PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS EM UNIDADES SENTINELA EM RONDÔNIA VÍTIMA DE ACIDENTES. PROFILE OF USERS IN UNITS SERVED IN SENTINEL RONDÔNIA ACCIDENT VICTIM. Valentina Barbosa da Silva1 Marcuce Antonio Miranda dos Santos2 1 Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Aluna regular do Mestrado Ensino em Ciências da Saúde da UNIR. E-mail: [email protected] Fone:(69) 92222151. . 2 Enfermeiro. Mestre em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas-UFAM/UFPA/FIOCRUZ-AM. Docente do Curso de Enfermagem da UNIRON. E-mail: [email protected] Tel: (69) 9229-1839. 2 RESUMO: O presente artigo visa descrever o perfil sociodemográficas dos usuários vítimas de acidentes de atendidos em Unidades Sentinelas do Município de Porto Velho - Rondônia, de acordo com algumas variáveis selecionadas, buscando-se estabelecer relações com a ocorrência do fenômeno no contexto nacional. Este fenômeno reconhecidamente um grave problema de saúde pública, vem crescendo cada vez mais e incapacitando adultos e adultos jovens. Para o alcance do objetivo utilizou-se da revisão de literatura, através de leituras de textos que abordam esta temática e do inquérito de Vigilância de Violências e Acidentes 2009 do Ministério da Saúde. Neste estudo observa-se que do total de 1520 notificações referentes a acidentes (36,9%) foram atendidas no Hospital João Paulo II, a faixa etária mais atingida foi entre 20 a 29 anos (23,2%), destes atendimentos a população masculina apresentou maior frequência (66,9%), as pessoas autoclassificadas representaram (66,5%) de pessoas atendidas, sobre a escolaridade os indivíduos que concluíram até quatro anos de estudo representam 45,8% dos atendimentos. Palavras-Chaves: Vítima. Acidentes. Saúde Pública. ABSTRACT: This article aims to describe the sociodemographic profile of users accident victims treated at Sentinel Units of the Municipality of Porto Velho, Rondônia, according to some selected variables, trying to establish relations with the occurrence of the phenomenon in the national context. This phenomenon recognized as a serious public health problem, has been growing more and disabling adults and young adults. To reach the goal, we used the literature review, through readings of texts that address this issue and inquiry Surveillance Violence and Accidents in 2009 the Ministry of Health in this study it is observed that the total number of notifications in 1520 related to accidents (36.9%) were treated at Hospital John Paul II, the most affected age group was between 20-29 years (23.2%) of these visits the male population had a higher frequency (66.9%), people auto classified represented (66.5%) of people served on schooling individuals who have completed four years of study represent 45.8% of visits. Key Words: Victim. Accidents. Public Health. 3 1 INTRODUÇÃO Os Acidentes são considerados ações dos indivíduos que podem ocasionar danos físicos, psíquicos, emocionais, espirituais a ele mesmo e aos outros de caráter previnível que ocorre sem intenção de acontecer (BRASIL, 2005). As violências e acidentes apresentam-se como agravos à saúde que acarretam em número elevado morbidades podendo torna-se fatal ou não, inserindo causas ditas acidentais – devidas ao trânsito, trabalho, quedas, envenenamentos, afogamentos e outros tipos de acidentes – e as causas intencionais (agressões e lesões autoprovocadas). Esse conjunto de eventos consta na Classificação Internacional de Doenças – CID (OMS, 1985 e OMS, 1995) – sob a denominação de causas externas. Quanto à natureza da lesão, tais eventos e ou agravos englobam todos os tipos de lesões e envenenamentos, como ferimentos, fraturas, queimaduras, intoxicações, afogamentos, entre outros (BRASIL, 2001). Sabe-se que acidentes não é um fenômeno novo, fenômeno já bastante que cada dia aumenta e alcança ocorrências em todos os países do mundo. Considerado como fenômeno social os acidentes, não podem ser descontextualizados dos fatores econômico, políticos, estruturais das sociedades. Como descreveu Sargento (2012), a violência é fenômeno que apresenta situações atuais desafiadoras, pois a sociedade se preocupa muita mais em conquistas materiais do que o saber, em conseguir alcançar objetivo individuas do que o bem coletivo, neste sentido a autora propõem momentos de reflexão a respeito dos processos sociais e caminhos para pesquisa de violências e a sua compreensão pela sociedade. Atualmente há necessidade em divulgar e aprofundar nos estudos acerca das violências e acidentes, pois grande parte da sociedade e gestores se preocupam muito mais com as taxas de homicídios, do que com as morbidades advindas deste fenômeno (MINAYO, apud SARGENTO, 2012). Para a mesma autora esses acidentes são relativamente previsíveis, pois vários estudos apontam para um perfil de homens jovens e pobres vítimas preferenciais, estando o Brasil ocupando o quinto lugar em homicídios na América Latina. No Brasil, os acidentes representam a terceira causa de morte na população geral e a primeira na população de 1 a 39 anos tornando-se um perfil epidêmico e convertendo-se em um grave problema de Saúde Pública. No período de 1980 a 2006 calculou-se um total de 2.824.093 óbitos por causas externas. Entre o início e o fim desse período, houve um 4 aumento de 78% na frequência das causas externas, passando de 70.212 óbitos em 1980 para 125.237 óbitos em 2006. (BRASIL, 2005). As mortes por acidentes e violências, que recebem da Organização Mundial da Saúde (OMS) o nome genérico de "causas externas", ocupam o segundo lugar no perfil da mortalidade geral e é a primeira causa de óbitos na faixa etária de 5 a 49 anos (BRASIL, 2005). Entre 1995 e 2005, cerca de 1.118.651 pessoas morreram por esses motivos em nosso país. Desse total, 369.068 foram a óbito por homicídios; 62.480, por suicídio e 309.212, por acidentes e violências no trânsito e nos transportes. Sabe-se que os acidentes causam grande impacto na vida das pessoas acometidas, pois podem levar a incapacidades, e intervêm diretamente na cultura, no trabalho, no convívio social, nas situações financeiras, trazendo sérias consequências não apenas no atendimento de urgência, em todo aspecto sociais advindo do acontecimento e das sequelas adquiridas. (MINAYO, 2005). No perfil geral de mortalidade o homem tem representado um universo maior de casos e os demais grupos que são atingidos pela violência tem forte contribuição no perfil de morbidade, principalmente as crianças, mulheres, adolescente e devido ao seu impacto na saúde (BRASIL, 2001). Atualmente, o município de Porto Velho possui 428.527 habitantes, segundo o IBGE (2010). Sabe-se que neste momento a cidade passa por intensas transformações advindas da construção de duas usinas hidrelétricas, a saber, UHE do Santo Antônio e UHE de Jirau. Esses grandes empreendimentos trouxeram consigo profundas alterações no padrão de vida da população do município, bem como uma mudança dos fatores determinantes do processo saúde-doença, destacando os acidentes. Estas informações nos fazem refletir a importância em se aprofundar nos estudos que retratam os acidentes no município de Porto Velho, buscar mais conhecimento a respeito destes eventos que são recebidos nas Unidades de Urgência e Emergência. Assim, os obejetivos deste estudo foi descrever o perfil sociodemográfico dos usuários vítimas de acidentes atendidos em Unidades Sentinelas do Município de Porto Velho-Rondônia no ano de 2009, de acordo com variáveis selecionadas, buscando-se estabelecer relações com a ocorrência do fenômeno no contexto nacional. 2 METODOLOGIA Para o alcance do objetivo, o estudo baseia-se em de revisão de literatura que abordam o tema violência e acidentes, e o inquérito de Vigilância de Violências e Acidentes 5 de 2008 e 2009 do Ministério da Saúde. Os dados de acidentes referentes ao município de Porto Velho do ano de 2009 foram obtidos através de informações armazenadas no Sistema de Doenças de Agravos Não Transmissíveis do Inquérito VIVA, disponível no Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde. Os locais selecionados foram as Unidades Sentinelas utilizado no inquérito VIVA no Município de Porto Velho: Hospital de Pronto Socorro João Paulo II (HPSJPII), Hospital Infantil Cosme e Damião, Unidade de Pronto- Atendimento Hamilton Raulino Gondim e Unidade de ProntoAtendimento Manoel Amorin de Matos. As variáveis analisadas neste estudo foram: local de notificações registradas, dados referentes ao perfil sociodemográfico da vítima (sexo, faixa etária, raça/cor da pele, escolaridade). Estas informações foram selecionadas a partir das informações referentes a vítimas de acidentes caracterizados pelos tipos: acidentes de transporte, corpo estranho, ferimento por objeto perfuro cortante, ferimento por arma de fogo, acidentes com animais, queda de objetos sobre pessoas, choque contra objetos. O Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), foi implantado em 2006, através da Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT) do Ministério da Saúde (MS), com objetivo de conhecer o impacto das violências e acidentes no perfil de morbidade da população e promover saúde e cultura de paz (SILVA, 2007). O VIVA é um estudo transversal, tendo como população de estudo vítimas de violência e acidentes que procuram serviço de saúde de municípios selecionados para pesquisa. Incluiu 136 serviços de urgência e emergência presentes no Distrito Federal, capitais e municípios selecionados, criado com o objetivo de conhecer a situaçãodos casos de lesões que não geram mortes ou internações, mas que são responsáveis por grande demanda assistencial (BRASIL, 2010). As coletas de dados são realizadas durante período de 30 dias consecutivos em turnos de 12 selecionados por meio de sorteio probabilístico, nos locais pactuados conhecidos como Unidades sentinelas, totalizando 60 turnos. Os coordenadores de campo dos estados e municípios foram capacitados pela equipe técnica do Ministério da Saúde (MS), para a padronização dos procedimentos da pesquisa. Foram utilizadas fichas padronizadas, testadas em inquéritos prévios. O informante era a vítima, os pais ou acompanhantes, quando o paciente era uma criança ou encontrava-se impossibilitado de responder (BRASIL, 2010) Os dados são coletados por meio de um formulário padronizado - Ficha de notificação de violências e acidentes em unidades de urgência e emergência. Este instrumento epidemiológico apresenta os seguintes blocos: dados da pessoa atendida (nome, idade, sexo, raça/cor, escolaridade, meio de transporte utilizado para chegar ao hospital); dados da ocorrência (intencionalidade, tipo de ocorrência, local e hora de ocorrência, suspeita de uso de bebida alcoólica); tipo de acidente (acidentes de transporte, 6 queda, queimaduras, outros); tipo de violência (agressões, maus-tratos, suicídios); natureza da lesão; parte do corpo atingida; evolução do caso (alta, hospitalização, óbito). Este inquérito é composto por dois componentes: (BRASIL, 2010). VIVA Inquérito- vigilância pontual que visa a conhecer a magnitude dos acidentes e violências em unidades sentinelas pré-estabelecidas nas capitais do Brasil. VIVA Contínuo - vigilância contínua que visa a conhecer a magnitude das violências doméstica, sexual e/ou outras violências, e também o perfil das vítimas e dos autores da agressão, através dos serviços de saúde (BRASIL, 2010). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O Município Porto Velho foi incluído no inquérito VIVA conforme critérios estabelecidos para participação do Distrito Federal, capitais e municípios do estudo VIVA (2009), garantindo através da portaria nº 1216 de 24 de junho de 2009 incentivo financeiro pela adesão ao inquérito. As Unidades Sentinelas selecionadas para o estudo estão situadas no Município de Porto Velho: Hospital de Pronto Socorro João Paulo II (HPSJPII) e Unidade de ProntoAtendimento Manoel Amorin de Matos, localizados na zona sul da cidade. , Hospital Infantil Cosme e Damião (HICD), zona norte e Unidade de Pronto- Atendimento Hamilton Raulino Gondim, localizado na zona leste. Os resultados dos estudos evidenciam 1520 notificações, sendo o HPSJPII o que mais atendeu vítimas de acidentes (36,9%), seguido da Unidade de Pronto- Atendimento Hamilton Raulino Gondim (25,8%). No Brasil o total de notificações foi de 39.665 atendimentos, sendo 35,643 (89,9%). O que se pode observar é que agravos novos estão atingindo a população e estes estão diretamente relacionados ao modo de viver da sociedade urbana, destacando-se dentre eles os acidentes de trânsito (BRASIL, 2001). No Brasil, aconteceram 19 óbitos para cada 100.000 habitantes, sendo que 81% foram masculinos e 83% se concentravam na faixa etária de 15 a 59 anos (SOUZA, 2007). Nos Estados Unidos, os acidentes de trânsito foram uma das principais causas de mortalidade entre homens da faixa etária entre 16 e 39 anos (MACDONALD, 2010). Acredita-se que a maior ocorrência de acidentes ter acontecido no HPSJPII (37,6%), pode estar relacionada com o conhecimento que grande parte da população obtém sobre este hospital. Por ser tratar de referência em traumas os acidentes são prontamente encaminhados para o atendimento nos Hospitais que tem Pronto-Socorro. A função do 7 Pronto-Socorro de um Hospital é atender pacientes que estejam em estado de urgência ou emergência, pessoas com grande risco de perder a vida, como acidentados, suspeita de infartos, fratura e outras complicações (BRASIL, 2013). Uma experiência da Santa Casa de Misericórdia de Itapeva em relação à alta demanda de vítimas de acidentes foi ampliar a divulgação dos tipos de atendimentos realizados neste Hospital com o objetivo de diminuir a grande demanda atendida e facilitar o encaminhamento para os locais de destino correto das doenças e agravos, como as Unidades de Pronto-Atendimento e as Unidades de Atenção Básica. Pois se percebia que esses casos são responsáveis pelo aumento do tempo de espera causado aos que necessitam ser atendidos com urgência, uma vez que os casos mais graves demandam mais tempo da equipe de atendimento. (Rua, 2013). Por outro lado as Unidades de Pronto-Atendimento do Município de Porto Velho, também atendem pessoas vítimas de acidentes dentre outros atendimentos, e se somados as duas Unidades investigadas no inquérito pode-se observar um percentual de 44% dos atendimentos, Hamilton Raulino Gondim registrou (26,9,%) Manoel Amorin de Matos (17,1%). Este dado nos faz refletir sobre a necessidade de divulgação dos serviços oferecidos pela rede urgência municipal, uma vez que no município existem quatro tipos de Unidades de Pronto-Atendimento: Unidade Hamilton Raulino Gondim, José Adelino da Silva, ambos localizado na zona leste da cidade, Manoel Amorin de Matos, localizado zona sul e Ana Adelaide zona norte. Gonçalves e Rodrigues (2001), retratam que os atendimentos realizados nestas Unidades são menos divulgados, e que esta divulgação deveria obedecer a lógica da regionalização e hierarquização dos serviços. A respeito da regionalização da saúde Neto (2002) afirma que a rede disponibiliza equipamentos sociais mais próximos aos usuários, isto amplia a racionalidade dos serviços de saúde de maior densidade tecnológica como a assistência hospitalar. Sendo assim ao considerar a complexidade das tecnologias utilizadas e a necessidade de recursos humanos especializados, as unidades hospitalares estarão organizadas para prestar assistência às principais causas de morbimortalidade, direcionando ainda aos municípios, necessidades de saúde da população adscrita, uma importante parcela orçamentária do SUS. É necessário que todos os profissionais da rede de saúde conheçam os recursos e modelos ofertados, para que os encaminhamentos sejam realizados de forma responsável, para que a população conheça os caminhos a seguir de acordo com suas necessidades de saúde. Desta forma não haveria sobrecarga do sistema e facilitaria o acompanhamento dos atendimentos prestados às vítimas de acidentes, com a participação da rede de atenção primária e de urgência do município (GONÇALVES E RODRIGUES, 2001). 8 No que tange a faixa etária a maior frequência de casos atendidos, corresponde as idades entre 20 – 29 anos (23,2%), seguido da 0 a 9 anos (17,2%). Destes atendimentos a população masculina apresentou maior frequência (66,9%) dos atendimentos investigados. Ao comparar com dados do inquérito no Brasil percebe-se relação semelhante, pois na amostragem a faixa etária com maior frequência foi de 20 – 29 anos (22,9%), seguido da faixa etária de 0 a 9 anos (18,6%). Soares (2008) destaca em seu estudo um coeficiente alto de acidentes na faixa etária que inclui adultos até 59 anos com atenção especial ao grupo de 20 a 39 anos onde o risco de morte 68,1% maior do que encontrado para população geral. Chama a atenção para o comprometimento da expectativa de vida da população, decorrente de acidentes. Essas dados aparecem em grande parte das pesquisas relacionadas a acidentes e se repete nos estudos em Belo Horizonte que 73,3% de acidentes de trânsito era do sexo masculino (LADEIRA E BARRETO, 2008). O foco explicativo do aumento da vitimização juvenil entre homens pode estar está nos pesados incrementos na mortalidade dos motociclistas e condutores de veículos de uma maneira geral, categoria que concentra e vitimiza preferencialmente a juventude, estando o homem mais exposto ao trânsito, bem como as agressões provenientes do abuso do álcool (JACOBO, 2011). Outro fator explicativo pode estar relacionado com o processo aceleração da urbanização dos municípios e pela maior disponibilidade de crédito para aquisição de veículos motorizados no Brasil (MAGALHAES, 2011). A idade e o sexo estão em evidência quando se trata de acidentes com agravos traumáticos, representando a primeira causa de morte, na faixa etária de 1 a 40 anos, com predominância 20 a 39 anos representada na maioria das vezes por homens (FERNANDES, 2004). As pessoas auto classificadas como parda representam proporção de atendimentos 65,4%, das vítimas de acidentes e violências, no panorama no nacional os atendimentos de pessoas com cor de pele parda representaram 48% da amostra geral. Estudos retratam que apenas a partir de 1995 a variável raça / cor foi introduzida na Declaração de Óbitos e somente a partir de 2000 o Ministério da Saúde considerou possível trabalhar com essa informação. Analisar a variável cor permite investigar as estimativas de riscos de mortes entre brancos, pretos e pardos em diferentes regiões do Brasil. Em 2005, foi possível verificar que, em 6,6% do total de óbitos, a informação sobre esta variável era ignorada, proporção que variou entre 2,0% na região Norte a 15,0% na Região. (BRASIL, 2005). 9 Ao que diz respeito da variável raça de Soares (2008), descreve na Grande Cuiabá que a primeira causa de morte dentre os homicídios estar entre negros (pretos e pardos) e a segunda entre os brancos, com coeficientes de mortalidade de 6,1 e 2,6 óbitos. Estes dados corroboram tanto com os dados nacionais do VIVA, quanto com os registros obtidos em Rondônia. Sobre este aspecto alguns autores analisam que importância da variável raça estar fortemente relacionada com os aspectos de escolaridade. Acreditando que se devidamente controlados os coeficientes de pobreza não haveria estatisticamente significância saber se os homicídios afetam mais pardos ou negros, mas sim o grau de escolaridade, bem como os meios de exposição das vítimas (HANNON et al.,2005) Assim observamos no que diz respeito à escolaridade os indivíduos responderam que concluíram até quatro anos de estudo representaram 45,8% dos casos de atendimento por acidentes. Este dado também se assemelha com resultados do inquérito nacional, que destaca maior proporção entre as pessoas que referiam ter concluído de 0 a 4 anos (28,3%) e de 9 a 11 (28,6%). Porém seriam necessários outros dados a respeito da condição sócio econômica para melhor descrever a situação destas vítimas. No estudo de Magalhaes (2011), as pessoas vítimas de acidentes que apresentaram as maiores taxas, estavam entre aquelas que informaram ter entre 0 e 2 anos de estudo (18,3%). A mesma autora refere se tornar evidente que populações com menor grau de instruções estejam mais expostos aos acidentes e violências, uma vez que o ensino é parte integradora do processo de educação, principalmente sobre o trânsito. O grau de escolaridade reflete também no próprio desconhecimento das legislações de trânsito tornando-as frágeis e pouco fortalecidas. (BERNARDINO, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS As investigações realizada pelo VIVA vieram a corroborar com a Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violências (PNRMMAV), que visa conhecer e divulgar os dados da caracterização das violências, para melhoria das ações de âmbito coletivo no que diz respeito a prevenção e promoção a saúde. (BRASIL, 2009). Por meio desta pesquisa, espera-se uma melhora nas organização dos serviços de saúde na medida em que os gestores reconhecem esta realidade, se sensibilizem e consequentemente proporcione ações intersetoriais para a redução das ocorrências de violência nas capitais do estado e nos munícipios. 10 Dentre os principais dados analisados no VIVA 2009, predominaram os atendimentos de emergência decorrentes de acidentes (causas não intencionais), sendo as vítimas mais frequentes indivíduos do sexo masculino, crianças e adultos jovens, pardos, com baixo nível de escolaridade. Entre as vítimas de violência (causas intencionais), predominaram os homens, adultos jovens, pardos e pretos, com baixa escolaridade. Estes resultados indicam os indivíduos mais expostas aos acidentes agravos e apontam para o fortalecimento de Políticas Públicas direcionada a esta população. Estes fatos mostra a vulnerabilidade que estes usuários sofrem nas vias públicas. Estão expostos cotidianamente a maiores riscos, como visto em alguns noticiários inclusive, os jornais de grande circulação. Isto causa impacto nos Hospitais de Pronto-Socorro, com diagnósticos de alto custo e consequentemente os custos do setor saúde (ANJOS, 2007). Ao analisar a situação do município de Porto Velho, percebe-se que situação não difere muito do contexto nacional, uma vez que as vítimas mais acometidas das causas externas também são do sexo masculino, adulto jovens, com baixa escolaridade, auto classificados como pardos, tendo como meio de chegado a Unidade de Atendimento os veículos particulares. Percebe-se então a importância que o fenômeno violência e acidentes impacta na saúde do adulto, uma vez que este grupo tem frequentemente sido visto como um dos grupos mais vulnerável. Estes agravos irá refletir em todas as relações, familiares, no trabalho, condições financeiras e facilitando o aparecimento de outros agravos, como os transtornos mentais ((MINAYO, apud SARGENTO, 2012). Através de estudos pode-se melhor conhecer, as doenças e agravos que impactam na Saúde do Adulto. Neste sentido o Mestrado Profissional Ensino em Ciências da Saúde, sensibilizou para um olhar mais crítico e auxiliou nas discussões para melhoria das Políticas Públicas de prevenção e promoção a estes agravos, uma vez que as causas externas estão entre os problemas de saúde que mais acometem a população, causando um forte impacto tanto na vida da população, quanto nos gasto do setor saúde com assistência e reabilitação (BRASIL, 2001). REFERÊNCIAS ANJOS, K. C.; Evangelista, M. R. B.; Silva, J. S.; Zumiotti; Arnaldo V. Paciente vítima de violência no trânsito: análise do perfil socioeconômico, características do acidente e intervenção do Serviço Social na emergência. Acta ortop. bras. [online]. 2007, vol.15, n.5, pp. 262-266. ISSN 1413-7852. 11 ASSIS, S.G.; Souza E.R. Criando Caim e Abel: pensando a prevenção da infração juvenil. Ciência & Saúde Coletiva. 1999. BERNARDINO A.R. Especialização dos acidentes de trânsito em Uberlândia (MG): técnicas de geoprocessamento como instrumento de analise 2000 a 2004 [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2007. BRASIL. Portaria MS/GM n.º 737, de 16 de maio de 2001. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Diário Oficial da União República Federativa do Brasil, Brasília (DF), n. 96, 18 de maio de 2001, Seção 1 E. BRASIL. Impacto da violência na saúde dos brasileiros. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília-DF, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2007: uma análise da situação de saúde. Brasília, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. VIVA: vigilância de e violências acidentes 2008 e 2009. Brasília: MS; 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. www.portalsaude.saude.gov.br/ms Acesso em 13 de março de 2013. Disponível em FERNANDES, R. J. Caracterização da atenção pré – hospitalar móvel da Secretaria de Saúde do município de Ribeirão Preto – SP. 2004. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2004. GONÇALVES, A. J.; RODRIGUES, J. M. S. Organização de sistemas e atendimentos às urgências. In: Freire, E. (Ed.) Trauma: A doença do século. São Paulo: Atheneu, 2001. HANNON L, KNAPP P, DEFINA R. Racial similarity in the relationship between poverty and homicide rates: comparing retransformed coefficients. http://www88.homepage.villanova.edu/lance.hannon/Retransformed%20Coefficients%20 and%20Race-specific%20Homicide.pdf .Acesso em 09/março/2013). JACOBO, J. W. Mapa da Violência 2011. Os Jovens do Brasil. Brasília, Ministério da Justiça, Instituto Sangari, 2011. LADEIRA R. M, BARRETO S. M. Fatores associados ao uso de serviço de atenção préhospitalar por vítimas de acidentes de trânsito. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2008. MACDONALD N, Hébert P.C. Driving retirement program for seniors: long overdue. CMAJ [periódico on-line]. 2010 abr; [citado 2010 set 25]; 182(7):645. Disponível em: http://www.cmaj.ca/cgi/reprint/182/7/645. NETO, J. S. M. Secretaria de Saúde. A regionalização da saúde em Mato Grosso: em busca da integralidade da atenção. Cuiabá, MT; 2002. 336p. RUA. C. Função do Hospital e Pronto-Socorro. Assessoria de Imprensa. Disponível em www.santacasadeitapeva.org.br/pronto-socorro/funcao-pronto-socorro/. Acesso em 19 março de 2013. 12 SECRETARIA DE SAÚDE DO MUNICIPIO DE PORTO VELHO. Departamento de Vigilância Epidemiologia e Ambiental. Vigilância de Acidentes e Violências: Inquérito em serviços sentinelas. Porto Velho, 2009. SILVA, M.M.A. et al. Agenda de prioridades da vigilância e prevenção de acidentes e violências aprovada no I seminário nacional de doenças e agravos não transmissíveis e promoção da saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16 n.1, p. 57-64, 2007. SOLANGE SARGENTO. Novos ângulos de um antigo fenômeno social. RADIS, Comunicação e Saúde, nº 116, Rio de Janeiro: Abril, 2012 Disponível em http:www.ensp fiocruz.br Acesso em 02 de janeiro de 2013. SOARES B.A.C. Morbidade e mortalidade por acidentes e violências na Grande Cuiabá -MT [dissertação de mestrado]. Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso; 2008.aos acidentes