CONTATO O contato é o sangue vital do crescimento, o meio para mudar a si mesmo e a experiência que se tem do mundo. (Polsters, 2001, 113) Somos separados um do outro, mas precisamos do contato; Busca da assimilação do diferente; “Primordialmente o contato é awareness da novidade assimilável e comportamento com relação a esta; e rejeição da novidade inassimilável” (PHG, 1951, 44) Dinâmico Ativo Depende de acordo das partes Seletivo “O contato não pode aceitar a novidade de forma passiva ou meramente se ajustar a ela, porque a novidade tem que ser assimilada. Todo contato é ajustamento criativo do organismo e ambiente” (PHG, 1951, 44-5) É uma figura que se forma num fundo. Contato é o sangue vital do crescimento, o meio para mudar a si mesmo e a experiência que se tem do mundo. (Polters, 2001) O que é vivo se diferencia; ... Fundamentalmente, um organismo vive em seu ambiente ao manter suas diferenças, e mais importante, ao assimilar o ambiente em suas diferenças; e é na fronteira que os perigos são rejeitados, os obstáculos são superados e as coisas assimiláveis são selecionadas e integradas. O selecionado e assimilado é sempre novo; Assim mudamos, crescemos; O que é difuso e sempre igual não é um objeto de contato; O contato é implicitamente IMCOMPATÍVEL com permanecer o mesmo; A pessoa não precisa tentar mudar por meio do contato, a mudança simplesmente acontece! Fronteira de contato Em qualquer lugar e em qualquer momento em que exista uma fronteira, sentem-se ambos: contato e isolamento (PERLS) “A fronteira de contato é o ponto em que o indivíduo experiência o “eu” em relação ao que é não-”eu” e, por esse contato, ambos são experienciados mais claramente. (Polsters, 2001, 115) “As fronteiras, os locais de contato, constituem o ego. Apenas onde e quando o self encontra o “estranho” o ego começa a funcionar, começa a existir, determina a frotneira entre o “campo” pessoa e o impessoal” (PERLS, EFA) A fronteira de contato é dialeticamente ao mesmo tempo o ponto de divisa e o ponto de união, uma fronteira que tem nada de físico, que não é fixa mas que, à medida que delimita, possibilita o encontro com o novo, o diferente. É na fronteira que pode ocorrer a mudança, transformação. (Tellegen, 1982, 85) Discriminar Fazer Como “eu” e “não-eu”; escolhas; fica a terapia? Se queremos que a pessoa recupere suas funções de contato teremos que entrar em contato. Viver é estar em contato. Tudo no Universo está em contato, que é a chama da vida que se chama energia, que aquece os corpos a almas ou corpos-almas no encontrar e no satisfazer de suas necessidades através das quais finalizamos nossas gestalten. RIBEIRO, p. 11 Somos seres de relação, e só por abstração é possível pensar em alguém, singular e individualmente sozinho, isolado. Alguém absolutamente só não teria nem mesmo consciência de sua realidade, pois é pelo contato com o outro que me percebe como existente. Somos resultado de nossas relações ao longo do tempo. O contato pode ser visto como efeito ou como causa em dado processo, e ocorre sempre em um campo. É quando eu me encontro com o meio, ou comigo mesmo; Enquanto gera gestos, sinais, o contato É FIGURA e pode ser visto e DESCRITO; Como FUNDO, é expressão de nossas introjeções acumulados ao longo dos anos e simbolizada pelo nosso modo de estar no mundo. Contato é: Emoção experienciada; Movimento à procura de mudança; Energia que transforma; Vida acontecendo; Consciência dando sentido à realidade Fronteiras do eu Qualquer sistema que pode ser investigado por seu próprio direito precisa ter fronteiras, quer sejam espaciais ou dinâmicas. As fronteiras do ser humano, as fronteiras do eu, são determinadas por toda amplitude de suas experiências na vida e por suas capacidades internas de assimilar a experiência nova ou intensificada. (POLSTERS, 2001,120) A fronteira do eu de uma pessoa é a fronteira daquilo em que, para ela, o contato é permissível. É composta de toda a amplitude de fornteiras de contato de define as ações, ideias, pessoas, valores, ambientes, imagens, memórias etc com os quais ela está disposta e comparativamente livre para se envolver plenamente tanto com o mundo externo a ela quanto com as reverberações internas que este envolvimento possa despertar. (POLSTERS, 2001, 120) Inclui os riscos e as oportunidades do arriscar-se; Conhecer as nossas fronteiras é importante, se as ultrapassamos podemos nos sentir perdidos, ou invadidos Fora da fronteira do eu, em grande medida, o contato é quase impossível; Como é a fronteira de cada um? Rígida? Flexível? Ampla? Estreita? A experiência da fronteira do eu pode ser descrita a partir de diversas perspectivas: Fronteiras corporais; Fronteiras de valores; Fronteiras de familiaridades; Fronteiras expressivas; Fronteiras de exposição. Fronteiras do eu Corpo – quanto maior a apropriação do corpo, maior é a apropriação do eu Valor – voltado a questões culturais, sociais e religiosas Familiaridade – aquilo que reconhecemos como familiar Expressão – fronteira relacionada com o todo, quanto mais alienação, menor referência Exposição – o quanto a pessoa expõe na relação As fronteiras são construídas a partir : Das experiências pessoais Na possibilidade de correr riscos Nas percepções das próprias limitações No aventurar-se Quando se aceita as imprevisibilidades das descobertas de se estar me contato. Acreditar na palavra vivência Na medida em que entro em contato com o novo, percorro a fluidez do processo de criação, recriação e apropriação do que me é significativo. Do fundo emerge uma figura... Uma sensação aparece... Mobiliazação energia... Escolha... Manter-se na escolha... Ação.... Contato.... CONTATO CICLO DE CONTATO RITMO DE SEPARAÇÃO E CONTATO A psicoterapia como processo de exploração do mundo, autoexploração, buscar novas configurações. PROCESSO DO CICLO DE CONTATO AÇÃO LANÇAR-SE MANTER-SE NA SUA ESCOLHA COMO SATISFAZER POSSIBILIDADES RECONHECIMENTO NOMEAR SENSAÇÃO PERCEBER-SE RELAXAMENTO CONTATO SATISFAÇÃO DA NECESSIDADE CURTIR SEPARAÇÃO RELAXAMENTO CONTATO POLSTER Todo mundo dirige a sua energia para ter um bom contato com o seu ambiente ou para resistir-se a ele. Se a pessoa sente que os esforços serão bem sucedidos – que ela é potente e que o meio ambiente é capaz de dar-lhe em troca o que procura – ela entrará em contato com este ambiente com vontade e até com coragem. Se não consegue um contato nutritivo, fica paralisada, com vários sentimentos desagradáveis – raiva, confusão, futilidade, ressentimento, impotência, desapontamento, etc Aí tem que desviar sua energia - de várias formas – para interagir menos com o ambiente. Escolhemos formas de desviar essa energia. Esta formas caracterizam nosso jeito de entrar em contato com o mundo. INTROJEÇÃO O introjetor investe a sua energia numa incorporação passiva daquilo que o ambiente fornece; Despendo pouco esforço na especificação de suas necessidades ou preferências Aceita as coisas como as encontra; Deverias; Esperado na infância, até certa idade; Sim ou não; Discriminação reativa para discriminação criativa; Mastigação; Há uma neutralização da própria existência Para desfazer a introjeção o indivíduo deve estabelecer dentro si mesmo UM SENSO DE ESCOLHAS QUE ESTÃO DISPONÍVEIS para ele; E DIFERENCIAR O EU DO TU; Trabalhar a crítica e a agressividade O introjetor tem muitos motivos para ser violento.... Tem engolido muita coisa PROJEÇÃO O projetor rejeita aspectos de si mesmo, atribuindo-os ao meio ambiente. Abdica de seus papéis na direção da energia e sente que é impotente para efetuar mudanças. Sente que “não deveria” sentir ou agir daquela forma – Introjeto O que não vê em si mesmo é extremamente visível nos outros Aí não se responsabiliza Temos que devolver ao projetor seus pedaços de identidade para que fique mais inteiro; Sendo de identidade rígido que tem que receber as projeções de volta Nós criamos as nossas próprias vidas e somente nós podemos mudar o mundo; RETROFLEXÃO Voltar para si mesmo o que gostaria de fazer a alguma outra pessoa, ou faz a si mesmo o que ele gostaria que alguma fizesse a ele. É a sua própria vítima, Papai Noel, ou qualquer coisa que deseja; Quando uma pessoa retroflete repetidamente, ela bloqueia as suas saídas para o mundo e permanece sob o controle de forças opostas, mas estagnadas; Perde as outras possibilidades Evita contato, fica sem energia Movimento de não crescimento.... A eliminação da retroflexão se dá através de introjeção de um outro adequado. É necessária uma volta a autoconsciência que acompanhou o começo da retroflexão, quem ela gostaria de abraçar? Morder? Bater? DEFLEXÃO Manobra para se desviar de um contato direto com uma outra pessoa ou consigo mesmo; Retira-se o calor do contato real; `as vezes é o melhor a se fazer; Fica-se no vazio Não há envolvimento real; Há pouco investimento e menos retorno; Ajudar a pessoa a focar, e entrar no tema, no sentimento CONFLUÊNCIA IR COM OUTRO Tudo tem que ser feito em conjunto; Pouco autosuporte; Pouca satisfação; Muita cobrança Corrida a três pernas, arranjada entre duas pessoas que concordam em não discordar; Quando alguém viola a confluência é muito cobrado, A outra parte se ressente, e exige que o outro se culpe O CICLO DA MUDANÇA (Jorge Ponciano Ribeiro) Contato pleno é aquele em que as funções sensitivas, motoras e cognitivas se juntam, num movimento dinâmico, dentro, fora, dentro, fora.... Para que através de uma consciência emocionada, a pessoa por estar em contato consigo e com meio possa fazer ESCOLHAS RESPONSÁVEIS que sejam uma opção por si mesmo em O ciclo da mudança nos apresenta uma possibilidade de compreender visualmente os campos nos quais nos movemos e as formas como entramos em contato com o mundo. SELF NA GESTALT-TERAPIA Para nós self é um sistema da personalidade, cuja função é colocarse alternativamente como figura e/ou fundo nas relações como o mundo exterior. Colocado no centro do ciclo, é agente de contato, subjetivo e objetivo, produz e sofre contato, e, nesse sentido é contato. Ribeiro, p.44 O self expressa-se via REGULAÇÃO ORGANÍSMICA, sendo saudável quando os mecanismo que utiliza auto-regulam a pessoa no universo; é doentio quando o universo está influenciando negativamente esses mecanismo e eles não são funcionais para a pessoa. Para que um contato real entre uma pessoa e outra ocorra é preciso: 1. 2. 3. Que a pessoa sinta sua singularidade, veja-se como diferente do outro e até, numa dimensão maior, perceba-se como única, singular no universo; Que se sinta no aqui e agora e perceba que o tempo e o espaço podem se tornar algo concretamente disponível para ela; Que se perceba inteira, como consciência de sua própria realidade e da realidade do outro. AWARENESS – consciência da própria consciência, forma mais completa de contato, fruto da imersão consciente e total da pessoa na sua relação com o mundo, é a junção destes três fatores. Fatores de cura Quando o contato assume um processo pleno, com começo meio e fim São os passos que nos levam a saúde Este fatores tem alto potencial de provocar mudanças, alterar comportamentos e de afetar a própria natureza da personalidade. Interação Ação Projeção Proflexão Contato final Mobilização Retroflexão Introjeção Satisfação SELF Cosnciência Egotismo Deflexão Retirada Sensação Confluência Dessensibilização Fluidez Fixação OPERACIONALIZAÇÃO DOS BOLQUEIOS DE CONTATO E FATORES DE CURA FIXAÇÃO: (Parei de existir): Processo pelo qual me apego excessivamente Às pessoas, idéias ou coisas e temendo surpresas diante no novo e da realidade, sinto-me incapaz de explorar situações que flutuam rapidamente, permanecendo fixado em coisas e emoções, semverificar vantagens FLUIDEZ: Porcesso pelo qual me movimento, localizome no tempo e no espaço, deixo posições antigas, renovo-me, sinto-me mais solto e espontâneo e com vontade de criar e recriar minha própria vida. DESSENSIBILIZAÇÃO : (Não sei se existo): Processo pelo qual me sinto entorpecido, frio diante de um contato, com dificuldade para me estimular, e sinto uma diminuição sensorial do meu corpo, não diferenciando estímulos externos e perdendo o interesse SENSAÇÃO: Processo pelo qual eu saio do estado de frieza emocional, me sinto melhor a mim mesmo e as coisas, estou mais atento aos sinais que meu corpo me manda ou produz, sinto e até procuro novos estímulos. DEFLEXÃO: (Nem ele nem eu existimos):Processo pelo qual evito contato pelos meus vários sentidos ou faço isto de uma maneira vaga e geral, desperdiço minha energia na relação com o outro, usando um contato indireto, palavreado vago, inexpressivo, ou polido demais, sem ir diretamente ao assunto. Sinto-me apagado, incompreendido, pouco valorizado, sem saber porque as coisas acontecem e como acontecem. CONSCIÊNCIA: Processo pelo qual me dou conta de mim mesmo de uma maneira mais clara e reflexiva. Estou mais atento ao que ocorre a minha volta, percebome relacionando com mais reciprocidade com as pessoas. INTROJEÇÃO: (Ele existe, eu não) Processo pelo qual obedeço e aceito opiniões arbitrárias, normas e valores que pertencem a outros, engolindo coisas sem querer e sem conseguir defender meus direitos por medo da minha própria agressividade. Desejo mudar, mas temo minha própria mudança, preferindo a rotina, simplificações e situações que são facilmente controláveis. Penso que as pessoas sabem melhor do que eu o que é melhor para mim. Gosto de ser mimado. MOBILIZAÇÃO: Processo pelo qual sinto necessidade de me mudar, de exigir meus direitos, de separar minhas coisas das dos outro, de sair da rotina, de expressar meus sentimentos exatamente como sinto e de não ter medo de ser diferente. PROJEÇÃO: (Eu existo, o outro eu crio): Processo pelo qual a pessoa, tendo dificuldade de identificar o que é seu, atribui aos outros, ao mau tempo, a responsabilidade pelos seus fracassos, desconfiando de todo mundo, como prováveis inimigos, sentese ameaçada pelo mundo em geral, pensando demais antes de agir e identificando facilmente nos outros dificuldades e defeitos semelhantes aos seus, e tendo dificuldade de assumir responsabilidade pelo que faz, gosta que os outros façam as coisas no seu lugar. AÇÃO: Processo pelo qual expresso mais confiança nos outros, assumo responsabilidade pelos meus próprios atos, identifico em mim mesmo as razões de meus problemas, ajo em nome próprio sem medo da minha própria ansiedade PROFLEXÃO: (Eu existo nele): Processo pelo qual a pessoa deseja que os outros seja como ela deseja que eles sejam, ou deseja que eles sejam como ela própria é, manipulando-os a fim de receber deles aquilo que precisa, seja fazendo o que eles gostam, seja submetendo-se passivamente a eles, sempre na esperança de algo em troca. Tendo dificuldade de se reconhecer como sua própria fonte de nutrição, lamenta profundamente a ausência do contato externo e a dificuldade do INTERAÇÃO: Processo pelo qual me aproximo do outro sem esperar nada em troca, ajo de igual para igual, dou pelo prazer de dar, convivo com necessidades do outro sem esperar retribuição, sinto que estar e relacionar-me com o outro me ajuda a me perceber como pessoa. RETROFLEXÃO: (Ele existe em mim) Processo pelo qual a pessoa deseja ser como os outros desejam que ela seja, ou deseja que ela seja como eles próprios são, dirigindo para si mesma a energia que deveria dirigir a outrem. Arrepende-se com facilidade por se considerar inadequada nas coisas que faz, por isso as faz e refaz várias vezes, para não se sentir culpada depois. Gosta de estar sempre ocupada e acredita poder fazer melhor as coisas sozinha do que com a ajuda dos outros. Deixa de fazer as coisas por medo de ferir CONTATO FINAL: Processo pelo qual sinto a mim mesmo como minha própria fonte de prazer, nutrome do que quero sem intermediário, relacionando-me com as pessoas de maneira direta e clara, uso minha energia para usufruir com os outros o prazer do momento. EGOTISMO: (Eu existo, eles não): Processo pelo qual a pessoa se coloca sempre como o centro das coisas, exercendo um controle rígido e escessivo no mundo fora dela, pensando em todas as possibilidades para prevenir futuros fracassos ou possíveis surpresas. Impõe tanto sua vontade e desejos, que deixa de prestara tenção ao meio circundante, usufruindo pouco e sem vibração o resultado de suas manipulações, tendo muita dificuldade em dar e receber. SATISFAÇÃO: Processo pelo qual vejo que o mundo é composto de pessoas, que o outro pode ser fonte de contato nutritivo, que o prazer e a vida podem ser co-divididos, que pensar em possibilidades é pensar em crescimento, que é possível desfrutar dividindo, e que o mundo fora de nós pode ser fonte de prazer. CONFLUÊNCIA: (Nós existimos, eu não) Processo pelo qual a pessoa se liga fortemente aos outros, sem diferenciar o que é seu do que é deles, diminui as diferenças para se sentir melhor e semelhante aos demais e, embora com sofrimento, termina obedecendo a valores e atitudes da sociedade e dos pais. Gosta de agradar os outros, mesmo não tendo sido solicitada e temendo o isolamento, ama estar em grupo, agarrando-se firmemente aos outros, ao antigo. RETIRADA: Processo pelo qual saio das coisas no momento em que sinto que devo sair, percebendo o que é meu e o que é dos outros, aceito ser diferente para ser fiel a mim mesmo, amo o “eu” e aceito o “nós” quando me convém, procuro o novo e convivo com velho de uma maneira crítica e inteligente. Sugestão de Bibliografia: POLSTER, Erving e Miriam. Gestalt-terapia Integrada. São Paulo: Summus, 2001 RIBEIRO, Jorge Ponciano. O Ciclo de Contato. São Paulo: Summus PERLS, Frederick, HEFFERLINE, Ralph e GOODMAN, Paul. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997 PERLS, Frederick. Ego Fome e Agressão. São Paulo: Summus