LESÕES POR SOBRECARGA, NOS MEMBROS INFERIORES Dr Carlos Alberto Machado ASSERH Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro. O QUE SÃO? • Lesões por sobrecarga Estas lesões são as mais freqüentes entre os corredores. Elas podem ocorrer por falta de alongamento, calçado inadequado, treino excessivo, falta de descanso, posturas erradas e repetitivas. As mais comuns são: OSTEÍTE DO PÚBIS • 2) Osteíte do Púbis. É uma inflamação que ocorre quando, através do movimento oscilante da corrida, há uma modificação na inclinação dos ossos da pelve, provocando uma ligeira separação da articulação do Púbis, com inflamação e enrijecimento da cartilagem. Podem ocorrer dores terríveis. Geralmente, os corredores com passada muito ampla são os mais propensos a esta lesão. A recuperação é lenta e demorada. Deve-se fazer muito alongamento, principalmente do quadríceps, abdome e adutores, mas sempre com cuidado. O ideal é procurar um especialista. As compressas de gelo e calor são recomendadas, mas apenas com a autorização do médico. FRATURAS POR STRESS • Fraturas por Stress. Acontecem por causa de esgotamento muscular excessivo e falta de absorção de impactos acumulativos. Usar um calçado adequado, ou seja, com bom amortecimento e o descanso apropriado podem evitar este tipo de lesão. As fraturas de stress são fissuras microscópicas dos ossos, causadas por uma soma de quantidade de stress que não foi curada. Diagnosticada a fratura, você terá que parar de correr por algumas semanas, substituindo a corrida por outra atividade aeróbia como a natação ou o ciclismo e quando voltar a correr, iniciar em terreno macio ou grama. • Diagnóstico diferencial para tendinites, fasciítes. CAUSAS • O que é uma fratura de stress ou de fadiga? A fratura de stress ou de fatiga ocorre quando as exigências a um determinado osso superam sua resistência. O osso está continuamente sendo remodeladoem resposta ao stress, mas algumas vezes este remodelamento é mais lento do que a exigência do exercicio e então ocorre a fratura de fadiga. Quando um atleta tem uma mudança rápida da sua atividade, como no início da temporada, existe uma grande chance de uma lesão por sobrecarga (incluindo fratura de stress) principalmente se precipitada por um calçado que viabiliza estas lesões, no caso, a chuteira. Outro fator importante na epidemiologia das lesões é a hidratação e a nutrição do atleta. E desidratação e conseqüente desequilibrio hidroeletrolítico particularmente associado a altas temperaturas, diminui significantemente a performance do atleta. Esta, por sua vez, pode levar a dificuldades em manter o controle muscular durante o jogo. Uma boa hidratação durante o jogo são algumas alternativas para minimizar estes problemas. Contudo, as lesões no futebol são ocasionadas na maioria dos casos por fatores extrínsecos, ou seja, pelo contato direto atleta-atleta. É estimado que 43% das lesões ocorram pelo contato com o adversário e que 24% das lesões decorram de traumas isolados. – tíbia (proximal ou distal), escafóide társico, fémur (distal), metatársicos. ginástica * vértebras (lombares), tíbia (distal). patinagem/hóquei * perónio (distal). basquetebol * tíbia, escafóide társico. futebol * tíbia, rótula, metatársicos. basebol * úmero, tíbia. natação * tíbia (proximal). ténis/voleibol * cúbito. golfe * costelas. – Fractura de fadiga da bacia: aparece geralmente depois dos 40 anos, localizando-se aos ramos isquio e ilio-púbicos, mais frequente em fundistas, originando dor localizada à virilha ou púbis e acompanhando-se com claudicação do lado afectado; o diagnóstico é feito com auxílio dos radiograma e cintigrama e o tratamento consiste em repouso, por vezes no leito, durante 4 semanas. – Fractura de fadiga do colo do fémur: localização rara, surgindo geralmente depois dos 20 anos, cerca de um mês após o aumento da actividade física, com dor localizada à virilha ou face externa da anca que se agrava nas extensão ou flexão máximas, associada a claudicação; o radiograma é negativo em 50% das situações, sendo o diagnóstico sugerido pelo cintigrama; o tratamento consiste na descarga (com apoio de canadianas) durante 4-6 semanas. – Fractura de fadiga da tíbia: representa a localização preferencial destas fracturas (geralmente proximal ou distal), sendo frequente sobretudo nos ginastas, corredores, dançarinos, esgrimistas e futebolistas; origina dor com sinais inflamatórios e claudicação; o diagnóstico é auxiliado pelos radiograma e cintigrama (devendo-se ter em atenção situações com clínica semelhante: artropatia, periostite, sindroma compartimental) e o tratamento consiste em descarga durante 4-6 semanas. – Fractura de fadiga do perónio: localização muito menos frequente que a tíbia, geralmente no terço inferior (confundindo-se com artropatias ou entorses do tornozelo), é típica dos saltadores, dançarinos, velocistas, "corredores de domingo"; o diagnóstico é auxiliado pelos radiograma e cintigrama, e o tratamento consiste em descarga durante 6 semanas – Fractura de fadiga dos metatársicos: trata-se da clássica fractura de fadiga, durante muito tempo considerada a localização mais ferquente; atinge mais vezes os 2º, 3º e 4º metatársicos, raramente afectando os outros dois; geralmente apresenta-se como localização única e na parte média do matatársico, originando dor com tumefação e sinais inflamatórios locais; o diagnóstico é auxiliado pelos radiograma e cintigrama, e o tratamento consiste na descarga durante 3-4 semanas; é importante o diagnóstico diferencial com infecção, artrite, tumor e doença de Morton. – Fractura de fadiga do calcâneo: representa 20-75% das fracturas de fadiga do pé, muitas vezes bilateral, mais frequente nos saltadores e nos praquedistas, origina dor no calcanhar com tumefação e grande impotência na marcha; a tendinite do tendão de aquiles, a bursite calcaneana, a fasceíte plantar, infecções e tumores podem levar a confusão; o diagnóstico é auxiliado pelos radiograma e cintigrama e o tratamento consiste na descarga durante 4 semanas. – Fractura de fadiga do escafóide társico: acontece por sobrecarga na arcada interna do pé nos velocistas, saltadores e futebolistas, originando dor e tumefação na face interna e dorsal do pé com dificuldade na marcha; o radiograma com incidências especiais, e o cintigrama auxiliam o diagnóstico, e o tratamento consiste em descarga durante 4 semanas. – Fractura de fadiga das costelas: facilitadas por falência do músculo grande dentado, localizam-se mais frequentemente às 4ª e 7ª do lado dominante, nos golfistas, remadores, halterofilistas e nos rugbistas; os radiograma e cintigrama auxiliam no diagnóstico e o tratamento consiste no repouso e no fortalecimento muscular do grande oblíquo. JOELHO DE CORREDOR • 4) Joelho de Corredor. É causada por má postura ao correr ou descompensação muscular. Também conhecida como Condromalacia Patelar, é muito freqüente em corredores iniciantes e em atletas. A dor é acentuada quando se desce escadas ou corre em terrenos com declive. A genética pode influenciar. Por exemplo: corredores com quadril mais largo, fazendo com que o fêmur vire para dentro. Pode-se evitar esta lesão fazendo musculação, fortalecendo os músculos, ossos, tendões, ligamentos, usando palmilhas e tênis estáveis. PERIOSTITE TIBIAL • 5) Periostite Tibial. São mais freqüentes em atletas que correm em terrenos duros e acidentados, utilizando calçados duros. É causada por uma excessiva vibração do Periósteo que cobre a Tíbia, ocorrendo uma inflamação do mesmo. Isto causa muita dor. Evite sapatilhas com solado duro. Use calçado estável e com bom amortecimento. Se esta lesão ocorrer, não corra antes da cura completa. Você poderá usar compressas de gelo ou quentes, mas somente com a indicação de um médico. ENTORSES DO TORNOZELO • - Entorses do tornozelo • Existem dois tipos de entorses: - Torção para dentro (inversão), que é a mais comum, afetando os ligamentos laterais externos do tornozelo; - Torção para fora (eversão), que ocorre girando o joelho e soltando os ligamentos internos. • Existem três graus de entorses: - Estiramento excessivo, mas sem afetar os ligamentos (grau I); - Ruptura parcial dos ligamentos (grau II); - Ruptura total dos ligamentos (grau III), sendo necessário fazer cirurgia. TRATAMENTO • sempre indicado após uma torção, fazer compressas de gelo para evitar edema e diminuir a inflamação. No caso desta lesão deve-se ficar sem correr até fazer uma consulta a um médico, para que ele analise o caso. • Quem corre deve fazer musculação de 3 a 4 vezes por semana, alongamentos antes e depois da corrida e aulas de alongamento de 2 a 3 vezes por semana, fortalecendo a musculatura e aumentando a sua flexibilidade. Alterne a corrida com outra atividade aeróbia, para dar estímulos diferentes e evitar lesões. Procure sempre orientação antes de iniciar qualquer atividade física. CÃIBRA • Cãibra - É contratura involuntária do músculo. Pode ocorrer por diversas causas, entre elas o acúmulo de ácido lático, ou devido a uma alteração no metabolismo de alguns elementos, como sais minerais, potássio e cálcio, entre outros. O músculo entra em espasmo e contrai sem o controle da pessoa. Geralmente são contrações muito dolorosas; TENDINITE DO AQUILES • importante diferenciarmos 4 lesões diferentes, que na verdade, podem ser vistas como 4 estágios evolutivos da mesma patologia. • A tendinite (estágio inicial) é um processo inflamatório que leva a dor na face posterior do tornozelo. Essa inflamação, cronicamente, leva ao enfraquecimento do tendão, tornando-o sucetível a lesões parciais. Lesões parciais cicatrizam. Essa cicatrização forma um tecido que não apresenta as mesmas características mecânicas do tendão íntegro. • A alteração desse tecido cicatricial gera a tendinose, que pode ser traduzida como uma tendinite crônica, que em certas condições pode provocar uma lesão completa do tendão. • As causas mais comuns da tendinite aquileana são: • aumento abrupto da quilometragem ou velocidade nos treinos; • • quantidade excessiva de subidas no treino; • • retorno muito rápido aos treinos após um período de repouso; • • trauma, secundário a contração vigorosa e repentina da musculatura da panturrilha (p.ex. no sprint); • over trainning; • • alterações anatômicas do pé. FASCIÍTE PLANTAR – fasciíte plantar corresponde a desordem dolorosa originada em qualquer local da fáscia plantar, mais comumente próximo a sua origem calcânea. – A inflamação da fáscia plantar e das partes moles adjacentes pode ocorre por traumas repetidos, como por exemplo em atletas ou obesos, ou em artrites inflamatórias, como na síndrome de Reiter, espondilite anquilosante, artrite psoriática. Também pode estar associada a esporão do calcâneo. • Localização: – A fáscia plantar é dividida em três porções: medial, central e lateral, com origem no calcâneo e inserção nas bases das falanges proximais dos pododáctilos. O local mais freqüente é na superfície anteromedial da tuberosidade do calcâneo, onde a porção central mais espessa