O DESAFIO DO ESPAÇO
PÚBLICO NAS CIDADES DO
SÉCULO XXI
Século XX
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Tendência de surgimento de lugares
que se voltam para si e menos para a
cidade.
São espaços climatizados e
protegidos, que artificializam os
lugares públicos ao tentarem traduzilos como parte de sua ambientação
interna.
O caos urbano, a velocidade dos
automóveis e da vida agitada, aliados
a falta de segurança, criaram este
novo ambiente.
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Shoppings Centers
Museus
Hipermercados
São os novos espaços do convívio e
da atração, ligados ao consumo
cultural ou de produtos
industrializados de massa.
A tradicional praça,
os largos e mesmo
as ruas, foram
trazidos para dentro
destes novos
ambientes, onde
tudo é controlado,
desde sua
segurança até o seu
olhar.
O caos urbano, a
violência, a sujeira
das ruas, são
deixados de fora
desses novos
lugares do consumo
de mercadorias,
serviços, arte e
cultura.
O desafio do espaço público
A crise do espaço urbano de qualidade é
maior em países de terceiro mundo, na qual
a maior preocupação não era a criação de
novos lugares públicos, mas sim o
atendimento de necessidades básicas de
infra-estrutura para as suas populações que
não pararam de crescer.
Os países da América Latina e os países
asiáticos, durante o século XX buscaram de
imediato resolver seus problemas de infraestrutura urbana.
Enquanto isso, na Europa a atenção
maior foi dada à criação de novos espaços
urbanos para uma população que pouco
crescia e ansiava por novos lugares para o
seu convívio e voltados para a cultura e o
entretenimento.
A retomada do espaço público nas
cidades européias
Barcelona, Berlim e Paris são cidades que
vem passando por grandes urbanizações
desde as últimas duas décadas do século XX,
e se mantêm candidatas a criarem a marca
urbana do século XXI.
O caos urbano foi trocado por generosos
e concorridos espaços públicos, voltados aos
encontros de pessoas e culturas diversas.
Estes novos lugares urbanos possuem um
grande mix de atividades culturais e de lazer
como bares, lojas, restaurantes, teatros,
museus, eventos religiosos, feiras, fóruns
mundiais, etc.
Estas cidades, recuperaram com grandes
obras de urbanização e arquitetura, o seu
lugar na esfera cultural mundial.
O espaço público vem como meio de recuperar
suas identidades históricas e inserir estas
cidades dentro de um novo conceito urbano:
CIDADE ESPETÁCULO
Criou novos lugares a partir de áreas
esquecidas, abandonadas e desvalorizadas.
Grandes áreas Portuárias desativadas
como as Docklands de Londres
Grandes áreas industriais desativadas
do Poble Nou de Barcelona
Estes lugares conformam dois novos tipos
de intervenções contemporâneas:
- MUTAÇÕES URBANAS OU EXURBIAS
que buscam novos limites geográficos
extravasando os antigos muros do
tradicional tecido urbano.
- TERRAIN VAGUE
terras vagas ou vazios urbanos que se
diferem das mutações por serem áreas
naturais de crescimento urbano mas que
ainda se mantém desocupadas ou
desvalorizadas.
As mais recentes intervenções urbanas na cidade
catalã de Barcelona, desta vez para sediar o
Fórum Mundial das Culturas no ano de 2004,
exemplificam muito bem a forma como as
grandes cidades européias vêm encarando a
constituição de seus espaços públicos. Barcelona,
que passou por sucessivas reurbanizações desde
a última década do século XX e sempre teve
como mote o acontecimento de algum grande
evento mundial (como por exemplo, as
Olimpíadas de 1992 e por último, o Fórum em
2004)
para
urbanizar
extensas
áreas
abandonadas ou desvalorizadas pelo seu uso
pouco integrado ao tecido urbano.
Os Jogos Olímpicos de 1992, realizados em Barcelona,
renderam muito mais que medalhas. O Modelo
Barcelona, projeto implementado para o evento,
mudou a cara da capital catalã. Espaços públicos
foram reurbanizados, e a área litorânea foi
recuperada. O evento esportivo, demandou alguns
projetos urbanos ousados, como a construção de 35
quilômetros de galerias subterrâneas para água, luz,
gás, telefone, TV e fibra ótica. Além disso, o aeroporto,
completamente reformulado, foi ligado ao centro da
cidade por uma moderna autopista. As ruas e os
prédios de Barcelona também foram alvo de projetos
de restauração e revitalização.
Fórum Mundial das Culturas 2004
Barcelona, vem nesta última “mutação” urbana ocupar a
região nordeste da cidade, conhecida como Zona Del Levante
onde se encontram atualmente áreas pouco valorizadas
devido à presença da estação de tratamento de águas
residuais, a central termoelétrica e a incineradora de lixo da
cidade.
As funções básicas desta área foram mantidas e melhoradas
além de novas intervenções que criaram novos espaços
públicos que dividem o lugar com extensos parques
arborizados, e integrados com os edifícios públicos que
inicialmente sediaram os eventos do Fórum de 2004 e
tiveram outros usos, além de edifícios de uso privado, como
residências e hotéis que garantiram a presença e a circulação
de pessoas.
FÓRUM MUNDIAL EM BARCELONA 2004
A vontade de transformar cada cidade em novos
lugares da cultura mundial, é a marca destas novas
urbanizações européias, que se completam com
objetos-espetáculos urbanos, ou seja, novos
prédios, parques e espaços públicos criados pelas
mentes dos mais famosos nomes da arquitetura
contemporânea e que levaram estas cidades às
páginas dos jornais, revistas e noticiários da TV.
Segue alguns exemplos:
Museu
Guggenheim
de Bilbao do
Arquiteto
Frank O. Gery
Pirâmide do Louvre
de I. M. Pei
Arco de Tête de La Defénse, de Johan
Otto von Spreckelsen
As cidades-espetáculo e seus objetos,
que em muitas vezes sãos mais
espetaculares que as próprias. Mesmo
com todo o seu desenvolvimento social
e econômico, muitas destas cidades
enfrentam problemas quanto à massa
de excluídos do sistema.
As megaconstruções das cidades asiáticas
Cidades como Hong Kong e Xangai na China,
Tóquio (a primeira a despontar) e Kobe no
Japão, e Seul na Coréia do Sul são exemplos
de cidades do “capitalismo tardio” com suas
taxas de crescimento populacional e urbano
assustadores
para
qualquer
metrópole
ocidental.
São exemplos vivos e em constante mutação
do poder do capital transformando o espaço
urbano. Hong Kong na última década do
século
XX
viu
passar
por
grandes
transformações
urbanas,
calcada
em
“megaconstruções” de infra-estrutura urbana.
HONG KONG
XANGAI
TÓQUIO
SEUL
Estas cidades, são hoje, os maiores canteiros
de obras do mundo, com novos prédios, novas
áreas e novas cidades para atender uma
enorme massa populacional que descobriu
recentemente as luzes e o poder financeiro do
capitalismo.
O
seu
crescimento
urbano,
que
não
conseguindo
acompanhar
o
crescimento
populacional, aliado aos seus espaços exíguos,
fez com que estas maiores metrópoles do
mundo asiático realizassem no final do século
XX intervenções urbanas radicais, avançando
sobre seus braços de mar e baias através
enormes
aterros
para
suportar
suas
“megaconstruções” de infra-estrutura.
Antigas cidades ganham novos espaços, novas
áreas que quando precisam, avançam em
aterros sobre o mar, novos prédios contrastam
propositalmente com a arquitetura secular
oriental.
XANGAI – Enormes aterros
Temos como exemplo a cidade de Kobe, que mesmo
depois da devastação do terremoto de 1995, se
ergue como a expressão desta nova era tecnourbana das cidades asiáticas através de grandes
obras de infra-estrutura. Uma nova área da cidade, o
Teleporto possui os mais avançados conceitos de
tecnologia aliada à construção civil que são
transformados em infra-estrutura urbana: prédios
para a coleta seletiva de lixo por sistemas
computadorizados, reciclagem da água do esgoto de
toda a região com seu reaproveitamento.
KOBE
PORTO DE KOBE
Kobe – Uma das 10 cidades mais
limpas do mundo
“Quando o assunto é qualidade de vida, Kobe
apresenta desempenho invejável, com elevadas
taxas de expectativa de vida e alfabetização
quase 100%. Em termos de limpeza, a cidade se
orgulha do seu sistema de drenagem de águas
residuais, separadas de modo que as fortes
chuvas não afetam o tratamento de resíduos.
Outro ponto a favor da atmosfera "clean" são os
sistemas viários projetados para manter o
tráfego em movimento constante, garantindo
menor emissão de poluentes ocasionados por
congestionamentos”.
Revista Exame
http://exame.abril.com.br/
São áreas agora totalmente planejadas e pensadas em
suas minúcias, onde parques urbanos se integram com as
edificações em busca de uma recente consciência ecológica
em contraste com a frieza de toda a tecnologia ao redor.
As “mutações” asiáticas estão em uma escala e conceito
muito diferentes das cidades européias, as quais se
utilizaram de espaços residuais existentes em seu tecido
urbano. No caso asiático, suas mutações se baseiam em
busca de novas áreas para expansão sobre ainda o que
lhes resta de área edificável, ou para cima com seus novos
arranha-céus que entram na lista dos maiores do mundo,
ou para dentro do mar conquistado sobre milhares de
quilômetros cúbicos de aterros, criando novas áreas para
urbanizar e expandir. Recentemente, esta conquista sobre
o mar ganhou um novo significado com a criação dos
megafloats, grandes áreas flutuantes que podem ser
ancoradas em qualquer região costeira e montadas no
prazo de no mínimo três meses. Podendo suportar desde
aeroportos, passando por plantas industriais a áreas de
hotéis ou moradias.
MEGAFLOATS
Aeroporto Internacional de Kansai, Osaka, Japão
Arquiteto Renzo Piano
Sob
o
signo
dos
últimos
avanços
tecnológicos, estas cidades cresceram de
forma acelerada e caótica, com muitas de
suas tradições culturais trocadas por
símbolos
ocidentais
ou
arremedos
historicistas. Está nos projetos do governo
chinês a construção de nove cidades
“temáticas” a serem construídas ao redor da
cidade de Xangai. Com uma população de
100 mil habitantes, cada nova cidade irá
representar um país e sua arquitetura
tradicional,
num
mix
de arquiteturas
clássicas e contemporâneas.
A luta pelo espaço nas cidades latino-americanas
O caso do Brasil
As
cidades
latino-americanas
também
crescem a passos rápidos em busca de novas
levas para a expansão imobiliária, enquanto
os excluídos do sistema ainda se amontoam
nas favelas. A influência cultural e tecnológica
do “primeiro mundo” ainda se faz presente e
mesmo necessária, enquanto problemas
terceiro-mundistas ficam sem solução.
A existência de espaços públicos é pequena e
seu uso é bem tímido, e às vezes elitizada.
As políticas públicas pouco valorizam a
construção e criação de espaços públicos,
voltando seus esforços e incentivo à criação de
espaços
mais
rentáveis
economicamente,
principalmente para o entretenimento semipúblico ou privado.
Soluções para os problemas causados pelo
crescimento urbano desenfreado foram buscadas
nos processos de planejamentos urbanos,
atualmente através do Estatuto das Cidades.
Advindos do discurso urbano-modernista,
onde zoneamento e índices urbanísticos ditam o
crescimento das cidades, os Planos Diretores
Urbanos se tornaram (ou criaram) os modelos
atuais de crescimento das grandes cidades
brasileiras. De certa forma, conseguem seu
intento ao colocar “ordem na casa”.
Infelizmente, nossas cidades brasileiras
carecem de vontades políticas e econômicas para
empreenderem espaços mais democráticos,
sejam através de novas obras ou mesmo nas tão
faladas “revitalizações” dos centros urbanos.
Faltam-nos
principalmente
políticas
públicas verdadeiramente imbuídas para a
criação de projetos urbanísticos voltados a
melhoria e a criação de novos espaços públicos.
Ficamos então, restritos ao que podemos chamar
de “urbanismo de pracinhas”, intervenções que
na maioria das vezes se limitam a melhorias de
ruas (em muitos casos, transformadas em num
grande tapete de asfalto) e na criação de
pracinhas que sempre angariam votos para as
próximas eleições.
Os
grandes
projetos
urbanísticos
como
Brasília, Palmas e para as
intervenções em Curitiba,
nos mostram modelos
urbanos
em
escalas
diferentes que de uma
forma
ou
de
outra
buscam em seus projetos
a integração de sua
população aos espaços
da cidade; ora seja na
escala de toda a cidade
como o plano modernista
de Brasília, ora como
lugares
específicos
e
pontuais
como
em
Curitiba.
São
intervenções
ousadas,
que
precisavam ser repetidas, no mínimo em
seu intento, não como fórmulas, mas
como projetos de cidades que tem (ou
buscavam ter) a qualidade de vida como
foco principal.
Por outro lado, temos os fenômenos dos
condôminos fechados que tem na imagem dos
“tranqüilos” e “pacatos” subúrbios americanos
sua referência que chega a ser estética. Alguns
conseguem sua auto-suficiência, com uma infraestrutura tal que não é encontrada na maioria dos
outros bairros, além de virem acompanhados do
discurso da segurança como seu diferencial do
restante da cidade.
A contradição é a marca das cidades brasileiras,
bem como das cidades da América Latina.
De um lado, a pobreza que vive em condições
precárias em morros ou bairros afastados sem
espaços adequados e infra-estrutura necessária, e
do outro lado da cidade, toda a infra-estrutura
seja pública ou privada que atende os de maior
posse, onde as facilidades gravitam em sua volta.
O DESAFIO DO ESPAÇO PÚBLICO
NAS CIDADES DO SÉCULO XXI
DIAS, Fabiano. O desafio do espaço público nas cidades do século
XXI. Arquitextos, São Paulo, 06.061, Vitruvius, jun 2005
<http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.061/45
3>.
BARBOSA, Vanessa. As 10 cidades mais limpas do mundo.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/>
IDEAIS – GESTÃO SÓCIO-CRIATIVA. Barcelona: Metamorfose
Catalã. Disponível em:
<http://ideaismkt.wordpress.com/tag/olimpiadas/>
GRUPO 8:
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