Impacto da violência sobre a saúde Reflexão urgente e necessária Maria Cecília de Souza Minayo Claves/Ensp/Iff/Fiocruz Especificidade dos acidentes e das violências no campo da saúde Categoria “causas externas” utilizada pela área de saúde para se referir à mortalidade por violências (homicídios e suicídios, agressões físicas e psicológicas) e acidentes (de trânsito, transporte, quedas, afogamentos, outros) e lesões e traumas provocados também por acidentes e violências. Problema social, histórico e cultural que ocorre e sempre ocorreu na história e em todos as sociedades – de forma diferenciada. (hoje os principais problemas de saúde estão relacionados a condições, situações e estilo de vida). Problema tratado desde sempre pela área de saúde nas estatísticas de mortalidade e por meio da busca de cura das lesões e traumas. Definindo e distinguindo Violências e Acidentes •Violência: ato humano, realizado para prejudicar, ferir, mutilar ou matar o outro: pode ser individual, interpessoal, grupal, de classe, de gênero, de grupo etário, de estado contra outro estado. •Acidente: ato humano, ao qual falta intencionalidade. • Dificuldade de separar acidentes e violências. • Os dois fenômenos constituem a 2a. Causa de Mortalidade da população brasileira e a primeira da população jovem: de 5 a 49 anos. Desde os anos 60 do século XX, o setor saúde começou a olhar este problema de forma diferente Primeiramente a violência contra a criança (anos 1960-o ECA) Em segundo lugar a violência contra a mulher (1970-1990...) Em terceiro lugar a violência contra a pessoa idosa (1975-2000) Trabalhadores, Deficientes, Categorias discriminadas. 1994: Documento da OPAS 1997: Assembléia Mundial da Saúde 2001: Política Nacional de Redução da Violência e dos Acidentes 2002: Documento da OMS: Violência e Saúde Taxas de mortalidade por Causas Externas 1980-2004 – (SIM/MS - Brasil) 100,0 90,0 80,0 71,5 60,0 59,0 59,3 59,3 61,7 69,0 69,1 73,7 69,9 69,5 66,7 63,9 65,2 75,9 74,9 68,5 69,8 72,7 71,3 69,7 70,2 72,5 71,6 71,2 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 Ano 04 20 03 20 02 20 01 00 20 99 20 19 98 19 97 19 96 95 19 94 19 19 93 19 92 19 91 90 19 89 19 19 88 19 87 86 19 85 19 84 19 19 83 19 82 81 19 19 80 0,0 19 Tx por 100.000 hab. 70,0 72,2 % Proporção da mortalidade por causas externas na mortalidade geral 1980-2004 – Brasil (SIM/MS) 20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 Ano 20 04 20 02 20 03 20 00 20 01 19 98 19 99 19 96 19 97 19 94 19 95 19 92 19 93 19 90 19 91 19 89 19 87 19 88 19 85 19 86 19 84 19 82 19 83 19 80 19 81 0,0 Duas causas que definem o perfil de mortalidade por causas externas 1980-2004 – Brasil (SIM/MS) % 50,0 45,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 198 198 198 198 198 198 198 198 198 198 199 199 199 199 199 199 199 199 199 199 200 200 200 200 200 0,0 Ac. transporte Homicídios Ano Taxas de mortalidade por causas externas segundo faixas etárias – 1980-2004-Brasil (SIM/MS) % 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 28,9 10,0 18,7 13,7 13,1 5,0 8,5 5,4 3,8 8,0 0,0 0a9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 Faixa etária 50 a 59 60 a 69 70 e + Diferenciações do perfil de mortalidade por causas externas, segundo sexo 1980-2004 – Brasil (SIM/MS) 40,0 35,0 25,0 Masculino Feminino 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Tx por 100.000 habitantes 30,0 Ano Algumas informações cruciais a partir de um indicador composto (H+S+AT) criado pelo Claves para o anos 2000 • Brasil: 5.507 municípios – 224 com mais de 100.000 habitantes • 1.802 sem acidentes de trânsito fatais • 2.633 sem homicídios • 3.382 sem suicídios • Os 20 primeiros entre os 224 concentram 48% das causas externas previstas no indicador composto; • Os 40 primeiros concentram 61,6% em relação aos 224 e 38,2% em relação ao Brasil. • Os 224 com mais de 100.000 habitantes concentram 62,1% das causas externas do país. Algumas características desse fenômeno social e problema de saúde • Articulação entre problemas aparentemente sem importância (por exemplo a violência como meio pedagógico) e grandes questões; não podemos separar a violência da questão social. • Conhecemos apenas a ponta do iceberg: mortalidade, lesões e traumas que chegam aos serviços de saúde. • A maioria das violências que alimentam a violência social em geral ficam ocultas e impunes (contra crianças e jovens, conjugal, no trabalho, nas discriminações contra determinados grupos sociais, etc.) • O conhecimento e o repúdio da violência crescem com a consciência social • Hoje a violência tem características tradicionais e novas. Uma chamada para o conteúdo do CURSO EAD O curso percorre uma trajetória explicativa, interativa, formativa e orientadora da prática, por meio da interação entre professores, monitores e cursistas. Ele oferece uma visão geral do assunto, integrando-o de vez no campo e nas atribuições da saúde pública. Aprofunda as características interdisciplinares do tema e orienta para abordagens intersetoriais, nas quais, ora o setor saúde assume a liderança, ora ele é um parceiro da segurança pública e da organização social e ora, oferece dados e indicadores para a ação de organizações governamentais e não-governamentais. Profissionais e gestores, juntos e distintos, todos são chamados a atuar. Ao fazê-lo a saúde pública assume sua função precípua de promover a vida e a qualidade de vida, de prevenir causas que incidem na exacerbação dos processos sociais e de cuidar dos sofrimentos humanos que a violência social provoca.