SOFRIMENTO RESPIRATÓRIO DO RECÉMNASCIDO – ASPECTOS CIRÚRGICOS Martins, JJM; Souza, JCKS; Salle, JLP Apresentação: Roberta Souza da Silva Leão Unidade de Neonatologia do HRAS/SES/DF INTRODUÇÃO Principais causas cirúrgicas de sofrimento respiratório Aspectos fisiopatológicos, diagnóstico e conduta geral PECULIARIDADES RESPIRATÓRIAS DO RN VA com menor diâmetro Respiração predominantemente diafragmática Musculatura intercostal pouco desenvolvida e costelas horizontalizadas Estrutura óssea cartilaginosa Reflexo tussígeno pouco desenvolvido Superfície respiratória ativa pequena PECULIARIDADES RESPIRATÓRIAS DO RN Traquéia curta Respirador nasal obrigatório Reflexo laríngeo ativo Anel cricóide estreito Menor número de poros intra-alveolares: atelectasias Necessidades de O2 maiores: 50% FISIOPATOLOGIA Adequada proporção ventilaçãoproporção FISIOPATOLOGIA Restritivo: Diminuição ventilação - perfusão Obstrutivo: Hipoventilação alveolar com perfusão normal AVALIAÇÃO CLÍNICA DO SOFRIMENTO RESPIRATÓRIO Taquipnéia: > 30irpm Dispnéia: TIC, TSC, TSE, BAN, ansiedade e inquietude, narcose Cianose Taquicardia Estridor Cornagem AVALIAÇÃO CLÍNICA DO SOFRIMENTO RESPIRATÓRIO História materna Poliidrâmnios Iodetos, reserpina, sedativos Diabete Cesárea Parto difícil: hipóxia Prematuridade CAUSAS CIRÚRGICAS RESTRITIVAS CAUSAS CIRÚRGICAS RESTRITIVAS Pneumotórax Pneumomediastino Quilotórax Cistos pulmonares congênitos Enfisema lobar congênito Hérnia diafragmática Eventração diafragmática Distensão abdominal (líquido, gás ou tumor) PNEUMOTÓRAX ↑ pressão intra-alveolar ↓ distensão e ruptura ↓ enfisema intersticial ↓ dissecção até a periferia pulmonar ↓ bolhas subpleurais ↓ pneumotórax PNEUMOTÓRAX Causas: Manobras de reanimação Complicação de patologia pulmonar Quadro clínico: Sofrimento respiratório Hiperressonância MV e frêmito ↓ ou abolido Ictus desviado PNEUMOTÓRAX Raio-X: Pulmão colapsado parcial ou totalmente por ar Ausência de imagens broncovasculares na zona de radio-transparência Desvio do coração e estruturas mediastinais Aumento dos EIC no lado comprometido Conduta: Oxigenação Punção com agulha de grosso calibre Drenagem torácica no 2.° espaço intercostal, linha hemiclavicular PNEUMOMEDIASTINO Causas: Mesmas do Dissecção gasosa em direção ao mediastino pneumotórax Quadro Clínico: Sintomas respiratórias e cardíacos secundários a compressão da traquéia e grandes vasos Engurgitamento venoso do pescoço Bulhas abafadas Crepitação na região cervical e torácica superior PNEUMOMEDIASTINO Raio-X: Imagens rádio-transparentes extratraqueais no mediastino Desvio do coração e estruturas mediastinais de acordo com a maior localização do ar Conduta: Oxigenação Conduta expectante Drenagem da fúrcula esternal só em casos extremos Punção do pneumomediastino contra-indicada: acúmulo de ar se faz sob a forma de pequenas bolhas QUILOTÓRAX Mais comum efusão pleural dos primeiros dias de vida Fisiopatogenia: aumento P venosa (parto ou ressuscitação) ↓ ruptura do ducto torácico ↓ acúmulo de linfa na cavidade pleural Fístulas congênitas podem produzir quilotórax QUILOTÓRAX Quadro Clínico Sinais de SR Tiragem contra-lateral Macicez Ausência ou ↓ MV Desvio do ictus ↓ do frêmito tóraco-vocal Raio-X: Opacificação parcial ou total do hemitórax comprometido Desvio do coração e estruturas mediastinais Aumento dos espaços intercostais no lado comprometido Conduta: Oxigenação Toracocentese: repetir caso haja recidiva Dieta com triglicerideos de cadeia média Nutrição parenteral quando não houver melhora com as medidas acima CISTOS PULMONARES Anomalia no desenvolvimento do sistema broncopulmonar Cisto simples, intraparenquimatoso, multi ou unilocular Epitélio de tipo respiratório, de conteúdo gasoso Comunicando diretamente com a arvore traqueobrônquica Poros interalveolares Mecanismo de distensão do cisto é valvular CISTOS PULMONARES Variante da doença cística congênita malformação adenomatóide cística do pulmão - displasia pulmonar com formação de cistos e massa hamartomatosa Causa: Anomalia congênita de desenvolvimento embrionário Diagnóstico Diferencial: Enfisema lobar congênito Pneumotórax Hérnia diafragmática CISTOS PULMONARES Quadro Clínico: Sinais de SR Abaulamento do hemitórax Tiragem Hiperressonância Diminuição ou ausência do MV Frêmito tóraco-vocal diminuído Ictus desviado Raio-X: área radiotransparente circular ou oval com delgada parede cística Conduta: Oxigenação Evitar toracocentese Toracotomia com excisão do cisto (lobectomia) e lobo pulmonar ENFISEMA LOBAR CONGÊNITO Distensão lobar enfisematosa de um ou mais lobos (raro) Deficiente elasticidade de um lobo ou obstrução parcial do brônquio Mecanismo valvular Lobo enfisematoso: atelectasia lobar ipsilateral, compressão diafragmática, desvio do coração e estruturas mediastinais e atelectasia do pulmão contralateral Lobo superior esquerdo e lobo médio direito. ENFISEMA LOBAR CONGÊNITO Causas 50%: causa desconhecida 25%: insuficiência cartilaginosa brônquica 25%: dobras da mucosa ou obstrução extrínseca Diagnóstico Diferencial Pneumotórax hipertensivo Cistos pulmonares Hérnia diafragmática Quadro Clínico Sinais de SR Abaulamento do hemitórax comprometido Hiperressonância Diminuição ou ausência do MV Desvio do ictus ENFISEMA LOBAR CONGÊNITO Raio-X Aumento da radiotransparência no lobo correspondente Imagens broncovasculares presentes Sombra triangular junto ao bordo inferior da sombra cardíaca (enfisema do lobo superior) ou no ápice da cavidade torácica (enfisema do lobo médio) Aumento dos espaços intercostais do hemitórax comprometido Conduta Oxigenação Lobectomia pulmonar HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA Defeito embriológico na formação do diafragma com conseqüente entrada de vísceras abdominais dentro da cavidade torácica É a mais importante emergência cirúrgica do RN Normalmente existe uma comunicação entre a cavidade pleural e a cavidade abdominal até a 10ª semana de vida intra-uterina Fechamento diafragmático com separação complementar das duas cavidades Persiste o canal pleuroperitoneal que permitirá a migração de estruturas abdominais para dentro da cavidade torácica HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA Região póstero-lateral esquerda do diafragma (forame de Bochdalek) Entrada precoce das vísceras abdominais: compressão do parênquima pulmonar em desenvolvimento e conseqüente hipoplasia pulmonar (alto índice de mortalidade) Nascimento – deglutir ar – distensão alças intestinais ou estômago intratorácico – compressão com desvio das estruturas mediastinais – atelectasia pulmonar contralateral HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA Diagnóstico Diferencial Pneumatórax Cistos pulmonares Enfisema lobar Quadro Clínico Sinais de SR Tórax de atleta (abaulado) Abdome escavado Desvio do ictus Ausência do MV Ruídos hidro-aéreos intratorácicos (sinal inconstante) Macicez ou timpanismo se houver distensão de alças HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA Raio-X Aspecto de pequenos e múltiplos cistos Desvio do coração e estruturas mediastinais Padrão radiológico abdominal com pouco gás Trânsito intestinal somente em casos duvidosos (alças intratorácicas) Conduta Entubação endotraqueal (não ventilar através de máscaras) Oxigenação Correção da acidose Cirurgia de urgência (laparotomia com retirada das alsas intratorácicas e fechamento do defeito)????? EVENTRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA Elevação anormal de todo ou parte do hemidiafragma no RN Causas Congênita (deficiência de muscularização do diafragma) Adquirida (paralisia frênica - trauma de parto) Quadro Clínico Suporta bem com episódios repetidos de dispnéia e infecção respiratória Sintomas graves de SR, macicez, aumento do SR após alimentação ou em posição de Trendelemburg (estômago elevado) EVENTRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA Raio-X Elevação do diafragma Desvio do coração e estruturas mediastinais Compressão pulmonar ipsilateral nos casos graves Conduta Oxigenação Toracotomia com plicatura diafragmática DISTENSÃO ABDOMINAL Ar líquido ou tumor abdominal Compressão diafragmática e atelectasia pulmonar bilateral Causas Obstrução intestinal Atresia de esôfago com fístula tráqueo-esofágica distal Íleo adinâmico (septicemia, hemorragia do SNC) Ascite neonatal Quadro Clinico Sinais de SR Abdômen extremamente distendido Diminuição do MV principalmente Sinais característicos de cada patologia Raio-X: elevação das cúpulas diafragmáticas e atelectasia das bases pulmonares Conduta Oxigenação Conduta de acordo com cada patologia. CAUSAS CIRÚRGICAS OBSTRUTIVAS INTRÍNSECAS ANOMALIAS CONGÊNITAS Atresia de coanas (uni ou bilateral) Síndrome de Pierre –Robin Laringomalácea Traqueomalácea Epiglote bífida Estenoses e diafragmas laríngeos Fenda laríngea Atresia de esôfago com fístula distal TUMORES Papilomas Cistos Hemangiomas SÍNDROME DE PIERRE-ROBIN Hipoplasia mandibular Fenda palatina Glossoptose Dificuldade respiratória: alimentação ou posição em decúbito dorsal Patologia autolimitada Conduta Manter em decúbito ventral Nos casos graves: alimentação por sonda nasogástrica Se não houver melhora dos sintomas: glossopexia EXTRÍNSECAS Anomalias congênitas: Anéis vasculares Agenesia de costelas Tumores cervicais: Higroma cístico Teratoma congênito Bócio congenito Tumores do medlastino: Anterior —Teratomas —Hiperplasia tímica Médio —Cistos broncogênicos —Duplicações enterógenas —Hemangiomas Posterior —Neuroblastomas —Neurofibromas —Duplicações enterógenas