III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 1 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ALFABETIZADORES NUMA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA SUBSÍDIOS PARA REFLEXÃO-AÇÃO Micheline Idalga de Brito Simplicio1 Tarcísio Bruno Souza e Silva2 1.0 INTRODUÇÃO A transmissão de conhecimento ao acaso não produz a construção do saber. É a troca de informações entre o aluno e o professor que transforma a sala de aula em um laboratório no qual a mão dupla de experiências gera conhecimentos e abre espaço para a curiosidade. Nesse processo o educador exerce o papel fundamental nesta relação, ele age não só como um instrumento divulgador do conhecimento, mas também, como agente difusor de ideologias. Pensando no professor como agente facilitador da aprendizagem, desenvolveu-se um projeto direcionado para a orientação de professores alfabetizadores objetivando contribuir com a compreensão da proposta sócio-construtivista, ajudando-os a construir os alicerces para a realização de um trabalho que busque a superação das praticas cristalizadas pelo tempo, redimensionando a sua função social na formulação de uma nova proposta de ensino, apropriada à questão da leitura e da escrita. A formação continuada possibilita momentos para discussões sobre as dificuldades relacionadas à docência, proporcionando um ambiente para reflexão sobre possíveis 1 Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (UNICAP) Graduação em Pedagogia (UPE) Membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia Integrante do Grupo de Pesquisa em Inclusão Escolar da Pessoa com Deficiência (UFS) Aluna Especial do Mestrado em Educação (UFS) Email : [email protected] 2 Especialista em Pedagogia Empresarial (F.S.L.F) Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior (F.S.L.F) Graduação em Pedagogia (F.S.L.F) Integrante do Grupo de Pesquisa em Inclusão Escolar da Pessoa com Deficiência (UFS) Aluno Especial do Mestrado em Educação (UFS) Email: [email protected] ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 2 mudanças na prática do professor. Onde são nestes momentos, segundo Nóvoa (1992), que os professores podem tomar conhecimento sobre novas metodologias e em conjunto com os colegas analisar, avaliar e planejar. Em uma sala de aula deve-se considerar a língua como um dos veículos da cultura do país onde é falada e que, carregando, portanto valores dessa cultura. Devendo a escola estimular o desenvolvimento de conhecimentos e técnicas que favoreçam a leitura e a escrita, proporcionando uma tomada de posição diante da leitura. Ensinar a ler decorre de um processo de aquisição a ser construído por aquele que aprende, uma junção de hipóteses que o educando tem a respeito da escrita sendo influenciado por quem o ensina, buscando uma síntese, no sentido dialético. Há um sujeito cognoscente que conhece e constrói o seu conhecimento a partir da sua ação e interação com o meio no qual está inserido. Com esta concepção o professor é levado ao conhecimento das variáveis que interferem no processo, bem como, ao conhecimento de como se processa a leitura e a escrita nas etapas de alfabetização. Afirma-se que a verdadeira educação consiste em aprender a pensar sobre o próprio processo de conhecimento, num constante movimento reflexivo. A criação e recriação constante do saber na relação pedagógica em sala de aula é a maior oportunidade de participação efetiva no processo de trans formação social. 2.0 OBJETIVO GERAL Desenvolver um programa de formação continuada buscando formar educadores críticos e reflexivos da abordagem sócio-construtivista, consciente de que não se trata de um método de ensino no sentido de uma proposta sistematizada de procedimentos, ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 3 significa, outrossim, uma inspiração na ampla explicação do desenvolvimento em busca de uma pedagogia com enfoque sócio-construtivista. 2.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS: 1. Identificar como devem sair do empirismo que se encontram e levar o sócio construtivismo para sua realidade profissional. 2. Conhecer as teorias construtivistas segundo os teóricos Jean Piaget, Lev Vygotsky e Emília Ferreiro e Ana Teberosky. 3. Participar de atividades propostas para uma melhor compreensão da abordagem sócio-construtivista. 4. Demonstrar na prática como trabalhar, segundo o construtivismo, na condução do aluno rumo a uma educação significativa e construtiva. 5. Construir a concepção de linguagem, leitura e escrita. 6. Diferenciar e criticar as abordagens sintéticas e analíticas de alfabetização. 7. Compreender como oferecer textos literários às crianças incentivando a recriação e expressão literária infantil. 3.0 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 CONSTRUTIVISMO A palavra “construtivismo” nos remete a uma teoria psicológica segundo a qual o verdadeiro conhecimento é fruto de uma elaboração (construção) pessoal, resultado de um processo interno de pensamento durante o qual o sujeito coordena diferentes noções entre si, lhes atribuído um significado, organizando-as e relacionando-as com as anteriores. O conhecimento da realidade pelos seres humanos, segundo Piaget (1970), se dá somente quando ele conhece a realidade atuando sobre ela, por isto ele estabelece intercâmbio com o meio mediatizados pelos esquemas de ação e pelos esquemas de representação. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 4 Os esquemas de ação podem ser compreendidos como os primeiros reflexos (sugar, pegar entre outros), que a criança tem; incluindo tudo o que é generalizado numa determinada ação. Já os esquemas de representação se tornam possíveis quando a criança adquire a função Semiótica, que é a capacidade de distinguir entre significante e significado – onde ela passa a representar suas ações, situações e experiências através destes esquemas·. Assim as crianças entram em contato com o meio, onde cada objeto/contato novo corresponde a novos encaixes de esquemas na criação de novas possibilidades de interpretação, atribuindo significado ao meio, tornando-se possível apreendê-lo. Portanto a capacidade de aprendizagem dos seres humanos através das experiências depende dos esquemas utilizados para a sua interpretação e significação. A base de seu estudo está centrada em compreender como acontece o processo da aprendizagem, o que faz o aprendiz evoluir de um estado de menor conhecimento a outro de maior conhecimento, processo este que está diretamente condicionado ao desenvolvimento pessoal do indivíduo. Esta teoria torna-se de interesse no âmbito educacional principalmente por que: Descreve as características do pensamento sensório-motor, préoperatório, concreto e formal; Apresenta uma análise sistemática da gênese das noções básicas do pensamento racional (espaço, tempo, causalidade, movimento, lógica das classes, lógica das relações, etc.);Aborda como se dão o desenvolvimento e aprendizagem; Explica como se dá assimilação e acomodação conflito cognitivo. (BORGES, 1994 p.86 ) Piaget (1970) afirma que o sujeito é um ser que participa e interage com o meioobjeto estabelecendo uma relação de troca num sistema de relações vivenciadas e significativas, uma vez que este é autor do processo, adquirindo significação quando ocorre a assimilação do vivenciado. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 5 Refletir sobre a gênese da linguagem pode nos ajudar a construir uma metodologia de educação infantil atenta tanto às possibilidades como às limitações na criança. No desenvolvimento da linguagem estão presentes os fatores maturacionais e as influências sócio-culturais. A partir da interação dinâmica sujeito-objeto, ou seja, o caráter integrativo e adaptativo do processo de equilibração do desenvolvimento, no qual forças internas e externas interagem continuamente. Deste ponto de vista, podemos afirmar que: se a linguagem fosse um produto exclusivamente maturacional, provavelmente as crianças falariam mais cedo, logo que começassem a emitir fonemas, antes de um ano de idade, ao contrário, se a aquisição da linguagem ocorresse como uma cópia do meio, a expressão oral infantil seria uma fiel reprodução das estruturas gramaticais com as quais a criança convivesse. Neste caso, não apareceriam, as construções originais, por exemplo na generalização da forma regular dos verbos às conjugações irregulares:”eu di”, “eu ganhi” “ele fazeu”, o uso original de prefixos:”desacende a luz” ou de sufixos:”carreiro” (motorista) etc. Esses exemplos mostram que no processo assimilativo adaptativo ao mundo dos signos, existe toda atividade criativa do sujeito, capaz de dar não apenas respostas lingüísticas condicionadas e modeladas pelo treino mas, respostas interpretativas, conforme os diferentes estágios da inteligência. O PERÍODO PRÉ-OPERACIONAL E A LINGUAGEM (2 a 6 anos aproximadamente) Com a chegada da função simbólica que marca a passagem da inteligência sensório-motora para a representativa, a palavra, acompanha as imagens de ações passadas. Surgem as narrativas e a linguagem começa a se estruturar como uma forma simbólica de expressão de sentimentos e pensamentos do sujeito. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 6 Assim diante de signos convencionalizados pela cultura, distituídos de uma relação concreta com o real, a criança faz um esforço acomodativo, refletidos nos seguintes comportamentos: *cria palavras e as utiliza, sem consciência de que são socialmente compreensíveis; *pensa na palavra como um atributo físico dos objetos, tal como a cor, a textura etc. Este comportamento denominado, “realismo nominal” sendo investigada a sua relação com o progresso da leitura por Carraher e Rego (1993) faz com que pense que as coisas grandes devem ter nomes grandes e vice-versa. Baseada em Borges (1994) *utiliza as palavras como representantes particulares do real ligadas à sua experiência subjetiva. A palavra não é acompanhada da síntese mental que gera o conceito, sendo um pré-conceito. Assim, a palavra “bola”, não é um conceito ou representação genérica de uma classe de objetos, mas a “bola” particular conhecida; *repete palavras por prazer, mesmo que não as compreenda. Daí o seu gosto pelos jogos de linguagem com ritmo e rimas; *mesmo em grupo, utiliza grande parte de sua linguagem como um “fala para si”, como um registro verbal de suas ações (monólogo coletivo). Como conseqüência da relação entre os aspectos cognitivos, afetivos e sociais do desenvolvimento, os conflitos entre as crianças pequenas ocorrem mais no âmbito de disputas do que em discussões. A partir dos 6-7 anos conquistada a reversibilidade operatória, ocorrerá uma gradativa descentralização do pensamento, permitindo à criança prestar atenção, compreender e articular o ponto de vista do outro com o seu, caminhando rumo à socialização efetiva. 3.2 EMÍLIA FERREIRO E TEBEROSKY E A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 7 A psicogênese da língua escrita foi confundida com um método de ensino e, envolvida na onda experimentalista herdada nos anos 70, chegou a ser vista com desconfiança por pais e alunos, porém, ela provou com sua teoria: as crianças pobres são capazes de aprender. Emília Ferreiro e Ana Teberosky percebem a criança como um ser que se relaciona ativamente com o seu meio e a partir dessa relação formula suas hipóteses em busca da assimilação e compreensão do mesmo. As pesquisadoras perceberam que também na evolução da língua a criança passa por estágios evolutivos nos diferentes níveis de compreensão da estrutura de representação alfabética. Os alunos chegam à escola com ampla bagagem de conhecimentos sobre a língua e os fatos lingüísticos; assim as crianças desde muito pequenas, já têm idéias sobre determinados conceitos lingüísticos antes de entrarem no colégio, apesar de não conhecerem os significados convencionais destes conceitos. (TEBEROSKY, 1989 P.167) Existem semelhanças dos estágios do desenvolvimento geral da inteligência, pesquisados por Jean Piaget e a Psicogênese estudada por Ferreiro e Teberosky (1986) onde a evolução do conceito de língua escrita nas crianças apresenta níveis diferentes de compreensão da estrutura de representação alfabética, sendo assim denominados: ESTÁGIO PRÉ-SILÁBICO Estágio onde a criança se encontra na idade pré-escolar, os conceitos primitivos, em relação à língua escrita, não apresenta uma relação entre os sons da fala e a grafia. Emília Ferreiro identificou progressos nos conceitos primitivos e uma razão para a existência dos mesmos, a assimilação deformante da inteligência pré-operatória. Destacaremos alguns desses progressos segundo Borges (1994): ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 8 Distinção em relação à língua escrita: distinção desenho e escrita. Percebendo que desenhar e escrever são duas formas de representação distintas, sem consciência de que o desenho representa o objeto ou situação, a escrita representa os sons da fala. Assim, essa distinção ocorre no nível de significante, mas não necessariamente no nível de significado. Em suas pseudo-escritas, a criança coloca sinais pequenos quando nomeia seres pequenos e sinais grandes para nomear seres grandes. Propriedades quantitativas: para que algo possa ser lido é necessário que possua de três a mais sinais gráficos; Propriedades qualitativas: representa um progresso em relação à característica anterior, para que algo possa ser lido à criança percebe além da quantidade mínima de caracteres, também a sua variação. Dentro do estágio pré-silábico, afirma Ferreiro e Teberosky (1986) encontra-se vários níveis de conceituação, podendo ir desde a concepção primitiva até as concepções mais adiantadas, nas quais o sujeito, embora desconhecendo o valor sonoro dos sinais gráficos, busca aproximar os traços de sua escrita aos signos de sua cultura; distingue desenho de escrita percebendo a função da mesma. ESTAGIO SILÁBICO A escrita e a observação de atos de leitura favorecem a percepção intuitiva de que a escrita tem um suporte sonoro, percebendo que, a cada emissão sonora existe um sinal gráfico que a representa. Muitos conflitos cognitivos irão ocorrer, quando esta escrita espontânea, for comparada com as palavras escritas nos materiais que convive, o que a levará gradativamente, ao estágio seguinte. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 9 ESTÁGIO SILÁBICO-ALFABÉTICO Considerado um estágio de transição, com características do estágio silábico e alfabético. ESTÁGIO ALFABÉTICO A criança passa a perceber que existe uma relação convencional entre os fonemas e os grafemas da língua. Não significa que o processo de assimilação e compreensão da escrita alfabética tenha terminado. Novos conflitos cognitivos surgirão, a partir de questões ortográficas. Gradativamente irá assimilando o valor sonoro das consoantes, o papel da vogal modificando o som desta e as convenções ortográficas da escrita. O trabalho de Ferreiro e Teberosky (1986) alertam-nos para a necessidade de compreendermos os erros apresentados na escrita infantil, como um componente conceitual. 3.3 A LINGUAGEM E O PENSAMENTO CONSIDERAÇÕES EM VYGOTSKY Lev Vygotsky descreve (Rego, 1995) estudos sobre o método dialético buscando identificar as mudanças qualitativas do comportamento que ocorrem no desenvolvimento humano e sua relação com o contexto social, trazendo relevantes reflexões sobre a educação e seu papel no desenvolvimento humano. Baseado no marxismo ele dá ênfase ao papel que o homem exerce na sociedade. Os enfoques principais da sua teoria estão centrados na necessidade de interação entre aprendizagem e desenvolvimento, no valor da potencialidade para o processo de aprendizagem, bem como o papel da escola no ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 10 desenvolvimento do indivíduo. O termo Zona de Desenvolvimento Proximal- ZDP é definido por Vygotsky (1987) nível real: capacidades que já aprendeu ou domina, nível potencial: refere-se ao que o sujeito sabe fazer, mas com a ajuda de outra pessoa mais experiente. Assim a distância daquilo que ela é capaz de fazer sozinha (nível real) e aquilo que realiza em colaboração (nível potencial) caracterizam a Zona de Desenvolvimento Proximal. O desenvolvimento cultural da criança aparece segundo a lei da dupla formação, em que todas as funções aparecem duas vezes: primeiro no nível social e depois no nível individual; ou seja, primeiro entre as pessoas (interpsicológica) e depois no interior da criança (intrapsicológica). (VYGOTSKY, 1984 p.65) Podendo-se dizer que o desenvolvimento cultural do aluno e sua aprendizagem, se dão mediante o processo de relação do aluno com o professor ou com outros alunos mais competentes. Segundo alguns seguidores da teoria vygotskiniana os processos psíquicos, sendo a aprendizagem um deles, ocorrem por um processo de assimilação de ações exteriores que são interiorizadas e depois desenvolvidas através da linguagem interna que permitem formar abstrações. A aprendizagem é um processo que parte do concreto para o abstrato e vai à frente do desenvolvimento. A linguagem é um sistema de signos que possibilita o intercâmbio social entre indivíduos que compartilhem desse sistema de representação da realidade. Cada palavra indica significados específicos, por exemplo: “pássaro” traduz o conceito deste elemento presente na natureza, nesse sentido que representa ou substitui a realidade. (REGO, 1995 p.54) A escola neste contexto tem o papel de impulsionar o conhecimento da criança, sem levar em consideração apenas o nível de maturação dela e devendo o professor provocar avanços que não ocorreriam espontaneamente. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 11 4.0 PROJETO INTERVENTIVO PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES Nas etapas seguintes apresenta-se uma proposta de projeto a ser implantado com professores alfabetizadores, baseado no referencial teórico apresentado anteriormente. Considerando que a criação e recriação constante do saber na relação pedagógica que se desenvolve em sala de aula é, sem dúvida, a maior oportunidade de participação efetiva no processo de trans formação social. ETAPAS DE AÇÃO : 1a ETAPA : Aula expositiva com explicações e relatos para a apresentação das definições das abordagens tradicional e sócio construtivista. Leitura feita individualmente abrindo uma discussão sobre os temas: abordagem tradicional na educação e abordagem sócio construtivista na educação; Divisão da sala em dois grupos aos quais formarão um júri simulado para a defesa das abordagens tradicional e sócio-construtivista levando-as a uma reflexão das vantagens existentes na educação sócio construtivista. 2a ETAPA : Analisar com o grande grupo as etapas piagetianas, vygotskianas e a psicogênese de Emília Ferreiro e Teberosky, para que se revele o que os educadores sabem sobre o assunto e quais as dúvidas existentes; Formação de três grupos aos quais, cada um mostrará atividades referentes aos estudos dos pesquisadores citados; ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 12 Piaget, como o desenvolvimento em seus diferentes estágios deve ter influência com os fatores maturacionais, sócio-culturais e educacionais; A visão vygotskiana da zona de desenvolvimento proximal na qual o papel do educador é de impulsionar o conhecimento da criança; A psicogênese de Emília Ferreiro e Ana Teberosky buscando uma junção, para ações pedagógicas que favoreçam uma aproximação lúdica em relação a aspectos estruturais da língua escrita com atividades indicadas para cada estágio, conforme as suas estruturas assimilativas e a compreensão que possuem da língua escrita. 3a ETAPA : Participação ativa de algumas atividades propostas para que haja uma real compreensão da proposta referida na abordagem sócio-construtivista, estimulando a função social da leitura e escrita na educação infantil. 4a ETAPA : Motivação para que os professores opinem sobre as informações recebidas pelos textos sobre literatura infantil, favorecendo a ação da criança sobre o texto literário. Analisar como trabalhar a poesia “Segredo” fazendo com que haja melhor embasamento prático e teórico. 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS A organização de programas de Formação Continuada requer critérios que conduzam a ações que levem a mudanças significativas na prática dos docentes em sala de aula. ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 13 O projeto proposto tem como objetivo a formação crítica e reflexiva do professor alfabetizador levando em consideração a ressignificação da postura metodológica em seu trabalho em sala de aula. Percebendo a importância desse olhar quanto à formação continuada que é fundamental para que as lacunas da formação inicial e os problemas pertinentes à sala de aula sejam superados. Essa discussão traz à tona a possibilidade de criação de ações que possibilitem a atualização do professor frente às dificuldades relacionadas ao ensino da leitura e da escrita especificamente. Pois quando se considera a questão do letramento ficam de lado exercícios mecânicos e repetitivos, baseados em palavras e frases descontextualizadas. O foco deve estar no aluno que constrói seu conhecimento sobre a língua escrita e não apenas no professor que ensina. Neste contexto espera-se com esse projeto uma mudança significativa no trabalho realizado por professores alfabetizadores com a compreensão do seu papel no âmbito escolar e social, tendo como referência seus estudos, reflexões e experiências revendo suas concepções de alfabetização e as influencias das teorias que fundamentaram este trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, Tereza Maria Machado. A criança em idade Pré-Escolar. São Paulo: Ática, 1994; FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. A Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre, Artes Médicas, 1986; NÓVOA, Antônio. Formação de professores e profissão docente In Nóvoa (org) Os professores e a sua formação. Lisboa; Publicação Dom Quixote 1992; PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1970; REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ, Vozes, 1995; REGO, Lúcia L. Browne. O Desenvolvimento Cognitivo e a Prontidão para a Alfabetização In CARRAHER, Terezinha Nunes. Aprender Pensando. Petrópolis, RJ, Vozes,1986; ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E QUESTÕES DE GÊNERO 11 a 13 de novembro de 2009 UFS – Itabaiana/SE, Brasil 14 TEBEROSKY, A Los conocimientos prévios del niño sobre El lenguaje escrito y su incorporación al aprendizaje escolar del ciclo inicial. Revista de educacion, 288, pp 161 – 183, 1989. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984; __________________ Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1987 ANAIS DO III FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033