Módulo III: Oportunidades de negócios e avaliação de atratividade Marcelo Theoto Rocha 10 de maio de 2007 Conteúdo • • • O MERCADO DE CARBONO – Compradores, vendedores e carteiras de projetos – Oportunidades de mitigação no Brasil – Potenciais barreiras ao aproveitamento das oportunidades – Metodologias de linha de base e de monitoramento – Custos de transação – Titularidade dos créditos ATRATIVIDADE – Responsabilidade ambiental e o papel dos projetos de carbono – Inventário de emissões – Norma ISO 14.064 – Taxa interna de retorno CONCLUSÕES O mercado de carbono: visão geral 2005 EU ETS NSW CCX Sub-total MDL JI Outros Sub-total TOTAL Fonte: Capoor & Ambrosi (2006) Volume Valor MtCO2 MUS$ Permissões 324,31 8.204,48 6,11 59,13 1,45 2,83 332,17 8.267,75 Transações baseadas em projetos 359,08 2.651,44 20,85 100,89 4,51 36,72 384,44 2.789,05 716,61 11.056,79 Q 1-3 2006 Volume Valor MtCO2 MUS$ 763,90 16,19 8,25 788,34 18.839,79 184,07 27,15 19.051,00 241,26 11,8t6 7,92 234,05 1.022,39 2.260,96 93,88 60,02 2.414,87 21.465,87 O mercado de carbono: visão geral Volume Fonte: Capoor & Ambrosi (2006) Valores 0 Argentina Bolivia Brazil Chile Colombia Costa Rica Cuba Dominican Republic Ecuador El Salvador Guatemala Guyana Honduras Jamaica Mexico Nicaragua Panama Peru Uruguay Bangladesh Bhutan Cambodia China Fiji India Indonesia Lao PDR Malaysia Mongolia Nepal Pakistan Papua New Guinea Philippines South Korea Sri Lanka Thailand Vietnam Armenia Cyprus Georgia Kyrgyzstan Moldova Tajikistan Uzbekistan Equatorial Guinea Ivory Coast Kenya Nigeria Senegal South Africa Tanzania Uganda Egypt Israel Morocco Qatar Tunisia Número de projetos Número de projetos Fonte: Jørgen Fenhann, UNEP Risø Centre 01-05-07 700 600 608 500 Total: 1.866 454 400 300 220 200 154 100 13 6 30 15 5 1 3 14 5 14 1 17 1 15 3 8 3 3 1 2 22 46 1 1 37 31 3 3 3 1 Países 17 16 23 10 15 6 2 1 1 5 1 1 1 1 1 2 1 5 1 2 1 2 7 200000 0 Argentina Bolivia Brazil Chile Colombia Costa Rica Cuba Dominican Republic Ecuador El Salvador Guatemala Guyana Honduras Jamaica Mexico Nicaragua Panama Peru Uruguay Bangladesh Bhutan Cambodia China Fiji India Indonesia Lao PDR Malaysia Mongolia Nepal Pakistan Papua New Guinea Philippines South Korea Sri Lanka Thailand Vietnam Armenia Cyprus Georgia Kyrgyzstan Moldova Tajikistan Uzbekistan Equatorial Guinea Ivory Coast Kenya Nigeria Senegal South Africa Tanzania Uganda Egypt Israel Morocco Qatar Tunisia 1.000 RCE Volume de RCE a serem geradas Fonte: Jørgen Fenhann, UNEP Risø Centre 01-05-07 1000000 942238 900000 800000 Total: 1.912.601 700000 600000 500000 400000 322183 300000 150692 100000 101808 27325 29979 52750 2091 1706 3257 572 456 3497 9608 1211 633 164 17528 33905 14448 8681 3073 8405 393 355 Países 513 305 22632 25026 19612 14998 406 319 5113 BIMC Fonte: Jørgen Fenhann, UNEP Risø Centre 01-05-07 100% 90% 80% 70% Mexico Brazil 50% China India 40% 30% 20% 10% Q1-07 Q4-06 Q3-06 Q2-06 Q1-06 Q4-05 Q3-05 Q2-05 Q1-05 Q4-04 Q3-04 Q2-04 0% Q1-04 Projetos 60% Projetos registrados Fonte: http://cdm.unfccc.int/Statistics/Registration/NumOfRegisteredProjByHostPartiesPieChart.html RCE a serem geradas pelos projetos registrados Fonte: http://cdm.unfccc.int/Statistics/Registration/AmountOfReductRegisteredProjPieChart.html RCE emitidas por país Fonte: Jørgen Fenhann, UNEP Risø Centre 01-05-07 120 117 8816 7782 1996 52 163 387 37 81 1449 240 64 5299 18148 Argentina Brazil Chile Guatemala Honduras Jamaica Mexico Nicaragua Peru China India Malaysia Papua New Guinea South Korea Sri Lanka Preços 2005 Fonte: Capoor & Ambrosi (2006) 2006 (até 30 de setembro) Preços das EUA Fonte: Capoor & Ambrosi (2006) Compradores 2005 2006 (até 30 de setembro) Volume: 384,4 milhões t CO2e Volume: 234,1 milhões t CO2e Fonte: Capoor & Ambrosi (2006) Vendedores 2005 Fonte: Capoor & Ambrosi (2006) 2006 (até 30 de setembro) Tipo de projetos 2005 Fonte: Capoor & Ambrosi (2006) 2006 (até 30 de setembro) Tipo de projetos (2) Fonte: Jørgen Fenhann, UNEP Risø Centre 01-05-07 1 4 7 0 7 219 169 1 0 106 29 135 380 392 30 30 1 18 8 20 211 66 17 11 4 Afforestation Agriculture Biogas Biomass energy Cement Coal bed/mine methane Energy distribution EE households EE industry EE service EE supply side Fossil fuel switch Fugitive Geothermal HFCs Hydro Landfill gas N2O Others PFCs Reforestation Solar Tidal Transport Wind Tipo de projetos Brasil Fonte: Jørgen Fenhann, UNEP Risø Centre 01-05-07 2 6 40 26 1 44 72 2 13 8 213 Agriculture Biogas Biomass energy Cement Energy distribution EE industry EE service Fossil fuel switch Fugitive Hydro Landfill gas N2O Wind Localização dos projetos no Brasil Fonte: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/30318.html Oportunidades de mitigação no Brasil 1. Atividades de florestamento/reflorestamento: o Brasil possui inúmeras áreas que seriam elegíveis ao florestamento e ao reflorestamento. Além disto as metodologias atualmente aprovadas podem ser utilizadas no país, bastando para isto que as atividades de projeto estejam de acordo com as condições de aplicabilidade de cada metodologia. 2. Atividades de utilização de bio-combustíveis (em especial o biodiesel): a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis é um atividade elegível ao MDL. No caso do Programa Nacional do Biodiesel, haveria a possibilidade de enquadrar os projetos dentro do MDL, desde que a adição de bio-diesel ao diesel fosse feita acima dos patamares estabelecidos pelo Programa. 3. Registro de atividades de projeto de um programa como uma única atividade de projeto do MDL (PoA) 4. Incentivos positivos para a redução das emissões decorrentes do desmatamento (RED) Potencial de mitigação e barreiras Falta de conhecimento Potencial físico Potencial de mitigação Altos custos Valores, atitudes, barreiras sociais Potencial tecnológico Potencial sócio-econômico Falhas de mercado Potencial econômico Potencial de mercado Tempo Fonte: IPCC Metodologias de linha de base e de monitoramento • • • • • • • • • • • • • • • Fonte: UNFCCC Energia indústrias (fontes renováveis - / não- renováveis) (1): 25 Distribuição de energia (2): 1 Demanda de energia (3): 7 Indústrias de manufatura (4): 13 Indústrias químicas (5): 7 Construção (6): 0 Transporte (7): 2 Mineração e produção mineral (8): 1 Metalurgia (9): 2 Emissões fugitivas de combustíveis (10): 6 Emissões fugitivas da produção e consumo de halocarbonos e hezafluoreto de enxofre (11): 2 Uso de solventes (12): 0 Disposição e tratamento de resíduos (13): 16 Florestamento e reflorestamento (14): 9 Agricultura (15): 4 Ciclo de aprovação de metodologias Tempo para aprovação de metodologias Fonte: Jørgen Fenhann, UNEP Risø Centre 01-05-07 700 650 600 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 Submission Round 18 17 16 15 14 13 12 11 Approval Average Rejection 10 9 8 7 6 5 4 3 2 0 1 Days to Final Decision 550 ENTIDADE OPERACIONAL DESIGNADA (2) Validação US$ 10.000 a 40.000 US$ 0 a … (5) Monitoramento Metodologias PARTICIPANTES DO PROJETO (1) Doc. de Concepção do Projeto - DCP US$ 5.000 a 10.000 ano US$ 15.000 a 50.000 (4) Registro US$ 5.000 a 30.000 (3) Aprovação (6) Verificação / Certificação COMISSÃO Total: U$ 60.000 a 175.000 INTERMINISTERIAL US$ 0 DE MUDANÇA GLOBAL DO CLIMA Outros: Contrato: US$ 10.000 a 20.000 (7) Emissão RCEs Taxa de administração - Executive Board (US$0.10/RCE nos primeiros 15.000 RCEs por ano e US$0.20 para cada RCE adicional, atpe o máximo de US$350,000); e, Contribuição ao Fundo de Adaptação (2 % das RCEs) COMITÊ EXECUTIVO (4) Registro das Atividades de Projeto US$ 15.000 a 25.000 (primeira) <= 15.000 (subsequentes) Fonte: UNDP, 2006 Impacto no custo de transação Fonte: UNDP, 2006 Impacto no custo de transação Fonte: UNDP, 2006 Titularidade dos créditos • Divergência (PROINFA ) - Conforme o Decreto Nº 5.025, de 30 e março de 2004: – – – – – – Artigo 5 - § 1o O PROINFA também visa reduzir a emissão de gases de efeito estufa, nos termos da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. (Redação dada pelo Decreto nº 5.882, de 2006) Artigo 5 - § 2o Compete à ELETROBRÁS desenvolver, direta ou indiretamente, os processos de preparação e validação dos Documentos de Concepção de Projeto - DCP, registro, monitoramento e certificação das Reduções de Emissões, além da comercialização dos créditos de carbono obtidos no PROINFA. (Incluído pelo Decreto nº 5.882, de 2006) Artigo 16 - § 4o Os recursos advindos das atividades relacionadas ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL ou outros mercados de carbono serão destinados à redução dos custos do PROINFA, rateados entre todas as classes de consumidores, nos termos da alínea “c”, inciso I, art. 3o, da Lei no 10.438, de 2002, visando à modicidade tarifária. (Incluído pelo Decreto nº 5.882, de 2006) Artigo 16 - § 5o Na hipótese de comercialização de créditos de carbono de projetos do PROINFA ou dos direitos a eles relativos, em benefício do empreendedor, inclusive em data anterior a 1o de setembro de 2006, aplicar-se-á o disposto no inciso V do art. 11. (Incluído pelo Decreto nº 5.882, de 2006) Art. 11. Os contratos de compra de energia a serem firmados pela ELETROBRÁS: V - conterão cláusula de redução do preço contratado na hipótese de o produtor vir a ser beneficiado com novos incentivos às tecnologias consideradas no PROINFA; Titularidade dos créditos (2) Fonte: Generalized baseline methodology for transportation Bio-Fuel production project with Life-Cycle-Assessment (NM0129-rev). Disponível em http://cdm.unfccc.int/methodologies/PAmethodologies/publicview.html Atratividade: Carbon Disclosure Project (CDP) • Geral: 91% das empresas questionadas identificaram nas mudanças climáticas riscos e/ou oportunidades para seus negócios. Os riscos apontados são bastante variados: possíveis regulamentações futuras, quedas na produtividade, aumento do custo da energia, eventos climáticos que possam afetar a logística e/ou disponibilidade de recursos, prejuízos na reputação,processos por coresponsabilidade, entre outros. Já as oportunidades mencionadas vão desde projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e/ou outros projetos de mitigação, passando por oferta de energias renováveis e/ou alternativas, desenvolvimento de novas tecnologias, novos produtos e serviços financeiros, até projetos de eficiência energética. • • Regras: Devido ao fato de que o Brasil não possui metas quantitativas de redução de suas emissões no primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto (2008 a 2012), mas pode ofertar projetos de MDL, as empresas brasileiras não vêem risco regulatório decorrente do atual regime climático, mas sim oportunidades. Porém, 64% das empresas demonstraram algum tipo de preocupação em relação às discussões do regime pós-2012. Riscos físicos: 85% das empresas acreditam que podem ter suas operações e/ou instalações afetadas por eventos climáticos extremos, direta ou indiretamente (devido a impactos na sua cadeia de valor). Atratividade: Carbon Disclosure Project (CDP) (2) • • • Inovação: 91% das empresas utilizam ou estão desenvolvendo tecnologias, produtos, processos ou serviços, com potencial para mitigar as emissões de GEE. A motivação para a utilização de tais tecnologias, produtos, processos ou serviços não está relacionada apenas com as mudanças climáticas, mas também com aspectos econômicos (redução de custos e/ou aumento de receitas), ambientais (outros benefícios ecológicos) e sociais (melhoria do capital humano). Responsabilidade: 79% das empresas delegaram a responsabilidade do tema das mudanças climáticas para cargos de diretoria e/ou comitês de sustentabilidade. 58% das empresas divulgam alguma informação sobre o tema nos seus relatórios anuais. Emissões: 61% das empresas forneceram algum tipo de informação sobre suas emissões (diretas) de GEE, porém poucas delas realizam inventários regulares de emissões. • • • Produtos e serviços: apenas 6% das empresas possuem algum tipo de informação sobre as emissões do uso e/ou disposição dos seus produtos, ou das emissões das suas cadeias de valor. Várias empresas afi rmam que o uso de seus produtos e/ou serviços não gera emissões signifi cativas. Redução de emissões: 73% das empresas possuem algum tipo de estratégia de redução de suas emissões, seja relacionada a projetos de MDL ou a projetos de ecoeficiência. Instrumentos de mercado: 63% das empresas estão, de alguma forma, envolvidas com projetos de mitigação de emissões de GEE, em especial projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Os projetos encontram-se nos mais diversos estágios, desde estudos de viabilidade até projetos já registrados no Comitê Executivo do MDL. Inventário de emissões: GHG Protocol • • • • • RELEVÂNCIA: garante que o Inventário de Emissões reflita apropriadamente as emissões e sirva para a tomada de decisão dos seus usuários (internos e externos) garante que o Inventário de Emissões reflita apropriadamente as emissões e sirva para a tomada de decisão dos seus usuários (internos e externos); COMPLETUDE: identifica e reporta todas as fontes e atividades de emissão dentro das fronteiras estabelecidas. Justifica as exclusões; CONSISTÊNCIA: utiliza metodologias consistentes a fim de permitir comparações das emissões ao longo do tempo. Documenta, de forma transparente, todas as modificações de dados, fronteiras, métodos e outros fatores relevantes; TRANSPARÊNCIA: aborda todos os fatos relevantes de forma coerente, baseando-se em uma seqüência lógica. Declara todas as hipóteses relevantes e faz referências apropriadas para todas as metodologias de cálculo utilizadas; e, PRECISÃO: garante que a quantificação das emissões de GEE não está sistematicamente sob ou sobre estimada, na medida do que pode ser julgado, e que as incertezas estão reduzidas na medida do praticável. Permite que os usuários possam tomar decisões com razoável certeza. Norma ISO 14.064 • • • • Parte 1: Especificações com orientações no nível organizacional para quantificação e divulgação de emissões e remoções de GEE Parte 2: Especificações com orientações no nível de projeto para quantificação, monitoramento e divulgação de reduções de emissões e remoções de GEE Parte 3: Especificações com orientações para a validação e verificação de GEE Mello (2006), realizou uma pesquisa entre os proponents de projetos de MDL no Brasil sobre a percepção e aplicabilidade da Parte 2 da Norma ISO 14.064. Os resultados mostram que a princípio, as empresas brasileiras não irão adotar a ISO 14.064 em função da falta de conhecimento sobre a norma e aos altos custos associados à sua implementação (em especial os custos relacionados à validação e verificação). Entretanto, as empresas consultadas compreendem a necessidade de se ter procedimentos padronizados para quantificar, monitorar e verificar as reduções de emissões do projetos de MDL. Estes procedimentos podem aumentar a transparência e a credibilidade dos projetos de MDL, assim como também atrair investidores. Taxa Interna de Retorno Fonte: Neeff (2007). Teste de adicionalidade Conclusões • • • O mercado de carbono (Quioto e NãoQuioto) é uma realidade que tende somente a crescer. O mercado continuará contribuindo para a mitigação do efeito estufa pela simples razão de que através dos instrumentos de mercado é possível reduzir os custos do abatimento das emissões, em outras palavras, é possível obter a eficiência econômica. O mercado de carbono sozinho não irá solucionar todos os problemas decorrentes das mudanças climáticas. Serão necessários instrumentos de comando de controle (leis e metas obrigatórias); políticas públicas para adaptação; mudanças no padrão de consumo, etc. • • • No caso particular das atividades de projetos de MDL, existem possibilidades de melhorias no processo de aprovação e registro de projetos; no processo de submissão de novas metodologias de linha de base e de monitoramento; das metodologias aprovadas; e, no processo de verficação e certificação. Os projetos em andamento também estão demonstrando que vários elementos estão funcionando, portanto não seria o caso de descartar completamente o MDL do regime climático pós-2012, mas sim de aprimorá-lo. Os projetos não podem ser elaborados fora do contexto da estratégia de sustentabilidade das empresas e precisariam ser avaliados pelo mercado também pelos possíveis benefícios ou riscos associados. Contatos Marcelo Theoto Rocha [email protected] [email protected] 11 7110-3311 Skype: marcelo.trocha