PPB1 2006 Percepção & Atenção PPB1 2006 Percepção e atenção 1 Percepção • Percepção = Conjunto de processos que organizam / integram / estruturam a informação da imagem sensorial e possibilitam interpretála como algo produzido por objetos ou eventos no mundo exterior • Lembrete: Estímulos sensoriais são brutos, básicos, inconstantes, caóticos – A energia das ondas sonoras que chegam ao ouvido não é a música que escutamos – Os reflexos luminosos de traços pretos no papel não são as palavras que lemos e entendemos PPB1 2006 Percepção e atenção 2 Percepção • Resultado: compreendemos a sensação, ou seja, experienciamos um “percepto” • Percepto = a experiência de ter, na mente, a representação de um objeto ou de um evento no mundo • Essa representação não é o objeto real em si, nem a imagem sensorial no receptor PPB1 2006 Percepção e atenção 3 Percepção • É vantajoso perceber a realidade exterior como um mundo composto por objetos (coisas concretas no ambiente) e por eventos (coisas que acontecem com os objetos ao longo do tempo) • Ações no ambiente serão mais inteligentes se respondermos a um mundo organizado desta forma PPB1 2006 Percepção e atenção 4 Realidade x Sensação • Nem sempre a informação que os órgãos de sensação veiculam para o SNC corresponde perfeitamente à realidade dos objetos no mundo – Alguns estímulos são ambíguos: a informação sensorial não nos permite decidir se “aquela coisa” é mesmo “aquela coisa” e não “outra coisa” PPB1 2006 Percepção e atenção 5 Sensação x percepção • Nem sempre interpretação perceptiva é correspondente à informação sensorial veiculada para o SNC – Alguns estímulos são ilusórios: a interpretação perceptiva que fazemos da informação sensorial nos leva a perceber “aquela coisa” com certas características, quando na realidade as características são outras PPB1 2006 Percepção e atenção 6 Teorias clássicas - Psicofísica • Importância da experiência para a percepção de objetos • Somente processos mentais superiores permitem combinar estímulos e interpretálos como objetos • Duas etapas: – Analítica – órgãos dos sentidos analisam o mundo em partes, ou elementos fundamentais – Sintética – sujeito integra elementos em percepções de objetos PPB1 2006 Percepção e atenção 7 Teorias clássicas - Gestalt • Estruturas inatas – tendência a perceber as formas como objetos inteiros • Ênfase nas totalidades, formas, configurações, organizações • Exemplos: – Um conjunto de 2 olhos, 1 nariz, 1 boca, 2 orelhas é percebido como um rosto se as partes estiverem distribuídas na forma “correta” – Uma melodia poderia ser decomposta em notas, mas ela só é uma melodia por ser um conjunto de certas notas numa certa ordem PPB1 2006 Percepção e atenção 8 Teorias atuais • Interação entre processos: – Descendentes – Ascendentes PPB1 2006 Percepção e atenção 9 Processos ascendentes • Percebemos o mundo a partir de fragmentos de informação sensorial – Transfere-se características concretas dos estímulos para representações abstratas dos objetos PPB1 2006 Percepção e atenção 10 Processos descendentes • Expectativas afetam o modo como percebemos – Experiência prévia com os mesmos estímulos ou estímulos semelhantes – Motivação – Fatores culturais PPB1 2006 Percepção e atenção 11 • Exemplos de processos ascendentes de interpretação perceptiva • Pistas concretas para perceber objetos e relações entre objetos – Percepção de profundidade • Pistas binoculares (convergência) • Pistas monoculares (tamanho relativo, interposição, perspectiva linear posição em relação ao horizonte) PPB1 2006 Percepção e atenção 12 • Exemplos de processos descendentes na interpretação perceptiva • Influência do contexto (expectativa): – Abacaxi, uva, pêra, maçã, laranja, ba?ana – Simpático, educado, legal, gentil, ba?ana PPB1 2006 Percepção e atenção 13 Inato ou aprendido? Abismo visual • Experimento desenhado por Gibson & Walk (1960) para verificar se a percepção de profundidade é inata ou aprendida – Aparato: Lado raso, lado fundo, vidro invisível • Em que idade diferentes animais começam a evitar passar para o lado fundo? PPB1 2006 Percepção e atenção 14 Abismo visual • Resultados: • Crianças desde que engatinham (6-14 meses) evitam o lado fundo • Crianças que ainda não engatinham não têm batimentos cardíacos acelerados quando colocadas no lado fundo • Outros animais, desde que conseguem se movimentar, evitam o lado fundo PPB1 2006 Percepção e atenção 15 Desenvolvimento e Dissociação sensação x percepção • Há uma dissociação entre sensação e percepção – As ilusões perceptivas demonstram isso: estímulos sensoriais iguais provocam percepções diferentes • Há um equilíbrio entre processos ascendentes e descendentes na percepção – As pistas que usamos para perceber profundidade, luminosidade, etc. são sensoriais (ascendentes), enquanto que as expectativas (descendentes) também influenciam a percepção PPB1 2006 Percepção e atenção 16 Atenção • Sistema nervoso tem capacidade limitada de processamento de estímulos • Atenção é a capacidade de selecionar algumas informações e ignorar outras • Em termos de sensação e percepção, o que ocorre é que somente alguns estímulos sensoriais chegam a ser conscientemente percebidos PPB1 2006 Percepção e atenção 17 O que é atenção? • William James (1890) • Teoria: fluxo de consciência – Somente podemos ter consciência de uma coisa de cada vez • “atenção é tomar posse na mente, de forma clara e vivida, de um de entre os vários objetos ou linhas de raciocínio simultaneamente possíveis. A essência da consciência é a focalização e a concentração. Isto implica um retraimento de algumas coisas para lidar de forma efetiva com outras” PPB1 2006 Percepção e atenção 18 4 funções principais da atenção: • Atenção seletiva – Escolher em quais estímulos vamos prestar atenção (e quais vamos ignorar) • Vigilância e detecção de sinal – Ficar alerta em relação estímulos de interesse numa determinada situação • Sondagem – Procura de objetos • Atenção dividida – Realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo PPB1 2006 Percepção e atenção 19 Alguns fatos sobre atenção • damos atenção às fontes de informação que são relevantes para o contexto das nossas atividades e intenções do momento • damos atenção a estímulos inéditos, surpreendentes, incongruentes, complexos ou intensos – em conflito com a nossa expectativa • damos atenção a fenômenos e estímulos vindos do ambiente exterior mas também do ambiente interno - mas obviamente estuda-se mais a atenção ao meio externo, porque os determinantes são mais fáceis de manipular PPB1 2006 Percepção e atenção 20 Atenção – Teoria do Filtro • Donald Broadbent (1958) • Informação proveniente das diversas modalidades sensoriais atinge um filtro atencional antes de chegar à percepção • Passam por esse filtro: – Estímulos-alvo – aqueles nos quais prestamos atenção concentrada – Estímulos sensoriais muito distintos – intensidade, tonalidade, etc. • As outras informações sensoriais são bloqueadas • Resultados: – O que não passa por esse filtro não chega à percepção, ou seja, é descartado – Se isso for verdade, aquilo em que não prestamos atenção está perdido para sempre PPB1 2006 Percepção e atenção 21 Teoria do filtro (cont.) • Utilizamos diferenças físicas dos estímulos – que respeitam intensidade, timbre da voz, localização, sexo do interlocutor... • A informação sensorial entra no sistema até se dar algum engarrafamento, momento em que o sujeito escolhe que mensagem processar na base de características físicas. • Estímulos ou mensagens apresentadas ao mesmo tempo têm acesso a um filtro sensorial de forma paralela • Um dos inputs consegue, com base nas suas características físicas, passar através do filtro, os outros inputs permanecem no filtro para serem processados mais tarde • O filtro serve para prevenir sobrecarga dos processos cognitivos que vêm após o filtro; as capacidades desses processos são limitadas PPB1 2006 Percepção e atenção 22 Atenção – Teoria do Gargalo • Alguns dados de pesquisa desmentiram a teoria do filtro • Treisman (1964) modificou a teoria, com o conceito de atenção seletiva: • O filtro atencional não bloqueia as outras informações (que não são do estímulo-alvo), mas sim atenua esses outros impulsos antes de eles chegarem à percepção • Para certos estímulos muito distintos ou intensos, o mecanismo de atenuação não é suficiente • Resultados: – A seleção dos estímulos-alvo não ocorre no nível da sensação – É possível lembrar de coisas às quais não demos atenção (subliminar?) PPB1 2006 Percepção e atenção 23 • Treisman (1964) • Mecanismo de Atenuação O processamento da informação não atendida é apenas atenuado, reduzido, dificultado; a sua análise continua de forma sistemática ao longo de uma hierarquia que tem inicio com análises baseadas em pistas físicas, padrões silábicos e palavras específicas, progredindo para análises baseadas em palavras individuais, estruturas gramaticais e unidades de significado. PPB1 2006 Percepção e atenção 24 Atenção Seletiva • Três estágios 1. Análise pré-atencional das propriedades do estímulo – Estímulos em todos os sentidos são analisados paralelamente 2. Análise do estímulo em busca de um padrão – Fala, música, palavra escrita, imagem... 3. Focalização da atenção nos estímulos que passaram do “estágio 2.” PPB1 2006 Percepção e atenção 25 Atenção dividida • É possível realizar 2 tarefas ao mesmo tempo? • Sim! • Contudo: – É fácil se forem de modalidades perceptivas diferentes • Exemplos: ouvir música e dirigir – É bem mais difícil se forem na mesma modalidade • Exemplo: prestar atenção na aula com os colegas conversando PPB1 2006 Percepção e atenção 26 Dois Processos e Recursos de atenção 1. Processo pré-atencional – – – Automático Modalidades sensoriais em paralelo, ocorrendo simultaneamente Características físicas da mensagem 2. Processo atencional – – – Controlado Serial: uma coisa de cada vez Consome tempo e recursos de atenção PPB1 2006 Percepção e atenção 27 Busca visual simples (pop-up) PPB1 2006 Percepção e atenção 28 Busca visual combinada PPB1 2006 Percepção e atenção 29 Busca visual complexa: trajetos PPB1 2006 Percepção e atenção 30 Recursos de atenção • Há uma quantidade limitada de recursos que precisam ser “gerenciados” • É possível realizar mais de uma tarefa que exige atenção ao mesmo tempo • O desempenho em tarefas simultâneas é melhor se os estímulos forem de modalidades diferentes • Perguntas: – Dirigir um carro exige atenção seletiva ou recursos de atenção divididos entre várias tarefas? – E responder a uma prova num ambiente barulhento? PPB1 2006 Percepção e atenção 31 Em resumo... • Filtros e gargalos – Explicam bem quando temos tarefas que competem pela nossa atenção – Atenção seletiva • Recursos de atenção – Explicam bem quando conseguimos perceber mais de um estímulo – Atenção dividida PPB1 2006 Percepção e atenção 32 Outros fatores • • • • • Estados de vigília, sonolência, excitação Interesse específico nos estímulos Dificuldade da tarefa Experiência com o tipo de tarefa e estímulo Concentração: capacidade de manter atenção concentrada em um estímulo-alvo por um certo período de tempo, mesmo na presença de distratores PPB1 2006 Percepção e atenção 33