradado pelo tecido periférico, deixando o colesterol exógeno sem o LDL como transportador.  Contra-indicada: gravidez e Ins. Hepática.  Interações: Fibratos associado com Vastatinas podem causar miopatias graves, inclusive rabdomiólise.  VASTATINAS   Efeitos colaterais: distúrbios gastro-intestinais, insônia, mioglobinúria e dores musculares. Exemplos: Atorvastatina, fluvastatina sinvastatina,pravastatina . TRATAMENTO Não farmacológico: dieta e exercício físico Farmacológicos DIETA E EXERCÍCIO FÍSICO  A dieta tem como principal objetivo corrigir de forma paulatina e permanente a obesidade definida por um IMC maior ou igual a 30Kg/m2. A melhora da obesidade está relacionada com menor resistência periférica à insulina, bem como à maior capacidade das ilhotas de secretar insulina em resposta à glicose. DIETA E EXERCÍCIO FÍSICO A composição da dieta 50% de carboidrato, 20% de proteínas e 30% de lipídeos, com menos de 10% de gorduras saturadas e menos do que 300mg/dia de colesterol.  O exercício físico regular auxilia na correção da obsidade e da hipertensão arterial, além de reduzir diretamente o risco cardiovascular.  Um exercício aeróbico por 30min diários pelo menos 5 vezes por semana.  RECEITUÁRIO Para M.A.D., Uso interno:  Metformina 500mg Tomar 1 cp VO 2x/dia ( de 12 em 12 h)    Glibenclamida 10mg Tomar 1 cp VO 2x/dia (de 12 em 12h) Atorvastatina 10mg Tomar 1cp VO 1x/dia Ramipril 5mg Tomar 1cp VO 1x/dia