A INDÚSTRIA BRASILEIRA E A
ECONOMIA DE BAIXO CARBONO
OPORTUNIDADES E DESAFIOS
Hamilton Ida
Camaçari, BA
Junho 2010
Breve Histórico
Planeta Terra e sua Atmosfera
Atmosfera Terrestre
Efeito Estufa

Efeito Natural

Promovido por camada
de gases de ocorrência
natural (vapor d’água,
CO2, CH4, N2O, outros)

Mantém a temperatura
relativamente estável
(média = 15oC)

Essencial para a vida na
Terra
Ciclo de Carbono
• Ciclo do carbono teve seu
equilíbrio estabelecido após
milhões de anos
• Emissão = Seqüestro
• Atividades humanas vêm
desestabilizando o ciclo:
• > emissão de
carbono (queima de
reservas de carbono –
combustíveis fósseis)
• < capacidade de
seqüestro
(desmatamento)
Últimos 150 anos
Atividades pós-Revolução Industrial (Século 18):
– Queima de combustíveis fósseis (carvão e derivados de
petróleo)
• Usinas termoelétricas, indústrias, transporte, sistemas de
aquecimento
– Práticas agropecuárias intensivas
– Geração de resíduos
• Lixões, aterros sanitários, tratamento de efluentes
– Desmatamento e agricultura
Últimos 150 anos
Evolução nas Concentrações dos Principais
Gases do Efeito Estufa
Principais GEE
Antes da Revolução
Industrial
2005
379 ppmv
Dióxido de Carbono (CO2)
280 ppmv
Metano (CH4)
715 ppmv
1774 ppmv
Óxido Nitroso (N2O)
270 ppbv
319 ppbv
(Aumento de 1,9 ppm/ano
na última década)
Concentrações Atmosféricas de GEE
Fonte: Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, WG I, 2007.
Conseqüências
• A mudança climática é inevitável (momentum)
– Efeitos continuarão por séculos
• Aumento de temperatura: 0,74oC desde 1850
– 11 dos últimos 12 anos estão entre os 12 anos mais quentes (1998 detém o
recorde)
– Previsão: + 1,8 a 4oC até 2100
– Extinções de espécies (25% mamíferos e 12% aves)
• Precipitações severas, ondas de calor, ciclones tropicais mais intensos
• Derretimento das camadas de gelo nos pólos, picos nevados e glaciares
• Nível do mar aumentou 10 a 20 cm no século 20
– Aumento adicional de 18 a 59 cm até 2100
• Diminuição dos resultados na agricultura
• Secas no interior dos continentes
Mudanças Climáticas
“O aquecimento do sistema climático é inequívoco e
evidente a partir das observações do aumento global
da temperatura do ar e dos oceanos, derretimento
generalizado das camadas de gelo e neve e aumento
do nível do mar. “
(Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, WG I, 2007)
Emissões de Gases de Efeito Estufa
(GEE)
A Fonte dos Problemas
Fontes de Emissões Antropogênicas
Globais
Fonte: Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, WG I, 2007.
Fontes de Emissões Antropogênicas Brasil
Emissões totais de GEE, Brasil, 2005 (incluindo
mudança de uso da terra e florestas)
Fonte: Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito
Estufa, 2009 (preliminar)
Fontes de Emissões Antropogênicas Brasil
Emissões totais de GEE, Brasil, 2005 (excluindo
mudança de uso da terra e florestas)
5%
38%
ENERGIA
52%
5%
PROCESSOS
INDUSTRIAIS
AGROPECUÁRIA
TRATAMENTO DE
RESÍDUOS
Fonte: modificado do Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de
Gases de Efeito Estufa, 2009 (preliminar)
O que pode ser feito?
• Reduzir emissões
– Queimar petróleo e carvão de maneira mais eficiente
– Troca para formas renováveis de energia
– Novas tecnologias para a indústria e o transporte
• Expandir florestas e evitar desmatamento
– As árvores removem CO2 da atmosfera
• Mudar estilos de vida e regulamentações
– Uso eficiente de energia e geração de resíduos
– Novas políticas governamentais e leis
• Encarar o problema
– As conseqüências da mudança climática são inevitáveis
– Quanto antes as ações forem tomadas, melhor
UNFCCC, Protocolo de Quioto, MDL
UNFCCC e Protocolo de Quioto
• 1992, UNFCCC
– “O principal objetivo da convenção é a estabilização das concentrações
de GEEs na atmosfera em níveis que previnam a perigosa interferência
humana com o clima”
• 1997, Protocolo de Quioto
– Países industrializados ou com economia em transição, listados no
Anexo I (41 países)
• Compromisso jurídico de reduzir suas emissões de GEE a, pelo menos, 5%
abaixo dos níveis registrados em 1990, em média
– 1º período de compromisso: 2008 – 2012
– 2º período em discussão (pós-2012), ainda...
• Teto de emissões diferenciado entre os distintos países, no 1o período
– GEEs considerados: CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6
UNFCCC e Protocolo de Quioto
3 “mecanismos flexíveis”:
• Comércio de Emissões (ET) – EUAs
– EUA (Emission Allowances)
• Implementação Conjunta (JI) – ERUs
– Mais específico para países com economia em transição (Europa
Oriental e antiga União Soviética)
• Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) – RCEs
– Investimento em projetos de países em desenvolvimento
Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL)
Fonte: CDM Ilustrado v.8.0
Ciclo dos Projetos de MDL
Participantes
do Projeto
Participantes
do Projeto
Descrição das
Atividades
do Projeto
(1) DCP – Documento
de Concepção de Projeto
(2) Consulta Pública Local
Entidade
Operacional
Designada (EOD)
Autoridade
Nacional
Designada (AND)
Conselho Executivo
de MDL (CDM EB)
(3) Consulta Pública Global
(7) Monitoramento
Relatório de
Monitoramento
Entidade
Operacional
Designada (EOD)
(8) Verificação
(4) Validação
Relatório de
Verificação
(5) Carta de Aprovação
Solicitação de
Emissão de RCEs
(6) Registro das
Atividades de Projeto
Reduções
Certificadas de
Emissão (RCEs)
(9) Emissão
Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL)
• Mecanismo baseado em regras e princípios
• Alto grau de rigor
• Projetos de MDL e suas informações devem
ter:
– Precisão, conservadorismo, relevância,
credibilidade, confiança, integralidade
• Critérios de elegibilidade estritos
Conceitos Básicos do MDL
• Linha de base
– Representa as emissões de GEE que ocorreriam sem o
projeto do MDL
– Cenário mais provável, sem o incentivo do MDL
– Emissões calculadas através de metodologias aprovadas
Conceitos Básicos do MDL
• Adicionalidade
– Emissões do projeto < que em sua ausência
– Projeto não ocorreria de qualquer maneira, sem o
incentivo do MDL
• Não é a alternativa mais atratividade econômico-financeiro
• Barreiras que impedem o projeto de ocorrer sem o incentivo do
MDL
– Demonstração da adicionalidade deve ser feita com base
em diretrizes das metodologias e das ferramentas
indicadas
– Todas as premissas devem ser fundamentadas em
evidências confiáveis
Tipos de Projetos do MDL
Tipos de Projetos do MDL
• Geração de energia renovável
– Hídrica, solar, eólica, geotérmica, maremotriz
• Geração de energia a partir de biomassa
– Bagaço, casca de arroz, resíduos de frutos ou florestais, etc.
• Utilização de gás ou calor residuais
• Troca de combustíveis
• Melhoria de eficiência energética (geração ou demanda)
• Produção e utilização de bio-combustíveis
• Transporte
• Cimento
Tipos de Projetos do MDL
• Captura e queima de biogás (efluentes, aterros e minas)
• Emissões evitadas de metano
– Compostagem, incineração, tratamento aeróbico, queima ou
estabilização biomassa
• Redução de vazamentos de gás natural a partir de gasodutos
• Redução de emissões de N2O em plantas de ácido nítrico
• Redução de emissões de HFCs, PFCs e SF6
• Florestação ou reflorestamento de áreas degradadas, terras
usadas na agricultura, pastagens, áreas alagadas
– Permanente, manejo sustentável ou atividade silvo-pastoril
Tipos de Projetos do MDL - Grupos
• Resíduos
– [Biomassa], biogás (efluentes, aterros sanitários), metano
evitado
• Energia
– Energia renovável, [biomassa], eficiência energética, troca
de matriz energética, gás/calor residuais
• Outros
– Cimento, transporte, vazamento de GN, N2O, gases
industriais (CFCs, PFCs e SF6)
Emissões Totais de GEE Brasil
Fonte: Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito
Estufa, 2009 (preliminar)
Matriz Energética Brasil
Fonte: BEN 2008
Emissões de CO2 da Rede
• Sistema Interligado Nacional – para efeitos de MDL, é considerado um
sistema único
– No Brasil, fatores de emissão são fornecidos pelo MCT
• http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/74689.html
• Emissões de CO2 a partir de unidades geradoras movidas a combustíveis
fósseis (GN, carvão, diesel)
• Projetos de geração de eletricidade conectada à rede
– Fator de emissão (FE) médio do SIN para projetos instalados no Brasil = 0,52
tCO2/MWh
– A partir de 2009, FEmédio = 0,33 tCO2/MWh (15 projetos)
• Fator baixo comparado a outros países = necessidade de projetos maiores para
oferecer viabilidade
• China – 0,94 tCO2/MWh (427 projetos)
• Índia – 0,88 tCO2/MWh (76 projetos)
Troca de Combustível
Fonte: IGES. CDM Ilustrado v.8.0, julho de 2009
Status dos Projetos de MDL no Brasil e
no Mundo
Projetos de MDL no Mundo
TOTAL PROJETOS REGISTRADOS NO BRASIL = 169
Fonte: Status atual das atividades de projeto no âmbito do MDL no Brasil e no Mundo – MCT 04mar10
(fig. 7)
Projetos de MDL no Mundo
TOTAL EMISSÕES A SEREM REDUZIDAS NO 1º PERÍODO - BRASIL – 171,6 Milhões tCO2e
Fonte: Status atual das atividades de projeto no âmbito do MDL no Brasil e no Mundo – MCT 02out09 (fig. 7b)
Projetos de MDL no Brasil
Projetos de MDL do Brasil registrado na UNFCCC (03mar2010)
(Número de Projetos - total 169)
Outros; 16; 10%
Eólica; 4; 2%
Aterro
sanitário;
Projetos
de MDL do Brasil
registrados na
Decomposição
de UNFCCC (03mar2010)
26; 15%
(Total 21 milhões
tCO
N2O; 5% 2 / ano)
Biomassa; 37; 22%
Hidrelétrica; 38;
23%
Eólica; 169.533; 1%
Biomassa;
1.880.388; 9%
Outros; 936.936;
5%
Biogás; 43; 25%
Aterro sanitário;
7.683.940; 37%
Hidrelétrica;
1.921.362; 9%
Biogás; 1.968.178;
9%
Decomposição de
N2O; 6.380.126;
30%
Fonte: IGES CDM
Project Database
Mercado de Créditos de Carbono
Mercado Mundial de Crédito de Carbono
Valores negociados 2004-2009 (USD Bi)
Fonte: Carbon Markets Exchanges, LEBA, New Energy Finance
Histórico de preços do EU-ETS
(Abr08-Dez09)
€ / tCO2
Fonte: European Climate Exchange - ECX
Price Curve per
Carbon Credit
Project Risks
Price
Difference
Country Risks
LOGICarbon
UNFCCC
Executive
Board
LOGICarbon
Designated
Operational
Entity
Issuance
Verification
&
Certification
Monitoring
Designated
National
Authority
Implementation
Designated
Operational
Entity
Registration
Host
Country
Approval
Regulatory Risks
Validation
CDM
Process
Supplier Risks
Project
Design
Document
Price per Carbon Credit
Ciclo do Projeto vs Preço RCEs
Time
UNFCCC
Executive
Board
Source: OneCarbon
Fatos Recentes
•
COP15, Copenhague
– Acordo sem vínculos legais, com adesão de 111 países (objetivo de manter o aumento
da temperatura a até 2oC)
– Decisão sobre pós-2012 foi postergada para COP16 (Cancún), em 2010
•
Brasil propõe assumir metas voluntárias (nov09)
– Redução de 36,1% a 38,9% até 2020 (linha de base projetada)
– Maior parte através do combate ao desmatamento
•
Estado de São Paulo (nov09)
– Política Estadual de Mudanças Climáticas
– Redução de 20% até 2020 (ano-base 2005)
•
Estados Unidos
– Como maior emissor de GEE, será um player importante no mercado
– The American Clean Energy and Security Act (EUA, 2009)
• Aprovada pela Câmara dos Representantes, em estudo pelo Senado
•
União Européia
– Discussão sobre aumentar de 20% para 30% a meta até 2020 (ano-base 1990)
Tendências para a Indústria
• Economia de baixo carbono
– Exigência por consumidores e compradores
– Comércio internacional vinculado à pegada carbônica dos produtos (barreiras)
• Necessidade de adaptar-se às regulamentações atuais e futuras
– Inventário de emissões JÁ!
– Medidas de mitigação ou seqüestro de carbono
• Necessidade de produção mais eficiente para manter competitividade
– Produzir mais consumindo menos
• Índices para valoração das empresas
– Sustentabilidade ambiental – reduzir o impacto
– Emissões de GEE por unidade produzida
• Linhas de crédito vinculadas a ações de sustentabilidade e redução de
emissões de GEE
Dúvidas e Perguntas
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Apresentação Oportunidades Crédito de Carbono