Colisões O que é uma colisão? • Processo em que duas partículas são lançadas uma contra a outra e há troca de momento linear e energia. Queremos estudar as possíveis situações finais depois que as partículas se afastam da região de interação. Antes Depois Durante Exemplos: Atmosfera Partículas carregadas aceleradas pelas linhas de campo magnético terrestre criam a Aurora (Boreal ou Austral). A emissão é causada pela desexcitação radiativa de moléculas da atmosfera que foram ionizadas por colisões com as partículas aceleradas que se originam no vento solar. Exemplo histórico: estrutura do átomo • Ernest Rutherford (1911): descobriu a estrutura nuclear do átomo. Primeiro experimento de colisão de partículas subatômicas. Modelo de Thomson: previa deflexão pequena das partículas a Rutherford observou grandes deflexões, sugerindo um núcleo duro e pequeno Exemplos: Partículas elementares Criação de pares elétron-pósitron • Colisões entre partículas elementares (elétron-elétron, elétron-próton, etc.) são responsáveis por quase toda a informação que temos sobre as forças fundamentais da natureza (exceto a gravitacional). • Essas colisões são geradas a partir da aceleração das partículas elementares em grandes aceleradores de partículas (CERN, FermiLab, LHC). O que faremos: • Pode-se estudar os produtos das colisões e suas configurações finais com o intuito de investigar a natureza das forças. Essencialmente, é isso que se faz num acelerador de partículas como o Fermilab, CERN ou o LHC. • Entretanto, existem características gerais que regem todas as colisões, que são consequências das leis de conservação de energia e momento linear. Vamos nos concentrar nessas características gerais. Características gerais: • Exemplo das colisões de bolhas de bilhar: as forças de contato são muito grandes e agem por curtíssimos intervalos de tempo. • Não estamos interessados dos detalhes da força como função do tempo. Queremos o resultado líquido de sua atuação Integral da força. tf tf F dt ti ti dp dt pf dt d p p pi f pi p Impulso=área debaixo da curva Impulso: • A integral temporal da força é chamada impulso da força. tf J F dt p ti • O impulso da força total sobre um corpo durante um intervalo de tempo é igual à mudança do momento linear do corpo no intervalo. • Compare com o teorema de trabalho-energia. r f F d r K ri Força média=F=J/t Exemplo: impulso numa colisão de bolas de bilhar: m 0 ,3 kg v 1 m/s Supomos que, ao ser atingida pela bola branca, uma bola de bilhar adquire a velocidade de 1 m/s. A variação de seu momento linear é, em módulo: p m v 0 ,3 kg m/s J que dá o impulso transmitido pela bola branca na colisão. Se o contato dura t 10-3 s, a força média exercida é F J t 300 N Compare isso com a força peso nas bolas P=3N Colisões elásticas e inelásticas: Já vimos que colisões, por envolverem apenas forças internas, conservam momento linear. E a energia? Embora a energia TOTAL seja sempre conservada, pode haver transformação da energia cinética inicial (inicialmente só há energia cinética) em outras formas de energia (potencial, interna na forma de vibrações, calor, perdas por geração de ondas sonoras, etc.). Se a energia cinética inicial é totalmente recuperada após a colisão, a colisão é chamada de COLISÃO ELÁSTICA. Se não, a colisão é chamada de COLISÃO INELÁSTICA. Note que se houver aumento da energia cinética (quando há conversão de energia interna em cinética: explosão), a colisão também é inelástica. Colisão Elástica K i K f Colisões elásticas uni-dimensionais: Antes Depois Lembramos que: K Assim: 1 2 mv 2 1 2m mv 2 p 2 2m p1i p 2 i p1 f p 2 f Conservação de momento linear 2 2 2 2 p p p1i p2i 1f 2f Conservação de energia cinética 2 m1 2 m 2 2 m1 2 m 2 Colisões elásticas uni-dimensionais: p1i p 2 i p1 f p 2 f 2 2 2 2 p1 f p2 f p1i p2i 2 m1 2 m 2 2 m1 2 m 2 Definindo =m2/m1: Simplificando a 2a p1i p1 f p 2 f p 2 i 2 2 2 2 p p p p 1i 1f 2f 2i p1i p1 f p 1i p 1 f p 2 f p 2 i p 2 f p 2 i p1i p1 f p 2 f p 2 i p1i p1 f p2 f p2i p1i p1 f p2 f p2i Colisões elásticas uni-dimensionais: (a) massas iguais : =1 p1i p1 f p2 f p2i p1i p2 f p2i p1 f p1i p1 f p2 f p2i v1i v2 f v2i v1 f As partículas trocam de velocidades! Em particular, se a partícula alvo está inicialmente em repouso, a partícula incidente pára após a colisão, como no bilhar. Antes Depois Colisões elásticas uni-dimensionais: (a) massas diferentes: 1 p1i p1 f p2 f p1i p1 f p2i p1i p1 f p2i p2 i p1i p1i p2 f p2i p2 f p2i p1i p1 f p2 f p2i 1 2 1 p1 f 1 p1i 2 p2i p1 f 1 p1i 1 p2i 2 2p1i 1 p2 f 1 p2i 1 p p1i p2 i 2f 1 1 v1 f v2 f m1 m2 2m2 v1i v 2 i m m m m 2 2 1 1 2m1 m1 m2 v1i v2 i m m m m 2 2 1 1 Colisões elásticas uni-dimensionais: alvo em repouso (v2i=0) v1 f v2 f m1 m2 v1i m m 2 1 2m1 v1i m m 2 1 (a) m1<< m2: v1 f v1i v2 f 2m1 v1i v1i m 2 v1 f • A partícula incidente reverte sua velocidade. • A partícula alvo passa a se mover lentamente. v2f Colisões elásticas uni-dimensionais: alvo em repouso (v2i=0) v1 f v2 f m1 m2 v1i m m 2 1 2m1 v1i m m 2 1 Antes v 1i (a) m1>> m2: v1 f v1i Depois v2 f 2v1i v1 f • A partícula incidente não “sente” a colisão. • A partícula alvo passa a se mover com o dobro da velocidade da partícula incidente v2f Colisões uni-dimensionais totalmente inelásticas: Depois Antes A partícula incidente “gruda” na partícula-alvo. Pode-se provar que essa situação representa a perda máxima de energia cinética numa colisão inelástica em uma dimensão. m 1 v1i m 2 v 2 i m 1 m 2 v f vf m 1 v1 i m 2 v 2 i m1 m 2 v CM Como o centro de massa coincide com as duas partículas “grudadas”, elas tem que se mover com a velocidade do centro de massa. A energia cinética final é a energia cinética associada ao movimento do CM. Pêndulo balístico: Colisão totalmente inelástica: vf m1 m1 m 2 v1 i Conservação de energia mecânica após a colisão: v f v1 i m 1 10 g 4 , 01 m 2 4 kg v1 i 0 , 01 h 5 cm m1 m 2 2 gh 2 gh m1 2 9 ,8 0 , 05 m/s 400 m/s 1 . 400 km/h Depois Colisões bi-dimensionais: 1 Antes 1 1 2 Vamos considerar a partícula-alvo em repouso v2i=0 p 1i p 1 f p 2 f p1i 2 Conservação de momento linear p2 f p1 f 2 Esses 3 vetores definem um plano, chamado de plano de colisão. Portanto, a colisão sempre ocorre em um plano (bi-dimensional). Colisões elásticas bi-dimensionais: Da figura temos: p 1 i p 1 f cos 1 p 2 f cos 2 0 p 1 f sen 1 p 2 f sen 2 Se tivermos m1, m2 e p1i, teremos 3 equações e 4 incógnitas (p1f, p2f, 1, 2). O sistema é indeterminado. Precisamos de mais informação. Por exemplo, o parâmetro de impacto b da colisão de bolas de bilhar. Da conservação de energia cinética: 2 2 p1i 2 m1 p1 f 2 m1 parâmetro de impacto 2 p2 f 2m2 Colisões elásticas bi-dimensionais: massas iguais • Nesse caso, podemos obter um resultado simples 2 2 p1i 2 m1 p1 f 2 m1 2 p2 f 2m2 p1i p1 f p 2 f 2 2 2 Conservação de energia cinética p 1i p 1 f p 2 f p1i p 1 f p 2 f p 1 f p 2 f 2 p1i p1 f p 2 f 2 p 1 f p 2 f 2 2 2 Conservação de momento linear Igualando as duas equações p 1 f p 2 f 0 1 2 90o Será que é assim mesmo na mesa de sinuca? 1 2 90 ?? o Na verdade, o movimento de rotação da bola branca, complica a análise. Embora as bolas saiam da colisão com direções perpendiculares entre si, após um curto tempo a bola branca toma um rumo diferente!! 1 Exemplo: Transferência de momento linear Numa colisão, uma partícula de massa m1=1 kg incide com velocidade v1i=10 m/s numa partícula de massa m2=2 kg, inicialmente em repouso. Se a colisão deflete a partícula 1 de um ângulo de =30o, qual é a velocidade da partícula 2 após a colisão? Energia é conservada. Solução abaixo incorreta. 30 1 10 sin o p1 x m 1 v1 x 1 10 cos 30 10 kg m/s 1,3 kg m/s p 1 y m 1 v1 y 0 30 0 kg m/s 5 kg m/s 0 p 2 m2 v 2 m2 v 2 f v2f 0 , 7 2 , 5 m/s 2 , 6 m/s tan 2 ,5 2 0 ,7 2 74 o v 2 fx 0 , 7 m/s p1 v 2 fy 2 ,5 m/s