E-commerce via redes sociais ganha força no País Comprar sem sair de casa. A prática não é novidade, mas ganhou um aditivo: as redes sociais. A partir da página pessoal no Facebook, por exemplo, já é possível adquirir produtos sem mesmo ter de acessar o site da loja. É o social commerce ganhando força e, ao que tudo indica, a tendência chega para ficar. Um prato cheio para ávidos consumidores digitais. O estudo Observador 2012, realizado pela Cetelem, empresa do grupo francês BNP Paribas, conglomerado financeiro, indica que 53% dos 1,5 mil consumidores brasileiros entrevistados querem comprar produtos por meio da página pessoal de rede social favorita sem ter de ir à loja. Segundo o levantamento, 61% dos consumidores representantes das classes AB apostam na ascensão do social commerce, enquanto 55% da classe C, e 42% das classes D e E afirmam o mesmo. Geograficamente, 57% dos entrevistados da região Nordeste acreditam no potencial de vendas por meio das redes sociais, seguidos pelas regiões Sudeste, com 53%; Sul, com 52%; e Nordeste e Centro-Oeste, com 46%. Para Souvenir Zalla, CEO do Edge Group no Brasil, a adoção das redes sociais como canal de vendas direta de produtos e serviços é uma tendência inexorável. Segundo ele, daqui três anos o e-commerce como conhecemos, acessado por meio de portais web, deverá registrar queda em razão da massificação dos smartphones e tablets. “A mobilidade popularizou-se junto com a mídias sociais. O boca a boca das redes sociais, por sua vez, aumentou as vendas online”, observa. Zalla acredita que o “velho portal varejista” terá espaço, mas as mídias sociais saltarão. Elas ganharão links patrocinados para ambientes específicos e customizados, ou micro lojas de uma só catagoria já prontos para efetuar pagamento, lá mesmo na página do grupo de interesse na rede social. “O varejo venderá muito mais se acertar o modelo de venda customizada, por nicho, e conviver bem em uma mídia onde não tem controle da informação”, opina. Essa movimentação, de acordo com o CEO, resultará em uma revolução no consumo e no comportamento de compras. “Será um grande desafio para as arquitetura bancárias e varejistas das tecnologias da informação, o que significa mais oferta de trabalho e oportunidades para a indústria de TI”, assinala. As empresas, atentas a esse cenário, desenham estratégias para fisgar consumidores por meio das redes. O Magazine Luiza é uma delas. A rede varejista adotou essa estratégia em janeiro deste ano. “Quando passamos a estudar o social commerce no Brasil e no mundo, notamos que não existia referência. Por isso, estudamos profundamente para entender como poderíamos ser relevantes para as pessoas e, ao mesmo tempo, incrementar as vendas e trazer novos clientes originados desses canais”, afirma Frederico Trajano, diretor de Vendas e Marketing do Magazine Luiza. Esse desafio foi materializado a partir de uma iniciativa que permite aos usuários do Facebook e Orkut tornarem-se vendedores da loja e até ganharem comissões a partir das vendas feitas pelas suas contas nas redes sociais. “Os resultados têm sido positivos e a aderência à plataforma foi acima das nossas expectativas. O Magazine Você já atingiu 25 mil lojas, três meses após o lançamento”, contabiliza. O potencial de crescimento é ainda maior, projeta. “Atualmente, temos aproximadamente 78 milhões de usuários de internet no Brasil, sendo que 23 milhões já compram online. Desse total, 85% usam a internet para acessar as redes sociais, e 70% dessas pessoas compram pela influência dos amigos”, enumera. “O maior benefício que a atuação nas redes sociais nos traz é o diálogo, a possibilidade de estarmos mais próximos dos consumidores”, completa. Segundo Trajano, a companhia preparou-se tecnologicamente para ingressar nesse mundo. “Foi desenvolvida uma plataforma que é traduzida em dois aplicativos, Facebook e Orkut, além de um painel de controle para o divulgador acompanhar as vendas e fazer a gestão da loja. Todos os produtos são os mesmos do site, respeitando a regra de preço e de estoque, o que garante que as lojas estarão sempre atualizadas”, diz. O executivo aponta outro diferencial da plataforma. O divulgador pode, por exemplo, inserir produtos substitutos, para garantir que os itens que ficam indisponíveis sejam repostos automaticamente pela fila reserva. Os resultados têm ampliado os horizontes da empresa. “Queremos tornar esse serviço um dos principais canais de venda da empresa, criando um mercado de venda direta pela rede social, pois é um canal que o brasileiro adora. Transformamos a venda de porta a porta no clique a clique”, afirma Trajano. O Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos (CHEV), em São Paulo, encontrou no Facebook um canal para agendamento de consultas. O centro de saúde atende a cerca de milhares pacientes por dia em mais de 50 especialidades e as consultas marcadas online correspondem a 40% do total. Osmar Antônio dos Santos, gerente-executivo de TI do CHEV, explica que antes, o complexo registrava perto de 15% do agendamento por meio da internet. “As pessoas estão nas redes sociais e não mais nos sites tradicionais. Com isso em mente, pensamos em uma forma de atrair esse público e possibilitar acesso aos nossos serviços a partir do ambiente”, detalha. “Nosso diferencial é que o paciente não faz uma solicitação de agendamento, ele efetivamente marca as consultas. Opta pela especialidade, médico e horário, e já imprime o protocolo, que também é enviado pelo e-mail. Além disso, um dia antes da data enviamos um lembrete para o paciente”, explica Santos. De acordo com ele, depois de agendar a consulta online, o paciente passa a criar o hábito e volta para o canal. “As pessoas pensam em um hospital de forma conservadora. Mas saímos à frente e oferecemos um serviço inovador”, destaca. Santos aponta que a ideia agora é permitir que médicos façam reserva de salas, consultem a agenda e verifiquem resultado de exames por meio do Facebook. Fonte: E-Commerce Brasil