PROCESSO DE SUBJETIVAÇÃO NA PERSPECTIVA DE HENRI WALLON: A psicogênese da pessoa completa 1. Pressupostos da teoria walloniana Pessoa contextualizada, completa e complexa; Estudo integrado do desenvolvimento (afetividade-motricidade-inteligência); Direção do desenvolvimento: indiferenciação humano diferenciação/individuação 2. Leis que regem o desenvolvimento da pessoa Predominânica Funcional: predominância de um determinado tipo de funcionamento mental (afetivo e cognitivo) que interfere na forma como o sujeito se relaciona com o mundo; Alternância Funcional: alternância entre as formas de atividades e interesses das crianças. Assim, ora o interesse se volta para o interior, para o conhecimento de si, para a construção do “eu”– fase centrípeta, ora para o exterior, para a descoberta do mundo- fase centrífuga; Integração Funcional: cada estágio que se sucede integra o anterior, reformulando-o. 3. Estágios do desenvolvimento Estágio Impulsivo-emocional (1º ano de vida) afetivoconstrução de si ◦ ◦ ◦ ◦ Indiferenciação do eu; Impulsividade motora; Atividade monopolizada pelas necessidades fisiológicas; A impulsividade vai se transformando em expressividade e forma de comunicação com o outro; ◦ Estabelecimento de relações entre suas manifestações e as reações do meio humano; ◦ Emoção como instrumento de interação. 3. Estágios do desenvolvimento (cont.) Estágio Sensório motor e projetivo (até 3 anos) cognitivo – construção do real ◦ Incontinência exploratória; ◦ Aparecimento da marcha, da linguagem e da função simbólica; ◦ Ato mental se projeta em atos motores; ◦ Consciência do eu corporal ◦ Estágio das “personalidades permutáveis”, onde a percepção da criança ainda é dominada “por um estado de indivisão entre o que se revela da situação exterior ou do próprio sujeito”. 3. Estágios do desenvolvimento (cont.) Estágio Personalista (3 - 6 anos) afetivo – construção de si ◦ Construção da consciência de si pela interação social (é a diferenciação psíquica da criança em relação ao outro); ◦ Necessidade de manifestação expressiva (espaço e permissão para a ação); ◦ A criança já se auto denomina “eu”,“mim”; ◦ Marcada por 3 fases: Oposição - A criança precisa se opor ao outro para demarcar seu espaço, em busca da afirmação de si. Sedução - criança sente necessidade de ser admirada Imitação - criança busca incorporar o outro imitando-o 3. Estágios do desenvolvimento (cont.) Estágio Categorial (6-11/12 anos) cognitivo – construção do real ◦ Pensamento pré-categorial até os 9-10 anos; ◦ Superação gradual do sincretismo do pensamento; ◦ Capacidade de autodisciplina mental (atenção); ◦ Inteligência discursica (pensamento por pares); ◦ A formação de categorias intelectuais possibilita à criança a identificação, a análise, a definição e a classificação dos objetos ou acontecimentos . ◦ Aquisição da capacidade conceitual. 3. Estágios do desenvolvimento (cont.) Estágio da Puberdade e da Adolescência (11-12 anos) afetivo – construção de si ◦ Ocorrência de modificações fisiológicas impostas pelo amadurecimento sexual; ◦ Necessidade de reorganização do esquema corporal; ◦ Nova definição dos contornos da personalidade; ◦ Envolve questões pessoais, morais e existenciais. 4. A Emoção na teoria de Wallon A afetividade precede nitidamente o aparecimento das condutas cognitivas e as possibilita, daí a afirmação de que estimular a afetividade é nutrir a inteligência; A emoção, tipo particular de manifestação afetiva, é o primeiro recurso de que o ser humano dispõe para comunicar-se e interagir com o outro; As emoções são expressivas e contagiosas; As emoções são antagônicas às atividades reflexivas: “A razão nasce da emoção e sobrevive de sua morte” 5. O Movimento na teoria de Wallon As necessidades cinéticas, de movimento, e as necessidades posturais são imprescindíveis ao desenvolvimento infantil; “Quem sustenta o pensamento no início é a motricidade, que será depois inibida por ele.” (DANTAS, 1990); A redução da motricidade exterior e o progressivo ajustamento do movimento ao mundo físico está ligada, também, à possibilidade de controle voluntário sobre o ato motor. O controle da criança sobre suas próprias ações, o que Wallon denominou de “autodisciplinas mentais”, é um processo lento e gradual que depende de fatores orgânicos e sociais. 6. Contribuições da teoria de Wallon na Educação O meio, que inclui os objetos físicos e as relações humanas, é de extrema importância para o desenvolvimento da pessoa. Neste sentido, é de fundamental importância que o ambiente físico das instituições de Educação Infantil seja planejado e estruturado de acordo com as características e possibilidades das crianças; O papel do outro na construção do conhecimento é indiscutível. Dessa forma, as interações da criança com a professora e com as outras crianças tornam-se condição para a construção não só de conhecimentos, mas da sua personalidade como um todo. 6. Contribuições da teoria de Wallon na Educação (cont.) O professor deixa de ser o agente exclusivo de informação e formação das crianças, uma vez que a interação com as outras crianças também assume um papel fundamental no desenvolvimento e aprendizagem de cada uma delas. Seu papel, contudo, é de extrema importância já que é ele quem irá possibilitar e mediar as interações das crianças entre si e delas com os objetos de conhecimento; A prática pedagógica precisa ser pautada nas necessidades das crianças como um todo e promover o seu desenvolvimento em todos os aspectos: afetivo, cognitivo e motor. 6. Contribuições da teoria de Wallon na Educação (cont.) O movimento é imprescindível ao desenvolvimento da criança. Dessa forma, as instituições de Educação Infantil devem prever espaços onde elas possam realizar movimentos amplos como correr, pular, rolar… e as professoras devem ser flexíveis em relação à disciplina motora não exigindo, por exemplo, que as crianças permaneçam muito tempo na mesma posição; A brincadeira também assume um lugar essencial no desenvolvimento da criança e, dessa forma, as professoras precisam programar atividades em que elas possam usufruir desses espaços e prever tempo suficiente para que as brincadeiras surjam, se desenvolvam e se encerrem; 6. Contribuições da teoria de Wallon na Educação (cont.) A emoção ocupa um lugar privilegiado no desenvolvimento do sujeito, em especial da criança pequena e, portanto, verifica-se a necessidade de uma boa relação afetiva entre a professora e a criança no contexto da Educação Infantil; Os conflitos, crises e contradições são pontos fecundos para a compreensão da pessoa humana. Sabendo da importância e necessidade das condutas de oposição da criança em relação ao outro para o processo de construção de sua personalidade a professora pode atribuir um valor positivo ao conflito e procurar estratégias pedagógicas para contornar as situações que envolvem maior descontrole emocional.