CONEXÕES ENTRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E O MEIO SOCIAL: UM ENFOQUE SOBRE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS EM UMA INICIATIVA DE ESTIMULAÇÃO ESSENCIAL CAMARGO, Renata Gomes - UFSM [email protected] Eixo temático: Educação Infantil Agência financiadora: Não contou com financiamento. Resumo Considerando a abrangência da modalidade educacional Educação Especial, onde desenvolvemos nossa formação profissional, o enfoque do presente trabalho, que foi elaborado à partir de um relato de experiência em uma iniciativa que trabalha com educação infantil, mais especificamente estimulação essencial, volta-se para a demonstração das possíveis relações entre o meio social educacional e a configuração das relações interpessoais com aspectos específicos do processo de aquisição da linguagem de uma criança Síndrome de Down com 4 anos, do sexo masculino, o que foi possível analisar através da observação participativa na turma em que o aluno freqüentava no segundo semestre de 2008, no Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão em Educação Especial –NEPES- , do Curso de Educação Especial, da Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria-RS. Assim, fizemos uma apreciação da importância da linguagem no desenvolvimento global da criança, bem como os fatores e características relacionados à aquisição desta as peculiaridades desta e as constatações relacionadas às relações interpessoais, e também demonstramos algumas possibilidades de qualificação destas para que este meio social educacional de estimulação essencial onde podemos observar o aluno, bem como os espaços educacionais que ele venha a freqüentar, contribuam ainda mais para o desenvolvimento da linguagem oral e expressiva de J, o que possivelmente será benéfico inclusive para todos os demais alunos. Na afirmação de Vigotsky (2006, p. 115) que ressalta que “o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daquelas que a cercam.”, verificamos a relevância de pensarmos e concretizarmos neste artigo as relações entre o meio social e o desenvolvimento da linguagem, neste caso, a linguagem oral/expressiva, o por isso a análise das relações interpessoais onde esta dá-se pela necessidade da comunicação, e assim tentarmos entender um pouco mais da constituição desta aprendizagem complexa que é a linguagem, e assim, poder auxiliar com mais eficácia nossos alunos no seu desenvolvimento. Palavras-chave: Interpessoais. Educação Infantil. Estimulação Essencial. Linguagem. Relações 3699 Introdução As experiências que temos a oportunidade de vivenciar durante nosso processo formativo podem nos auxiliar a observar a realidade de trabalho na qual vamos nos inserir. Assim, dentro da abrangência do campo da Educação Especial, que segundo Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (2008) têm-se que esta tem suas ações direcionadas para as especificidades dos alunos com necessidades educativas especiais. Na caracterização da educação especial, encontramos a educação infantil, e ainda, dentro desta podemos encontrar iniciativas que trabalham no âmbito da estimulação essencial para crianças com necessidades educativas especiais. Embasando-nos novamente na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva de 2008, que nos expõe as características da educação infantil O acesso à educação tem início na educação infantil, na qual se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança (BRASIL, 2008, p.10). E neste contexto, temos a especificidade da estimulação essencial, que segundo as Diretrizes do MEC/SEESP (1995, p.11), consiste em um “Conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo”. O Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão em Educação Especial -NEPES-, do Curso de Educação Especial, da Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria-RS, espaço em que se desenvolve o Projeto de Estimulação Essencial do NEPES (PEEN), configura-se como uma iniciativa de educação infantil, para estimulação essencial Iniciamos a participação no projeto já mencionado no segundo semestre de 2008, e o presente trabalho consiste em um relato de experiência, baseado nas informações obtidas através de observação participativa sobre um aluno participante, durante 4 meses, que por fim contaram em um parecer pedagógico, com os dados coletados e sugestões para encaminhamento do aluno. 3700 A criança observada tem 4 anos, é do sexo masculino, têm Síndrome de Down, e o chamarei pelo nome fictício J. A contradição presente na idade de atendimento prevista no projeto (0 à 3 anos e 11 meses), e a idade do aluno, existe porque seu atendimento iniciou no início do ano de 2008 quando ainda tinha 3 anos, e as atividades se organizam em período anual. Durante a observação, verificou-se dificuldades neste aluno relacionadas à alguns aspectos da sua linguagem, logo neste trabalho daremos enfoque á esta perspectiva, procurando analisar quais são as possíveis relações entre o meio social educativo NEPES à que pertence J e as relações interpessoais que estabelece neste, com o seu desenvolvimento da linguagem, que por decorrência parecia deficitária. A criança começa a perceber o mundo não somente através dos olhos, mas também através da fala. Como resultado, o imediatismo da percepção “natural” é suplantado por um processo complexo de mediação; a fala como tal torna-se parte essencial do desenvolvimento cognitivo (VIGOTSKI, 2006, p. 43). Esta temática que nos dá subsídios para desenvolver este trabalho, encontra respaldo na citação acima, que vem salientar a importância da linguagem, que perpassando o meio social, contribui para o desenvolvimento das crianças. Desenvolvimento Quando voltamos nosso olhar para o desenvolvimento global da criança, nomeamos diversos fatores que influenciam este, dentre os quais, a aquisição da linguagem. A linguagem é um dos aspectos importantes do desenvolvimento da criança e sua aquisição mantêm íntima relação com múltiplos fatores, entre os quais destacam-se o biológico, o afetivo e o social. Da adequada condição destes fatores e de sua interação estabelecer-se-á o processo deste complexo aprendizado (ZORZI,1993, p. 7). Assim, verificamos que a linguagem é de fundamental importância para que o desenvolvimento infantil aconteça sem prejuízos na sua evolução, pois não delimita-se à sua função expressiva, influenciando outras áreas deste, por isto o nosso interesse em dar enfoque à linguagem neste trabalho. 3701 Relacionando a linguagem com o meio social, temos a afirmação de Vigotsky (2006, p. 115) que ressalta “o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daquelas que a cercam.” Estas declarações nos permitem visualizar os assuntos aos quais daremos enfoque neste artigo, relacionados ao relato de experiência, vivenciado com a criança J, sendo estes as relações interpessoais estabelecidas em um meio social educacional, e as possíveis influencias destas no processo de desenvolvimento da linguagem de J. O aluno J tem Síndrome de Down, sendo esta uma síndrome que acontece devida à uma má distribuição dos cromossomos, advinda de três fatores possíveis: presença de um cromossomo a mais no código genético (Trissomia do 21), apenas algumas células são afetadas pela trissomia do cromossomo 21 (mosaicismo), e por fim, o cromossomo adicional ou parte dele une-se á outro cromossomo presente (translocação). Pensando nesta característica de J, vamos direcionar os comentários para a sua dificuldade na aquisição da linguagem, à nível de expressividade, que poderia já ser esperada, pelas peculiaridades da própria síndrome, conforme Bautista (1992) deve-se á fatores, como por exemplo, pouca rigidez dos músculos da face (hipotonicidade), perturbações fonatórias que dificultam a expressão distintiva dos sons, hipotonia da língua e dos lábios. Estes autores contemplam fatores orgânico-biológicos relacionados á linguagem, mas vamos perceber no caso de J, que estes não configuram os aspectos mais relevantes para que ele desenvolva mais esta. Desde bebê, J foi muito estimulado, sempre recebendo atendimento sem interrupções em instituições com finalidade educacional, durante um bom tempo freqüentou a APAE (Associação dos Pais e Amigos do Excepcional), depois pela mudança da família para Santa Maria, começou a receber atendimento no NEPES. No NEPES, iniciativa-contexto social educacional em que J recebe atendimento pedagógico atualmente, onde podemos observá-lo, as atividades que permitiram a elaboração deste trabalho, que J juntamente com seus colegas realizou, foram brincadeiras variadas com finalidade pedagógica propostas pelas estagiárias. Logo, a observação teve por base [...] o modelo proposto para a identificação das necessidades educacionais especiais descentra-se do aluno, como único foco da análise, pois baseia-se numa concepção interativa e contextualizada de seu desenvolvimento e aprendizagem. A avaliação estende-se, portanto, aos diversos âmbitos e dimensões presentes no seu processo de educação, com ênfase para a escolar, examinados em suas múltiplas e complexas inter-relações. (BRASIL, 2006, p. 46). 3702 O aluno J não possui dificuldade para entender quando as pessoas dirigem-se à ele, sempre sabe o que está passando sem ficar alheio aos acontecimento, dentre outras solicitações e diálogos, acata e executa ordens, como em um dia em que todos os alunos do NEPES foram reunidos em uma sala para assistir teatro com fantoches, a professora de J pediu que ele entregasse pirulitos para seus colegas, ela pronunciava o nome de cada um e J dirigiu-se a todos sem cometer erros. Estas atitudes de J demonstram que seu nível de desenvolvimento do processo de comunicação, ligado á compreensão da linguagem estão bem desenvolvidos, pois possui elementos fundamentais para que esta seja eficaz, que são [...] atenção à fala ambiente, interesse pela linguagem, olha para as pessoas quando estão falando, atende quando é chamada, compreensão de ordens, de solicitação e da linguagem usual (cotidiana), compreensão de enunciados com maior complexidade gramatical e/ou que não se referem diretamente á ela (ZORZI, 1993, p. 61). Nesta mesma oportunidade, podemos verificar que está iniciando sua compreensão de ações de nível simbólico, estando muito atento á história dos fantoches, interagindo quando as personagens dirigiam-se à ele. Estas ações demonstram a importância de J freqüentar um espaço de estimulação essencial, onde há a promoção de atividades diferenciadas que potencializam seu desenvolvimento, que talvez se não recebesse este atendimento não estaria em contato com estas, possivelmente retardando o mesmo. Em outro dia, em que as crianças estavam brincando de corrida de cavalos de pau, J finge cair do cavalo e ficar doente por isso, chego até ele e “fazemos de conta” que passo um remédio em sua perna, e ele sai feliz para continuar a brincadeira, trazendo presente a idéia de Vigotski (2006) vemos que no brinquedo simbólico as crianças podem desenvolver um sistema complexo de fala, que acontece através de gestos e objetos que são utilizados na brincadeira. Pensamos que na apreciação da sua linguagem proposta neste trabalho, podemos demonstrar que J possui boa comunicação não-verbal, pois fazendo uso dos estudos de Zorzi (1993) verificamos que existe uma intencionalidade na comunicação e esta atinge um nível elementar de simbolismo. 3703 Em um trabalho com reconhecimento das cores primárias, J nomeia somente algumas, este exemplo nos mostra o atraso no desenvolvimento da linguagem oral de J, baseando-nos na citação de Pedroso & Rotta (2006, p. 203) “ com quatro anos a fala deve ser clara e correta; e acredita-se que até quatro anos e seis meses deva ter completa inteligibilidade para fonologia do português e do inglês.” Um fato interessante, foi uma ocasião em que J separa-se dos demais e vai até o quadro-negro e começa a escrever, achei bastante significante esta sua prática, interroguei sobre o que estava escrevendo e ele disse que era o seu nome, a atitude de J, pelo ambiente estimulante que lhe é proporcionado, onde o contato com a leitura e escrita é bastante presente, principalmente pelo ato de contar e mostrar histórias, já está desenvolvendo o interesse pela escrita, inclusive sabendo distinguir onde são imagens e onde são textos escritos, principalmente nos livros de histórias. Nas atividades é sempre capaz de colaborar, mas é bastante inseguro quanto ás suas ações, e nas situações novas precisa de um tempo para acostumar-se e adaptar-se, apesar disto consegue organizar-se nas suas brincadeiras, quando está entretendo-se sozinho finge uma leitura, observa as figuras, adora ouvir histórias. Assim, começamos a perceber que algumas características emocionais, relacionadas à ocorrências nas relações interpessoais do meio social educativo, vêm interferindo no desenvolvimento da sua linguagem oral expressiva. Sentimos durante o período de observação que J quando podia ficar mais distante dos seus colegas, realizando suas atividades individualmente sempre o procurava fazer, as tentativas para que J falasse algo e interagisse com os demais, sempre foram difíceis. Em outro dia, já com outro olhar sobre as brincadeiras, verificamos que J esforça-se para tentar brincar com os outros, até porque é muito carinhoso e afetivo, mas no decorrer da atividade lhe perguntamos qualquer coisa e ele pensando para responder gera a fala de outro colega “não pergunta prof., ele não sabe falar”, fazendo com que J se exclua como sempre e não fale mais até o fim da aula, por mais que depois nos esforçássemos para traze-lo de volta, não houve resposta. Portanto, não basta que haja um incentivo por parte das educadoras e atividades relacionadas ao desenvolvimento da linguagem oral que J apresenta déficits, se não há uma preparação e conscientização das crianças, para que consigam compreender melhor seus colegas e respeitá-los, melhorando suas relações interpessoais, para que nestas possam 3704 expressar-se mais, pela necessidade de comunicação que estas geram, desenvolvendo sua linguagem oral. Desse ponto de vista, aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma seriam impossíveis de acontecer (VIGOTSKI, 2006, p. 118). Acreditamos que o meio mais eficaz para que J evolua no desenvolvimento da sua linguagem expressiva, é a qualificação das relações interpessoais que pode estabelecer com seus colegas, pois nestas a oralidade é exigida frequentemente para conseguir se comunicar com os colegas. E é disto que pensamos que mais necessita J nesta etapa de seu desenvolvimento, pois nos demais aspectos não encontramos dificuldades, e nem mesmo, em outros do próprio desenvolvimento da linguagem, por exemplo, como apontamos anteriormente que à nível de compreensão da fala dos outros não tem problemas para interpretar. Logo, precisa-se repensar como as relações interpessoais estão acontecendo neste meio educacional, o NEPES, pois estas precisam acontecer de maneira que proporcionem aos alunos, especialmente J pelas suas características, um convívio tranqüilo e benéfico com os demais, configurando-se em um ambiente potencializados do desenvolvimento da linguagem. Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológico), e, depois, no interior da criança (intrapsicológica) (VIGOTSKI, 2006, p. 75). Analisando a citação acima, percebemos o quanto importante é para o desenvolvimento da linguagem oral nos alunos, que o meio social em que se encontram, favoreça este, principalmente pela qualidade das relações interpessoais que aí estabelecem, pois é por meio destas que precisam utilizar a linguagem de maneira expressiva, pela necessidade de comunicar-se com os demais. 3705 Especialmente no caso de J não consegue fazer uso que deveria do elemento da linguagem oral expressiva, e precisa que o espaço onde se encontra o deixe seguro e estimulado á expressar-se oralmente. Por meio da linguagem a criança aprende a expressar seus sentimentos, explicar suas reações e compreender a dos outros, conhecer diferentes pontos de vista sobre um mesmo fato e incorporar valores e normas sociais. Aprende também a dirigir e organizar seu pensamento e a controlar sua conduta, favorecendo assim uma aprendizagem cada vez mais consciente (VALMASEDA, 2004, p.72). Percebemos assim, que o meio analisado, espaço educacional de estimulação essencial, pode qualificar-se ainda mais para atuar como potencializador do desenvolvimento de J, qualificando as relações interpessoais entre os alunos, trazendo esta ação contribuições para o aluno e seus colegas. Considerações finais Acreditamos que já que J tem a oportunidade de estar em um meio social, que tem suas ações voltadas para a estimulação essencial do seu desenvolvimento, o NEPES, pela verificação do que não está tão bom, neste caso as relações interpessoais entre os alunos, procurar melhorar este aspecto para passar a contribuir mais com o desenvolvimento da linguagem oral de J, e de todos os outros, porque vimos ao longo do texto o quanto a linguagem é importante no desenvolvimento das crianças. As relações interpessoais precisam perder o caráter de dificuldade, e passar a ser um objeto de busca e prazer de J nas atividades que desenvolve no espaço educacional a que pertence, e aos quais vai pertencer. Visualizando o caso de J, podemos averiguar neste a situação de muitas crianças que precisam desenvolver sua linguagem expressiva, especialmente pela relevância que esta tem no desenvolvimento global, e não encontram nos meios sociais subsídios que geram as condições necessárias para que isto aconteça. Não é fácil buscar e estimular as crianças na educação infantil á estabelecerem relações interpessoais, até porque muitas delas não encontram-se em uma fase do desenvolvimento que sua atenção não está muito voltada para isso, porém por todos os fatores que demonstramos ao longo do presente trabalho, verificamos que apesar das adversidades, precisamos estimular isto. 3706 Analisando o desenvolvimento global de J, juntamente com as considerações que fizemos pela observação participativa, vemos que as instituições em que ele vem recebendo atendimento na educação infantil têm cumprindo sua função, que segundo Kramer (1988) é de favorecer o desenvolvimento infantil e a aquisição-construção de conhecimentos (produzidos socialmente) relativos ao mundo físico e social. Porém, sempre existem melhoramentos que devemos buscar para o trabalho que desenvolvem, por exemplo, na atuação do NEPES a qualificação das relações interpessoais de seus alunos. É de elementos como este que J necessita pois, do ponto de vista orgânico-biológico está bem preparado para evoluir na sua linguagem oral, precisando então que os meios sociais, especialmente os espaço de educação infantil que freqüenta, proporcionem a segurança e estímulo necessários para que ele comece á expressar-se mais, e assim, evoluir na sua linguagem oral e expressiva. Outra sugestão é a ampliação da gama de possibilidades de estabelecimento de relações interpessoais por J, através do seu ingresso também em outra instituição educativa, como uma escolinha de educação infantil, que por ter um número maior de crianças, dentre outros pontos, poderá ser um ambiente bastante estimulador e desafiador para J, que no início poderá sentir-se retraído, mas pensamos que com o passar do tempo, pela crescente necessidade de comunicar-se para receber atenção neste meio com mais indivíduos, este desafio o impulsionará a buscar seu espaço, e através desta atitude desenvolver sua comunicação. Pela observação de outras crianças, neste novo espaço educacional, esperamos que J perceba o quão significativa é a linguagem na vida das pessoas, que estão quase o tempo todo buscando interagir com os demais por meio da fala. Sabemos que J é uma criança muito interessada e com plenas condições para avançar nas suas aprendizagens, então como tem a oportunidade de freqüentar um espaço de educação infantil, é bom que as práticas desenvolvidas neste, sejam preparadas com a intencionalidade de estimular seu desenvolvimento, especialmente através das suas relações interpessoais que de empecilho para o desenvolvimento da sua linguagem se torne um potencializador. REFERÊNCIAS BAUTISTA, R. (Org.). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa: Dinalivro, 1997. 3707 BRASIL, Ministério da Educação e Secretaria da Educação Especial. educacionais sobre estimulação precoce. Brasília: MEC/SEESP, 1995 Diretrizes __________ Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 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