Resistência dos Materiais Resistência dos Materiais CAPITULO 5 Relação entre Tensões e Deformações DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Sumário : Relação entre Tensões e Deformações  Diagrama Tensão - Extensão  Lei de Hooke  Energia de deformação  Diagrama Tensão - Distorção  Constantes elásticas dos materiais  Propriedades mecânicas dos materiais. Competências: Realizar ensaios experimentais sobre materiais de modo a obter as suas propriedades mecânicas. Caracterizar o comportamento mecânico dos materiais de acordo com a interpretação dos dados obtidos experimentalmente. Compreender e caracterizar os materiais no que concerne aos conceitos de rigidez, resistência, ductilidade… DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES DOS MATERIAIS Introdução: Vários tipos de propriedades são importantes na prática do projecto : • Económicas • Mecânicas • Superficiais • Fabricação • Físicas • Microestruturais • Estéticas DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES ECONÓMICAS Preço Custos Financeiros Valor de Mercado Incentivos Fiscais Disponibilidade Fornecedores Alternativos Materiais com Propriedades Equivalentes Actualização Tecnológica Ciência e Tecnologia Evoluem Rapidamente! Necessário Estudo Permanente DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES MECÂNICAS Resistência dos materiais Dureza (HV, HB, HR) Cedência (σY) Ruptura (σrot.) Fadiga (S - N) Fluência (temperatura, tempo) Flexão, Esmagamento, Corte, Delaminagem, Desgaste, etc. Rigidez: (quanto o material deflecte sob carga) E, , G Tenacidade: Energia absorvida durante a propagação de fendas. Ductilidade: Capacidade do material sofrer deformações plásticas. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES SUPERFICIAIS Corrosão Fricção Desgaste Abrasão Adesão Erosão Revestimento Adesão ou Colagem DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES DE FABRICAÇÃO Maquinagem Soldadura Colagem Fundição Conformação Acabamento DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES FÍSICAS E QUIMICAS Eléctricas Resistência, Piezo e Termoeletricidade Magnéticas Permeabilidade Ópticas Cor, Transparência, Refracção, Absorção Térmicas Condutibilidade, Expansão Reactividade Química DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES MICROESTRUTURAIS Tipo (cristalina, cadeias, amorfa) Cristalização (CFC, CCC, HC, ...) Defeitos (vazios) Fases Solubilidade Tratamentos Térmicos Tratamentos Mecânicos DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais PROPRIEDADES MECÂNICAS DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Propriedades Mecânicas dos Metais • Como os metais são materiais estruturais, o conhecimento de suas propriedades mecânicas é fundamental para prever o seu comportamento sob solicitação. • Um grande número de propriedades pode ser derivado de um único tipo de ensaio, o ensaio de tracção. No ensaio de tracção, um material é traccionado e deforma-se até à rotura. Mede-se o valor da força e do alongamento a cada instante, e gera-se uma curva tensão -extensão. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Tensão e Extensão P    Tensão Norm al A   L  Extensão   DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial 2P P  2A A  L P A 2    2L L  Resistência dos Materiais Carga (103 N) Diagrama Tensão - Extensão Célula de Carga 100 50 0 1 2 3 4 5 Alongamento (mm) Provete 500 Tensão,  (MPa) Gage Length 0 Tracção DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Normalização para eliminar influência da geometria da amostra 250 0 0 0.02 0.04 0.05 Extensão,  (mm/mm) 0.08 0.10 Resistência dos Materiais Curva Tensão - Extensão • Normalização   = P/A0 onde P é a carga e A0 é a secção recta do provete.   = (L-L0)/L0 onde L é o comprimento para uma dada carga e L0 é o comprimento original • A curva  -  pode ser dividida em duas regiões:  Região elástica   é proporcional a  =>  = E. onde E = módulo de Young  A deformação é reversível.  Ligações atómicas são alongadas mas não se rompem.  Região plástica   não é linearmente proporcional a .  A deformação é quase toda não reversível.  Ligações atómicas são alongadas e rompem-se. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Curva Tensão - Extensão Elástica Tensão, σ (MPa) 500 Limite de cedência Plástica 250 Fractura 0 0 0.02 0.04 0.05 0.08 Extensão, ε (mm/mm) O Módulo de Young, E, (ou módulo de elasticidade) é dado pela derivada da curva na região linear. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial 0.10  0 0.002 0.004 0.005 0.008 0.010 Extensão,  (mm/mm) Como não existe um limite claro entre as regiões elástica e plástica, define-se o limite de cedência, como a tensão que, após a libertação da carga, causa uma pequena deformação residual de 0.2%. Resistência dos Materiais Diagrama Tensão - Extensão: Materiais Dúcteis DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Diagrama Tensão - Extensão: Materiais Frágeis DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young Lei de Hooke: =E DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Diagrama Tensão - Extensão: Regimes Elástico e Plástico Rotura DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Exercício resolvido 1 Uma peça de cobre de 305 mm é traccionada com uma tensão de 276 MPa. Se a deformação é totalmente elástica, qual será o alongamento ?  = E. = E.L/L0 => L =  L0/E E é obtido de uma tabela ECu = 11.0 x 104 MPa Assim: L = 276 . 305/11.0 x 104 =0.76 mm DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Estricção e limite de resistência Tensão,  Limite de resistência Estricção A partir do limite de resistência começa a ocorrer uma estricção no provete. A tensão concentra-se nesta região, levando à rotura. Extensão,  DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Ductilidade • Ductilidade é uma medida da extensão da deformação que ocorre até a fractura. • Ductilidade pode ser definida como:  Alongamento percentual % AL = 100 x (Lf - L0)/L0  onde Lf é o alongamento na fractura  uma fracção substancial da deformação concentra-se na estricção, o que faz com que a % AL dependa do comprimento do provete. Assim o valor de L0 deve ser citado.  Redução de área percentual %AR = 100 x(A0 - Af)/A0  onde A0 e Af se referem à área da secção recta original e na fractura.  Independente de A0 e L0 e em geral  de AL% DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Processos Industriais II Resiliência • Resiliência é a capacidade que o material possui de absorver energia elástica sob tracção e devolvê-la quando relaxado.  Área sob a curva dada pelo limite de cedência e pela extensão na cedência.  Módulo de resiliência Ur =   d com limites de 0 a y  Na região linear Ur =yy /2 =y(y /E)/2 = y2/2E  Assim, materiais de alta resiliência possuem alto limite de cedência e baixo módulo de elasticidade.  Estes materiais seriam ideais para uso em molas. - Curso de Gestão Comercial e da Produção 23 Resistência dos Materiais Tenacidade • Tenacidade (toughness) é a capacidade que o material possui de absorver energia mecânica até a fractura. Área sob a curva - até a fractura Frágil Dúctil Tensão,  O material frágil tem maior limite de cedência e maior limite de resistência. No entanto, tem menor tenacidade devido à falta de ductilidade (a área sob a curva correspondente é muito menor). Extensão,  DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Resumo da curva - e Propriedades  Região elástica (deformação reversível) e região plástica (deformação quase toda irreversível).  Módulo de Young ou módulo de elasticidade => derivada da curva na região elástica (linear).  Limite de cedência (yield strength) => define a transição entre regiões elástica e plástica => tensão que, libertada, gera uma deformação residual de 0.2 %.  Limite de resistência (tensile strength) => tensão máxima na curva - de engenharia.  Ductilidade => medida da deformabilidade do material  Resiliência => medida da capacidade de absorver e devolver energia mecânica => área sob a região linear.  Tenacidade (toughness) => medida da capacidade de absorver energia mecânica até a fractura => área sob a curva até a fractura. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais A curva - real  A curva  -  obtida experimentalmente é denominada curva  - ε de engenharia. Fractura Esta curva passa por um máximo de tensão, parecendo indicar que, a partir deste valor, o material se torna mais fraco, o que não é verdade. Isto, na verdade, é uma consequência da estricção, que concentra o esforço numa área menor. Pode-se corrigir este efeito levando em conta a diminuição de área, gerando assim a curva  real. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Curva  -  real Curva σ - ε de engenharia Fractura Resistência dos Materiais Coeficiente de Poisson • Quando ocorre alongamento ao longo de uma direcção, ocorre contracção no plano perpendicular. • A Relação entre as deformações é dada pelo coeficiente de Poisson .  = - y / x = - z / x o sinal de menos apenas indica que uma extensão gera uma contracção e vice-versa. Os valores de  para diversos metais estão entre 0.25 e 0.35. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Coeficiente de Poisson • Para uma barra sujeita a carregamento axial:  x  x  y z  0 E • O alongamento na direcção ox é acompanhado da contracção nas outras direcções. Assumindo o material como isotrópico tem-se:  y  z  0 • O coeficiente de Poisson é definido por:  DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial y  Extensão Transversal - - z ExtensãoLongitudinal x x Resistência dos Materiais Exercício resolvido 2 Um cilindro de latão com diâmetro de 10 mm é traccionado ao longo do seu eixo. Qual é a força necessária para causar uma mudança de 2.5 µm no diâmetro, no regime elástico ? x = d/d0 = -2.5 x10-3 /10 = -2.5 x10-4 z = - x/  -2.5 x10-4 / 0.35 = 7.14 x10-4  = E. z = 10.1 MPa x 7.14 x10-4 = 7211 Pa F =  A0 =  d02/4 = 7211 x (10-2)2/4 = 5820 N DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Distorção • Uma tensão tangencial causa uma distorção, de forma análoga a uma tracção.  Tensão tangencial  = F/A0 onde A0 é a área paralela à aplicação da força.  Distorção  = tan  = y/z0 onde  é o ângulo de deformação • Módulo de distorção G =G DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Distorção • Um elemento cúbico sujeito a tensões tangenciais deforma-se num rombóide. A distorção correspondente é quantificada em termos da alteração dos ângulos:  xy  f  xy  • Lei de Hooke: (Pequenas deformações)  xy  G  xy  yz  G  yz  zx  G  zx G é o módulo de distorção. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Diagrama Tensão tangencial - Distorção Com base num ensaio de torção obtêm-se os valores de tensão tangencial e respectivos valores de distorção. Representando num gráfico os sucessivos valores obtidos no ensaio chega-se ao diagrama Tensão tangencial - Distorção para o material em consideração. O diagrama Tensão - Distorção é idêntico ao diagrama Tensão - Extensão obtido a partir de um ensaio de tracção. No entanto os valores obtidos para a tensão tangencial de cedência, tensão tangencial de rotura etc. de um dado material, são aproximadamente metade dos valores correspondentes à tracção.  [MPa] U Muitos dos materiais utilizados em engenharia  têm um comportamento elástico linear e assim a  rp Lei de Hooke para tensões tangenciais pode ser escrita:   G DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial p p U r  [rad] Resistência dos Materiais Relação entre E,ν, e G G DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial E 2 1    Resistência dos Materiais Exercício resolvido 3 Um bloco rectangular de um material comum módulo de distorção G = 620 MPa é colado a duas placas rígidas horizontais. A placa inferior é fixa, enquanto a placa superior é submetida a uma força horizontal P. Sabendo que a placa superior se desloca 1 mm sob acção da força, determine: a) a distorção média no material; b) a força P que actua na placa superior. 60 mm 200 mm 50 mm DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Solução a) Distorção média no material  xy  tan xy  1 mm 50 mm  xy  0.020rad 1 mm 50 mm b) Força P actuante na placa superior  xy  G xy  xy  G xy  620* 0,02  12,4 MPa P   xy A  12,4 * 200* 60  148,8 kN DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Carregamento Triaxial - Lei de Hooke Generalizada • Num elemento sujeito a um carregamento multiaxial, as componentes de extensão resultam das componentes de tensão por aplicação do princípio da sobreposição. As condições de aplicação do método são: 1) Cada efeito é directamente proporcional à carga que o produziu (as tensões não excedem o limite de proporcionalidade do material). 2) As deformações causadas por qualquer dos carregamentos é pequena e não afecta as condições de aplicação dos outros carregamentos. • Tem-se: x x   E y  z  DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial -  x E  x E  y  - E -  z -  z y E  y E  E E z E Resistência dos Materiais Fractura O processo de fractura é normalmente súbito e catastrófico, podendo gerar grandes acidentes. Envolve duas etapas: formação de fenda e propagação. Pode assumir dois modos: dúctil e frágil. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Fractura dúctil e frágil • Fractura dúctil  o material deforma-se substancialmente antes de fracturar.  O processo desenvolve-se de forma relativamente lenta à medida que a fenda se propaga.  Este tipo de fenda é denominado estável porque ela para de se propagar a menos que haja uma aumento da tensão aplicada no material. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial Resistência dos Materiais Fractura Fractura frágil  O material deforma-se pouco, antes de fracturar.  O processo de propagação da fenda pode ser muito veloz, gerando situações catastróficas.  A partir de um certo ponto, a fenda é dita instável porque se propagará mesmo sem aumento da tensão aplicada sobre o material. DEMGi - Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial