Primeiro Reinado (1822 - 1831) 1. O Significado da Independência A independência do Brasil beneficiou à Inglaterra, pois em pleno processo de industrialização os britânicos poderiam comercializar diretamente com o Brasil e beneficiou também a aristocracia rural, que adquiriria a liberdade de comercialização. A burocracia portuguesa, assim como aqueles portugueses, cujos interesse já estavam fincados no Brasil, também defenderam a independência, desta maneira a ruptura política se tornou o caminho inevitável. Diante do quadro de interesses no processo de ruptura política, o Brasil, após a independência, manteve a estrutura de plantation (agroexportadora, latifundiária, monocultora e escravista) e a dependência econômica e financeira da Inglaterra. 2. O Reconhecimento da Independência Após a independência política, o Brasil precisava ser reconhecido como nação independente para poder estabelecer relações econômicas e políticas. Como o Brasil era dependente economicamente e financeiramente do exterior, o processo de reconhecimento da independência sempre estabeleceu acordos desvantajosos para o Brasil. Desta forma, Portugal, ao reconhecer a independência do Brasil, exigiu o pagamento de uma indenização de 10 milhões de libras, dinheiro que o Brasil tomará emprestado da Inglaterra, levando ao surgimento da dívida externa brasileira. Os Estados Unidos foi a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil. A Inglaterra impôs ao Brasil os tratados que acabaram não sendo cumpridos pelo Brasil: Tratado de 1826: o Brasil se comprometia a acabar com o tráfico negreiro Tratado de 1831: eram declarados livres os escravos importados da África a partir daquela data. 3. A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 Após a independência, o Brasil buscava elaborar a sua primeira Constituição. O projeto de Constituição elaborado pela aristocracia rural na assembleia nacional constituinte ficou conhecido como Constituição da Mandioca. Este projeto buscava limitar a participação popular, com a adoção do voto censitário medido pelo valor do alqueire da mandioca e limitar também o poder do rei. D. Pedro I era formado no absolutismo, filho do rei de Portugal e não iria aceitar ter os seus poderes limitados. D. Pedro I, então, dissolve a Assembleia Nacional Constituinte e impõe (outorga) a Constituição de 1824 que, apesar de seu caráter liberal, na prática estabelece poderes absolutista ao monarca. 4. Constituição Outorgada de 1824 Poder Moderador Poder Executivo Poder Legislativo Poder Judiciário O poder moderador nomeava e demitia os juízes (poder judiciário), nomeava e demitia os ministros (poder executivo) e podia dissolver a Câmara dos Deputados. O imperador escolhia, a partir de uma lista tríplice (03 nomes), os senadores que eram vitalícios (exerciam o cargo até a morte). A Constituição de 1824 estabeleceu a eleição indireta, em dois graus. O eleitor de primeiro grau (ou paróquia) elegia o eleitor de segundo grau (ou província) e este elegia os deputados e senadores. O voto era censitário, ou seja, só votava quem tinha renda, o que excluía a participação popular. O eleitor de primeiro grau tinha que ter uma renda de 100 mil reis, o eleitor de segundo grau tinha que ter uma renda de 200 mil reis, o deputado de 400 mil reis e o senador de 800 mil reis. A Constituição de 1824 estabeleceu o regime do Padroado, ou seja, a Igreja era submetida ao Estado. O Estado mantinha a Igreja, nomeava as pessoas para os cargos eclesiásticos e qualquer determinação do Papa para ser aplicada no Brasil tinha que ter o beneplácito (autorização) do imperador. 5. Abdicação de D. Pedro I Fatores: a) Dissolução Constituinte de 1823 da Assembleia A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 e a imposição da Constituição autoritária de 1824 desagradou a aristocracia rural brasileira, que viu seus planos de controlar o poder político frustrados. b) Confederação do Equador Eclode em Pernambuco um movimento contrário ao absolutismo de D. Pedro I, que defendia a proclamação da República. A insatisfação ocorria em decorrência da dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 e da centralização do poder nas mãos do imperador. A proposta do movimento era separar o nordeste do Brasil, formando uma Confederação republicana. O movimento iniciado em Pernambuco se espalha pela Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, liderados por Frei Caneca. A violenta repressão, inclusive com a condenação à morte de frei Caneca, aumentou a insatisfação contra o governo absolutista do imperador. c) Questão Sucessória em Portugal Com a morte de D. João VI o trono português deveria ir para D. Pedro I. Este abdica do trono em favor de sua filha. Contudo, seu irmão, D. Miguel, usurpa o trono. O envolvimento de D. Pedro I na questão da sucessão do trono português cria o receio da possibilidade da união, novamente, entre Brasil e Portugal, desagradando a elite brasileira e a população. d) Assassinato de Líbero Badaró O assassinato do jornalista Líbero Badaró, crítico do governo absolutista de D. Pedro I, por elementos ligados ao imperador, cria grande insatisfação entre a população, principalmente pela impunidade em relação aos assassinos. e) A Guerra Cisplatina A Província Cisplatina (Uruguai) havia sido incorporada pelo Brasil no governo de D. João VI, no contexto das guerras napoleônicas. Neste momento a Província Cisplatina luta pela sua independência em relação ao Brasil. Esta guerra, ao provocar um número significativo de mortes, e ao agravar a crise econômica e financeira, desagrada a sociedade brasileira, que não via sentido no Brasil participar de uma guerra para manter uma região que não tinha laços culturais e históricos com o Brasil. f) Crise econômica e financeira A economia açucareira havia entrado em crise com a expulsão dos holandeses do Brasil, apesar de uma pequena recuperação. A mineração também estava em crise e não havia ainda um produto de importância econômica que pudesse se adequar à estrutura agroexportadora. A dívida externa brasileira era crescente e havia grande dificuldades para cumprir os compromissos externos (pagamento dos juros). g) A Noite das Garrafadas A insatisfação com o governo de D. Pedro I era extremamente grande. Buscando apaziguar os ânimos D. Pedro I faz uma visita à província das Minas Gerais e é recebido friamente. No retorno ao Rio de Janeiro, elementos portugueses promovem uma grande festa para receber o imperador. Este evento leva a um conflito aberto entre a população e o grupo ligado a D. Pedro I. Sem condições de governar, o imperador abdica do trono e retorna para Portugal deixando seu filho menor de idade, passando Brasil a ser governado por regentes.