CASO CLINICO: Stevens Johnson Apresentação: Paulo Coelho Guimarães Júnior Coordenação: Luciana Sugai Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF Brasília, 30 de abril de 2010 www.paulomargotto.com.br História clínica – Brasília 12/02/2003 • • • • • Identificação PRM, 4 anos, masculino, natural e procedente do Gama. QP e HDA Lesão na pele há 03 dias Mãe refere, há 4 dias, início de quadro com hiperemia conjuntival. Dor em boca e febre de 39ºC, melhorada temporariamente com 30 gotas de dipirona. Posteriormente, notouse o surgimento de lesão em gengiva associada a leve gengivorragia. Procurou assistência médica sendo feito diagnóstico de conjuntivite e gengivite, quando a mãe foi orientada a procurar especialista. No mesmo dia, à noite, notou-se surgimento de pápulas eritematosas e pruruginosas, primeiro em pálpebras inferiores e depois em palmas das mãos e plantas dos pés. Procurou assistência médica novamente, sendo prescrito Nimesulida, hexomedine, tobramicina colírio, dipirona gotas, celestamine xarope, após diagnóstico de conjuntivite alérgica e estomatite. No dia seguinte, as pápulas eritematosas e pruriginosas se espalharam por todo o corpo. Com leve melhora da febre. Logo após, como houve piora do quadro, com escurecimento das lesões chegando a ficarem enegrecidas,associando-se a piora da febre e dispnéia moderada. Procurou o PS do HRC, onde ficou internado e foi prescrito cloranfenicol parenteral. No mesmo dia, quando a criança foi tomar banho, a mesma começou a descamar em face e dorso. Na reavaliação da tarde, apresentou à ausculta crépitos e taquicardia, com fígado doloroso à palpação a 4cm, do rebordo costal. EXAME FÍSICO • • • • • • • • Sinais Vitais: FC: 100 bpm; FR: 26 rpm; Temp: 37,1ºC; PA: REG, sonolento, com fáscies de dor, anictérico, acianótico, hipocorado +/4, hidratado, levemente taquidispnéico, com respiração ruidosa. Pele: lesões vesico bolhosas, escurecidas e, face, tronco e membros, com áreas de descamação em face, mamilo D e dorso, sem sinais de infecção secundária, semelhante a queimadura. Lesão com descamação em glande e região perianal. Refere dor e prurido. ACV: Ritmo cardíaco Regular, em 2 Tempos, Bulhas NormoFonéticas, sem sopros. AR: MV rude, com creptos em bases, tiragem subcostal discreta, sem sinais de uso de musculatura respiratória acessória. Abdome: flácido, indolor à palpação profunda, fígado a 3cm do RCD, baço impalpável, RHA+, Extremidades bem perfundidas, sem edema. Sem sinais meníngeos. Exames complementares • • • • • • Hemograma e bioquimica sanguínea: HC: 5,32 / 13,2/ 40,2 e 5200(47/38/12/2) Glicose:100 Uréia: 91 Creatinina: 0,7 Na: 137; k: 4,5, Cl:105 Exames de Imagem • Hiperemia conjutival • •Lesão gengival + gengivorragia •Pápulas pruriginosas → face, mãos e pés → escurecimento das lesões → Descamação laminar •Dispnéia de início súbito •Uso de medicamentos: dipirona, hexomedine, tobramicina, celestamine e cloranfenicol Hipóteses diagnósticas • Eritema Multiforme • Sínd. de Stevens Johnson • Pênfigo foliáceo • Síndrome de Lyell • Síndrome da pele escaldada Síndrome de Stevens-Johnson Erupção muco-cutânea ocorrendo a partir de várias etiologias Descrita primeiramente em 1866 É uma reação de hipersensibilidade do tipo III, de Gell & Coooms. Incidência: 1 a 6/milhão de habitantes A apresentação clínica envolve acometimento de mucosas e lesões em pele, A dor das lesões ulcerosas em mucosa costuma ser intensa, ao contrário da dor nas lesões cutâneas, Em média não ultrapassa 30% da superfície corporal, Progressão de máculas eritematosas que rapidamente e de forma variável desenvolvem necrose central, formando vesículas, bolhas e áreas de pele exposta na face, tronco e extremidades, A cura completa leva de 4 a 6 semanas em média, Principais causadores: AINES, M. pneumoniae e sulfonamidas, Achados laboratoriais: são bem inespecíficos. Leucocitose, VHS elevado e níveis elevados de transaminases. Complicações: Progressão das lesões cutâneas → perda insensivel de líquidos → DHE Lesões em mucosa: aderências e sínéquias Uveíte, panoftalmite, bronquite, pneumonite, miocardite, hematúria. Quadros graves → pneumobronquite Tratamento: Suporte e sintomático Afastar os possíveis medicamentos que pudessem estar causando a situação Lesões em genitália devem ser acompanhadas a fim de se evitar a formação de aderências. Os antibióticos devem ser prescritos na possibilidade de infecções secundárias (urinárias, cutâneas ou suspeita de bacteremia). Hipersensibilidade III Hipersensibilidade III Ocorre o depósito dos imunocomplexos nas células endoteliais. Por meio da via C5a ocorre a redução da expressão de FcRγII e aumento da expressão de FcRγIII, aumentando assim o potencial inflamatório. Eritema multiforme Possui apresentação distinta Geralmente não ocorrem sintomas prodrômicos É semelhante a alguns casos de doença do soro por cefaclor. A principal etiologia: Herpes vírus simples. Eritema multiforme Diagnóstico é pela lesão clássica: lesões anulares em alvo, com borda externa eritematosa, centro mais claro com aspecto purpúrico Máculas ou placas,com expansão centrífuga, Discreto edema intercelular e vacuolização na camada basal da epiderme. Tratamento: Suporte e sintomáticos O uso de Corticoesteróiedes ainda é controverso O uso de imunoglobulina intravenosa tem sido usada experimentalmente Reabilitação pode melhorar a morbimortalidade dos doentes. Síndrome de Lyell Incidência: 0,4 a 1,2/milhão. M: 40% Resultando em dano primário de células basais da epiderme Necrólise epidermóide tóxica (4 fases) 1 – bolhas e eritema multiforme 2 – ausência de lesões em alvo 3 – disseminação em 24 horas 4 – isquemia e necrose epidérmica 6 Pródromo: febre, dor, lesão de toda a epiderme. Aspecto de grande queimado. Conjuntivite e lesões orais não são tão graves quanto na SEJ. Evolução de desidratação grave, Distúrbio Hidroeletrolítico, choque e septicemia. Perda de 3 a 4 litros para os que possuem cerca de 50% da pele acometida Tratamento: Controle semelhante ao que se faz em queimaduras graves. Narcóticos são freqüentemente requeridos para aliviar a dor. Corticóides não tem comprovação na melhora do quadro. A metilprednisolona EV, isolada ou com imunoglobuilina, tem apresentado resultados positivos em pequenos estudos não-controlados. Pênfigo Vulgar: Inicialmente surgem lesões orais dolorosas, que podem ser a única manifestação por meses. Podem desenvolver lesões de odor fétido, verrucosas e granulomatosas nos locais de rompimento das bolhas Nikolsky presente. Tendem a poupar extremidades Foliáceo: Local de clivagem é no alto da epiderme, e não suprabasal, como no pênfigo vulgar. As lesões focais geralmente se locais no couro cabeludo, face, pescoço e parte superior do tronco. Diagnóstico: bolha acantolítica intraepidérmica alta á biópsia. Tratamento: dapsona ou preparação com corticóides tópicos ocasionalmente é o suficiente. Bibliografia Nelson, tratado de pediatria; Richard E. Behrman, Robert M. Kliegman, Hal B. Jenson. 17ª Edição. Cap. 644. Pág 2313 -2319 Bogliolo, patologia. Geraldo Brasileio Filho – 7ª Edição . Pág 245-252 Immunologic disorders in infants & children; E. Richard Stiehm, Hans D. Ochs, Jerry A. Winkelsteim – 5a Edição. Pág 994-997. Nota do Editor do site www.paulomargotto.com.br (Dr.Paulo R. Margotto)Consultem também: Caso Clínico: Síndrome de Stevens Johnson Autor(es): Diego Vilela Santos, Milena de Andrade Melo, Luciana Sugai Reações cutâneas graves adversas a drogas – aspectos relevantes ao diagnóstico e ao tratamento – Parte I – anafilaxia e reações anafilactóides, eritrodermias e o espectro clínico da síndrome de Stevens-Johnson & necrólise epidérmica tóxica (Doença de Lyel Autor(es): Mariana Grillo (R1)