Caso Clínico:
Glomerulonefrite Aguda
Pós-Estreptocócica
Pediatria-HRAS
Lucas Emanuel de L. Azevedo
Marianna Costa Pereira
Coordenação: Luciana Sugai
www.paiulomargotto.com.br
Data da admissão: 28/05/08
Identificação: LOL, sexo feminino, 12 anos, parda, natural de Goiânia e
procedente de Santo Antonio do Descoberto.
Queixa Principal: “Dor abdominal há 7 dias”
HDA.: Pai refere que há 7 dias a paciente iniciou quadro de dor abdominal
difusa associado a edema na mesma localização e febre aferida de 39°C,
esta durou 3 dias e cedeu ao uso de Dipirona. Há 5 dias, informa que
houve progressão do edema para face e genitália. Associado ao quadro
relata há 3 dias início de oligúria e escurecimento da urina, tosse seca,
principalmente à noite, e dispnéia aos médios esforços. Há 1 dia
apresentou quadro de diarréia líquida, sem restos alimentares, muco, pus
ou sangue, além de hiporexia.
Pai relata que paciente apresentou “inflamação da garganta” 1 semana
antes do quadro. Nega piodermites.
Antecedentes Pessoais: Nascida de parto normal a termo, sem
intercorrências. Nega internações ou cirúrgias prévias. Apresentou
Rubéola. Vacinações em dia (SIC).
Antecedentes Familiares: Pai e mãe saudáveis. 3 irmãos (4, 5 e 8 anos)
saudáveis.
Hábitos de Vida e Condições Sócio-Econômicas e Culturais: Reside em
casa de alvenaria com 7 cômodos, com saneamento básico completo.
Nega presença de animais domésticos.
Ao exame físico:
 PA MS direito: 151x97 mmHg; PA MS esquerdo: 149x95mmHg.
 BEG, normocorada, hidratada, afebril, acianótica e anictérica;
 Edema peri-orbitário (++/4+);
 Hipertrofia de amígdalas, sem presença de hiperemia ou secreção
purulenta;
 AR: MVF presente bilateralmente, sem ruídos adventícios;
 AC: RCR em 2t, BNF, sem sopros ou extrassístoles;
 Abdome: plano, RHA presentes, submaciço à percussão, doloroso à
palpação em abdome inferior e sem visceromegalias;
 Genitália externa: feminina, com presença de edema;
 MMII: edema(+/4+).
Exames complementares (28/05/08):
Hemograma: 9600 leucócitos (61% segmentados; 1% bastões; 26% linfócitos; 4% monócitos; 8%
eosinófilos); Hm: 3,97 milhões; Hg: 9,8; Ht: 30,6; VCM 77,2; HCM: 24,7; CHCM: 32,0; Plaquetas:
182.000.
Bioquímica: Glicose: 90; Uréia: 58; Creatinina: 0,6; TGO: 22; TGP:12; Na: 143; K: 5,3; Cl: 118;
Proteínas: 5,9; Albumina: 3,3.
EAS: densidade: 1030; pH: 5; proteína: +++; Hg: +++; CED: 3/campo; leucócitos: 4/campo; hemácias:
numerosas; cilindros granulosos; flora bacteriana: +; muco: ++; nitrito: negativo.
Radiografia de tórax: sem alterações.
C3: 21,6
C4: 14,7
ASLO: 596000 UT/ml
Glomerulonefrite Difusa
Aguda
Conceito
 “Processo inflamatório agudo envolvendo os
glomérulos renais”;
 Primária X Secundária;
Etiologia
 Primárias:




Doença de Berger;
GN membranoproliferativa;
GN por imunocomplexos idiopática;
GN pauciimune;
 Secundárias:
 Pós estreptocócica;
 Não pós estreptocócica;
 Secundária à doenças sistêmicas:




LES;
Púrpura de Henoch-Schölein;
PAN microscópica;
Crioglobulinemia;
Glomerulonefrite Aguda
Pós-Estreptocócica
Conceito
“Protótipo das GNDAs”;
Sequela renal tardia de uma infecção por
cepas específicas de estreptococos betahemolíticos do grupo A (S pyogenes);
Etiologia e Epidemiologia
 Piodermites estreptocócicas:
Cepa M-49;
Incubação: 15-28 dias;
Pré escolares;
 Faringoamigdalites:
Cepa M-12;
Incubação: 7-21 dias;
Escolares e adolescentes;
 Taxa de ataque pós-estreptococcia: 15%
(orofaríngeas:5%; cutâneo:25%);
Fisiopatologia
Inflamação dos
glomérulos
Migração de hemácias
por “fendas”
Oligúria
Alteração da permeabilidade e
ruptura das paredes dos
glomérulos comprometidos
Edema
Hematúria Dismórfica
Proteinúria
Hipertensão
arterial
Manifestações Clínicas

Hematúria (macroscópica 30%);

Oligúria (50%);

Edema (85%);

Hipertensão Arterial (70%);

Mal estar e sintomas gastrointestinais vagos;

Dor lombar;

Complicações Encefalopatia hipertensiva;
Edema agudo de pulmão;
Hipercalemia;
Diagnóstico
 Evidenciar lesão glomerular aguda;
 Reconhecer infecção estreptocócica nos
últimos 7-21 dias;
 Confirmar laboratorialmente infecção
estreptocócica;
 Documentar queda transitória dos níveis de
complemento;
Diagnóstico Laboratorial
 EAS:
Hematúria;
Leucocitúria;
Cilindros celulares;
Proteinúria subnefrótica (< 50mg/Kg/dia ou
< 40mg/m2/h);
 Hemograma:
Anemia normocítica e normocrômica;
 Avaliação da função renal:
Aumento de escórias nitrogenadas;
Diagnóstico Laboratorial

Documentação da infecção estreptocócica:
 Anticorpos:
1.
2.
3.
4.
5.
Anti estreptolisina O ou ASLO;
Anti DNAse B;
Anti NADase;
Anti hialuronidase;
Anti estreptoquinase;
 Cultura???

Queda de C3 (85-185 mg/dl) e do CH50 (64-145
mg/dl);
Diagnóstico Histopatológico

Indicações de Biópsia na GNPE:

Oligúria por mais de 1 semana;

Hipocomplementenemia que não melhora em até 8 semanas;

Proteinúria nefrótica;

Evidências clínicas ou sorológicas de doenças sistêmica;

Evidências clínicas de glomerulonefrite rapidamente
progressiva;
Diagnóstico Histopatológico
 Microscopia óptica: padrão de Glomerulonefrite
do tipo proliferativo-difuso;
Diagnóstico Histopatológico
 Microscopia eletrônica: nódulos
subepiteliais eletrodensos;
 Imunofluorescência: padrão de glomerulite por imunocomplexos;
Diagnóstico Diferencial

Glomerulonefrites pós-infecciosas não estreptocócica;

Nefropatia por IgA;

Glomerulonefrite membranoproliferativa;

Hematúria recorrente benigna;

Litíase renal;

Infecções do trato urinário;

Traumas;
Tratamento
 Cuidados gerais:
Repouso durante fase aguda;
Registros de variações de peso, diurese, e controle da
pressão arterial;
Restrição hidrossalina;
 Diuréticos de alça;
 Vasodilatadores;
 Antibiótico;
Prognóstico
Remissão:
Oligúria: 1 semana;
Sintomas congestivos: 1 a 2 semanas;
Hipocomplementenia: até 8 semanas;
Hematúria: 6 a 12 meses;
Proteinúria: 2 a 5 anos;
Adultos tem pior prognóstico;
Obrigada.
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Glomerulonefrite Aguda Pós-Estreptocócica