Sindicato de Supervisores
do Magistério no Estado de São Paulo
- APASE –
Sessão de Estudos
25 de fevereiro de 2011
Coordenação: Profa. Maria Claudia de Almeida Viana Junqueira
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A questão da violência na escola paulista
 Violência ou violências?
 A violência acontece só na escola? Ela é diferente na
escola paulista?
 Qual o sentido atribuído às práticas de violência no
ambiente escolar?
 Existe relação entre as práticas de violência e a forma
como se relacionam as instituições que cumprem um papel
de socialização dos jovens: a escola e a família?
 É possível construir um projeto político-pedagógico na
escola que tenha como objetivo inegociável a formação do
cidadão que valoriza a vida, respeita os direitos de todos e
se compromete com seus deveres?
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A violência e seus contornos

Sempre existiu, assume formas específicas de acordo com
o momento histórico.

Deixou/deixa cicatrizes em toda a história da humanidade,
afetou/afeta particularmente a população mais pobre.

No Brasil:
• final da década de 60 início de 70  ditadura militar, ação
do esquadrão da morte e crescimento do tráfico de drogas.
• anos 80  o cotidiano nos bairros da periferia de São
Paulo transformou-se com o aparecimento das gangues de
jovens e adolescentes.
• anos 90  desmistificação da crença de que atos violentos
são comuns em determinada camada da população.
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• Século XXI  crescimento de atos violentos na escola.
• Em toda a História do Brasil  o Estado exerceu a violência
inúmeras vezes, em nome da manutenção dos interesses da
classe dominante, não foi e não é capaz de coibir a violência
(roubo, desvio do dinheiro público, entre outros), dos seus
representantes contra os cidadãos.
Hobsbawm  as transformações na base da vida
nacional, nos EUA produziram uma corrosão e
transformação das referências e estilos de vida das
pessoas, atingindo todos os estratos sociais e étnicos.
Os assassinatos em massa, as chacinas praticadas por
adolescentes, nas escolas, não são acasos.
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 Grande problema mundial.
 Se manifesta sob diferentes formas,
por isto, pode ser tratada no plural: as
violências urbana,policial, familiar, escolar.
 Precisa ser contextualizada
historicamente, é muitas vezes “tragédia
anunciada”, não aparece do nada e é
socialmente construída.
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A investigação sobre a violência no Brasil:
 Alguns aspectos se assemelham aos de outras partes do mundo,
outros ganham o colorido da nossa cultura e realidade social.
 Em cada época, os estudos ressaltam diferentes aspectos da
violência na escola:
- Década de 70: os castigos físicos/morais infligidos pelos professores
aos estudantes.
- Anos 80 e 90: a violência que envolve alunos contra alunos, as
depredações, a ligação entre a escola e o narcotráfico. Violência como
impedimento à aprendizagem
- Atualmente: episódios truculentos associados aos estudantes e
professores. A violência simbólica:
 Nos discursos sobre a incompetência do educador, apontado injusta
e cruelmente, como responsável pela crise da escola pública.
 Nas promessas, não cumpridas, de investimentos na educação
pública.
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O que revela a violência na
instituição escolar?
Qual o papel da escola?
Qual o papel do profissional da
educação?
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A análise sobre a violência não pode levar os
profissionais da educação a abdicar do
compromisso com a construção de uma
escola inclusiva e de qualidade social.
Na escola, aqueles que lá trabalham e estudam,
não podem ficar reféns de um “lá fora” hostil e,
ás vezes, violento. Precisam deixar claro, para
todos, que o espaço escolar é essencialmente
o lugar onde se vive o mundo
do conhecimento, do respeito, da participação,
dos compromissos construídos e
assumidos coletivamente.
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O profissional da educação precisa
estudar, discutir, refletir sobre:
 o impacto do ingresso, na escola, de
um novo sujeito histórico, ou seja, de
um novo estudante com novos valores
e demandas;
 o papel da família e comunidade na
educação escolar das crianças,
adolescentes e jovens;
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 a impossibilidade de conceber a instituição
escolar como algo além ou aquém da relação
concreta entre seus protagonistas:
A relação professor-estudante como recorte:
 É fenômeno transversal.
 É um dos efeitos do entre pedagógico.
 É imaterial e inesgotável.
 a relação professor-estudante como matéria
prima a partir da qual se projetam todas as
ações educacionais, inclusive, na prevenção da
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violência.
 sobre o que acontece na escola todo dia e como se
desenvolve o projeto político-pedagógico sob a
perspectiva da violência;
 de que forma abrir mão do discurso pedagógico
hegemônico;
 como aprender a desistir um pouco de querer
reencontrar no aluno real a criança ideal;
 o que acontece nas escola, no mundo, no seu
entorno, descobrir aquilo que “está dando certo”;
 a possibilidade de que na instituição escolar
também podemos praticar violências.
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Na escola pratica-se
violência quando:
• é colocado em dúvida o
potencial dos estudantes e/ou
profissionais da educação;
• de forma explícita, ou não, é
afrontada a dignidade, a
integridade moral das
pessoas;
• se atenta contra a integridade
física;
• não há empenho para que
todos participem de todas as
atividades ou não se valorizam
os conteúdos por não crer que
eles farão diferença.
Mas....
• Por que em
muitas escolas
públicas os
estudantes
apresentam bom
rendimento,
mantém boas
relações e a
comunidade
admira o trabalho
desenvolvido na
instituição?
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Na escola pratica-se
violência quando:
• as instalações,
equipamentos, materiais
escolares não são
cuidados, preservados;
• a escola é coercitiva e
desinteressante;
• não resolve os problemas
imediatos;
• não cumpre seu objetivo
básico: formar o cidadão
responsável, participativo,
que aprende sempre.
Mas....
• Por que alguns
equipamentos públicos
ou unidades escolares,
não sofrem agressões?
• Por que inúmeras
escolas têm um projeto
político-pedagógico de
sucesso?
• Por que a comunidade
participa e apóia os
profissionais e muitas
instituições?
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Papel da escola: fomentar a
experiência/curiosidade dos estudantes
perante a permanente aventura humana
de desconstrução e reconstrução dos
processos imanentes à realidade dos
fatos cotidianos, buscando uma visão
ampliada de suas múltiplas
determinações e dos diferentes pontos
de vista sobre eles.
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Constatar somente, só reforça a violência, é
preciso agir para transformar
O debate sobre as violências deve
levar cada um a repensar o seu papel
na construção de uma
escola inclusiva e de qualidade social.
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Proporcionar aos profissionais da
educação momentos para debater e
propor ações contra as violências,
inclusive em favor da definição e
implementação de políticas públicas
sociais nas áreas básicas destinadas ao
atendimento de todos os cidadãos.
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Diante da violência, o desafio maior é reconhecer a
complexidade de suas manifestações, sem reduzi-la a
uma única fonte e acreditar na escola como espaço
privilegiado de mediação.
A escola, enquanto espaço de violência é percorrida por
um movimento ambíguo: pelas ações que visam ao
cumprimento das leis e pela dinâmica dos grupos
internos e externos (família, comunidade etc), que
estabelecem interações, rupturas e permitem a
troca de ideias e sentimentos
numa fusão provisória e conflitual.
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Buscar sempre, a conduta dialógica e a
construção negociada:
- Fidelidade ao contrato pedagógico.
- Permeabilidade para a mudança e a invenção.
- Investimento nos vínculos concretos: abdicando,
na medida do possível, dos modelos ideais de
estudante, pais, professor e da própria relação.
- Sólidos conhecimentos, memória, respeito pelo
espaço público.
- Conjunto mínimo de normas e relações
interpessoais e diálogo franco.
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É preciso construir práticas organizacionais e
pedagógicas que levem em conta as características dos
estudantes de hoje.
 O professor se concentra na sua posição
normalizadora = dever-ser.
 O aluno na afirmação da identidade = querer-viver.
Ingressar no mundo adulto.
Essa ambiguidade, em vez de se mostrar como
defeito, possibilita pensar a vida social,
levando-se em conta a multiplicidade das
situações.
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Favorecer a proposição coletiva e o desenvolvimento de
atividades criativas, de aulas dinâmicas para que se possa abordar
os direitos e deveres dos estudantes, a questão da violência, suas
consequências para a sociedade e para os indivíduos.
Criar situações que favoreçam atitudes de ruptura de
preconceitos, medos, apatia e ampliem o potencial transformador
da escola.
Criar no espaço escolar a possibilidade da vivência da
cidadania, da democracia, favorecer a participação dos estudantes
na proposição-acompanhamento-avaliação do projeto políticopedagógico, incentivando a criação de grupos de discussão, de
assembleias de classe, do grêmio estudantil.
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Reafirmar
por
meio
dos
conteúdos
e
atividades trabalhadas diariamente, o respeito ao
conhecimento elaborado pela humanidade.
- O currículo faz sentido para os estudantes e
professores?
- A dinâmica na sala de aula faz sentido para
todos?
-
Como
é
tratado
o
conteúdo:
de
forma
disciplinar? Interdisciplinar? Transdisciplinar?
- Quais os temas mais discutidos nas aulas?
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Espaços de convivência
Construir espaços de convivência e participação
que gerem conflitos, que permitam o cruzamento
de informações e trocas de experiências.
Novos espaços públicos que viabilizem processos
efetivos de aprendizado e amadurecimento
político para a constituição da participação
efetivamente qualitativa
Colegiado.
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Descentralização  aspectos negativos:
- delega poderes aos vários
segmentos (desloca o poder);
- pode garantir o processo de
centralização nas decisões;
- ao participar dos colegiados, muitos
não sabem definir o que seria essa
prática.
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Descentralização: aspectos positivos
Comunidade compreende a descentralização como oportunidade de
conhecer os processos da escola e se insere nos colegiados.
Discussão coletiva, divisão das responsabilidades com a
comunidade;
Colegiado vem associado a categorias como união, trabalho
conjunto, organização, integração, aproximação, ajuda e garantia
de direitos;
Colegiado estrutura-se como espaço capaz de expressar
diferentes interesses do poder da comunidade; representa um
simulacro de espaço público, permite ações no âmbito coletivo
(as ações humanas somente podem sobreviver na medida em que
se lhes consolide uma presença pública).
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Espaços democráticos de convivência:
Assembleia de classe.
Grêmio.
Círculos de discussão, pesquisa...
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Ao projetar a intervenção pedagógica contra a violência,
não se pode furtar à denúncia de que inexiste vontade
política para enfrentar os diferentes tipos de violência,
bem como inexiste uma tomada de consciência da
sociedade de que ela também é responsável,
isto é, de que o problema da violência tem raízes
econômicas, sociais e culturais;
que diz respeito aos governos e aos políticos, mas
também às famílias, às escolas, às igrejas, às
empresas, aos sindicatos e associações de
profissionais, aos meios de comunicação.
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