Pênfigo vegetante de Neumann: Relato de caso Matana D, Amorim BDB, de Azevedo TP, Manhães IS, Dantas SG, Quintella DC, Fernandes NC Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro INTRODUÇÃO RELATO DE CASO O pênfigo vegetante é uma variante clínica rara do pênfigo vulgar, ocorrendo em 1 a 2% de todos os pênfigos. Afeta principalmente adultos e é caracterizado por erosões vegetantes em áreas flexurais e envolvimento da mucosa oral. Dois tipos são reconhecidos, o pênfigo vegetante de Hallopeau em que as lesões estão presentes desde o início da doença e o pênfigo vegetante de Neumann onde as erosões comuns do pênfigo vulgar tendem a formar lesões vegetantes. Mulher, 61 anos, com lesões vesicobolhosas em mucosa oral e couro cabeludo há cinco meses e, que, após dois meses, apareceram em outras regiões do corpo. Ao exame dermatológico apresentava bolhas flácidas em face, pescoço, tronco, abdômen e sulco interglúteo, com erosões (Figura 1) e, em região frontal, erosões recobertas por crostas melicéricas. Nas regiões axilares, inguinais e no sulco interglúteo apresentava placas vegetantes com hipercromia (Figuras 2 e 3). No exame histopatológico foi visto destacamento suprabasal com acantólise (Figura 4), assim, o diagnóstico de pênfigo vegetante foi confirmado pela clínica. O tratamento foi iniciado com Prednisona 120mg/dia (2mg/ kg/dia). A paciente evoluiu com significativa melhora em 10 dias de tratamento (Figuras 5 e 6). DISCUSSÃO O pênfigo vegetante foi primeiramente descrito por Neumann em 1876 como uma variante do pênfigo vulgar. Hallopeau, em 1889, descreveu um paciente com pústulas e placas vegetantes Figura 1: Presença de bo- Figura 2: Placas vegetantes que seria uma variante do pênfigo vegetante lhas flácidas com erosões em regiões axilares de Neumann. Ambos os tipos são caracterizaem face, pescoço e tronco dos por placas vegetantes, porém, as lesões diferem. O de Neumann inicia com vesículas e bolhas flácidas que rompem e formam erosões e evoluem com massas vegetantes com exsudação. O de Hallopeau inicia com pústulas que erodem e evoluem gradualmente para placas vegetantes. A segunda diferença entre os dois tipos é a resposta à terapêutica e prognóstico, sendo o tipo de Neumann com longos cursos e recorrências frequentes tendo um prognóstico pior. O tipo Hallopeau tem um curso relativaFigura 3: Placas vegetantes Figura 4: Acantólise e descom hipercromia em regiões tacamento suprabasal da mente benigno com possibilidade de remissão inguinais epiderme associados à espontânea. A terceira diferença é a histopatoacantose (HE,100X) logia. As lesões bolhosas do tipo de Neumann demonstram bolha intraepidérmica e acantólis. As lesões do tipo Hallopeau, mostram discreta acantólise suprabasal, muitos microabscessos intraepidérmicos e numerosos eosinófilos. Classificamos a paciente desse caso como pênfigo vegetante de Neumann pelos critérios clínicos e histopatológicos. Figura 5: Paciente após 10 Figura 6: Paciente após 20 dias de tratamento, dias de tratamento, sem bolhas, erosões e lesões apresentavam-se crostas melicéricas como máculas BIBLIOGRAFIA 1. Amagai M. Pemphigus. In: Bolognia JL, Jorizzo JL, Schaffer JV. Dermatology. 3 ed. New York: Elsevier Saunders; 2012:29:461-73. 2. Mimouni D, Bar H, Gdalevich M, Katzenelson V, David M. Pemphigus analysis of 155 patients. J Eur Dermatol Venerol. 2010;24:947-52. 3. Nanda S, Grover C, Garg VK, Reddy BS. Pemphigus vegetans of hallopeau. Indian J Dermatol 2005;50:166-67. 4. Wojnarowska F, Vernning VA. Immunobullous disease. In: Burns T, Breathnanch S, Cox N, Griffiths C. Rook´s Textbook of Dermatology. 8 ed. Reino Unido: Wiley-Blackwell; 2010:40:40.1-40.23. 5. Zara I, Sellani A, Bouguerra C, Sellani MK, Chelly I, Zitouna M et al. Pemphigus vegetans: a clinical, histological, immunopathological and prognostic study. J Eur Dermatol Venerol. 2011;25:1106-67. 70º Congresso Brasileiro da Sociedade de Dermatologia, 5 a 8 de setembro, São Paulo, SP