IE733 – Prof. Jacobus Cap. 6 Efeitos em dispositivos de pequenas dimensões. (parte 1) 6.1 Introdução Canal Longo – Campo elétrico perpendicular à superfície (y). “Aproximação por canal gradual” Desprezados os efeitos de “borda” ao longo do canal. Análise Unidimensional Canal Curto - Campo elétrico na direção horizontal (x) e vertical (y); Canal Estreito - Campo elétrico na direção ortogonal (z) e vertical (y); Análise Bidimensional Canal Curto e Estreito - Campo elétrico na direção x, y e z; Análise Tridimensional Introdução Ainda mais: Se ↓ dimensões, ↑↑ E, pois as tensões não são escalonadas na mesma proporção que as dimensões. e se ↑ E → a velocidade dos portadores satura e “elétrons quentes” : Degradação da confiabilidade do dispositivo. Analises 2D e 3D são elaboradas computacionalmente. SUPREM, MINIMOS, PISCES , etc. Aproximações empíricas e semi-empíricas também são utilizadas. 6.2 – Modulação do Comprimento do canal – CLM. na saturação I DS 0 VDs Classificado como 1o efeito de canal curto!! Sua caracterização é muito importante para o projeto de circuitos com dispositivos de canal curto ou longo, especialmente os analógicos. Modelo analítico muito complicado : devido às linhas de campo elétrico próximo ao dreno. 6.2 - CLM Modelo aproximado e resultados aceitáveis são obtidos da figura ao lado. Fig 6.2 Na saturação (VDS = V’DS) o estrangulamento ocorre próximo ao dreno. |Q’I| << região de depleção (fig6.2a). Se VDS ↑ |Q’I| ↓ e o estrangulamento desloca-se para a esquerda. Assumir a região de depleção na fig 6.2b é uma aproximação pois existe corrente nessa região - |Q’I| . Se VDS ↑ ↑, aumenta queda de potencial na região de depleção. a região de depleção ↑ e o comprimento efetivo do canal ↓. - modulação do comprimento do canal - |Q’I| << região de depleção. A carga nessa região é dominada pelos íons aceitadores, NA. 6.2 - CLM Usando a equação de Poisson, assumindo E aproximadamente horizontal próximo à superfície (Probl. 6.1): lp 2. S q.N A D S .E12 2.q.N A D ' VDS VDS D largura da região de depleção. onde E1 é o campo horizontal no ponto “pinchoff” Podemos ter definições alternativas para “pinchoff”: a) Quando o campo próximo ao dreno for alto suficiente para causar a saturação da velocidade dos portadores (para elétrons: 8x103 a 3x104 V/cm) - ver item 6.5. b) Quando o campo vertical na superfície for zero ou elétrons mergulham para abaixo da superfície (simulação 2D); Resumo: saturação começa quando E1 passa um valor crítico. Ajustar experimentalmente. Por simplicidade adotar E1 fixo (entre 104 e 2x105Vcm-2 6.2 - CLM Qual o efeito na corrente de dreno? Na saturação, VDS = V’DS , Quando VDS > V’DS ' I DS const I DS const 1 L 1 I devido à parte não estrangulada. DS L lp juntando as duas equações: I DS I I DS ' DS L ou L lp I DS ' I DS 1 lp / L Se lp/L for <<1 l p é comumente usada nos modelos computacionais. I 1 Eq. 6.2.5c L ' DS onde: lp B1 NA D ' VDS VDS D Na prática usa-se valores de ajustes ou empíricos para as constantes B1 e D. B1 2. S / q 1/ 2 6.2 - CLM O erro dessas equações na corrente de saturação é aceitável. Porém, o erro da dIDS/dVDS pode ser grande. Em projetos de circuitos analógicos, esse modelo não é adequado. Deve-se incluir o efeito da tensão VGS na região do estrangulamento, considerar Q’I não zero e sua distribuição na região de inversão próximo ao dreno. l p fl L, N A , tox , d j , M , Q0 ,VDS ,VGS ,VSB Requer análise bidimensional ou pseudo-dimensional. O modelo mais aceito: 2 lp V l . ln DS a V ' DS / l E a m Em V DS E1 Em é o campo máximo, E1 é o campo no início da região de estrangulamento e la é um comprimento l a característico. ' VDS la2 E12 3.tox .d j 6.2 - CLM Para aplicações digitais o erro de dIDS/dVDS pode não ser importante. usando 6.2.5 e fazendo a expansão por série de Taylor em VDS=V’DS,Prob.6.2 I DS VDS VDS' I 1 VA ' DS VA B2 .L. N A Tensão de Early B - 10-3 à 2x10-3 V.cm1/2 2 dependente de VGS e VDS: caso (a) intercept em –VA+V’DS = f(VGS) Outra aprox. empírica - caso (b) I DS VDS VDS' I 1 ' V V A DS ' DS Para vários valores de VGS mesmo intercept em VA Esse tipo de comportamento é ~ observado em dispositivos reais. 6.2 - CLM Para garantir a continuidade na corrente e suas derivadas: Reduzir o limite entre não satu^ ração e saturação de V’DS p/ VDS ^ I DS ^ ^ W 2 ' . .Cox VGS VT VDS VDS L 2 ^ Define-se VDS onde as duas expressões de corrente têm a mesma derivada ^ VDS 2VGS VT VA . 1 1 .VA 6.3 - Diminuição de Barreira, Compartilhamento Bidimensional de Carga e Tensão de Limiar. 6.3.1 – Introdução. Utilizar as aproximações do cap. 4 (modelo de inversão forte) usando o conceito de tensão de limiar efetiva, VTeff. VTeff = f (L,W,VBS,VDS) 6.3.2 – Dispositivos de canal curto. (a) - canal longo, assumindo VDS=0 (b) - desconsiderando os efeitos de borda, fonte e dreno hipotéticos. O cálculo de Q’I e IDS (Cap.4) apresenta resultados satisfatórios no caso de L longo. Fig 6.4 (c) Canal curto: efeitos de borda se estendem por quase todo o canal (d) Desconsiderando esses efeitos e S/D hipotéticos Verifica-se experimentalmente que o valor de VGS necessário para produzir um certo valor de IDS é menor num dispositivo real (c) quando se compara com o dispositivo hipotético (d). Fig 6.4 Existem vários pontos de vista para explicação deste efeito, um destes conceitos: Diminuição de Barreira Fig 6.5 6.3.2 - Canal Curto Quanto mais próximo fonte e dreno (Fig.6.4c), mais profunda será a região de depleção, maior será o potencial de superfície!! Em diagrama de bandas: ↑ potencial de superfície ↓barreira* de potencial para os elétrons. Mais elétrons serão atraídos para o canal, conduzindo mais corrente se comparado com o canal longo (mesmo VGS). Para descrever esse efeito: tensão de limiar efetiva, V^T. ^ ↓ se L ↓ ^ pode estar 50 a 200 mV abaixo de V V V T T Se ↑VDS, ↑ região de depleção, T ^ ↓ se VDS ↑. V T Usando apenas o conceito de diminuição de barreira não é suficiente para desenvolver um resultado analítico simples. Descrição alternativa: “Compartilhamento bidimensional de carga” O controle das cargas no canal é compartilhada* pelos quatro terminais, fonte, dreno, porta e substrato. Num dispositivo de canal curto deve-se considerar a influência das linhas de campo dos quatro terminais sobre as cargas no canal para uma descrição mais precisa. O efeito da fonte e do dreno nas cargas no canal aumenta com a diminuição de L, para um mesmo VBS e VGS. Aumentando o potencial do dreno, aumenta-se as cargas na região de inversão, assim seria como se aumentasse VGS. ou seja; ^ ↓ se L ↓ V T ^ ↓ se VDS ↑ V T A maioria dos modelos analíticos e empíricos é baseado no conceito de carga compartilhada. 6.3.2 - Canal Curto Procedimento empírico: Assume-se o dispositivo de canal curto fictício com uma região de depleção uniforme (Fig.6.4d), mas com ^ menor que Q : carga efetiva Q B B ^ < Q’ (real) ^ / Q’ = Q ^ /Q Q’ Q’ B B B ^ ' QB V T VFB 0 ' Cox ^ B B B ^ QB V T VFB 0 0 VSB QB ^ 6.3.2 - Canal Curto O efeito de carga compartilhada resulta numa diminuição do efeito de corpo pelo fator: ^ QB / QB O controle das cargas no canal pelo substrato é menor, pois a maior parte do canal é controlado pela porta, fonte e dreno. ^ V T VT VTL ^ Q VTL 1 B 0 VSB QB ^ |Q Como B| < |QB| , VTL é negativo. Eq. 6.3.4 Deve-se encontrar o valor de VT (longo), descontar o valor correspondente VTL para ^ . obter o valor de V T ^ Para a determinação de QB / QB: Considerando inversão forte e bi0 6.3.2 - Canal Curto dj é a profundidade de junção, considerada cilíndrica. d B 0 VSB Eq. 6.3.5a 2. S q.N A fig 6.7 ^ é a carga na região trapezoidal, Fig 6.7a. Q B QB é a carga correspondente a um retângulo de mesma profundidade e comprimento que o trapézio. Por geometria: (assumir sempre dB<L/2) Por série de Taylor: ^ d j QB 2d B 1 1 1 QB L dj ^ QB dB 1 QB L A expansão será mais precisa quanto menor for dB/dj, Fig. 6.7b Quando isso não ocorre, acrescenta-se um valor empírico para ajuste: ^ QB d 1 1 B QB L B1. V T VFB 0 0 VSB 1 0 VSB L ^ 6.3.2 - Canal Curto O termo em parênteses pode ser considerado com uma redução efetiva no fator de corpo. fig 6.8 Ou, usando eq. 6.3.4, obtém-se: ↓L, maior a redução. ↑VSB, a dependência de VT diminui. S tox 0 VSB VTL 2.1 ox L Se ↓L , tende a aumentar os efeitos de canal curto, Se ↓tox, tende a diminuir os efeitos de canal curto. Se compensam! 6.3.2 - Canal Curto - Efeito da tensão VDS. Os resultados anteriores são para VDS ↓. Porém, se VDS ↑ (VSB fixo) a região de depleção próximo ao dreno também aumenta. O trapézio será distorcido. Com aproximações, obtém-se: ^ QB 1 d BS d BD 1 1 QB L 2 usando eq. 6.3.5a d BS d BD 0 VSB 0 VDB 2 2 VDB = VSB+VDS , usando expansão por série de Taylor: d BS d BD 2 .VDS 0 VSB 2 0 VSB B1. V T VFB 0 0 VSB 1 L ^ Onde 2 = 0.25. Valores empíricos também podem ser usados. 2 .VDS 0 VSB 0 VSB S tox 0 VSB 2 .VDS VTL 2.1 ox L 6.3.2 - Canal Curto Embora, utilizado o conceito de compartilhamento de carga, o fato de VT diminuir com VDS, sugere o mesmo comportamento obtido pelo efeito de diminuição da barreira, Diminuição da barreira induzida pelo dreno – DIBL Drain induced barrier lowering O dispositivo pode não entrar em saturação, ↑VDS VT↓ (IDS ↑). Se o dispositivo está cortado por VGS↓, pode voltar a conduzir só aumentando VDS (VT ↓). Sérios problemas para aplicações digitais!! Análise 2D e pseudo-2D: VDS = 0 V: O potencial mínimo para L=0.2m é maior que L=0.3m e L=0.5m. Diminuição da barreira e VT↓ VDS = 1.5V: Efeito de L e VDS no potencial de superfície. O potencial mínimo: a) para L=0.2m é aumentado, b) para L=0.5m não é afetado e c) para L=0.3m um pequeno aumento. L=0.2m – canal curto, apresenta efeito DIBL. L=0.3m – está na borda entre canal curto e longo. L=0.5m – canal longo. Das soluções quase-2D de Poisson, propôs-se a seguinte equação: VTL 3bi 0 VDS e L/ onde: s tox d B ox 3 = comprimento característico Comparando eq. Quase-2D com eq. compartilhamento de carga: •Dependência exponencial é mais forte que a linear e mais próximo dos resultados experimentais •Mostra dependência com dopagem do substrato ( se NA ), de acordo com experimental. •Inclui efeito de VSB, incluso no parâmetro dB. •Nenhum dos dois modelos inclui o efeito de xj. Experimentalmente o efeito aumenta com xj maior. Sugere-se incluí-lo de forma empírica de alguma forma. Qual modelo usar? •Compartilhamento de cargas para simulação SPICE (mais compacto) •Quase-2D para projeto ou engenharia de processo (mais completo). Efeito reverso de canal curto (RSCE). Sabe-se que ↓ L ↓VT, No entanto, freqüentemente é observado que primeiro VT↑ quando L ↓. Acredita-se que esse efeito deve-se à não uniformidade de Q’0 e NA ao longo do canal. A razão física da não uniformidade está fora do escopo do livro. O efeito deve ser minimizado na tecnologia 6.3.2 - Canal Curto 6.3.3 – Dispositivos de canal estreito. Fig 6.13a – Largura ao longo do canal. Fig.6.13b – LOCOS (local oxidation of silicon) – formação do “bico de passáro” Fig 6.13c - STI (shallow-trench isolation) usado na tecnologia CMOS 0.35m e abaixo. Fig. 6.13 Isolação LOCOS. 6.3.3 - Canal Estreito A região de depleção não fica limitada pela área do óxido de porta. Campos laterais originados de cada lado na porta terminam nos átomos ionizados. Se W é grande, então uma pequena parcela da carga total é afetada pelos campos laterais. Se W for pequeno, a parcela da carga afetada não é desprezível. Fig.6.14 Neste caso, para depletar as cargas e formar uma camada de inversão, VGS deve ser maior que previsto no Cap.4. VM, VT e VH efetivos serão 6.3.3 - Canal Estreito ^ Utilizando as mesmas aproximações de canal curto, porém: QB1 > QB ^ Adotando VDS ~ 0V : VTW ^ Q B1 1 0 VSB Q B ^ Q B1 dB 1 4 QB 2W Q V T VFB 0 B1 0 VSB QB ^ V T VT VTW ^ /Q : Para determinar Q B1 B a região de depleção tem secção transversal de ¼ de círculo - Fig.6.14a. 4 = 1 nominalmente, pode-se ajustar empiricamente B . . V T VFB 0 0 VSB 1 4 0 VSB 2.W ^ VTW 4 . . ^ S tox 0 VSB ox W Se W↓, VT↑ - aumento de 50 a 200mV é típico para Wmin. Porém se W↓↓, o conceito de tensão de limiar efetiva não é suficiente, deve-se incluir o conceito de largura efetiva de canal. Dado VGS ≥ VT e assumindo Q’I << Q’B: ^ ^ Razão de capacitâncias de porta para canal: real/ideal. ^C inclui as capacitâncias dos GB campos laterais, CF: Q B1 C GB ' QB Cox .W .L ^ Extrair C e C ox F Q B1 Cox' .W .L 2.CF 1 ' QB Cox .W .L de medidas CxV. 6.3.3 - Canal Estreito Isolação STI. Efeito inverso de canal estreito. 6.3.3 - Canal Estreito Os campos laterais ajudam a manter a região de depleção mais profunda, aumentando o potencial de superfície, reduzindo VM, VT e VH efetivos. Para depletar essas cargas e formar uma camada de inversão, VGS será menor. dispositivo ideal real com campos laterais - STI QB VT VFB 0 ' Cox .W .L QB V T VFB 0 ' Cox .W .L 2CF ^ Alternativa: tomar capacitância ideal e carga efetiva: ^ Q B1 V T VFB 0 ' Cox .W .L ^ ^ ' Q C onde: B1 ox .W .L 1 ' QB Cox .W .L 2.CF Pode-se mostrar que: 2. ox .L 2.t Fox CF ln tox 6.3.3 - Canal Estreito 4.tox 2.t Fox Q B1 W ln onde: F QB W F tox ^ tFox é a espessura do óxido de campo. ^ /Q ↓, V ↓, assim como era para canal curto. Se W↓, Q B1 B T F é obtido através dos parâmetros físicos, porém é comum utilizá-lo como um parâmetro de ajuste. Nota: é possível reduzir a dependência com W, pelo arredondamento da quina do Si do STI. 6.3.4 – Resumo & Comentários. A tensão efetiva de limiar decresce quando: 1- A dopagem de substrato decresce (se NA VT ); 2- A espessura do óxido decresce (porém, se tox VT ); 3- Quando o comprimento do canal decresce (sem considerar o efeito reverso); 4- A profundidade de junção aumenta; 5- A largura do canal aumenta (LOCOS) ou diminui (STI). Esta metodologia permite manter os modelos de corrente de transistores grandes, corrigindo apenas o valor do VT efetivo. Apesar dos modelos serem baseados em considerações inadequadas, eles representam bem os dispositivos reais, devido ao grande número de parâmetros empíricos neles embutidos.