SÍNDROME NEFRÍTICA
Pediatria – ESCS
Coordenadora: Dra. Luciana Sugai
Internos: Carolina de Melo, Diego César Vieira
www.paulomargotto.com.br
30/9/2009
 Admissão: 10-09-2009
 Identificação:
GNP, 9 anos, sexo masculino, procedente de Recanto das
Emas (DF).
 Queixa Principal:
“Inchaço há 8dias”
 HDA:
Mãe refere que há 8 dias iniciou edema facial e diarréia.
Há 1 dia notou aumento de volume abdominal e edema em
membros inferiores. Além disso, refere dispnéia, queda do
estado geral, hiporexia, sonolência e redução da diurese (sem
sangue).
 Antecedentes Pessoais e Patológicos:
Mãe G2P2C2A0, sem intercorrências gestacionais
Nascido de parto cesáreo, a termo, peso: 3300 g, sem
intercorrências no período neonatal
SME até 6 meses de vida
Dieta da família
Tem asma e rinite alérgica. 03 episódios de Amigdalites
nesse ano
Nega alergias, internações anteriores, cirurgias,
transfusões, uso de medicamentos.
Vacinação em dia (sic)
 Antecedentes Habitacionais:
Reside em casa de alvenaria (03 cômodos/03 pessoas),
com saneamento básico completo.
 Antecedentes Familiares:
Mãe, 30 anos, saudável, tabagista e etilista, doméstica
Pai, 30 anos, não sabe informar
Irmã, 12 anos, saudável
 Exame físico:
BEG, corado, hidratado, eupneico, afebril, ativo e
colaborativo
ACV: RCR, 2T, sopro +/+6. FC: 72 bpm
AR: MVF, sem RA. FR: 22 ipm
Abdome: globoso, RHA+, edema de parede, sem defesa
ou vcm, sem sinais de ascite.
Extremidades: edema +2/+4, boa perfusão
Pele: sem alterações
Oroscopia: sem alterações
Otoscopia: sem alterações
 Hipóteses Diagnósticas:
 Síndrome Nefrítica
 Síndrome Nefrótica
 GECA
 Conduta:
 Hemograma
 Eletrólitos
 Função Renal
 EAS
 Proteínas Totais e Frações
 VHS
 RX de tórax
DATA
10/09
12/09
Hc
3,67
4,05
Hb
10,1
11,5
Ht
30,6
33,6
Leuco
7490
10400
Seg
49
41
Bast
0
O
Linf
40
44
Mono
8
8
Eosin
2
5
Baso
1
Plaq
303
VHS
48
Uréia
42
42
98
Creat
0,7
0,9
1,9
Ca
9,1
9,5
10
Na
144
141
140
K
4,3
4,5
4,7
Cl
115
106
104
Prot totais
6,3
Albumina
3,7
Cetose
++
C3
< 18,3
C4
17,3
ASO
696
19/09
 EAS (10/09/09):
densidade: 1025
pH: 5,0
prot: ++
Hemác: 20 p/c
Hemog: +++
CED: raras
Leuc: 02 p/c
Flora: +
Nitrito: Presença de leveduras
 Conduta e evolução:
 Restrição hídrica (400 ml/dia) e dieta hipossódica (1g/
dia)
 Penicilina Benzatina 1.200.000 UI IM
 Teve picos de hipertensão arterial (até 155x121)
 Furosemida
(aumentado progressivamente ) e
anlodipina.
 Há 10 dias teve quadro de odinofagia e febre por 4
dias, sendo diagnosticado amigdalite e tratado com
amoxicilina (10 ml 8/8h por 7 dias).
Síndrome Nefrítica
 Definição:
 Processo inflamatório agudo nos glomérulos renais
acarretando os sinais e sintomas
 QC:
 Hematúria
(dismorfismo
eritrocitário,
hemáticos)
 Proteinúria subnefrótica (< 3,5g/ 24h)
 Oligúria
 Edema
 Hipertensão
 Azotemia
cilindros
Hematúria dismórfica
Cilindro hemático
Glomerulonefrite Aguda
Pós-estreptocócica
Definição e etiologia:
 Seqüela renal tardia de uma infecção por cepas
específicas do estreptococos beta-hemolítico do grupo
A
 Risco: 15% / mais freqüente em homens
 Piodermite:
 M-tipos: 47, 49, 55, 57, 60
 Incubação: 15-28 dias
 2-6 anos
 Faringoamigdalite:
 M-tipos: 1, 2, 4, 12, 18, 25
 Incubação: 7-21 dias
 6-15 anos
Quadro clínico:
 Hematúria (macro: 30%)
 Oligúria (50%)
 Edema (EAP)
 Proteinúria (5-10% - faixa nefrótica)
 HA (encefalopatia hipertensiva)
 Mal-estar, sintomas gastrintestinais vagos, dor lombar
bilateral.
 Hipocalemia (hipoaldosteronismo hiporreninêmico)
 Azotemia (1% - rapidamente progressivo)
Diagnóstico
 GNPE é o protótipo das GNDA
 Existem manifestações extra-renais?
 Algoritmo diganóstico da GNPE:
Faringite ou piodermite recentes?
2. O período de incubação é compatível?
3. Documentar a infecção estreptocócica (laboratorialmente)
4. Demonstrar queda típica do complemento
1.
Diagnóstico
Confirmação laboratorial da infecção estreptocócica

GNPE pós-faringoamidalite:
1. ASLO ( 80-90%)
2. Anti-DNAse B (75%)

GNPE pós-impetigo:
1. Anti-DNAse B (60-70%)
2. ASLO (50%)
Diagnóstico
 Outros achados laboratoriais:
1.
2.
3.
4.
5.
Hipercalemia
Hiperfosfatemia
Hipocalcemia
Acidose
Uremia
Diagnóstico
 Não costuma ser necessária a biópsia na GNPE
 Quando é indicada?
1.
2.
3.
4.
5.
Oligúria por mais de 1 semana
Hipocomplementemia que não melhora em 8
semanas
Proteinúria nefrótica
Evidências clínicas ou sorológicas de doença
sistêmica
Evidência clínica de GNRP
Diagnóstico
Histopatologia:

Microscopia óptica:
1. Gromerulonefrite proliferativa difusa
2. Formação de crescentes (5%)

1.

1.
Imunofluorescência:
Glomerulite por imunocomplexos
Microscopia eletrônica:
“Corcovas” ou “gibas”
Diagnóstico

Glomérulos normais x glomérulos acometidos
Diagnóstico diferencial
 Doenças que cursam com síndrome nefrítica e
hipocomplementemia
1. Outras glomerulonefrites pós-infecciosas
2. Glomerulonefrite lúpica
3. Glomerulonefrite membranoproliferativa
Tratamento
 Suporte
 Repouso durante fase inflamatória aguda
Restrição hidrossalina
2. Diuréticos de alça
3. Vasodilatadores (se necessário)
4. Diálise (se necessário)
1.
Tratamento
 Uso de antibióticos:
ATB precoce não previne o aparecimento de GNPE
2. ATB não modifica a evolução da GNPE
3. ATB deve ser utilizada?
1.
Prognóstico
 Melhora substancial dos sinais congestivos em 1 a 2
semanas
 Tempo de cada achado:
1. Oligúria: até 7 dias
2. Hipocomplementemia: até 8 semanas
3. Hematúria microscópica: até 6-12 meses
4. Proteinúria subnefrótica: até 2-5 anos

1-5% dos pacientes evoluem de forma desfavorável
Prognóstico
 Complicações:
GNRP
2. Proteinúria crônica
3. Glomeruloesclerose focal
4. IRC
1.
MUITO OBRIGADO!
Dda Francice, Dda Carolina e Ddo Diego
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Caso Clínico: Síndrome Nefrítica