TM175 Tópicos Especiais em Engenharia Mecânica IV: Ética Parte II – O Indivíduo nas Instituições QUALIDADE EMOCIONAL Introdução A capacidade de manter o autocontrole, de suportar o turbilhão emocional que o acaso nos impõe e de não se tornar um 'escravo da paixão', tem sido considerada, desde Platão, como uma virtude. Na Grécia clássica, esse atributo era denominado sophrosyne, 'precaução e inteligência na condução da própria vida, equilíbrio e sabedoria', como interpreta Page DuBois, um estudioso do idioma grego. Para os romanos e para a antiga Igreja cristã, isso significava temperantia, temperança, contenção de excessos. O objetivo é o equilíbrio e não a supressão das emoções: cada sentimento tem seu valor e significado. Uma vida sem paixão seria um entediante deserto de neutralidade, cortado e isolado da riqueza da própria vida. Mas, como observou Aristóteles, o que é necessário é a emoção na dose certa, o sentimento proporcional à circunstância. Quando as emoções são sufocadas, geram embotamento e frieza; quando escapam ao nosso controle, extremadas e renitentes, tornam-se patológicas, tal como ocorre na depressão paralisante, na ansiedade que aniquila, na raiva demente e na agitação maníaca. (Daniel Goleman, Inteligência emocional) A busca do equilíbrio • A falta de controle da • • emotividade leva à deficiência nas qualidades de decisão e de relacionamento O equilíbrio emocional é fonte de boa conduta ética, e vice-versa Freqüentemente os desvios na qualidade do agir e do fazer ocorrem pelo predomínio do estado emotivo Conseqüências da falta de equilíbrio emocional • • • • Indisciplina Irresponsabilidade Imaturidade Passividade Otimização das reações emotivas Processo interno da gênese da ação Virtudes envolvidas no processo Inteligência Prudência Farol Indicador do caminho Discernir Julgar Vontade Adesão ao que a razão indica Fomenta os sentimentos favoráveis Justiça Repele os sentimentos contrários Dar o devido Sentimentos Realça o sabor do fazer e do agir Decidir Executar o que é justo Temperança Tempero Moderar Provocar Valor ético dos sentimentos • Os sentimentos em si • • não carecem de um valor ético A bondade ou a malícia dos sentimentos reside na inteligência e na vontade São passíveis de valoração ética quando realmente procurados e queridos pela inteligência e pela vontade Movimentos provocados pelo apetite concupiscível Simples aparição Expectativa ou ausência Posse ou presença Bem sensível Amor sensível Desejo Gozo Mal sensível Ódio Aversão ou fuga Dor ou tristeza A prudência orienta os sentimentos Reações Amor • Aos valores positivos, à amizade, ao trabalho, à família, à ciência, à arte Ódio • Para com as atitudes nocivas a si próprio e aos outros, compreendendo as pessoas e procurando corrigir os erros Desejo Direcionamento • Referido a ambições legítimas, respeitando o direito dos outros Fuga • Das ações que põem em risco a integridade ética Gozo • Pelas tarefas bem acabadas, na doação de si, no cumprimento do dever Tristeza • Convertida em motor para a retificação dos erros Otimização das emoções • Qualquer idéia tende a provocar um ato correspondente e desperta • • • • a emotividade; assim, deve-se agir entusiasticamente, não por entusiasmo, mas com entusiasmo. A influência de uma idéia prolonga-se enquanto não é eclipsada por outra idéia que a suplante, por isso se deve agir com objetivos em mente. A influência de uma idéia aumenta quando associada a outras idéias conexas que a enriquecem e dão-lhe maior amplitude, procurando reforçar as ações de qualidade. Uma idéia atinge sua máxima potência quando se torna habitual, absorvente, uma espécie de idéia fixa que inspira todos os pensamentos e as ações, sendo ideal agir com convicções fortes, idéias diretrizes, idéias-força e idéias-mestra. Canalizar fortemente a emotividade para potencializar a atuação por motivos transcendentes. A aplicação da vontade sobre as emoções • Canalizar as emoções para potencializar a vivência das • • • • ações de qualidade. Desestimular as emoções que afastam os ideais de qualidade. Controlar os atos externos que podem aumentar as reações emotivas inadequadas. Aplicar todas as energias da inteligência e da vontade naquilo que é essencial, no momento presente, aqui e agora. Fazer o que se deve e estar no que se faz. Desviar a atenção de uma emoção dominante que prejudica os comportamentos de qualidade. Influência das emoções na inteligência e na vontade Influências positivas Inteligência Vontade • Ativar o entusiasmo pelo trabalho • Estimular o interesse pelo estudo • Memória retém os conceitos com mais facilidade • Maior perspicácia e agilidade mental • Maior aplicação de esforço nas tarefas • Mais constância no cumprimento do dever • Maior rendimento e eficiência nas ações • Maior capacidade de iniciativa Reações virtuosas e emocionais Comportamento predominante Aspectos Emotividade Virtude decisão reflexão, abnegação impulsividade, irreflexão e debilidade relacionamento busca o bem da pessoa e do conjunto influência das simpatias e antipatias forte, forja-se na dificuldade deliqüescente, amolece, pois busca o mais fácil hábito de vencimento pessoal busca dos esquemas soft busca do necessário e do conveniente busca do supérfluo agir, pró-atividade reagir, deixar-se levar pelas queixas personalidade progresso bens nas dificuldades marcante no modo de convicções sensações e gostos ser nem tudo o que se pode fazer deve-se fazer, é ruim tudo o que me contraria, bom o ética há coisas dolorosas que é preciso fazer e que me satisfaz deleitáveis que é preciso evitar intrínseca e/ou extrínseca motivação transcendente das idéias: convicções da vontade: virtudes das idéias: imagens da vontade: atrativos, desenvolvimento dos desejos de auto-superação de não frustração dos desejos influência externa equilibrada relação com a instituição facilmente manipulável, condicionamento pelas circunstâncias comprometimento altos e baixos educação ideais