Título: ANÁLISE DA INTERAÇÃO ENTRE UMA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA E SEUS PARES EM UMA CRECHE INCLUSIVA Autor: Maria Clara de Freitas Orientador: Enicéia G. Mendes Resumo: Desde a Constituição Federal de 1988 temos dispositivos legais que garantem a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas comuns. Entretanto, estudos nacionais indicam que faltam aspectos básicos para garantir não apenas o acesso, mas a permanência e o sucesso desses alunos em classes comuns. A presente proposta de investigação é parte de uma agenda de pesquisas sobre inclusão escolar no Brasil, que vem sendo realizada no âmbito do Grupo de Pesquisas sobre Formação de Recursos Humanos em Educação Especial - FOREESP, da UFSCar, e que tem como meta produzir conhecimento para colaborar com a construção de um sistema de creches inclusivas no âmbito do sistema municipal de educação de São Carlos. No ano de 2003, o número de matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns aumentou 30,6%, enquanto que as matrículas em creches em todo o país cresceram 7,3%. Esses dados evidenciam a importância de se promover a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em creches, seja porque elas na atualidade se constituem a porta de entrada para o sistema educacional para muitas crianças, seja porque a creche comum pode ser a única forma de atendimento em muitos municípios, ou ainda devido à importância da antecipação da educação precoce para maximizar as oportunidades de desenvolvimento para essas crianças. A presente investigação delimita a sua contribuição, dentro do plano mais amplo de investigação, em aprofundar o estudo da situação de brinquedo para a perspectiva da inclusão escolar em creches, e mais especificamente para conhecer a interação social entre crianças com e sem deficiências no contexto da sala de aula inclusiva. Assim, este estudo teve como objetivo descrever e analisar a interação entre uma criança com deficiência e seus pares sem deficiências, em uma tur ma comum. Isso foi feito através do registro de seis sessões de filmagens em situação natural, analisadas minuto a minuto por um protocolo desenvolvido para tal fim, que acessa as iniciativas e respostas interacionais, o status das crianças e a topografia dos comportamentos observados. Os resultados obtidos permitiram concluir que as crianças sem deficiência não emitiam muitos comportamentos interativos em relação à criança com deficiência, e pareciam preferir brincar predominantemente entre si. Da mesma forma, a criança-alvo também não emitiu altas freqüências de comportamentos direcionados às outras crianças. A topografia do comportamento também diferiu, com uma grande quantidade de vocalizações entre as crianças e poucas entre a crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. Concluiu-se a partir disso que o déficit de comunicação oral da criança com deficiência seria o fato principal para tal falta de interação entre ela e as outras crianças. Entretanto, a freqüência de interação entre a criança-alvo e os adultos foi bastante grande, bem como das vocalizações, o que afastou a hipótese de isolamento, mas por outro lado levou também, à conclusão de que tais educadores não estariam mediando apropriadamente as interações da criança com deficiência, o que poderia estar dificultando sua aceitação dentro do grupo. A partir destes resultados, então, foi elaborado um programa de intervenção futuro, enfatizando a análise funcional do comportamento da criança, de modo a tentar otimizar a resolução de problemas e a mediação das interações pelas educadoras.