Biofísica Modelos de Membrana Celular Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Resumo Mastoparanos Estrutura dos EMP-AF Anoplin Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Streptolisina Referências wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Mastoparanos Toxinas da vespa solitária Anterhynchium flavormarginatum micado. Essa vesta injeta seu veneno em lagartas e deposita seus ovos próximos à vítima. Devido à ação tóxica de seu veneno a lagarta fica paralisada, mas viva. Ao eclodirem, as jovens vespas terão um banquete fresco e vivo. Tal comportamento, indicou que o veneno da A. flavormarginatum micado, poderia ser uma rica fonte de moléculas com atividades antimicrobianas. Podemos imaginar o veneno dessas vespas como um coquetel de moléculas. A questão é: qual ou quais moléculas apresentam atividades biológicas? wfdaj.sites.uol.com.br Foto: Cortesia do Dr. K. Konno. BIOFÍSICA Mastoparanos Mastoparanos. Essas moléculas são peptídeos isolados em vespas e abelhas, muitos deles apresentam atividade biológicas, tais como, degranulação de mastócitos, atividades antimicrobiana e hemolítica. Essas moléculas atuam principalmente na membrana celular, provavelmente rompendo a integridade da bicamada lipídica. Os mastoparanos, identificados no veneno da A. flavormarginatum micado (EMP-AF), apresentam atividade hemolítica e de degranulação de mastócitos (Sforça et al., 2004). Mastoparanos são normalmente moléculas anfipáticas. wfdaj.sites.uol.com.br Referência: Sforça, M. L., Oyama, S. Jr., Canduri, F., Lorenzi, C. C., Pertinhez, T. A., Konno, K., Souza, B. M., Palma, M. S., Ruggiero Neto, J., Azevedo, W. F. Jr., Spisni, A. (2004). Biochemistry 43:56085617. BIOFÍSICA Estrutura dos EMP-AF Dinâmica molecular dos peptídeos EMP-AF. Simulações de dinâmica molecular permitem testar o comportamento dinâmico de moléculas biológicas, sem a necessidade de experimentos caros e, muitas vezes, de difícil realização no laboratório. As simulações de dinâmica molecular fazem uso de simulações computacionais, para acessar as propriedades fisico-químicas das moléculas. A estrutura tridimensional dos peptídeos EMP-AF foram determinados a partir da técnica de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) (Sforça et al., 2004). wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Estrutura dos EMP-AF Dinâmica molecular dos peptídeos EMP-AF. A análise do comportamento dinâmico dos peptídeos, com o C-terminal amidado (EMP-AF-NH2) e com C-terminal carboxilado (EMP-AF-COO-), indicam que a presença do grupo amina no C-terminal promove a estabilização da estrutura, o que verifica-se na dinâmica molecular, com uma estrutura 3D mais estável. O EMP-AF-COO- apresenta uma estrutura bem mais flexível. As simulações foram realizadas com os peptídeos em solução de água com TFE, que mimetiza as propriedades físico-químicas das membranas celulares. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Estrutura dos EMP-AF Dinâmica molecular dos peptídeos EMP-AF. Estudos sobre as atividades biológicas desses peptídeos, indicam que o EMP-AF-NH2 possui atividade de degranulação de mastócitos e hemolítica, bem mais alta que o seu equivalente sem o C-terminal amidado. A comparação dessa observação experimental, com as simulações de dinâmica molecular, indica que a estabilização da estrutura, no peptídeo EMP-AF-NH2 , é o fator fundamental para sua atividade hemolítica e de degranulação de mastócito amplificada em relação ao EMP-AF-COO- . wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Anoplin Toxinas da vespa solitária Anoplius samariensis. Essa vesta injeta seu veneno em aranhas e deposita seus ovos próximos à vítima, da mesma forma que a A. flavormarginatum micado. A ação tóxica de seu veneno paralisa a aranha, que será comida viva pelos filhotes da vespa ao eclodirem. Foto: Cortesia do Dr. K. Konno. Referência: Konno, K., Hisada, M., Fontana, R., Lorenzi, C. C., Naoki, H., Itagaki, Y., Miwa, A., Kawai, N., Nakata, Y., Yasuhara, T., Ruggiero Neto, J., de Azevedo, W. F. Jr., Palma, M. S., Nakajima, T. (2001). Bioch. Biophys. Acta. 1550:70-80. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Anoplin Anoplin. O veneno da A. samariensis é uma possível fonte de moléculas com atividades biológicas. O peptídeo Anoplin, uma decapeptídeo com o Cterminal amidado e sequência, GLLKRIKTLL, foi identificado no veneno da A. samariensis. Testes de atividade biológica mostraram ação antimicrobiana desse peptídeo, sendo o menor peptídeo que se tem notícia a apresentar tal ação. A versão sem o Cterminal não-amidado apresenta atividade antimicrombiana reduzida, quando comparada com o Anoplin-NH2. wfdaj.sites.uol.com.br Foto: Cortesia do Dr. K. Konno. BIOFÍSICA Anoplin Dinâmica molecular do anoplin. Simulações de dinâmica molecular dos Anoplin-NH2 e Anoplin-OH indicam que o peptídeo amidado apresenta uma estrutura mais estável, durante a dinâmica molecular em solvente idêntico ao usado para as simulações dos EMP-AFs (70 % água + 30 TFE). Análise da atividade antibiótica dos Anoplins, indica que o Anoplin-NH2 apresenta mais alta atividade antimicrobiana, mostrando que uma estrutura tridimensional mais estável amplifica sua atividade antimicrobiana. wfdaj.sites.uol.com.br Anoplin-NH2 Anoplin-OH BIOFÍSICA Anoplin Dinâmica molecular do anoplin. A estabilidade da estrutura do AnoplinNH2 proporciona uma estrutura com uma face positivamente carregada de forma mais intensa que a observada no Anoplin-OH. Este caráter amfipático do Anoplin-NH2, parece ser a característica física determinante, para sua atividade antimicrobiana amplificada. Leu 10 Lys 4 Lys 4 Thr 8 N-terminus Lys 7 Leu 9 Thr 8 Arg 5 Arg 5 Lys 7 Leu 9 N-terminus Leu 10 (a) Anoplin-NH2 (b) Anoplin-OH Referência: Konno, K., Hisada, M., Fontana, R., Lorenzi, C. C., Naoki, H., Itagaki, Y., Miwa, A., Kawai, N., Nakata, Y., Yasuhara, T., Ruggiero Neto, J., de Azevedo, W. F. Jr., Palma, M. S., Nakajima, T. (2001). Bioch. Biophys. Acta. 1550:70-80. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular A membrana celular animal apresenta uma bicamada lipídica de aproximadamente 60 Å de extensão, o que possibilita que proteínas como o centro de reação fotossintético atravessem a membrana, contudo peptídeos pequenos, como os mastoparanos e o anoplin, possuem comprimento de 21 e 15 Å, respectivamente, não permitindo que esses peptídeos atravessem a membrana celular. Resta a questão sobre a forma de ação desses peptídeos, visto que evidências experimentais indicam que os mesmos atuem na membrana celular, desestabilizando-a. Uma possível forma de ação desses peptídeos, é por meio do desmonte da camada externa da membrana, o que levaria à sua desestruturação e consequente quebra da membrana celular. A forma exata da ação dos peptídeos tóxicos com a membrana celular é ainda matéria de debate. Um possível modelo de interação do peptídeo com a bicamada está mostrado nos slides seguintes. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Ancoragem do peptídeo na membrana celular. ~60 Å wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Início da desestabilização da membrana celular. ~60 Å wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Início da desmontagem da primeira camada lipídica. ~60 Å wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Início da desmontagem da segunda camada lipídica. ~60 Å wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Desmontagem bicamada lipídica. da ~60 Å wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Início da passagem de citoplasma para o meio exterior e entrada de substâncias do meio extracelular. wfdaj.sites.uol.com.br ~60 Å BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Abertura de um grande canal transmembrana. ~60 Å wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular Fluxo de substâncias para o interior e exterior da célula leva à apoptose. wfdaj.sites.uol.com.br ~60 Å BIOFÍSICA Interação de Peptídeos Tóxicos com a Membrana Celular wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Streptolisina A toxina streptolisina é uma proteína produzida pelo Streptococcus pyrogenes de massa molecular 65 kDa. Essa toxina ligase à membrana celular, que apresenta colesterol na sua superfície. Depois de ligar-se à membrana a streptolisina polimeriza-se, formando poros na membrana celular (figura ao lado). Esses poros transmembranas podem ter até 350 Å de diâmetro. Os diagramas esquemáticos nos próximos slides ilustram os principais passos na formação dos poros. Referência: Bhakdi, S., Tranum-Jensen, J., & Sziegoleit, A. (1985). Infec. Immun. 47:52-60. wfdaj.sites.uol.com.br a) b) a) Membrana de eritrócito lisadas por streptolisina. b) Oligômeros de streptolisina, mostrando diversas estruturas de bastões. BIOFÍSICA Streptolisina Processo de formação de poros pela streptolisina. 1) Associação reversível das streptolisinas monoméricas com membranas celulares contendo colesterol. 1 Referência: Bhakdi, S., Tranum-Jensen, J., & Sziegoleit, A. (1985). Infec. Immun. 47:52-60. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Streptolisina Processo de formação de poros pela streptolisina. 2) Dois monômeros reagem formando um dímero inserido na membrana. 1 2 Referência: Bhakdi, S., Tranum-Jensen, J., & Sziegoleit, A. (1985). Infec. Immun. 47:52-60. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Streptolisina Processo de formação de poros pela streptolisina. 3) Oligomerização segue pela adição sucessiva de monômeros. 1 3 2 Referência: Bhakdi, S., Tranum-Jensen, J., & Sziegoleit, A. (1985). Infec. Immun. 47:52-60. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Streptolisina Processo de formação de poros pela streptolisina. 4) Há formação de um poro transmembrana. 1 4 3 2 Referência: Bhakdi, S., Tranum-Jensen, J., & Sziegoleit, A. (1985). Infec. Immun. 47:52-60. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Streptolisina Representação esquemática do dano causado na membrana pela ação do oligômero de streptolisina. Referência: Bhakdi, S., Tranum-Jensen, J., & Sziegoleit, A. (1985). Infec. Immun. 47:52-60. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Trabalho Descreva o modelo de interação de peptídeo tóxico com a membrana celular. wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA Referências Garcia, E. A. C. Biofísica. Editora Savier, 2000. Purves, W. K., Sadava, D., Orians, G. H., Heller, H. G. Vida. A Ciência da Biologia. 6a . ed. Artmed editora. 2002 wfdaj.sites.uol.com.br BIOFÍSICA