CURSO DE PLANTAS MEDICINAIS PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE PLANTAS TÓXICAS PLANTAS TÓXICAS Algumas das plantas ornamentais que temos em nossos vasos ou jardins podem esconder perigo por trás de sua beleza. Elas são chamadas plantas tóxicas pois apresentam princípios ativos capazes de causarem graves intoxicações, quando ingeridas, ou irritações cutâneas, quando tocadas. A primeira prevenção é evitar essas plantas em casa ao alcance de crianças. ALERTA SOBRE PRODUTOS NATURAIS Para muitas pessoas o conceito de natural, significa ausência de produtos químicos, e desta forma não causam mal a saúde. Assim produtos naturais passam a ser sinônimos de produtos saudáveis, seguros e benéficos. É preciso lembrar, no entanto que as plantas possuem diversos componentes químicos que podem agir sobre o organismo produzindo inúmeros efeitos. ATENÇÃO! Portanto, afirmar que os conceitos “ é natural não faz mal” ou “ ... se bem não faz, mal também não faz...”, atribuídos as plantas medicinais é um grande erro. Muitas plantas contem substâncias capazes de exercer ação tóxica no organismo. Mamona PRINCIPAIS PLANTAS TÓXICAS AROEIRA-BRAVA Nome científico: Lithraea brasiliensis March. Toxicidade: O quadro toxicológico caracteriza-se por dermatite. A hipersensibilização pode ocorrer do contato direto da planta com a pele ou somente com a proximidade da mesma. Sintomas: Dermatite apresentando eritema, pápulas e vesículas com prurido intenso. BICO-DE-PAPAGAIO Nome científico: Euphorbia pulcherrima Willd Toxicidade: Os casos de intoxicação mais frequentes são devido ao contato do látex com a pele e mucosas. Sintomas: edema e eritema evoluindo para a formação de pústulas, normalmente pruriginosas e doloridas. vesículas e BUCHINHA OU CABAÇINHA Nome científico: Luffa operculata (L.) Cogn. Toxicidade: É embriotóxica e abortiva se for usada na forma de chás feitos a partir dos frutos secos. Quando usada por inalação ou solução nasal em gotas, pode causar séria irritação nasal e hemorragias. Sintomas: Uso na forma de chás: Náusea, vômito, dor abdominal, cólicas e dor de cabeça. COMIGO-NINGUÉM-PODE Nome científico: Dieffenbachia picta Schott Toxicidade: Os casos de intoxicações mais frequentes ocorrem em crianças devido a ingestão ou contato com a mucosa oral, devido aos cristais de oxalato de cálcio presentes e outras substâncias onsideradas irritantes. Sintomas: No caso de ingestão: irritação com sensação de queimadura, salivação intensa, edema de lábios, língua e garganta, podendo dificultar ou impedir a fala e causar distúrbio respiratório. No caso de contato com a seiva: irritação da pele ou inflamação ocular, acompanhada de edema e fortes dores. CONFREI Nome científico: Symphytum officinale L. Toxicidade: Devido a presença de alguns alcalóides pirrolizidínicos em suas partes, podem levar a uma lesão crônica do fígado, irreversível. COPO-DE-LEITE Nome científico: Zantedeschia aethiopia (L.) Spreng. Toxicidade: Planta rica em ráfides de oxalato de cálcio que ao se fixarem nos tecidos provocam dor e edema. Sintomas: Dor e Edema. COROA-DE-CRISTO Nome científico: Euphorbia milli Des Moulins Toxicidade: Os casos de intoxicações mais frequentes são devido ao contato do látex com a pele e mucosas, podendo causar sérias irritações. Acontecem mais em adultos nas atividades de jardinagem, devido ao contato do látex com a pele, respingos nos olhos ou o contato dos olhos com a mãos sujas de látex. Sintomas: Edema e eritema evoluindo para a formação de vesículas e pústulas, normalmente pruriginosas e doloridas. O contato do látex ou dos dedos contaminados pode provocar conjuntivites e, em casos mais graves cegueira temporária. DAMA-DA-NOITE, TROMBETEIRA, SAIA-BRANCA Nome científico: Brugmansia suaveolens (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Bercht. & C.Presl Toxicidade: Podem ocorrer intoxicações acidentais, por ingestão de partes da planta. Sintomas: Casos leves: náuseas, vômitos, dificuldades visuais e secura na boca Casos graves: Visão borrada, secura das mucosas, principalmente da boca, taquicardia, alucinações, convulsões e coma. ESPIRRADEIRA Nome científico: Nerium oleander L. Toxicidade: Todas as partes da planta são consideradas toxicidade devido a presença de glicosídeos cardíacos. de potencial Sintomas: Náuseas, vômitos, diarréia intensa, sintomas neurológicos como desorientação, dor de cabeça; arritmias cardíacas. MAMONA OU CARRAPATEIRA Nome científico: Ricinus communis L. Toxicidade: Os casos mais frequentes ocorrem em crianças por ingestão das sementes. O grau de intoxicação depende do grau de liberação do ativo tóxico, o que ocorre com a mastigação. Sintomas: A intoxicação por ingestão das sementes caracteriza-se inicialmente por vômitos e diarréias, evoluindo para uma gastrenterite sanguinolenta, cólicas, lesões renais, distúrbios neurológicos, letargia, apnéia e coma. A ingestão de 1 a 6 sementes pode ser fatal para uma criança. MANDIOCA-BRABA, MANDIOCA-BRAVA Nome científico: Manihot esculenta Crantz. Toxicidade: As intoxicações ocorrem devido ao processamento inadequado, principalmente o cozimento insuficiente para eliminação dos produtos tóxicos. Sintomas: As intoxicações são acompanhadas por distúrbios gastrintestinais, como náuseas, vômitos, cólicas e diarréias. Manifestações neurológicas como sonolência, torpor seguido de coma. PINHÃO-DE-PURGA ou PINHÃO PARAGUAIO: Nome científico: Jatropha curcas L. Toxicidade: A semente contém uma proteína tóxica. O óleo presente nas sementes e o látex presentes nas partes aéreas da planta apresentam ação caústica, podendo causar severa irritação na pele. Em crianças a intoxicação pode acontecer pela ingestão das sementes, confundidas com castanhas de espécies comestíveis. Em adultos podem ocorrer pelo uso da planta como medicinal em algumas regiões popularmente usada como laxante, vermífugo e para úlcera gástrica. Sintomas: Pela ingestão: intensa dor abdominal, náusea, vômito Pelo contato com a pele: Severa irritação dérmica Atenção! A população somente tem condições de perceber sintomas e sinais agudos e muito evidentes de toxicidade, como alergias, convulsões diarréia, por exemplo. Situações de toxicidade tardia dificilmente são percebidas. A qualquer sinal de alarme o paciente tem que ser encaminhado com urgência ao Hospital. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departameto de Atenção Báscia. Práticas integrativas e complementares; plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Báscia/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. MATOS, F.J.A. et al. Plantas Tóxicas: Estudo de Fitotoxicologia Química de Plantas Brasileiras. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2011,247p. SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL E.P.; GOSMANN, G.; MELLO J.C.P.; MENTZ L.A.; PETROWICK P.R.: Farmacognosia: da planta ao medicamento. 2. ed. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. UFRGS, 2000. Cap. 35, p:755-788. SILVEIRA, F S. BANDEIRA, M A M, ARRAIS, P S D. Farmacovigilância e reações adversas às plantas medicinais e fitoterápicos: uma realidade. Departamento de Farmácia, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará, Revista Brasileira de Farmacognosia . 18(4): 618-626, Out./Dez. 2008