4º Período Ciências Contábeis Aulas 09 e 10 Contabilidade e Responsabilidade Socioambiental 1 MEIO AMBIENTE COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS “Do ponto de vista administrativo, a gestão ambiental nas empresas deve ser entendida não como um custo, mas sim como um investimento que possa trazer bons resultados a curto, médio e longo prazos. Esses resultados vão desde a motivação dos próprios funcionários até a redução de custo financeiros e a preservação da natureza [...]. As oportunidades de negócios que surgem em função do crescimento do mercado “verde” são extremamente promissora, atingindo áreas que englobam, entre outras, o setor cosmético, consultorias ambientais, construtoras, reciclagem, bancos e turismo”. (Meio ambiente é o negócio. Saad, Camilla et.al.) http://www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/Meio%20ambiente%20%C3%A 9%20o%20neg%C3%B3cio!.pdf 2 RECONHECIMENTO DOS CRÉDITOS DE CARBONO ..\..\Meus vídeos\Aquecimento global O mercado do carbono.wmv ..\..\Meus vídeos\keyassociados.wmv ARTIGO “Momento de Reconhecimento da Receita Proveniente da Venda de Créditos de Carbono: o Caso de uma Operadora de Aterro Sanitário no Estado do Espírito Santo”. Maria Mariete Aragão Melo Pereira, Valcemiro Nossa, Silvania Neris Nossa. Revista Contabilidade Vista & Revista, ISSN 0103-734X, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 20, n. 2, p. 99-133, abr./jun. 2009. http://web.face.ufmg.br/face/revista/index.php/contab ilidadevistaerevista/article/view/616/422 3 - Ecologia (conceito): palavra de origem grega “oikos”, que significa casa e “logos” que significa estudo, ou seja, é o estudo da casa, do ambiente. Assim, o significado da palavra casa seria - o local onde os seres vivem. Esta palavra foi originalmente empregada em 1866, pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919). Ecologia (definição): estudo das condições de existência dos seres vivos e as interações, de qualquer natureza, existente entre esses seres vivos e o seu meio; - Ecossistema: é uma unidade em que seres vivos e seres não vivos se interagem formando um sistema estável. Todos os elementos têm de se manter em equilíbrio para conservar a vida. Nele há três categorias de organismos: os produtores, os consumidores e os decompositores, sendo que a mínima alteração em qualquer uma dessas categorias pode trazer 4 sérias consequências para esse ecossistema. - Meio ambiente: (resolução CONAMA 306:2002), “Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influencia e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Na ISO 14001:2004 é a “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora fauna, seres humanos e suas inter-relações.” - Poluição: A poluição pode ser considerada a libertação de elementos, radiações, vibrações, ruídos e substâncias ou agentes contaminantes em um ambiente, prejudicando os ecossistemas biológicos e os seres humanos. 5 - Desenvolvimento sustentável: “Atender às necessidades da atual geração, sem comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias demandas.” Ou seja, usar os recursos naturais com respeito ao próximo e ao meio ambiente. Preservar os bens naturais e à dignidade humana. É o desenvolvimento que não esgota os recursos, conciliando crescimento econômico e preservação da natureza. -Crescimento sustentável: é reconhecer que os recursos naturais são finitos. Usar os bens naturais, com critério e planejamento. A partir daí, traçar um novo modelo de desenvolvimento econômico para a humanidade, relacionado à qualidade, ao invés da quantidade, com a redução de matéria-prima e produtos. Implica em mudanças nos padrões de consumo e do nível de conscientização. 6 - Análise custo-benefício: designa a comparação entre os custos e os benefícios associados à execução de determinado plano, projeto ou atividade. Pode ser usada para comparar os resultados financeiros obtidos a partir de diferentes atividades e determinar se uma determinada ação é viável do ponto de vista econômico e financeiro. Externalidades: são os efeitos colaterais da produção de bens ou serviços sobre outras pessoas que não estão diretamente envolvidas com a atividade. Referem-se ao impacto de uma decisão sobre aqueles que não participaram dessa decisão e podem ter efeitos positivos ou negativos, isto é, podem representar um custo para a sociedade, ou podem gerar benefícios à mesma. 7 - Internalização: Se as externalidades significativas existem, o que pode corrigir este equilíbrio de mercado ineficiente? Internalizar externalidades pode ocorrer de várias formas. Um exemplo seria uma taxa sobre os automóveis. Pode-se chamar isto de taxa de poluição, cujo objetivo não é primeiramente aumentar a receita do governo (embora seja um dos resultados), mas transferir para os compradores de automóveis os custos ambientais reais de suas ações. - Indústria sustentável: A produção ou manufatura sustentável pode ser definida como a criação de produtos manufaturados com base em processos que minimizem os impactos ambientais negativos, além de serem seguros para os trabalhadores, comunidades e consumidores, e que se mostrem economicamente viáveis. Atender a essas normas pode exigir muitas mudanças e novos planejamentos na forma como as empresas operam, tais como o uso de recursos renováveis, a conversão para energias limpas e a implementação de processos de produção mais eficientes. 8 Impacto ambiental: (Resolução 001/86 do CONAMA), é "qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente, a saúde, a segurança, e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias ambientais; a qualidade dos recursos ambientais“. Efeitos ambientais: Existe uma grande diferença entre impacto ambiental e efeito ambiental. Enquanto o impacto ambiental consiste nos desdobramentos degradadores resultantes da ação humana sobre o meio ambiente, o efeito ambiental resulta dos fenômenos naturais que agem impactando o meio ambiente, ou seja, das repercussões advindas de fenômenos naturais que se processam lentamente ou na forma de catástrofes também naturais como os terremotos, os tornados, as erupções vulcânicas, e mais recentemente as tão discutidas tsunamis, etc. 9 Ex.: resíduo químico lançado nos rios x mortandade dos peixes - Impactos diretos: são aqueles resultantes de uma simples e direta relação de causa (fator gerador de impacto) e efeito (impacto ambiental). Também chamado de impacto de 1ª ordem. - Impactos indiretos: resultam de uma reação secundária em relação à intervenção, ou quando fazem parte de uma cadeia de reações. Ex.: Água engarrafada - Os impactos diretos da embalagem englobam todo o ciclo de vida da produção da garrafa, até o envase da água (consumo de recursos naturais, energia, emissão atmosférica, geração de efluentes e de resíduos sólidos). Os impactos indiretos são causados principalmente pelo transporte da garrafa de água desde o seu local de envase até o local do seu consumo (emissão atmosférica). ..\..\Meus vídeos\Água na Jarra.wmv 10 - Certificados negociáveis: são certificados comercializáveis que visem atingir uma redução ou mesmo a manutenção dos níveis atuais de poluição. • Uma entidade que investir esforços para diminuir impactos ambientais causados por suas atividades poderia negociar, em mercado aberto, uma quantidade de poluição (ou crédito por não poluir). As ideias sobre a emissão dos certificados negociáveis surgiram da necessidade da criação de mecanismos para um desenvolvimento limpo e resultaram no acordo internacional denominado Protocolo de Kyoto. O Protocolo de Kyoto foi assinado em 1997, mas só pode ser operacionalizado em 2005, com assinatura do número mínimo de países. 11 As formas encontradas para alcançar o objetivo do Protocolo de Kyoto foram as seguintes: Comercio de emissão – permite aos países ou suas empresas que cumprirem a meta de redução comercializar o excedente com outras empresas que não cumprirem. Mecanismos de flexibilização: Implantação conjunta – permite a implantação em conjunto de projetos de redução; Mecanismos de desenvolvimento limpo – (MDL) – permitem o sequestro de carbono por meio do efeito estufa; isso é conseguido por: plantação de florestas, as árvores tem estocar carbono, 12 CRÉDITOS DE CARBONO: COMO FUNCIONA 13 • O Mercado de Carbono surgiu a partir da criação da Convenção das Nações Unidades sobre Mudanças climáticas (UNFCCC, em inglês), durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. • Em 1997, durante uma de suas mais importantes reuniões em Kyoto, Japão, foi decidido que os países signatários deveriam assumir compromissos mais rígidos para a redução das emissões de gases que agravam o efeito estufa, ficando conhecido como Protocolo de Kyoto. • Este Protocolo, para entrar em vigor, deveria reunir 55% dos países, que representassem 55% das emissões globais de gases de efeito estufa, o que só aconteceu depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004. EUA ainda não assinaram o acordo. 14 • as metas do Protocolo de Kyoto: definidos em 1997 limites para a quantidade de gases poluentes na atmosfera. • Assim, o objetivo central do Protocolo de Kyoto passa a ser que os países limitem ou reduzam suas emissões de gases de efeito estufa. Por isso, a redução das emissões passam a ter valor econômico. • ..\..\Meus vídeos\Carbono Explica.wmv • Os créditos de carbono são certificados outorgados às indústrias e às empresas que comprovadamente reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa durante a obtenção de seus produtos. Cada crédito de carbono pode valer de U$ 3,00 a 40,00 dólares (R$ 8,00 a 104,00 reais), mas, em média, fica entre US$ 15,00 e US$ 20,00 (R$ 39,00 a 52,00 reais). 15 • Quem define o preço de cada crédito de carbono é a característica do projeto executado, ou seja, uma empresa que realiza reflorestamento em um local degradado por suas atividades, capta créditos mais baratos do que aqueles provenientes da instalação de um equipamento de alta tecnologia para reduzir a emissão de gases poluentes. As empresas que mais negociam esses créditos são aquelas instaladas em países desenvolvidos. • Para ajudar os países a alcançar suas metas de emissões e para encorajar o setor privado e os países em desenvolvimento a contribuir nos esforços de redução das emissões, os negociadores do Protocolo incluíram três mecanismos de mercado, além das ações de caráter nacional ou esforços de redução individuais: 16 a) Comércio de emissões: • Países do Anexo I que tiverem limites de emissões sobrando (emissões permitidas, mas não usadas), podem vender esse excesso para outras nações do Anexo I que estão emitindo acima dos limites. O Anexo I é a relação dos 40 países e a Comunidade Europeia, listados na Convenção do Clima, que assumiram compromissos de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE). São, basicamente, os países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os países “não-Anexo I" (países em desenvolvimento) são aqueles que não se comprometeram em assumir metas obrigatórias de redução de emissão, apesar de alguns adotarem ações voluntárias nesse sentido. • Uma das principais corretoras para o Comércio de emissões é a European Climate Exchange (Bolsa Europeia do Clima). 17 b) Implementação Conjunta: • Mecanismo onde os países do Anexo I podem agir em conjunto para atingir suas metas. Assim, se um país não vai conseguir reduzir suficientemente suas emissões, mas o outro vai, eles podem firmar um acordo para se ajudar. • O mecanismo de Implementação Conjunta permite de maneira flexível e com eficiência em custo que um país possa atingir suas metas de redução, enquanto o país hospedeiro se beneficia de investimentos estrangeiros e transferência de tecnologia. • Um projeto desta natureza deve fornecer uma redução de emissões por fonte, ou um aumento das remoções por sumidouros, que seja adicional ao que ocorreria se 18 nada fosse feito. c) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): • Este mecanismo permite projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento, que não possuem metas de redução de emissões no âmbito do Protocolo de Kyioto. Estes projetos podem se transformar em reduções certificadas de emissões (CER), que representam uma tonelada de CO2 equivalente, que podem ser negociados com países que tenham metas de redução de emissões dentro do Protocolo de Kyoto. • Projetos MDL podem ser implementados nos setores energético, de transporte e florestal. Este mecanismo estimula o desenvolvimento sustentável e a redução das emissões por dar flexibilidade aos países industrializados na forma de conseguir cumprir suas metas de redução, enquanto estimula a transferência de tecnologia e o envolvimento da sociedade nos 19 países em desenvolvimento. c) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): • Os projetos devem ser qualificados perante um sistema de registro público e rigoroso, que foi desenvolvido para assegurar que os projetos sejam reais, verificáveis, reportáveis e adicionais ao que ocorreria sem a existência do projeto. • Para serem considerados elegíveis, os projetos devem primeiro ser aprovados pela Entidade Nacional Designada de cada país (DNA), que no caso do Brasil é a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, composta por representantes de onze ministérios. • Funcionando desde 2006, este mecanismo já registrou mais de 1.000 projetos, representando mais de 2,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes. 20 Um exemplo prático da inserção do Brasil no mercado de carbono se deu com o projeto desenvolvido pela siderúrgica Mannesmann, sediada na Bahia. Trata-se de uma operação com o International Financial Corporation (braço privado do Banco Mundial) em nome do governo da Holanda, que negociou cerca de cinco milhões de toneladas de carbono equivalente a um preço aproximado de três euros a tonelada. Depois disso, uma outra quantidade menor, cerca de quatro milhões de toneladas de carbono, foi comercializada para a Toyota Tsusho Corporation. 21 A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em seis de dezembro de 2004, lançou o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), primeiro mercado a ser implantado em um país em desenvolvimento, que irá negociar ativos que venham a ser gerados por projetos que promovam a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa em nosso país. Perguntas sem respostas: Quem são os donos, os avalistas e os auditores dos créditos de carbono? Quem será beneficiado pelos créditos? Esse modelo irá beneficiar o meio ambiente e as camadas mais pobres da população ou os empresários e donos do poder político e econômico dos países mais ricos? 22 http://globotv.globo.com/tvgazeta-al/bom-diaalagoas/v/mercado-de-creditos-decarbono-reduz-emissao-depoluentes-na-natureza/2314752/ 23