TROMBOCITOPENIA ENTRE RECÉM-NASCIDOS DE EXTREMO BAIXO PESO: DADOS DE UM SISTEMA MULTIHOSPITALAR Thrombocytopenia among extremely low birth weight neonates: data from a multihospital healthcare system Christensen RD et al J Perinatology 2006; 26: 348-353 Apresentação: Camila Solé Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF www.paulomargotto.com.br 3/3/2007 INTRODUÇÃO Incidência de trombocitopenia em UTIN – 18 a 35%. McPHERSON e JUUL, 2005 – trombocitopenia é mais comum em RN mais prematuros. Não há estudos que descrevam a idade de aparecimento, duração, causas, tratamento e taxa de mortalidade. MÉTODOS Coorte histórico 4 UTINS – McKay-Dee Hospital, Ogden, UT; LDS Hospital, Salt Lake City,UT; Primary Children´s Medical Center, Salt Lake City; Utah Valley Regional Medical Center, Provo, UT. Nascimentos de 1º/01/03 a 31/12/04. Peso de nascimento menor ou igual a 1000 g – tempo de internação mínimo de 48 h. MÉTODOS Levantamento de dados: arquivo eletrônico, laboratório, farmácia. Trombocitopenia detectada em qualquer momento(≤150.000): idade, duração, testes de investigação, causa, transfusão de plaquetas, mortalidade. Aprovado pelo Comitê de Pesquisas Local. RESULTADOS 284 recém-nascidos (RN) - peso≤1000 g no período. Nº de contagem de plaquetas variou de 4 a 411 por paciente (média de 24 exames/paciente). 208 (73%)- uma ou mais contagens de plaquetas ≤150.000. IG, gênero, tipo de parto, APGAR, etnia – sem relação proporcional com incidência de trombocitopenia RESULTADOS : Peso ao nascer Observem que a trombocitopenia foi mais comum nos menores grupos de peso:85% naqueles com peso <=800g ao nascer e 53% naqueles com peso entre 901-1000g RESULTADOS Duração da trombocitopenia:de 1 a 50 dias. 10% - transitória: plaquetas normais 24 h após sem intervenção. ≤20.000 – 9% ≤50.000 – 38% ≤100.000 – 77% ≥101.000, ≤149.000 – 23% RESULTADOS Taxa de mortalidade: ≤ 20.000 - 16,7% ›20.000 e ≤50.000 -16,4% › 50.000 e ≤100.000 –19,7% › 100.000 e ≤149.000 – 14,6% RESULTADOS Observa-se que o maior número de casos (58%) ocorreu na primeira semana, especificamente nos 3 primeiros dias. RESULTADOS Foram feitas 357 transfusões de plaquetas. Indicação por sangramento ativo – apenas 8%. Maioria da transfusões ocorreu no intervalo entre 50.000 a 99.000 plaquetas(61%). RESULTADOS O maior número de transfusões (61%) ocorreu sem sangramento ativo, em especial nos pacientes com plaquetas entre 50.000 e 99.000. RESULTADOS Causas mais comuns em ordem de incidência: RN - PIG Mãe com DHEG CIVD (Coagulação intravascular disseminada) Infecção bacteriana Infecção fúngica ECN (Enterocolite necrosante) RESULTADOS Observa-se que os casos de trombocitopenia em RN PIG (pequeno para idade gestacional) e de mães com DHEG (doença hipertensiva específica da gravidez) ocorrem em sua maioria nos primeiros três dias, sendo a principal causa reconhecida de trombocitopenia. Chama atenção o grande nº de casos sem causa (quase a metade dos pacientes) e o fato de que as infecções fúngicas ocorreram muito precocemente, o que não é habitual. DISCUSSÃO Trombocitopenia entre: RNT (RN a termo) em Alojamento Conjunto (1%) X RN UTIN (18 a 23) X RN de muito baixo peso (neste estudo – 73%). Casos de trombocitopenia transitória (remitem em 24 h sem intervenção)– erros de laboratório? Valores entre 100.000 e 149.000mm3 – é prudente reavaliar exame após alguns dias, não há alteração no tempo de sangramento nestes níveis – protelar investigação. Investigar nos RN com contagem <100.000mm3) DISCUSSÃO Não era rotina fazer contagem de plaquetas logo ao nascimento, mas acredita-se que a maioria dos casos tem causas iniciadas no período pré-natal e relacionadas a fatores do primeiro dia de vida – ver gráfico do dia de surgimento. 23% - 101.000 a 149.000 plaquetas(leve) ●repetir exame, protelar investigação. 39% - 51.000 a 100.000 plaquetas (moderada) ●PIG, mãe com DHEG; surgimento nos 3 primeiros dias. 38% - ≤50.000 plaquetas (severa) DISCUSSÃO Cerca de 50% dos casos sem causa, possivelmente devido à não existência de um protocolo de investigação nos serviços. Trombocitopenia associada a infecções – possivelmente nº subestimado por hemoculturas negativas em vigência de sepse bacteriana. Trombocitopenia associada à alterações cromossômicas – dois casos: Trissomia do 18 e Síndrome TAR. DISCUSSÃO Critérios para transfusão – não foram observados em nenhum serviço. Mortalidade: pacientes transfundidos x não transfundidos Cerca de duas vezes maior nos pacientes transfundidos, pois são pacientes mais graves, não há relação com a transfusão. DISCUSSÃO Mortalidade e transfusão de plaquetas Mortalidade: duas vezes maior nos pacientes transfundidos CONCLUSÕES Trombocitopenia é duas vezes mais comum nos RN de extremo baixo peso(73%) quando comparados aos RN internados em UTIN. Quanto menor o peso ao nascer, maior a incidência. Primeira semana-maioria dos casos. Mortalidade duas vezes maior em pacientes transfundidos/não trans. Metade dos casos sem causa definida. Necessários mais estudos: causas, limites mais seguros para transfusão, estratégias para prevenção e tratamento. Abstract Referências do artigo: Mehta P, Vasa R, Neumann L, Karpatkin M. 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