Vale a pena ter uma loja no Facebook?
Grandes players montam modelo de revenda com os usuários, enquanto pequenas e médias empresas
encontram na ferramenta um modelo prático de comércio virtual
O LikeStore é uma das plataformas mais conhecida no mercado, com mais de 4.800 lojas cadastradas
Rio de Janeiro - O comércio virtual e as redes sociais vivem um momento de expansão no Brasil. O Facebook já se
tornou uma plataforma de relacionamento das marcas com os consumidores, mas aparece também como um
ambiente com potencial para vendas.
Por meio de ferramentas como LikeStore e beeSocial, o F-Commerce, como é chamado o modelo de negócio,
ganha popularidade e é adotado por empresas de variados portes, desde pequenos empreendedores até grandes
varejistas.
Players como Magazine Luiza e Submarino aderiram ao ambiente com plataformas próprias e metodologia de
revenda. Outro varejista que entrou no canal este mês foi o Compra Fácil, por meio do beeSocial, desenvolvido
pela agência Frog. Com a iniciativa, a empresa pretende aumentar em 5% o seu faturamento. A LikeStore, no
entanto, é a plataforma mais conhecida no mercado. Lançada no início de 2011, a startup possui 4.800 lojas
cadastradas e recebeu mais de 100 mil visitas no período de um ano, com lojas que chegam a faturar, em média,
R$ 30 mil por mês.
“O interessante da ferramenta é que, na maioria dos casos, as pequenas empresas que tinham vendas
inexpressivas no seu e-commerce aumentaram de 100% a 200% por mês. Estamos próximos de uma estrutura
que se paga com apenas oito meses da primeira loja ter sido lançada”, Ricardo Grandinetti, gerente de produto
da LikeStore.
Dificuldades do F-Commerce
O desempenho positivo, no entanto, não impede que haja obstáculos. A estrutura atual da LikeStore é totalmente
manual e esse é um dos principais inconvenientes da ferramenta. Pequenas e médias empresas, que lidam com
baixos volumes e estoques, conseguem gerenciar melhor o trabalho. Para solucionar esta barreira de adesão por
parte das companhias de grande porte, a startup está investindo na construção de uma API, que permitirá a
integração do canal com o e-commerce das marcas.
“Vamos oferecer esta possibilidade porque há muitas lojas que gostariam de estar no Facebook, mas não
conseguem fazer esta integração. Para isto, elas gastariam, em média, de R$ 3 mil a R$ 6 mil para tê-la. Dentro da
nossa plataforma, a API será praticamente gratuita. O vendedor subirá o produto no e-commerce e logo chegará
ao Facebook. A venda na rede social também acusará uma baixa no estoque”, conta Grandinetti.
Outros varejistas criaram sua própria integração com a rede social e conseguem gerenciar bem a relação entre os
canais, entretanto, empresas que entraram no F-Commerce por meio da LikeStore, como o Hotel Urbano, não
obtiveram o mesmo êxito. Após quatro meses na plataforma, o site decidiu investir apenas em promoções mais
direcionadas para os seus mais de dois milhões de fãs no Facebook.
“O Hotel Urbano cresce muito por mês e temos um volume de vendas alto. A loja do Facebook era muito manual
para nós, já que não era integrada ao nosso sistema. Tínhamos que criar outro controle de estoque fora do nosso
administrativo e pelo tamanho da empresa começou a ser inviável”, destaca Roberta Antunes, diretora de
marketing do Hotel Urbano.
Cases de sucesso
No Brasil, o maior player no F-commerce é o Magazine Você, do Magazine Luiza, que desde março conta com
mais de 20 mil lojas cadastradas. O modelo também abrange o Orkut e trabalha por meio de comissões aos
revendedores de 2,5% ou 4,5%, dependo do produto.
Assim como a varejista, o Submarino também disponibilizou uma metodologia simples de revenda com os
consumidores. Em ambas as plataformas, os usuários podem escolher o nome da sua loja, como “Loja da Fátima”
e “Loucos Por Descontos”.
Já na plataforma do LikeStore, a DellaSanta tem se destacado pela movimentação que a loja gerou em um mês no
sistema, faturando quase R$ 30 mil. A marca de acessórios femininos começou em janeiro com um e-commerce
próprio, mas o servidor do site não suportava a quantidade de acessos e caía frequentemente. A saída para a
sobrevivência foi o Facebook.
“O segredo do nosso sucesso é que estamos constantemente online, respondendo às dúvidas das consumidoras e
mostramos variados produtos que agradam as mulheres. Quando elas estão satisfeitas nos divulgam na rede e
ajudam a aumentar o nosso público. Anteriormente, pensávamos na loja como uma grana extra, mas a adesão
está sendo muito grande e já estamos administrando como um negócio da família”, ressalta Arthur Moraes,
diretor de tecnologia da DellaSanta Brasil.
Novidades para a plataforma
Com um aplicativo sem custo de adesão e apenas taxas sobre vendas, a LikeStore hoje se apresenta como o
principal canal brasileiro para se afiliar ao F-Commerce.
A Fashionera, por exemplo, lançou esta semana uma loja na plataforma para impactar diretamente os seus fãs e
planeja abrir a possibilidade para os internautas revenderem seus produtos. Para atrair mais empresas, além de
conectar a API do aplicativo ao e-commerce das empresas, a LikeStore criou a ferramenta de recarga de créditos
para celular por meio do Facebook. Com o modelo, a startup pretende brincar com as questões sociais, em que o
usuário pode dar créditos aos amigos e também pedir quando estiver sem.
Já o Compra Fácil entrou no setor com um modelo diferente de loja, produzido pela Agência Frog. O design da
loja do varejista no Facebook é mais trabalhado do que o dos concorrentes e os produtores da ferramenta
apostam no aplicativo “Buzz” como diferencial.
A ferramenta é um termômetro que simula a experiência do shopping, isto é, todos os produtos que o usuário
visualiza e coloca no carrinho serão vistos pelos seus amigos dentro do ambiente de compra. O internauta
também pode postar qualquer item na sua timeline e pedir a opinião dos amigos para ajudar na sua escolha.
“Queríamos juntar todo o nosso conhecimento das redes sociais com o e-commerce, que é uma atividade fria, ou
seja, a pessoa entra para comprar e está sozinha naquele espaço virtual. Nosso objetivo era trazer o diálogo e
opiniões de amigos para esta atividade. Montamos, então, uma plataforma com novo visual e que poderia ser
usado em outra rede, como por exemplo, o Google +, caso venha a aderir ao modelo”, declara Brunno Gens, sócio
diretor de criação e Operações da Agência Frog.
Depois da primeira fase, em que muito se falou sobre o Facebook como plataforma de vendas, agora, o FCommerce vive um novo momento e pode caminhar para a consolidação.
“O brasileiro é o povo que passa mais tempo no Facebook e que tem mais amigos. Existe um número grande de
pessoas que usam esse canal excessivamente, por isso o F-Commerce é uma consequência natural do mercado.
Existiu uma primeira onda, em que os consumidores conheceram a plataforma e isso gerou muito barulho, mas
não trouxe resultados. Estamos numa segundo etapa, em que as pessoas estão começando a usar a plataforma e
tornando-a realmente um modelo de negócios. Daqui a cinco anos, o modelo estará mais substancial”, acredita
Grandinetti, da LikeStore.
Fonte: EXAME.com
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