Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos A Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e a efetivação do Direito à Cidade Encontro Internacional sobre Direito à Cidade São Paulo, 13 de novembro de 2014 Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos Roteiro 1. A QUESTÃO URBANA NO BRASIL: contexto, avanços e desafios 2. AGENDA INTERNACIONAL: - Habitat II (1996) e Habitat III; - Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 (ODS) 3. Desafios e novos paradigmas para a promoção do Direito à Cidade nos próximos 20 anos Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos A QUESTÃO URBANA NO BRASIL contexto, avanços e desafios Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos CONTEXTO: Processo de urbanização do Brasil Fonte: IBGE 1. Urbanização acelerada: em 50 anos a população urbana cresceu mais de 150 milhões de habitantes 2. Intensificação da urbanização nas regiões metropolitanas: mais de 40% da população vive em regiões metropolitanas, que representam 8% dos municípios brasileiros 3. Expansão indiscriminada da urbanização no território brasileiro Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos CONTEXTO: Processo de urbanização do Brasil COMPARATIVO DA URBANIZAÇÃO 95% 90% 85% 80% 75% 70% 65% 60% 55% 50% 45% 40% 1960 Argentina Fonte: Nation Master Elaboração: OLIVEIRA, 2011. 1970 México 1980 Estados Unidos 1990 França 2000 Japão África do Sul 2005 Brasil Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos CONTEXTO: o tratamento da questão urbana Anos 60: movimento por reformas estruturais na questão fundiária (Reformas de Base): “reforma urbana”; 1964: Golpe Militar Anos 1960 e 1970: planos diretores tecnocráticos Anos 1970 e 1980: “abertura lenta e gradual” para redemocratização do país (década de 1980), fortalecimento dos movimentos sociais e atuação da Igreja Católica (“Ação Pastoral e o Solo Urbano” - função social da propriedade urbana) 1985: Fundação do Movimento Nacional pela Reforma Urbana 1988: Assembléia Nacional Constituinte - mecanismo da iniciativa popular para a elaboração de emendas populares para o então projeto da Constituição Federal de 1988. Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos CONTEXTO: o tratamento da questão urbana Emenda Popular de Reforma Urbana: Artigos 182 e 183 da CF 88 Capítulo “Da Política Urbana”; CF 88: conceitos de plano diretor, função social da propriedade urbana, parcelamento ou edificação compulsórios, IPTU progressivo no tempo, desapropriação-sanção e usucapião urbano para fins de moradia. Anos 1990: Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU) – Pressão para regulamentação da Constituição em Lei Federal Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade; 2002: Eleição do Partido dos Trabalhadores para o Governo Federal e criação do Ministério das Cidades (2003). Anos 2003 – período atual: avanços institucionais no tema e ampliação do financiamento para o desenvolvimento urbano Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos Avanços institucionais AVANÇOS INSTITUCIONAIS: desenvolvimento urbano Prazo para elaboração Plano Diretor Implementação do Plano Diretor Avanços legais Revisão do Plano Diretor (10 anos) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos RESULTADOS da urbanização acelerada e desigual Concentração fundiária + Baixa oferta de terra bem localizada para os pobres = urbanização desigual e seletiva = desastres naturais + problemas ambientais, de saúde, de infraestrutura e de segurança pública REPRODUÇÃO DA EXCLUSÃO E DA DESIGUALDADE Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos DEMANDA IMEDIATA: superar carências e reduzir as desigualdades → Necessidade de ampliar o enfrentamento à irregularidade fundiária urbana e insegurança da posse → Minimizar impactos ambientais e desastres naturais → Superar os déficits de infraestrutura e de equipamentos urbanos → Superar o quadro de exclusão sócioespacial e a urbanização desigual e seletiva (favelas, cortiços, conflitos fundiários) → Superar a lógica da expansão urbana através de condomínios fechados → Enfrentar a lógica exclusiva da apropriação da cidade e a hegemonia da propriedade privada → Enfrentar obstáculos, culturais, políticos e jurídicos para efetivação da função social da propriedade. Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos AGENDA INTERNACIONAL Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos DESTAQUES HABITAT II (1996) Fonte: SÍNTESE DOS RELATÓRIOS NACIONAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA HABITAT NA AMÉRICA LATINA E REGIÃO CARIBENHA (Citações do Brasil – Tradução livre) 1.1 Proporcionar segurança da posse → estratégias para combater a falta de moradia → promover o acesso, e garantir a posse e a titularidade da terra aos seus habitantes, especialmente aos grupos de baixa renda – estratégias de titulação de mulheres. → existência de restrições econômicas para uma resposta eficaz ao déficit habitacional 1.2 Promover o direito à moradia adequada → Brasil: indicação de experiências de sucesso em melhorias habitacionais, os programas de construção de auto-gestão e mutirões, criação de grupos de poupança, disponibilização kits básicos de materiais de construção, urbanização de favelas e construção novas unidades habitacionais. 1.4 Promover a igualdade de acesso ao crédito → Brasil: progresso, em termos de igualdade, no acesso ao crédito pelas mulheres. Legislação para introdução e disseminação de programas de capacitação da força de trabalho feminina, inserção das mulheres no processo de produção habitacional, principalmente para a autogestão. Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos DESTAQUES HABITAT II (1996) Fonte: SÍNTESE DOS RELATÓRIOS NACIONAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA HABITAT NA AMÉRICA LATINA E REGIÃO CARIBENHA (Citações do Brasil – Tradução livre) 2.1 Proporcionar igualdade de oportunidades para uma vida segura e saudável → Experiências pontuais de apoio e prestação serviços em assentamentos de baixa renda (impacto na criação de condições de uma vida segura e saudável). 2.2 Promover a integração social e apoiar os grupos desfavorecidos → Aprovação do Estatuto de Acessibilidade para Deficientes, abrangendo questões relacionadas à habitação,ao transporte urbano e à remoção de barreiras urbanas e arquitetônica 2.3 Promover a igualdade de gênero no desenvolvimento dos assentamentos humanos → Brasil: mulheres de baixa renda assumindo a liderança de organizações comunitárias, associações de moradores e movimentos populares de provisão habitacional. As mulheres também desempenham papel ativo em programas de autogestão de construção de moradias e mutirões 3.4 Prevenir desastres e reconstrução de assentamentos → Elaboração da Agenda 21 por estados e municípios, em parceria com ONG’s e sociedade civil. Propagação desse modelo de participação por todo o país. Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos Preparação para HABITAT III (2016) Objetivo → Renovar o compromisso político entre os países do Sistema ONU na Habitat II e definir as prioridades urbanas globais para os próximos vinte anos, apoiado em marcos pactuados, como a Declaração do Milênio, a Declaração de Johanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável e o Documento Final da Rio+20. Resultado esperado para a Conferência → Pactuação sobre documento conciso, contendo: análise da condução dos compromissos do HABITAT – II e renovação do comprometimento no apoio à moradia, ao desenvolvimento urbano sustentável e à implementação de uma “Nova Agenda Urbana”. Estágio atual (Brasil) – elaboração de Relatório Nacional → Relatório Nacional: panorama das questões urbanas atuais e os principais desafios para o futuro de suas cidades. → Criação de Grupo de Trabalho (GT), no âmbito do Conselho das Cidades (ConCidades), para subsidiar a elaboração de um relatório preliminar com auxilio do IPEA. Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos Preparação para HABITAT III (2016) O trabalho do GT Habitat III (ConCidades, Brasil) → 1ª reunião: agosto/2014 – estabelecimento de premissas, diretrizes, temas e recortes dos sete tópicos que devem constar no Relatório Nacional: demografia urbana; planejamento urbano e territorial – questões e desafios para uma nova agenda urbana; meio ambiente e urbanização; governança urbana e legislação; economia urbana; habitação e serviços básicos; indicadores. → Próxima reunião: 18 de novembro de 2014. Cronograma de trabalho → Março/2015: Relatório preliminar para a apreciação do ConCidades → Abril/2015: Entrega do Relatório final à ONU-HABITAT → Consolidação dos relatórios nacionais em documentos regionais. O relatório do Brasil deverá contribuir com o documento da região “América Latina e Caribe”, que será organizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em parceria com o Escritório Regional para América Latina e Caribe do ONU-Habitat. Organização da Conferência - PrepCom → 3 reuniões de organização: a primeira foi 16 e 17 de setembro de 2014 (Nova Iorque/EUA), a segunda será em abril de 2015, Nairóbi/ Quenia. Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 - ODS Elementos da posição brasileira → Contribuições dos Ministérios e órgão de governo que compõem o Grupo de Trabalho Interministerial sobre a Agenda Pós-2015; → Comentários da sociedade civil recolhidos nos eventos "Diálogos Sociais: Desenvolvimento Sustentável na Agenda Pós-2015 – Construindo a Perspectiva do Brasil" (Rio de Janeiro, 11/02/2014) e "Arena da Participação Social" (Brasília, 23/05/2014); → Insumos de representantes das entidades municipais articulados em oficinas organizadas pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e pelo Ministério das Cidades. Princípios orientadores → Erradicação da pobreza e superação das desigualdades: indispensáveis para o desenvolvimento sustentável; → Universalidade com diferenciação; → Inclusão, equidade e implementação efetiva dos direitos humanos; → Transversalidade da questão ambiental e equilíbrio entre as 3 dimensões do desenvolvimento. → Incorporação da participação da sociedade civil. Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 - ODS Elementos substantivos (DESTAQUES) OBJETIVO 8: Urbanização e Cidades Sustentáveis → Questão fundiária: promover a regularização de assentamentos precários, a mediação e prevenção de conflitos fundiários urbanos, evitando despejos forçados. → Planejamento e gestão territorial e urbana integrada e participativa: institucionalização da política de desenvolvimento urbano e de seus instrumentos; aumento das capacidades dos governos locais e foco na redução das desigualdades sócio-territoriais e na promoção da justiça social urbana. → Investimentos: reduzido impacto ambiental, acesso universal aos serviços básicos, inclusão de todos os segmentos sociais nos sistemas financeiros formais da habitação. → Consumo sustentável nas cidades; → Meio Ambiente: Promover a conservação e o uso sustentável de áreas protegidas nas cidades ou em seu entorno, evitando a ocupação de áreas de risco. → Mobilidade urbana: transporte público coletivo e seguro, transporte não-motorizado Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 - ODS Elementos substantivos (DESTAQUES) OBJETIVO 8: Urbanização e Cidades Sustentáveis → Segurança no transito: redução de mortes → Transporte: relacionar políticas ambientais e de transporte, qualidade do ar, combustíveis renováveis no transporte público e nos automóveis. → Lixo: promover a limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, eliminar os lixões e aterros controlados. → Acessibilidade: adotar o desenho universal como parâmetro para investimentos e políticas públicas. → Áreas verdes: arborização urbana, agricultura urbana e peri-urbana, integração sustentável entre campo e cidade. → Infraestrutura como apoio ao desenvolvimento econômico: universalização e preços acessíveis Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos DESAFIOS E NOVOS PARADIGMAS Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos DESAFIO E NOVOS PARADIGMAS Implementar a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, pautada pela democracia e pela ampla participação da sociedade. Promover a reforma urbana, através da efetiva aplicação do Estatuto da Cidade e de uma política fundiária voltada para a inclusão social; Ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana; Produzir um novo modelo de desenvolvimento onde os ganhos resultantes do investimento público e do processo de urbanização sejam apropriados pela coletividade; Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos DESAFIO E NOVOS PARADIGMAS Reversão do quadro da irregularidade e exclusão urbana no país reforçado pela especulação imobiliária e patrimonialismo individualista; Submissão efetiva do direito privado sobre a propriedade urbana a uma ordem pública e a obrigação do cumprimento da função social; Uso adequado da propriedade para a coletividade em conformidade com o planejamento urbano local construído de modo participativo. PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO ORIENTADO À REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos estatuto da cidade ordenamento e controle do uso do solo desenvolvimento urbano política econômica, tributária e financeira gestão democrática regularização fundiária economia de recursos naturais função social sustentabilidade ambiental, social e econômica distribuição justa integração e complementaridade urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda recuperação da valorização simplificação da legislação isonomia mobilidade urbana direito a cidades sustentáveis cooperação redução de impactos ambientais planejamento participativo equipamentos urbanos e comunitários saneamento ambiental proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído habitação de interesse social prevenção de desastres fortalecimento institucional Obrigado!