III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 1 REPROVAÇÃO E EVASÃO NO ENSINO MÉDIO NA CIDADE DE RIBEIRÓPOLIS – SERGIPE Gildean Pereira Santos1 João Rafael Lisboa Santos2 Robson Andrade de Jesus3 Joilson Pereira da Silva4 INTRODUÇÃO Desde os primeiros anos escolares o que se houve de alunos e professores são as grandes dificuldades de se aprender ou lecionar principalmente na disciplina matemática, que é responsável por um grande índice de evasão e reprovação. Tais dificuldades se pronunciam quando o aluno progride e chega ao ensino médio e superior. A capacidade de raciocínio lógico é limitada por conta da falta de incentivos a esse tipo de atividade e sendo assim são vários os fatores que levam a reprovação e a evasão escolar: o ensino mal aplicado através de metodologias inadequadas, problemas sociais, descaso governamental e má preparação profissional. A despreparação dos profissionais desta área faz com que eles descarreguem sobre os alunos fórmulas prontas, questões enormes que fazem com que eles não acompanhem o processo de aprendizado. Além de esse processo ser realizado de maneira errônea, chegando-se a acreditar que a grande dificuldade de se formar profissionais na área em questão decorre, não só da falta de capacidade de raciocínio lógico dos alunos, mas da falta de preparo destes para as questões práticas e pertinentes, e por isso os alunos passam a acreditar que a aprendizagem de matemática se dá através de um acúmulo de fórmulas e 1 2 3 4 Graduando licenciatura em matemática (UFS). Email: [email protected] Graduando licenciatura em matemática (UFS). Email: [email protected] Graduando licenciatura em matemática(UFS).Email: [email protected] Professor orientador (UFS) ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 2 algoritmos, o que faz com que eles achem que a matemática é um corpo de conceitos verdadeiros e estáticos, do qual não se questiona. Em geral acreditam que esses conceitos foram criados ou descobertos por pessoas excepcionais. A desistência de solucionar um problema matemático é causada por um acúmulo de desinformação, mas esse problema pode ser revertido, se acreditássemos e supervalorizássemos o poder da matemática formal. O mesmo em questão ocorre, por que muitos alunos são aprovados pelas disciplinas sem a menor aptidão na mesma, com grandes dificuldades. Por outro lado, a evasão escolar ocorre quando o aluno deixa a escola e não mais retorna. Os dados sobre a evasão são extremamente difíceis de obter, pois exige um acompanhamento personalizado do destino de cada estudante. Sobre a evasão escolar Caldas (2007) define que esta é um problema complexo e se relacionam com outros importantes temas da pedagogia, como formas de avaliação, reprovação escolar, currículo e disciplinas escolares. Para combater a evasão escolar, portanto, é preciso atacar em duas frentes: uma de ação imediata que busca resgatar o aluno "evadido", e outra de reestruturação interna que implica na discussão e avaliação das diversas questões. Além disso, em parceria com o poder judiciário, é importante realizar campanha de esclarecimento, mostrando que o estudo formal é um direito da criança e do adolescente e que, o responsável pode inclusive responder "processos por abandono intelectual" quando seus filhos evadem dos bancos escolares. Com os Conselhos Tutelares, é importante realizar projetos de complementação de renda e acompanhamento psicológico. Neste sentido, a evasão e reprovação é um grande problema enfrentado pelos países em desenvolvimento. Em um texto elaborado por Novakoski (2008) ele fala que uma das ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 3 preocupações nossas hoje, é lançarmos um olhar mais aprofundado, sem querer esgotar o assunto, sobre o universo muito amplo da reprovação. Esta reflexão exige cuidado e uma visão crítica sobre a escola, sobre o sistema escolar presente na sociedade. Partindo da realidade atual, veremos que a reprovação está presente ainda hoje em nossas escolas, até como uma forma de repressão. Não se pode esquecer que a escola deve ser um lugar onde os alunos possam sanar suas dúvidas e aprender aquilo que não sabem. O aluno que é reprovado mais de uma vez tem maiores chances de ser um desistente. Isso é por saber que será fatalmente reprovado ou por já ter passado por reprovações e estar defasado em termos de idade com relação aos demais colegas, que o aluno abandona a escola. A escola precisa ajudar o aluno com mais dificuldades para que este não se sinta excluído, mas incluído. Sendo assim o estudante precisa sentir-se inserido no grupo escolar, na escola como um todo, sabendo que ele faz parte desde todo e que sem ele a escola não terá sentido para existir. Desse modo, a escola precisa abrir rumos, indicar caminhos e não servir como um obstáculo. Às vezes dar notas por provas parece à coisa mais fácil e menos trabalhosa, porém não é isso que bons profissionais deveriam fazer. Muitos caminhos terão que ser trilhados para chegarmos a uma avaliação que melhor defina o estudante. Segundo Bresser (2002) as crises que uma repetência de ano pode causar na cabeça dos pais faz com que muitas escolas hesitem antes de reprovar uma criança. E, no entanto, há casos em que repetirem o ano pode significar não só um alívio como um fecundo recomeça na vida da criança. A questão é: quando e por que reprovar? Pensamos que jamais se deve reprovar uma criança por causa de um conteúdo específico. Porque ela vai mal à matemática, por exemplo. Um conteúdo específico pode ser recuperado com relativa ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 4 facilidade. A criança ainda não aprendeu a dividir por dois algarismos no período regular das aulas. Caso der oportunidade, não será difícil para ela recuperar isso. Bresser (2002) diz que, a reprovação escolar tem de estar ligada à capacidade geral de aprender que a criança demonstrou naquele período de aulas. Há uma soma de dificuldades que foram se acumulando e que tornaram aquela criança incapaz de cumprir as exigências mínimas requeridas na série seguinte. A reprovação nunca acontece por fator isolado. Por exemplo, se uma criança na terceira série é reprovada e se examina seu histórico, certamente percebe que ela já teve dificuldades na alfabetização, especialmente na segunda série, quando começou a trabalhar mais com textos de Ciências e Estudos Sociais. As exigências foram aumentando ela chegou a um ponto em que era muito penoso continuar. Não poderíamos deixar de citar Maccarini (1999) que em sua pesquisa os alunos têm materializado na mente que matemática é a disciplina mais difícil de estudar, essa questão estar ligada à concepção de educação matemática de seus professores e, consequentemente na forma destes encaminharem suas aulas. Assim, o insucesso de muitos alunos deixa bem claro que a disciplina mais difícil de aprender na escola é matemática. A justificativa para reflexão deste problema é a pertinência da pesquisa, cujo objetivo é proporcionar novos dados que possibilitem aos professores, em especial aos das séries iniciais do ensino fundamental para um novo questionamento de sua prática no ensino da matemática. Sendo assim, a presente pesquisa tem por objetivo levantar alguns dados que ajudem a entender o porquê dos grandes índices de evasão e reprovação em matemática, bem como o motivo de isso ocorrer, nos ensinos médios e fundamentais. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 5 MÉTODO AMOSTRA A pesquisa foi desenvolvida no município de Ribeirópolis-SE, com alunos de ambos os sexos de escolas públicas. Participaram desta pesquisa 30 estudantes, das quais 50% homens e 50% mulheres pertencentes às mais diversas classes sociais nas três séries do ensino médio. INSTRUMENTO Foi construído um questionário com 9 (nove) perguntas abertas e fechadas, cujo objetivo foi analisar a percepção dos estudantes acerca da reprovação e evasão na disciplina matemática PROCEDIMENTO Primeiramente se pediu a autorização na secretaria da escola em sequência aos professores que estavam em suas respectivas salas. Explicamos aos alunos qual o objetivo da pesquisa e ressaltamos a importância do trabalho realizado e logo após distribuímos os questionários de forma intencionada, ou seja, 50% para os homens e 50% para as mulheres, todas as questões foram respondidas numa média de 10 minutos em cada série, pois realizamos este procedimento na 1ª, 2ª e 3ª série do Ensino Médio Regular. Ao término da realização do questionário agradecemos a compreensão de todos e sua respectiva participação. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 6 RESULTADOS E DISCURSÕES A falta de incentivo ao pensamento lógico é um dos maiores problemas em que diz respeito às práticas do ensino-aprendizagem em matemática, assim mostram os resultados da pesquisa. Bem como o motivo de isso ocorrer, que avaliamos o nível de conhecimento em matemática na comunidade na qual estão inseridos os estudantes da 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio, a tal pesquisa foi feita em uma escola pública da cidade de Ribeirópolis-SE e com ela avaliamos como anda o desempenho na disciplina em questão. Para a avaliação foi aplicado um questionário com perguntas referente ao tema abordado nesse trabalho. No tocante a reprovação em matemática 87% dos alunos responderam que nunca foram reprovados na disciplina em debate. Já 60% disseram que o maio índice de reprovação está na disciplina em questão; 74% disseram que para acabar com o grande número de reprovação uma das soluções seria tornar as aulas mais interativas, fazendo o aluno compreender a matemática. Neste sentido, 26% afirmaram que a mudança na forma de avaliação poderia acabar aos poucos com o grande número de reprovação, é tanto que 70% responderam que o aprendizado e o incentivo que receberam até agora não seriam suficientes para que eles se voltassem para o campo da matemática. Pode-se notar, ainda, depois da pesquisa, que a escola possui uma biblioteca em anexo, no entanto, este não é um recurso muito utilizado pelo professor. No trabalho de incentivo à matemática é de suma importância que os professores, em sala de aula, deem a sua contribuição. Com o pouco contato que os jovens têm com a matemática, é preciso que haja uma maior conscientização por parte de todos os professores e responsáveis pela boa educação no incentivo ao raciocínio lógico desde as primeiras séries do ensino fundamental. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 7 Ao analisarmos a pesquisa pela variável série, os resultados mostram que 60% dos alunos da 1ª série do Ensino Médio já reprovaram nesta disciplina em questão; no que diz respeito à “disciplina vilã”, no entanto 60% afirmaram que ela continua sendo a matéria que mais reprova. Neste segmento, 60% disseram que uma das culpas do índice de reprovação nesta disciplina, é a falta de capacitação dos profissionais nesta área. Já 90% dos alunos responderam que uma das soluções para diminuir esse alto índice de reprovação seria tornar as aulas mais interativas, fazendo assim os alunos compreenderem a verdadeira importância da matemática e 40% disseram que a mudança na forma de avaliação seria uma boa maneira de solucionar este problema; no que tange os incentivos pelos professores 80% afirmaram que nunca receberam incentivos suficientes para que se voltasse para a área de matemática. Na 2ª série do Ensino Médio, 100% dos alunos disseram nunca ter reprovado em matemática; 50% disseram que a disciplina continua sendo a vilã; 60% afirmaram que a falta de capacitação dos profissionais da área é um dos motivos para a alta reprovação; 90% disseram que umas das soluções para diminuir a reprovação seriam tornar as aulas mais interativas; 60% disseram que nunca receberam incentivos por parte dos professores para que pudessem se voltar para o campo da matemática. Como os questionários foram aplicados a alunos que estão realizando o vestibular constatamos que 50% dos pesquisados não trata a matemática como uma vilã na escolha de seu curso, sendo que 10% não opinaram e 40% tratam a disciplina como a mais difícil na escolha de seu curso. Na 3ª série do Ensino Médio os alunos ao responder o questionário afirmaram que nunca reprovaram em matemática; 70% responderam que o maior índice de reprovação estar na disciplina em questão; 60% disseram que os profissionais da área não estão devidamente capacitados para diminuir o alto índice de reprovação e não são capazes de ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 8 incentivar os alunos a gostarem de matemática; 70% acham que uma das soluções para deixar as aulas mais agradáveis seria a interatividade e 30% disseram que a mudança na forma de avaliação seria melhor para eles; 70% disseram que nunca receberam incentivos por parte de algum professor para que se voltassem ao campo da matemática; 60% responderam que a matemática influenciou positivamente na escolha do seu curso. Há muito tempo, que estudiosos e professores detectaram que um dos maiores problemas no que diz respeito às práticas do ensino-aprendizagem em matemática e o incentivo ao pensamento lógico, sendo assim não importa se nos grandes centros ou em pequenas comunidades, a matemática, definitivamente não faz parte do universo da maioria dos alunos e de muitos professores, tanto na rede pública quanto na privada. A falta de incentivo foi detectada como um dos maiores problemas nesse aspecto. Com a modernidade, os jovens têm outros meios de entretenimento e o velho e o bom livro tem sido deixado de lado dentre as invenções tecnológicas. Outro aspecto preponderante na manutenção do problema é o custo do livro. Bons livros custam caro e, na maioria das vezes, os alunos só têm acesso ao livro didático que, muitas vezes, mal é trabalhado pelo professor em sala de aula. CONCLUSÃO Através dos dados é possível perceber que é baixo o índice de reprovação em matemática na escola a qual analisamos, porém o conhecimento dos alunos na matéria também é baixo, os pesquisados apresentaram graves falhas em outra disciplina com erros ortográficos absurdos provados em nossas questões objetivas. Resultados tão desastrosos mostram muito mais do que a má formação de uma geração de professores e estudantes evidencia o pouco valor dado ao conhecimento ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 9 matemático e a ignorância em que se encontra a esmagadora maioria da população no que tange à matemática. Há décadas estamos construindo uma sociedade de indivíduos que ignorando o que é matemática, se mostram incapazes de cobrar das escolas o seu ensino correto ou mesmo apenas constatar as deficiências mais elementares nesse ensino. Sendo assim, o bom treinamento em matemática deve ser efetuado, necessariamente com ênfase no argumento lógico, oposto ao autoritário, na distinção de casos, na crítica dos resultados obtidos em comparação com os dados iniciais do problema e no constante direcionamento para o pensamento independente. Esses hábitos são indispensáveis em qualquer área de conhecimento e permitem a formação de profissionais criativos e autoconfiantes e a matemática é um campo ideal para o seu exercício. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRESSER, Maria Helena. O que acontece quando a criança repete o ano? . Disponível em: <http://www.escolamobile.com.br/artigos/repete.htm>. Acesso 20 de setembro. CALDAS, Eduardo de Lima. Combatendo a evasão escolar. Santa Maria – RS, 2006. Disponível em: <http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=2631>. Acesso em 25 agostos 2009. MACCARINI, Norma Barbosa Benedito. Prática discursiva e ensino de matemática no processo de interação em sala de aula. Disponível em: <http://www.unioeste.br/prppg/mestrados/letras/alunos/turma2/norma_barbosa_benedito_ maccarini.pdf>. Acesso em 30 abril 2009. NOVAKOSKI, Hermes José. Reprovação escolar. Disponível em: <http://br.geocities.com/hermes_filosofia/reprovacao>. Acesso em 05 setembro 2009. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033