67o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia Rio de Janeiro – Setembro 2012 PE-463 Pênfigo Vulgar com transição para pênfigo foliáceo: aspectos clínicos e histopatológicos Júlia Gomes Côrtes Lívia Arcanjo Fonteles Tullia Cuzzi Teichner Nurimar C Fernandes Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Ausência de conflito de interesse Pênfigo Vulgar com transição para pênfigo foliáceo: aspectos clínicos e histopatológicos INTRODUÇÃO • O termo pênfigo se refere a um grupo de doenças bolhosas autoimunes que é dividida em dois principais subtipos: pênfigo vulgar e pênfigo foliáceo. • Eles são distinguíveis pela sua patogênese, apresentações clínicas e histopatológicas características: o pênfigo vulgar frequentemente acomete mucosa e mostra acantólise suprabasal, já o foliáceo mostra escamo-crostas em tronco superior e face com histopatologia de acantólise subcórnea. • O objetivo deste relato é demonstrar o diagnóstico clínico e histopatológico consistente de pênfigo foliáceo após 6 anos de desenvolvimento do pênfigo vulgar. Pênfigo Vulgar com transição para pênfigo foliáceo: aspectos clínicos e histopatológicos RELATO DO CASO • Sexo masculino, 26 anos, acompanhado no serviço desde 2003 devido à lesões erosadas e dolorosas na mucosa oral, e bolhas flácidas na pele, quando obteve o diagnóstico de pênfigo vulgar baseado em suas características clínicas e histopatológicas. Foi tratado com corticoide 40 mg/dia, mas nunca obteve a remissão completa da doença. • Durante o ano de 2009, nova biópsia de pele foi realizada, já que o padrão lesional havia mudado, agora com lesões eritematocrostosas em couro cabeludo e erosões em troco e membros. O resultado histopatológico foi de pênfigo foliáceo. • Já realizou pulsos com ciclofosfamida, porém apresentou importantes efeitos colaterais que o impediram de continuar o tratamento. Pênfigo Vulgar com transição para pênfigo foliáceo: aspectos clínicos e histopatológicos RELATO DO CASO • No momento, está em uso de 30mg/dia de prednisona e 400mg/dia de hidroxicloroquina, e ainda apresenta lesões atribuídas à atividade da doença, tais como: – lesões eritemato crostosas em couro cabeludo (Figura 1), – eritemato papulosas em região frontal e malar bilateralmente (Figura 2), – e lesões eritemato papulosas, algumas erosadas em dorso (Figura 3). Figura 1: Dermatoscopia do couro cabeludo evidenciando lesão eritemato-crostosa Figura 2: Lesões eritemato-papulosas em região frontal e malar bilateralmente Figura 3: Lesões eritemato-papulosas, algumas erosadas em região dorsal Figura 4: Histopatológico evidenciando clivagem intraepidérmica alta, compatível com o diagnóstico de pênfigo foliáceo Pênfigo Vulgar com transição para pênfigo foliáceo: aspectos clínicos e histopatológicos DISCUSSÃO E CONCLUSÃO • A transição de pênfigo vulgar para foliáceo é um fenômeno raro e está associado a mudanças sorológicas dos autoanticorpos anti-dsg1 e 3. • No caso descrito, a confirmação se deu por meio do histopatológico. • No momento do diagnóstico de pênfigo vulgar quando o paciente demonstrava lesões orais, bolhas e erosões cutâneas, o histopatológico evidenciava acantólise suprabasal que se estendia até estrutura pilosebácea e focos de espongiose. • Sete anos após esse diagnóstico, lesões eritematocrostosas em couro cabeludo, papuloeritematosas em face (região frontal e malar bilateralmente), e erosões em dorso, e tronco superior, sugeriam outro diagnóstico, sendo algumas biopsiadas com laudo de clivagem intraepidérmica alta (Figura 4), confirmando o diagnóstico de pênfigo foliáceo. Pênfigo Vulgar com transição para pênfigo foliáceo: aspectos clínicos e histopatológicos DISCUSSÃO E CONCLUSÃO • A literatura descreve vários casos de transição confirmados pela histopatologia, imunofluorescência e alterações qualitativas na antidesmogleína. • No entanto, é impossível traçar um perfil segundo o tempo de evolução dessa transição, se ela será permanente ou não, e qual a resposta terapêutica diante deste quadro. Pênfigo Vulgar com transição para pênfigo foliáceo: aspectos clínicos e histopatológicos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Harman KE, Gratian MJ, Shirlaw PJ, Bhogal BS, Challacomb SJ, Black MM. The transition of pemphigus vulgaris into pemphigus foliaceus: a reflection of changing desmoglein 1 and 3 autoantibody levels in pemphigus vulgaris. Br J Dermatol. 2002 Apr;146(4):684-7. 2. Kimoto M, Ohyama M, Hata Y, Amagai M, Nishigawa T. A case of pemphigus foliaceus which occurred after five years of remission from pemphigus vulgaris. Dermatology. 2001;203:174-6. 3. Komai A, Amagai M, Ishii K, Nishikawa T, Chorzelski T, Matsuo I, et al. The clinical transition between pemphigus foliaceus and pemphigus vulgaris correlates well with the changes in autoantibody profile assessed by an enzyme-linked immunosorbent assay. Br J Dermatol. 2001;144:1177-82. 4. Ng PPL, Thng STG. Three cases of transition from pemphigus vulgaris to pemphigus foliaceus confirmed by desmoglein ELISA. Dermatology. 2005;210:319-21. 5. Tsuji Y, Kawashima T, Yokota K, Tateish Y, Tomita Y, Matsumura T, et al. Clinical and serological transition from pemphigus vulgaris to pemphigus foliaceus demonstrated by desmoglein ELISA system. Arch Dermatol. 2002;138:95-6.