Asfixia perinatal (AVANÇOS EM HIPOTERMIA) Nathalia Martins Telles Residente de Pediatria – HRAS/HMIB/SES/DF Coordenação: Marília Aires/Paulo R. Margotto Unidade de Neonatologia Brasília, 22 de agosto de 2013 www.Paulomargotto.com.br Introdução Injuria sofrida pelo feto ou pelo RN devida à má oxigenação (hipoxia) e/ou má perfusão (isquemia) de múltiplos órgãos Difícil diagnóstico Grandes repercussões médico-legais Um diagnóstico de Asfixia Perinatal pode marcar a vida : Da mãe e demais familiares Do Pediatra e sua família. Do obstetra e sua família. A reputação da Unidade de Saúde. Em média, a quantia solicitada pela dita “negligência médica”em um atendimento de parto era de 2.300.000 US em 2006 (Obstet Gynecol 2006;107:1382–5). Introdução A agressão hipóxico-isquêmica se origina: em 20% das situações, no período antenatal; em 35% no período intra-parto; em 35% o inicio do processo asfíxico ocorre no período antenatal e se mantém durante o trabalho de parto em 10% das pacientes a hipoxia e / ou a isquemia se instalam depois do nascimento. → Ou seja, cerca de 90% das EHI tem origem antes do nascimento. Das 7000 horas que dura a gestação apenas as 3 ultimas horas costumam ser levadas em consideração A maioria dos casos de encefalopatia neonatal e Paralisia Cerebral tem por etiologia : Infecções distúrbios da coagulação da mãe ou do feto hemorragias e transfusões anteriores ao parto anomalias cromossômicas doenças neuromusculares. Introdução Critérios diagnósticos (AAP): Acidemia metabólica ou mista profunda (pH<7,0) em sangue arterial de cordão umbilical; escore de Apgar de 0-3 por mais de 5 minutos; manifestações neurológicas neonatais (ex: convulsões, coma ou hipotonia); Disfunção orgânica multisistêmica (ex: sistemas cardiovascular, gastrintestinal, hematológico, pulmonar ou renal). Incidência 1-1,5%: correlacionada diretamente com a idade gestacional e o peso ao nascer 9% dos RN <36 semanas 0,5% dos > 36 semanas. Maio incidência em RN a termo: mães diabéticas toxémicas RCIU apresentação pélvica RN pós-termo Fisiopatologia Trabalho de parto Aumento do consumo de O2 Diminuição do fluxo sanguíneo Desidratação Alcalose Respiratoria por hiperventilação Há fundamentalmente quatro mecanismos para a asfixia: Alterações da oxigenação materna Diminuição do fluxo materno-placentário ou placento-fetal. Alterações na troca gasosa a nível placentário ou a nível tecidual fetal. Incremento nos requerimentos fetais de oxigênio. Fisiopatologia Adaptações em caso de hipóxemia e isquemia: Centralização do fluxo sanguíneo Cessam os movimentos respiratórios Queda da frequência cardíaca Aumento da pressão arterial Apnéia 1ª TTO: administração de oxigênio suplementar e o estímulo tátil levam ao reinicio da respiração espontânea na maioria dos pacientes; Fisiopatologia Persistindo a asfixia: Movimentos respiratórios profundos(gasping), Freqüência cardíaca continua a diminuir; Diminuição da pressão arterial; Hipotonia; Apnéia 2ª No caso o RN não responde à estimulação tátil e não reinicia a respiração espontânea. Quanto mais tempo ficar nesta fase maior o risco de lesão cerebral. Reanimação Etiologia 90% no período ante ou intraparto como consequência de insuficiência placentária Acometimento multi-orgânico Encefalopatia hipóxico-isquêmica: Hipoxia cerebral → prejudica metabolismo oxidativo → glicólise anaeróbica → produção de ac. lático, queda pH local, aumento da necessidade de glicose Via pouco eficiente na formação de ATP → “Paralisa” bombas de ions → ↑ Na, H2O, Cl e Ca no EIC e ↑ K, AA e neurotransmissores no EEC Cuidado com reperfusão imediata! → formação de radicais livres A apresentação e evolução clínicas vão depender do grau de acometimento cerebral e da idade gestacional Encefalopatia hipóxico-isquêmica Evolução cronológica sugerida por Volpe: Primeiras 12 horas: os sinais neurológicos são de um comprometimento difuso do sistema nervoso. Entre 12 e 24 horas de vida melhora aparente do estado comatoso e a há a impressão de estar mais alerta – cuidado com prognóstico Convulsões mais frequentes – mal epiléptico Entre 24 e 72 horas de vida: nos quadros mais severos, um aprofundamento do coma e sinais de comprometimento do tronco cerebral Anormalidades da reatividade pupilar, da motricidade ocular extrínseca, da respiração (apnéias) e da pressão arterial Hipertensão intracraniana Óbito é frequente Após as 72 horas: regressão do quadro neurológico Acometimento multi-orgânico Aparelho cardiovascular: Isquemia miocárdica transitória é freqüente, com sinais de insuficiência cardíaca predominantemente direita e insuficiência tricúspide (sopro de regurgitação). A incidência é de 24-60%. Choque cardiogênico: decorrente de isquemia miocárdica global ou de necrose e ruptura dos músculos papilares. Metabólicas Hiper ou hipoglicemia/ Hipocalcemia/ Hipomagnesemia Acometimento multi-orgânico Aparelho respiratório: Redução da síntese de surfactante, Hemorragia pulmonar Hipertensão pulmonar persistente Aparelho urinário: Insuficiência renal por necrose tubular aguda devida a hipoperfusão e hipoxia renal Atentar para o aparecimento de trombose de veia renal Sindrome de secreção inadequado de hormônio antidiurético (SIHAD). Acometimento multi-orgânico Gastrintestinais: Isquemia e/ou hipoxemia da região mesentérica: Enterocolite necrosante. Pode acontecer insuficiência hepática de grau variável. Hematológicas: Coagulação intravascular disseminada Pele Palidez intensa, frialdade, enchimento capilar diminuído, áreas rosas de reperfusão enquanto outras áreas permanecem pálidas ou cianóticas. Manuseio do paciente Identificação dos fatores de risco, bem como métodos obstétricos de detecção do sofrimento fetal. Reanimação na sala de parto seguindo as diretrizes : EVITAR A HIPERTERMIA. Medidas de suporte e posição Acesso venoso central que permita medir a PVC se necessário Dieta zero por 72 horas devido ao risco de enterocolite necrosante. Manuseio do paciente Restrição hídrica inicial? Podem evoluir com SIHAD Restrição pode levar a hipotensão e a piora da insuficiência renal. Monitorização contínua Oligúria ou anúria: SVD e prescrever uma ou duas expansões de 20 ml/kg com soro fisiológico. Caso não urine, prescrever furosemida 1mgr/kg dose que pode ser repetida na ausência de diurese. Caso a anúria persista, não demorar em inicia furosemida contínua (6mg/k/dia). Manuseio do paciente Levar registro rigoroso da pressão arterial média (PAM). Manter uma adequada perfusão cerebral: (PIC): PPC = PAM – PIC; PPC reflete fielmente às mudanças na PAM (perde mec autorregulação) Evitar infusões rápidas Manuseio do paciente Hipotensão persistente: hidrocotisona 1mg/kg/dose 8/8h VM inicial: FR: 40 pm; PIM: 20 cm H2O; PEEP:4 cm H2O; Tempo insp: 0,35 seg. FiO2de acordo com o oxímetro. PaO2 e a PaCO2 em valores normais. Corrigir alterações eletrolíticas e da glicemia. Teofilina pode reduzir a disfunção renal em RN asfixiados Tratar convulsões, bem como suas causas Manuseio do paciente Neuroprotetores: Não existe evidencia de que os anticonvulsivantes, como o fenobarbital, devam ser usados rotineiramente nos pacientes asfixiados. Estudos recentes: hipotemia apresenta melhores resultados O mais promissor dos neuroprotetores é a HIPOTERMIA NEUROPROTEÇÃO HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Paulo R. Margotto NEUROPROTEÇÃO Síndrome hipóxico-isquêmica- HIPOTERMIA Os mecanismos -Redução no metabolismo energético cerebral, -Supressão da morte celular programada, -Supressão da acumulação de citotoxinas pós-isquêmica (por exemplo,radicais livres de oxigênio e óxido nítrico), -Preservação de antioxidantes endógenos, proteção contra a peroxidação lipídica e -Redução da acidose intracelular. Síndrome hipóxico-isquêmica- HIPOTERMIA Duração da janela terapêutica:limite de tempo em que a intervenção terapêutica pode ser eficaz (6 horas) -Resfriamento após convulsão (8,5 horas): sem diferenças Estudo em animais (ovelhas fetais) grupo resfriado (barras negras) versus normotermia (barras brancas) Gunn et al, 1999 Síndrome hipóxico-isquêmica- HIPOTERMIA Resfriamento iniciado aos 90 minutos por 72 hs significante redução da perda neuronal em todas as regiões hipotermia (barra preta) normotermia (p<0.0001 Gunn et al, 1999 Síndrome hipóxico-isquêmicaHIPOTERMIA ESTUDO COOL CAP: Gluckman, 2005 -234 RN com moderada a grave SHI (116 RN-hipotermia;118 RN: controles) -temperatura retal:34-350C -duração: 72 horas Morte ou incapacidade neuromotora controle 66% hipotermia 55% RN com alterações grave no EEG: sem benefícios Síndrome hipóxico-isquêmica HIPOTERMIA ESTUDO DA NICHD: Shankaran, 2005 (Whole body) -239 RN com moderada a severa SHI (102-hipotermia/106: controles) -Duração:72 horas -temperatura esofágica:33,5oC Morte ou moderada a severa desabilidade (18-24 meses) controle 62% hipotermia 44% Síndrome hipóxico-isquêmica HIPOTERMIA ESTUDO TOBY (total body hypotermia) Azzopardi DV, 2009-Moderada hipotermia -325 RN -163:hipotermia; 162 RN: controles -duração: 72 horas Temperatura; 33-34oC Sobrevivência sem déficit neurológico controle hipotermia 44% 28% 1,57(1,16-2.12) 0,003 Paralisia cerebral 41% 28% 0.67 (0,47-0,96 0,003 Síndrome hipóxico-isquêmica HIPOTERMIA TERAPEUTICA Morte ou desabilidade Síndrome hipóxico-isquêmica HIPOTERMIA TERAPEUTICA Sobrevivência com função neurológica normal AVANÇOS EM HIPOTERMIA Medida da temperatura axilar durante a hipotermia terapêutica na Síndrome HipóxicoIsquêmica Axillary temperature measurement during hypothermia treatment for neonatal hypoxic-ischaemic encephalopathy Marc-Antoine Landry, Lex W Doyle, Katherine Lee, Susan E Jacobs Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2013;98:F54–F5 O que já se sabe sobre este assunto ▸ Em recém-nascidos a termo com moderado a grave encefalopatia hipóxico-isquêmica, tratamento com a hipotermia reduz a mortalidade e a deficiência do desenvolvimento neurológico. ▸ hipotermia terapêutica, com contínua monitoramento de temperatura, agora é o tratamento padrão em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal de nível terciário. ▸ A correlação entre as temperaturas axilar e retal (temperatura central) em RN a termo e prematuro normotérmicos está bem descrita, mas é incerta durante a hipotermia terapêutica de corpo inteiro INTRODUÇÃO A hipotermia terapêutica é agora o tratamento padrão para moderada a grave encephalop-hipóxico-isquêmica athy (HIE), devido à evidência de que reduz os mortalidade e grande deficiência do desenvolvimento neurológico na primeira infância. Durante a hipotermia terapêutica do corpo inteiro a temperatura central (retal ou esofageana) é mantida entre 33 e 34 ° C. Em RN a termo e prematuros normotérmicos , tem havido boa correlação entre temperatura axilar e retal INTRODUÇÃO Em uma coorte de 39 recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) submetidos a hipotermia em Hospitais não terciários e transportados para centros de resfriamento , houve uma alta correlação entre temperatura axilar e retal (emparelhadas), com diferença média de 0,1°(limites de corcordância a 95% de -1,1 ° C a 1,3 ° C) (Kendal GS, 2010) Como a avaliação da temperatura central (retal ou esofageana) nem sempre Está disponível em Hospitais não terciários, seria de interesse estudar se a temperatura axilar e é capaz de manter a temperatura desejável de resfriamento, (33-34oC) antes do uso da temperatura retal INTRODUÇÃO No entanto, informações sobre a correlação entre a medição da temperatura axilar e retal durante a hipotermia terapêutica de corpo inteiro em recém-nascidos é limitada. O objetivo deste estudo foi determinar a precisão da medida da temperatura axilar em relação à temperatura central (retal) durante a hipotermia terapêutica de corpo inteiro. Metodologia Foram estudados 58 RN a termo, com moderada a severa EHI, dos quais 14 foram resfriados e 18, controles Todos os RN tiveram a avaliação da temperatura central através do reto (probe introduzido no reto em 5cm) A temperatura retal alvo foi de 33-34oC por 72 hs, incluindo um período de 6 horas de indução, seguido por 8-12 horas de reaquecimento Nos controles: 36,8oC a 37,3oC COMO FOI FEITO O RESFRIAMENTO Todas as crianças receberam atendimento em um aquecedor radiante, com o calor aplicados de acordo com a seleção do grupo ( hipotermia ou normotermia) . Crianças tratadas com hipotermia para 33,5 ° C tiveram o aquecedor radiante desligado para expor a criança a temperatura ambiente Se a temperatura central era de 35,5 ° C 2 pacotes de gelox foram colocados no peito e sob a cabeça e ombros e sequencialmente removidos quando a temperatura central era inferior a 35,0 ° C e 34,5 ° C. Se a temperatura central era de 33,5 ° C sob o aquecedor radiante foi, a saída do aquecedor foi ajustada manualmente cada 15-30 min. Se temperatura central foi acima de 34,0 ° C durante a fase de manutenção entre 6 <72 h manutenção, foram colocados pacotes de gelox Os bebês foram reaquecidos 0,5 ° C, a cada 2 horas entre 72 e 84 h. Crianças controles As crianças do grupo controle tiveram o aquecedor radiante ligado com a temperatura retal mantida a 37 ° C através de ajuste manual de saída do aquecedor radiante a cada 1530 minutos, conforme necessário ANÁLISE A análise incluiu todas as medições de temperatura axilar e retal ao mesmo tempo a partir da iniciação da hipotermia (tempo 0) ao fim do reaquecimento (84 horas) nos RN submetido á hipotermia, assim como para os recém-nascidos do grupo controle (o-84 horas). Todas as análises foram realizadas utilizando Stata 11, StataCorp, College Station, Texas, EUA. RESULTADOS Medidas durante a fase de indução (0 - <6 h) de hipotermia Durante o início de hipotermia (0 - <6 h), a temperatura axilar e retal foram semelhantes (diferença média entre retal-axilar de 0,07 ° C), mas com grande variabilidade (-1,18 para 1,33 ° C) Gráfico de dispersão da temperatura retal contra axilar em Medidas tomadas durante a fase de indução ( 0 - <6 h).Correlação de Pearson (r) = 0,87. A temperatura retal foi em média 0,07 ° C mais elevada do que a temperatura axilar RESULTADOS Medidas durante a fase de manutenção (6-72 h) de hipotermia Houve maior variabilidade nas medições entre 6 e <72 h nas crianças com hipotermia (SD total de 0,44) do que no grupo das crianças normotérmicas (SD total de 0,24) - p <0,001). Nos recém-nascidos hipotérmicos, a média de diferença entre as medições durante a fase de reaquecimento (72 - <84 h) foi de -0,19 ° C (-0,95 a 0,57 ° C). DISCUSSÃO Os resultados deste estudo sugerem que existe uma variabilidade na diferença entre as temperaturas axilar e retal durante a hipotermia terapêutico para a encefalopatia hipóxico-isquêmica moderada a grave, que está presente durante todas as fases do resfriamento (indução, manutenção e reaquecimento). Em média, a temperatura retal foi 0,07 ° C maior que as temperaturas axilares durante a indução de hipotermia e temperaturas axilares foram de 0,19 ° C superior à temperatura-retal durante a fase de reaquecimento Apesar destas pequenas diferenças, a diferença entre as temperaturas retal e axilar ultrapassou + / - 1 ° C e + / - 0,5 ° C durante a indução e a fase de reaquecimento, respectivamente, o que sugere que, em alguns casos a diferença entre as duas temperaturas foi relativamente grande. DISCUSSÃO Durante a fase de manutenção de hipotermia, houve diferenças de cerca de ± 1 ° C entre as duas medições, com evidências de que a relação entre temperatura retal e axilar mudou sistematicamente com diferenças na temperatura do corpo. A variabilidade da diferença entre as temperaturas axilar e retal durante a fase de manutenção foi maior no grupo de crianças hipotérmica em relação ao grupo de crianças normotérmicas, sugerindo que as temperaturas axilares são medidas menos confiáveis em relação as temperaturas retais durante a hipotermia do que em condições normotérmicas DISCUSSÃO Em conclusão, a magnitude das diferenças entre as medições de temperatura axilar e retal no atual estudo sugere que a medida da temperatura axilar medida pode não ser um substituto adequado para a temperatura central (retal) durante a hipotermia terapêutica. Até que um ensaio prospectivo mostre que é seguro usar a temperatura axilar, a temperatura retal deve ser medida, preferencialmente para manter a temperatura central durante a hipotermia. O que este estudo acrescenta ▸ Existe uma grande variabilidade entre as medições da temperatura axilar e temperatura retal durante o tratamento de hipotermia total do corpo (± 1 ° C). ▸A medição da temperatura axilar não é um substituto exato para temperatura central contínua (retal) durante A hipotermia terapêutica de corpo inteiro (nas fases de indução, manutenção ou reaquecimento) Hipotermia terapêutica na encefalopatia hipóxico-isquêmica: convulsões eletrográficas e evidência da lesão pela ressonância magnética Therapeutic Hypothermia in Neonatal Hypoxic Ischemic Encephalopathy: Electrographic Seizures and Magnetic Resonance Imaging Evidence of Injury Preethi Srinivasakumar, John Zempel, Michael Wallendorf, Russell Lawrence,Terrie Inder, and Amit Mathur J Pediatr 2013 (August);163:465-70 INTRODUÇÃO Crises convulsivas neonatais estão associadas com um aumento da incidência de lesão cerebral e atraso do neurodesenvolvimento Entre 20% e 50% dos recém-nascidos com crises convulsivas experimentar mais tarde epilepsia. Aproximadamente 50% - 75% das convulsões neonatais em recémnascidos a termo são atribuíveis a encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI). O uso da videomonitorização eletrográfica constitui o padrão ouro para identificar e quantificar as convulsões Também o delineamento da natureza e extensão das lesões cerebrais nestes RN é importante é importante para o manuseio clínico e prognóstico e isto é melhor obtido com o uso da ressonância magnética INTRODUÇÃO O uso terapêutico de hipotermia moderada no tratamento de neonatos com EHI está aumentando. Uma meta-análise de três estudos, incluindo 767 recémnascidos mostrou que a hipotermia terapêutica moderada em recém-nascidos com EHI foi associada consistentemente com redução nas taxas de mortalidade e comprometimento neurológico aos 18 meses. Há também evidência que liga a hipotermia terapêutica com menor lesão cerebral, avaliada por ressonância magnética. Os dados sobre o impacto da hipotermia terapêutica sobre as convulsões nos RN com HIE neonatal são limitados OBJETIVO DO ESTUDO O presente estudo avaliou o impacto da hipotermia terapêutica nas convulsões eletrográficas em recém-nascidos com EHI moderada a grave,estratificada pela gravidade da apresentação da EHI, assim como pelas convulsões eletrográficas e pela presença e severidade de lesões cerebrais avaliadas pelo ressonância magnética Critérios para hipotermia terapêutica Após a instituição da hipotermia terapêutica em 2008, os critérios de elegibilidade para hipotermia terapêutica foram expandidas para incluir todos os seguintes recém-nascidos:≥: 36 semanas de idade gestacional ao nascimento, moderada a grave EHI9 com ou sem convulsões, e qualquer um dos seguintes: Apgar <5 com 10 minutos, ressuscitação prolongada no momento do nascimento (por exemplo, compressões torácicas e / ou intubação ou ventilação com máscara por 10 minutos), a acidose grave (pH <7,1) em sangue de cordão ou gasometria dentro de 1 hora de nascido ou déficit de base (> 12 mmol / L) no cordão ou sangue do recém-nascido dentro de 1 hora após o nascimento RESULTADOS 69 recém-nascidos com EHI moderada ou grave foram registrados prospectivamente, incluindo 51 que receberam hipotermia terapêutica (idade gestacional de 39 semanas±2 e 18 que não (idade gestacional de 38semanas±2). A duração média de monitoramento de vídeo-EEG foi maior no grupo com hipotermia terapêutica(72 ± 34 horas 48± 34 horas;p =0.01). O grupo da hipotermia terapêutica teve menor gravidade de convulsão eletrográfica após o controle da lesão, avaliada pela ressonância magnética (p = 0.003). Uma redução gravidade da convulsão foi observada em recém-nascidos com EHI moderada (p=0.0001), mas não nos pacientes com EHI grave (p =0,08). Entre os recém-nascidos com lesões avaliadas pela ressonância magnética, a gravidade da convulsão foi menor naqueles com lesão leve (p=0.0004) e moderada (p=0.02) , mas não em pacientes com lesões graves (p=0.090) DISCUSSÃO Este estudo apoia o relato de Low et al17 a respeito da associação entre a hipotermia terapêutica e uma diminuição da gravidade da convulsão eletrográfica em recém-nascidos com modera EHI, mas não EHI grave Os achados presentes demonstram ainda que esta redução é limitada a crianças lesões leves a moderados e não nas crianças com graves lesões, avaliadas pela ressonância magnética Os benefício a longo prazo com a redução das crises convulsivas com a hipotermia terapêutica permanece ainda não esclarecido. Em um modelo animal, Wirrell et al18 mostraram que as convulsões associadas a EHI aumentam a morte celular neuronal, no entanto, eles subsequentemente relataram que esta morte de células neuronais em seu modelo ocorreu no contexto do cérebro exposto a maiores temperaturas nos animais com convulsões DISCUSSÃO Em outros modelos animais a hipotermia terapêutica tem sido associada com reduções tanto da duração20 como na amplitude21 das convulsões eletrográficas Estudos realizados em recém-nascidos humanos com HIE também sugeriram que a severidade e a duração das convulsões estão associados de forma independente com a lesão cerebral2,22. DISCUSSÃO Os dados sobre os potenciais mecanismos dos efeitos anticonvulsivos da hipotermia são limitados. . Num modelo de rato com isquemia cerebral, hipotermia inibiu a produção de glutamato citotóxico23 que pode suprimir a atividade convulsiva. A hipotermia também pode inibir a injúria oxidativa , atenuando a fase secundária da lesão neuronal, quando as convulsões ocorrem com maior probabilidade . Além disto, pouco se conhece sobre as interações potenciais entre antiepiléptico e hipotermia na EHI. Barks et al 25relataram que administração de fenobarbital aumenta a neuroproteção oferecida por hipotermia terapêutica num modelo animal com EHI. A hipotermia é também conhecido para prolongar a meia-vida do henobarbital26 embora a monitorização dos fármacos neste presente estudo não demonstrou nenhuma diferença entre os dois grupos de estudo. DISCUSSÃO A observação clínica e monitoramento do aEEG são conhecidos por subestimar as convulsões. Ensaios clínicos anteriores de hipotermia terapêutica usaram dados clínico27 e ou monitoramento do aEEG8 e nenhum deles incluiu a gravação de vídeo-EEG. O aEEG tem uma capacidade limitada para detectar convulsões curtas, convulsões que não se generalizam e convulsões de baixa voltagem7. No presente estudo, foi utilizado a videomonitorização eletrográficas das convulsões DISCUSSÃO Em subanálise, os autores detectaram que a gravidade da convulsão foi reduzida nos recém-nascidos com EHI sob hipotermia em apenas naqueles com EHI moderada mas não naqueles com EHI grave, tal como demonstrou Low et al17. 5 dos 12 recém-nascidos com EHI grave que foram submetidos a hipotermia terapêutica tiveram status epilepticus subclínico e todos os 5recém-nascidos tiveram lesão cerebral grave como avaliada pela ressonância magnética. O estado de mal epiléptico resultante da grave e extensa lesão cerebral nestes neonatos provavelmente não irá responder prontamente aos medicamentos anticonvulsivantes ou hipotermia. A metanálise dos dados de três ensaios de hipotermia8 mostrou que o desfecho primário de morte e incapacidade aos 18 meses foi significativamente reduzido pelo resfriamento em recémnascidos com EHI moderada, mas não naqueles com EHI grave. DISCUSSÃO Em contraste, Simbruner et al30 relataram que a hipotermia é fortemente neuroprotetora mesmo em EHI grave. Assim, embora a hipotermia terapêutica não pode reduzir significativamente a gravidade das convulsões eletrográficas em recém-nascidos com EHI grave, pode ter benefícios além dos efeitos mediados pelas convulsões. Dados de seguimento longitudinais de neurodesenvolvimento são necessários para analisar esta questão com mais profundidade. DISCUSSÃO A duração do monitoramento de vídeo-EEG foi significativamente maior no grupo da hipotermia terapêutica em comparação ao grupo da não hipotermia terapêutico, porque esta monitorização foi continuada durante o período de reaquecimento. Assim houve mais uma oportunidade para capturar ataques convulsivos eletrográficos em no grupo da hipotermia terapêutica Mesmo com o maior tempo de monitorização, o grupo de hipotermia terapêutica teve significativamente menor gravidade da convulsão em relação ao grupo da não hipotermia terapêutica, fortalecendo ainda mais os resultados do presente estudo. CONCLUSÃO Os resultados do presente estudo resultados demonstram que a hipotermia terapêutica associa-se com a redução da gravidade das convulsões eletrográficas em recém-nascidos com EHI moderada, mas não naqueles com EHI severa e em recém-nascidos com lesão cerebral leve a moderada, mas não nos recém-nascidos com graves lesões cerebrais mostradas pela ressonância ABSTRACT Dosagem de drogas durante a hipotermia: ajustar ou não ajustar, eis a questão Drug Dosing During Hypothermia: To Adjust, or Not to Adjust, That is the Question Poloyac SM, Empey PE. Pediatr Crit Care Med. 2013 Feb;14(2):228-9 Estudos pré-clínicos demonstraram que a hipotermia terapêutica a 33 ° C geralmente reduz o metabolismo hepático da droga e aumenta as concentrações plasmáticas de diversos medicamentos. O caminho mais extensivamente estudado tem sido as enzimas do citocromo P450 (CYP), que têm em geral atividade reduzida em condições de refrigeração (3-5). Mais recentemente os estudos sugerem que tais reduções na atividade da CYP são isoformas específicas e assim deveria ser avaliada para drogas de forma individual, com maior efeito potencial adverso (6) Vários estudos recentes têm relatado concentrações plasmáticas elevadas de morfina(7) e fenitoína (8) em recém-nascidos e as concentrações elevadas de midazolam (9, 10), vecurônio (11) e fenitoína (12) em adultos recebendo hipotermia terapêutica, no entanto, faltam especificações a respeito de recomendações de dose Shellhaas et al avaliaram as concentrações de fenobarbital numa coorte retrospectivo de 20 RN com síndrome hipóxico-iesquêmica sob hipotermia e 19 sob normotermia. O objetivo deste estudo foi determinar se a hipotermia terapêutica explicasse uma parte significativa da variância na farmacocinética do fenobarbital. O fenobarbital é eliminado via várias rotas que incluem CYP2C, glucuronidação e vias diretas de excreção renal. Os autores observaram que o peso ao nascer e idade foram covariáveis significativas no clearance do fenobarbital, enquanto o grupo sob hipotermia não influenciou na farmacocinética do fenobarbital Estes resultados contrastam com os de Filippi et al (14), que relataram que a concentração plasmática do fenobarbital e meia-vida foram elevados em 19 recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica em comparação com os valores de controlo histórico. No entanto, estes achados são consistentes com um estudo pré-clínico demonstrando alterações em isoformas específicas no metabolismo CYP que demonstraram maior efeitos da hipotermia sobre CYP2E1 e CYP3A com pouco efeito no metabolismo CYP2C no modelo de parada cardíaca rato (6). Assim: À medida que avançamos, modelo farmacocinético baseado em população deve ser incorporada em futuros estudos pediátricos e os estudos deveria focar em grandes coortes avaliada durante longo período após o resfriamento. Tais abordagens irão permitir a definitiva identificação de fármacos com disposição alterada e irá permitir a criação de algoritmos de dosagem específica para otimizar o tratamento medicamentoso em pacientes que recebem hipotermia terapêutica. Alterações nos leucócitos circulantes em um ensaio clínico de hipotermia terapêutica para síndrome hipóxicoisquêmica neonatal Altered Circulating Leukocytes and Their Chemokines in a Clinical Trial of Therapeutic Hypothermia for Neonatal Hypoxic Ischemic Encephalopathy. Jenkins DD, Lee T, Chiuzan C et al Pediatr Crit Care Med. 2013 Jul 26 Objetivos: Determinar o efeito da hipotermia sistêmica no nível de leucócitos e níveis de quimiocina sérica ao longo do tempo em ambos grupos hipotermia e normotermia, como resultados primários para segurança. Pacientes e Intervenção: 65 neonatos com moderada a síndrome hipóxico- isquêmica (dentro de 6 horas após o nascimento foram randomizados foram randomizados para normotermia (37 °C) ou hipotermia de 33 °C durante 48 horas. Leucometria completa e diferencial e quimiocinas do soro foram avaliados a cada 12 horas por 72 horas Resultados O grupo da hipotermia (temperatura retal alvo:de 33 ° C ± 0,5 ° C, n = 32) apresentou significativamente menor contagem de leucócitos, assim como o diferencial do que o grupo da normotermia (37°C ± 0.5°C, n = 33) antes de reaquecimento, com um pico em 36 horas. Somente a contagem absoluta de neutrófilos recuperou após o reaquecimento no grupo de hipotermia (veja figura 1 a seguir). Mediana de contagem de leucócitos ao envolver os pacientes no estudo Nesta tabela a mediana de contagem de leucócitos ANTES em ambos os grupos Como podemos ver, sem diferenças entre os grupos Fig. 1. Mediana com intervalo interquartil para a contagem total de leucócitos circulantes (WBC) (A), contagem absoluta de neutrófilos (ANC) (B), monócitos (C),e os linfócitos (D) mais de 72 horas após o início da hipotermia terapêutica (H-azul) e normotermia (N-vermelho) * p ≤ 0,01; NS = não significante. Nos recém-nascidos com hipotermia, aqueles que morreram ou que tiveram severo comprometimento dos escores mentais aos 12 meses apresentaram menor contagem de leucócitos durante o processo de resfriamento com 36 h, 60 h e 72 h (figura 2). Os recém-nascidos com prognóstico ruim tiveram menor contagem de leucócitos durante o processo de resfriamento com 12 e 36 h e em relação aos normotérmicos (figura 3-A); os recém-nascidos resfriados com pior desfecho neurológico, apresentaram muito mais contagem de leucócitos abaixo de 10.000/mm3 (figura 3-B). A figura 4 mostra as mudanças ao longo do tempo no grupo de hipotermia: mediana da IL-8 e contagem absoluta de neutrófilos (ANC) e (fig. 4A), mediana da IL-6 e as contagens de ANC (fig. 4B), e mediana de MCP-1 e a contagem de monócitos hipotermia (fig. 4C) No grupo hipotermia, elevados níveis de IL-8 sérica com 36 horas foram associada à baixa ANC com36 horas (ρ = -0,65, p = 0,0019) e baixa ANC em 36 horas, foi associada a uma maiores níveis séricos de IL-8 às 48 horas (ρ = -0,61, p = 0,0077). A IL-6 foi negativamente 9valor marginal) correlacionada com a ANC, com menor ANC com 36h horas associado com maiores de IL-6 (ρ = -0,56, p = 0,013). Não foram observadas correlações de IL-6 e IL-8 dentro do grupo normotérmico. Monócitos foram correlacionados com MCP-1 sérica , novamente apenas para o grupo hipotermia. Contagens de monócitos às 24 horas correlacionaram-se negativamente com a MCP-1 em 36 horas (ρ = -0,59, p = 0,0039), e contagem de monócitos em 36 horas correlacionou-se negativamente com a MCP-1 a 12 horas (ρ = -0,53, p = 0,0006), 24 horas (ρ = -0,61, p = 0,0039), e de 48 horas (ρ = -0,60, p = 0,0077) DISCUSSÃO Leucócitos circulantes e monócitos respondem dentro de 30 -60 minutos após a oclusão da artéria cerebral média), enquanto que o recrutamento de leucócitos da medula óssea leva mais tempo, até 4 horas após o acidente vascular cerebral experimental agudo. Embora a elevação precoce de leucócitos circulantes após insulto hipóxico-isquêmico pode aumentar a lesão do sistema nervoso central (SNC),a depressão da imunossupressão prolongada, caracterizada por linfopenia e aumento da IL-10 plasmática, está associada com paralisia imune e pior resultado em acidente vascular cerebral e em ambos os modelos, animais e adultos humanos, de lesão cerebral traumática mesmo com hipotermia. DISCUSSÃO Em animais com o acidente vascular cerebral grave, leucopenia global sanguínea, baço e timo é observada em 1, 3 e 7 dias. Importante, esta leucopenia é acompanhada pelo crescimento bacteriano patogênico no sangue e cargas elevadas de bactérias nos pulmões 5 dias após a insulto hipóxico-isquêmico em 60-100% dos animais (Streptococcus, Staphylococcus, E. coli, Enterococcus). DISCUSSÃO Em animais com lesão leve, sem bacteremia, foram observados baixa colonização bacteriana. Em seres humanos adultos com acidente vascular cerebral, contagem de linfócitos graves diminuiu nos dias 1 a 4, enquanto as contagens de neutrófilos e monócitos aumentaram , mas foram profundamente menores comparados aos pacientes com menor infartos. Assim, existe uma forte evidência tanto em animais e os seres humanos de que os números reduzidos de leucócitos em circulação em lesão hipóxico-isquêmicia grave são clinicamente importantes e correlacionar com o comprometimento imunológico funcional DISCUSSÃO Embora a modulação imune por temperatura é bem documentada para a temperatura corporal ( hiper e hipotermia), existem poucos dados em recém-nascidos depois de do insulto hipóxico-isquêmico, particularmente com o uso da hipotermia terapêutica como tratamento padrão para os recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica moderada a grave. Os dados deste ensaio clínico randomizado de hipotermia são os primeiros que associam baixos níveis de leucócitos circulantes com o tratamento de hipotermia após insulto hipóxico-isquêmico neonatal. Dentro de 24 horas após início do resfriamentoi, maiores reduções de leucócitos , foram observados em crianças tratadas com hipotermia sistêmica a 33 ° C em comparação com os pacientes normotérmicos e a hipotermia alterou o padrão esperado de mudanças no número de leucócitos e na contagem absoluta de neutrófilos durante o período de tratamento, com um forte componente relacionado ao tempo. DISCUSSÃO Possíveis mecanismos para estes efeitos da hipotermia incluem supressão da medula óssea e diminuição da produção de leucócitos. A correlação negativa de alta IL-8 e baixos níveis da contagem absoluta de neutrófilos circulantes em 36 horas, e alta MCP-1 e baixa os níveis circulantes de monócitos ao longo do tempo em indivíduos com hipotermia, dá apoio a esta hipótese. Um mecanismo alternativo, seria o aumento da marginalização e do extravasamento tecidual, como tem sido demonstrado em modelos animais que examinou o extravasamento de neutrófilos entre animais hipotérmicos e normotérmicos. Além disso, observou-se uma recuperação da contagem absoluta de neutrófilos no grupo da hipotermia em 72 horas, sugerindo uma “liberação" de neutrófilos retidos na medula óssea durante a hipotermia, após o reaquecimento. DISCUSSÃO Quanto à interação entre quimiocinas circulantes e leucócitos observada neste estudo sugere que a hipotermia, direta ou indiretamente regula ambos , talvez como um importante mecanismo de neuroproteção. Além disso, como também a função de leucócitos é remover citocinas de circulação,a redução de leucócitos circulantes resulta em um maior número de moléculas de quimiocinas disponível para interagir com o SNC lesado DISCUSSÃO Dados de estudos em animais sugerem que a leucopenia relativa persistindo após o reaquecimento está associada a resultados adversos a longo prazo e pode indicar alteração no sistema imunológico ou paralisia. Se a redução na contagem total de leucócitos circulantes é um reflexo de lesão grave no SNC ou se imunossupressão contínua realmente prejudica a recuperação, está sendo investigado atualmente. DISCUSSÃO Uma desvantagem da imunossupressão pode facilitada a ocorrência de sepse, que pode ser dificil de diagnosticar ao nascimento. A sepse neonatal é uma causa conhecida de encefalopatia no nascimento e pode apresentar-se com um quadro clínico semelhante a síndrome hipóxicoisquêmica no início de seu curso. A hipotermia pode ter uma influência potencialmente negativa na sobrevida em recém-nascidos com sepse, se ainda imunossupressão é causada pelo tratamento com a hipotermia. As taxas de infecção não aumentaram com o tratamento com hipotermia em seis ensaios clínicos randomizados até 72 horas de hipotermia moderada em neonatos a termo. No entanto, o número de leucócitos em série em neonatos hipotérmicos não foram avaliados em detalhe nestes ensaios, e taxas de sepse (5-12%) são muito baixas. Tanto a hipotermia e a gravidade da lesão em si pode alterar resposta imune, especialmente da imunidade inata. Ensaios de maior duração do hipotermia deve incluir avaliações das mudanças na contagem de leucócitos circulantes e grandes registros neonatais poderiam controlar as taxas de sepse em recém-nascidos tratados com hipotermia para a encefalopatia hipóxico-isquêmica CONCLUSÃO Relativa leucopenia em 60-72 horas correlacionou como um resultado adverso no grupo da hipotermia Os dados do presente estudo são consistentes com imunossupressão sistêmica com o tratamento de hipotermia. Em neonatos hipotérmicos, a persistência de menor número de leucócitos após o reaquecimento é observado em lactente com mais grave lesão no sistema nervoso central Exames complementares Acometimento renal Solicitar de rotina EAS em todo paciente asfixiado. Na presença de edema ou oligúria solicitar eletrólitos, uréia, creatinina. NTA: alterações de sódio, com elevação de K, Cr e U Calcular excreção fracionada de sódio (EFNa) EFNa= Na urinário/ Na sérico x100] Ur urinária/ Ur sérica Se > 2.5: oligúria de causa renal Se < 2.5: oligúria pré-renal Exames complementares Acometimento cardíaco: Solicitar CKMB e Cárdio troponinas I e/ou T Shastri e cl: forte correlação entre níveis de troponina I com grau clínico de EHI e duração de suporte inotrópico nas primeiras 36h de vida CKMB: S 75.7% e E 56.6% Detectável após 6h de insulto e com pico entre 12-18h Permanece no sangue por 6 a 10 dias Troponina-T cardíaca: S 97,3% e E 82,6% Níveis de enzimas cardíacas em disfunção miocárdica em neonatos com asfixia perinatal Autor(es): Rajakumar PS et al. Apresentação: Carolina Ery, Isabela Silvério, Paulo R. Margotto Exames complementares Acometimento neurológico Ecografia transfontanela com doppler: PRECOCE – à procura de hemorragias e, durante evoluçãoda doença, com fins prognósticos TC e RNM: mostram melhor a magnitude do edema e as áreas de isquemia Prognóstico Prognóstico Segundo Sarnat e Sarnat: 100% dos RN do estágio 1 terão follow- up neurológico normal; 80% dos pertencentes ao estágio2 serão neurologicamente normais; os anormais serão os que ficaram neste estágio por mais de 5-7 dias. Encefalopatia grave (estágio 3) morrerão 50% enquanto a outra metade desenvolverá seqüelas neurológicas graves Esta avaliação pode ser realizada ao nascer, mas deve ser repetida com 72 horas, com o RN mais estável. Resumindo... RN asfixiado: Identificação precoce Reanimação pronta e efetiva – MUITO IMPORTANTE Cabeceira elevada, evitar manipulação da cabeça, ambiente calmo. Cateterismo de vasos umbilicais Dieta zero por 72 horas. Manuseio hídrico individualizado de acordo com a PA, PVC e Na. Manter a PAM adequada Ventilação mecânica: Manter PCO2 e PO2 em valores normais. Exames: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 1. 2. 3. 10. 11. 12. CK-MB, TroponinaT e ecocardiograma, EAS Ecografia Tranfontanela Dosagem dos fatores de coagulação, plaquetas, TGO, TGP Evitar a hipertermia. Reconhecer e tratar precocemente as convulsões. Hipotermia – Promissor! Bibliografia Zaconetta, C.M. – Asfixia Perinatal, 2009 – Apresentando no III Congresso do Centro-Oeste de Medicina Intensiva – Acessado via www.paulomargotto.com.br em 05/08/2013 Asfixia perinatal: é um evento intraparto? Autor(es): Carlos Zaconeta Rotinas Unidade Neonatal – Maternidade Frei Damião, Março 2009 – acessado via internet Margotto, PR, Resende JG. Assistência ao recém-nascido de risco. In. Margotto PR. Assistência ao Recém-Nascido de Risco, ESCS, Brasília, 3ª Edição, 2013 Assistência ao recém-nascido na Sala de Parto Autor(es): Paulo R. Margotto, Jefferson Guimarães Resende Moreira, M.E – Asfixia Perinatal, 2005 – acessado via www.paulomargotto.com.br Asfixia perinatal Maria Elisabeth Moreira (RJ) Asfixia Perinatal. Zaconeta CA, Gonçalves FC, Margotto PR. In. Margotto PR. Assistência ao Recém-Nascido de Risco, ESCS, Brasília ,3aEdição Asfixia perinatal Autor(es): Carlos A. M. Zaconeta, Fabiano Cunha Gonçalves, Paulo R. Margotto OBRIGADO! Dra. Nathalia M. Teles Staffs e Médicos Residentes da Unidade de Neonatologia do HRAS Meu profundo agradecimento pela Homenagem do dia 22/8/2013! Equipe de Neonatologistas do Hospital Materno Infantil de Brasília/ Hospital Regional da Asa Sul, incluindo os colegas Aposentados