VIOLÊNCIA contra as
MULHERES:
um olhar feminista
Silvana Maria Pereira
HU-UFSC
Doutoranda do Programa Interdisciplinar em Ciências
Humanos – Estudos de Gênero - UFSC
Santa Catarina
População 2012: 6.383.286
Mulheres: 3.216.181
Homens: 3.167.105
Razão dos sexos (nº h/100 m):
1991: 100,4 /
2010: 98,5
Predomínio masculino: Planalto Norte e
Extremo Oeste
Predomínio feminino: Grande Florianópolis e
Foz do Rio Itajaí
Santa Catarina
Taxa de fecundidade (nº filhos/mulher):
2000: 2,02 / 2010: 1,58
Esperança de vida ao nascer: 75,4
Esperança de vida aos 60 anos: 21,4
Homicídios (2007):
88,7% homens; 11,3% mulheres
15 a 24 anos: 90,4% homens; 9,6% mulheres
Raça/cor: 9,7% brancos; 12,2 % negros
21,7 milhões de famílias chefiadas por
mulheres (35,2%)
Escolaridade: 2006 – Ens. Sup. – M: 16,6%
(brancas: 23,8% e negras: 9,9%) e H: 12,2%
Afazeres domésticos: 10-15 a (meninos –
10,2h e meninas – 25,1h)
mulheres ocupadas: 87,9% e 20,9 hs
semanais
homens: 46,15% e 9,2 hs
IPEA. Retrato das Desigualdades, 2011.
Melhores coisas de ser mulher: Privado Maternidade (gerar filhos - decidir ter filhos
aparece com 1%)/ Criação dos
filhos/casamento/ Sexualidade (ser
desejada/poder de conquista - 1%) p. 40
Público – Mercado de trabalho/liberdade e
independência social e econômica
Atributos femininos: vaidade/beleza, ser
guerreira, ter sabedoria
Perseu Abramo. Mulheres brasileiras e gênero nos espaços
públicos e privados. 2010.
P. 43 - Piores coisas:
Privado: VIOLÊNCIA / Maternidade –
responsabilidade / Saúde – menstruação,
cólicas / casamento – obedecer ao marido /
trabalho doméstico / dupla jornada
Público: DISCRIMINAÇÃO / MACHISMO (70%
dos homens não se acham machistas!)
Melhores/Piores ser HOMEM
Características masculinas: não engravidar, parir
ou menstruar; ser mais respeitado que a
mulher
Ter mais liberdade e emprego; ser o chefe da
família; estar mais vulnerável à violência; não
precisar fazer tarefas domésticas
Pior: ter mais responsabilidade/cobrança / leis
não são iguais – privilegiam as mulheres
Violência:
Fenômeno sócio-histórico, mas ela afeta fortemente a
saúde:
• provoca morte, lesões e traumas físicos e um sem número
de agravos mentais, emocionais e espirituais;
• diminui a qualidade de vida das pessoas e das
coletividades;
• exige uma readequação da organização tradicional dos
serviços de saúde;
• coloca novos problemas para o atendimento médico
preventivo ou curativo; e
• evidencia a necessidade de uma atuação muito mais
específica, interdisciplinar, multiprofissional, intersetorial e
engajada do setor, visando às necessidades dos cidadãos”
MINAYO, Cecília, 2006
Violências:
Causas múltiplas, complexas e correlacionadas
com determinantes sociais e econômicos:
- Desemprego
- concentração de renda
- exclusão social
- aspectos relacionados aos comportamentos e
cultura, como o machismo, o racismo e a
homofobia, lesbofobia e transfobia
Violência urbana:
-
Mudança na arquitetura das cidades
Cercas elétricas e alarmes
Muros altos
Segurança privada
Sociabilidades: condomínios fechados,
espaços de lazer – shoppings
- Domínio do medo
- Interiorização
Violência urbana ↔ violência doméstica
Magnitude das violências:
Epidemia de “mortes violentas”: impacto dos
homicídios e acidentes de trânsito
Dados subestimados da violência doméstica e
sexual, em especial contra crianças e
adolescentes, mulheres, idosos, e outras
formas de violência – exploração sexual,
violência no trabalho, exploração do trabalho
infantil, trabalho escravo
Violência de gênero:
Desigualdades de gênero ↔ relações de poder
Identidade sexual não é mais dicotômica:
homem/mulher
Sexualidade não se relaciona com sexo biológico
Dados de registro de VD e VS: 74% são mulheres
- adultas (20-59) 79,9%
- Adolescentes (12-19) 77,9%
- Idosas 65,2%
- Crianças (0-9) 59,1%
- Agressor conhecido e agressão repetida
Violência contra crianças:
-
59% crianças são meninas
Violência sexual: 43,6%
Violências psicológicas: 37,9%
Negligência ou abandono: 33%
Agressões físicas: 28,5%
Mãe agressora: 24%
Pai agressor: 19%
Amig@s e/ou conhecidos: 14%
-
BRASIL. Prevenção de violência e cultura da paz. 2008
Violência na Escola
“1ª Violência na escola
Produzida dentro do espaço escolar, sem estar ligada à
natureza e às atividades da instituição escolar.
2ª- Violência da escola
Nessa situação violência institucional, de caráter simbólico, os
alunos sofrem ou são submetidos à atribuição de notas,
palavras e atos considerados por eles injustos e
discriminatórios.
3ª- Violência contra a escola
Ligada à natureza e às atividades da instituição escolar, esta é
o alvo de atos violentos: incêndios provocados por alunos,
agressões a professores, e outros.”
Fonte: Charlot, 2002
A(O)S PROFESSORA(E)S DEVEM
ESTAR CONSCIENTES DO
IMPACTO DA VIOLÊNCIA SOBRE SI
MESM@:
sofrimento, insegurança, questionamentos,
impotência exigem tempo de
autodedicação para proteção e alívio das
tensões: oportunizar sensibilização à
equipe
Tipos de violência:
Violência de Gênero
Violência Doméstica - casa
Violência Familiar - parentesco natural, civil, afinidade
ou afetividade
Violência Física
Violência Sexual
Violência Psicológica
Violência Moral - calúnia, difamação ou injúria à honra
ou reputação
Violência por Lesbofobia, Homofobia, Transfobia
Violência Patrimonial, Econômica ou Financeira
Violência Institucional
Violência Física:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
tapas
empurrões
socos
mordidas
chutes
queimaduras
cortes
estrangulamento
lesões por armas ou
objetos
• obrigar a tomar
medicamentos, álcool
ou outras drogas
• tirar de casa à força
• amarrar
• arrastar
• arrancar a roupa
• abandonar em
lugares
desconhecidos
• danos à integridade
corporal - negligência
Violência Sexual:
• carícias não desejadas
• penetração oral, anal ou genital com pênis ou
objetos
• exposição obrigatória à material pornográfico
• exibicionismo, masturbação forçados
• uso de linguagem erotizada em situação
inadequada
• impedimento ao uso de qualquer
contraceptivo ou negação ao uso de
preservativo
• ser forçad@ a ter ou presenciar relações
sexuais com outras pessoas além do casal
Violência Psicológica:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
insultos constantes
humilhação
desvalorização
chantagem
isolamento de
amigos e familiares
ridicularização
rechaço
manipulação afetiva
exploração
• negligência (atos de
omissão a cuidados e
proteção contra
agravos evitáveis
como situações de
perigo, doenças,
gravidez,
alimentação, higiene,
entre outros)
• ameaças
• privação arbitrária da
liberdade
Violência Institucional:
• violação dos direitos sexuais
e reprodutivos (discriminação
serviços públicos
• peregrinação por diversos das mulheres em
abortamento,das
órgãos até receber
profissionais do sexo,
atendimento
preconceitos acerca dos
• falta de escuta e tempo
papéis sexuais e em relação
para a clientela
às mulheres soropositivas)
• frieza, rispidez, falta de
• desqualificação do saber
atenção, negligência
prático, da experiência de
vida diante do saber científico
• maus tratos por
discriminação (raça/cor,
• críticas ou agressões a
idade, opção sexual,
quem grita ou expressa dor
gênero, deficiência física,
ou desespero
doença mental)
• diagnósticos imprecisos
• ação ou omissão dos
Onde denunciar:
• Ministério Público
Estadual: 3229-7543
• Promotoria da
Violência Doméstica
– 3ª PJ da Capital:
3287-6639
• RAVVIS - Rede de
Atenção às Vítimas
de Violência Sexual Florianópolis: 32391547
• 6ª DP: 3228-5304 /
3228-1380
• Centro de Referência
de Atendimento à
Mulher vítima de
violência – ao lado da
6ª DP
• CEAV – Centro de
Atendimento às vítimas
de crime: 0800-481200
/ 3224-6462
• Sentinela: 0800-631407
• Conselho Tutelar:
3228-0818/3224-5691
Brasil lança
campanha
contra tráfico
humano
Para assistir o vídeo da
campanha clique em:
http://www.ungift.org/in
dex.php?option=com_co
ntent&task=view&id=63
0&Itemid=903
SER MULHER / SER HOMEM
→Rígidas representações impostas pela escola,
meios de comunicação, igreja, sociedade
→Subjetividade feminina: maternidade - papel
central de identificação das mulheres /
dificuldades com auto-estima, auto-afirmação e
manejo do corpo - “formas comuns de adoecer” dificuldades no auto-exame das mamas, uso de
métodos anticoncepcionais com manipulação
dos genitais, negociação do preservativo
→Homem: o filho é “confirmatório da virilidade
paterna” / potência x tamanho dos genitais
HOMEM / MULHER
Lúdico: força, motricidade,
domínio do espaço, da
técnica, integração grupal
Corpo: maior
permissividade /
familiarizado
Sentimento: não
demonstra sensibilidade,
menos ternura, dificuldade
no vínculo afetivo e
comunicação dos
sentimentos
Movimentos são limitados
pela roupa e os jogos
relacionam-se às tarefas
domésticas e habilidades para
apresentação pessoal
Desconhecimento alarmante
do corpo e genitais / padrões
educativos rígidos zonas
proibidas/zonas aceitáveis
Mais doces, carinhosas e
demonstrativas
As diferenças são base das
disfunções sexuais
Modelos de Masculinidade
Padrão de comportamento sexual:
heteronormatividade, posse sexual sobre a mulher,
imposição de seu estilo e vontades;
•Fantasias de poder e onipotência;
•Cultura: afastou-os do cuidado;
•CÓDIGO DE VIRILIDADE:
•1- ser competitivo;
•2- ser sexualmente potente;
•3- ter auto-controle;
•4- ser bom provedor;
•5- fazer-se respeitar pela mulher
•
BRASIL, MS. Violência Intrafamiliar, 2002, p. 64-65.
•
Sentimentos de insegurança e impotência
são negados e liberados através da
violência;
Exercício da violência: experiência
instantânea de triunfo;
Ato violento: resgatar “dignidade”;
Humilhação da vítima e submissão:
sensação de grandiosidade;
Fator desencadeante: álcool e outras
drogas (tendem a inibir a censura e gerar
comportamentos socialmente reprováveis)
Decisão de querer ou não ter relações sexuais
escolha de companheiro ou companheira sexual
expressão da orientação ou preferência sexual
finalidade do exercício da sexualidade: recreação,
comunicação, procriação
eleição do estado civil: casada/o, solteira/o, união livre
liberdade de fundar uma família
o tipo de prática sexual que quer realizar
decidir se quer ou não ter filhos, quantos, o espaçamento
entre eles e a escolha dos métodos contraceptivos e próconceptivos
liberdade de informação oportuna e científica acerca da
sexualidade e da reprodução humana
Paz na Escola
-
Prática do diálogo
Qualificação da escuta
Arte e cultura
Inclusão de atitudes pró-ativas
Informação e comunicação
Criação de ambientes saudáveis
Criação de redes integradas de apoio e
articulação
- Esporte e lazer / integração e cooperação
Cultura da Paz
“Não há caminho para a paz, a paz é o
caminho” - Gandhi
1. RESPEITAR A VIDA
Respeitar a vida e a dignidade de qualquer pessoa sem
discriminar ou prejudicar.
2. REJEITAR A VIOLÊNCIA
Praticar a não-violência ativa, repelindo a violência em todas as
suas formas: física, social, psicológica, econômica,
particularmente diante dos mais fracos e vulneráveis, como as
crianças e os adolescentes.
3. SER GENEROSO
Compartilhar meu tempo e meus recursos materiais cultivando a
generosidade, para acabar com a exclusão, a injustiça e a
opressão política e econômica.
4. OUVIR PARA COMPREENDER
Defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural,
privilegiando sempre a escuta e o diálogo, sem ceder ao
fanatismo, nem a maledicência e ao rechaço ao próximo.
5. PRESERVAR O PLANETA
Promover o consumo responsável, e um modelo de
desenvolvimento que tenha em conta a importância de todas as
formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais do planeta.
6. REDESCOBRIR A SOLIDARIEDADE
Contribuir para o desenvolvimento de minha comunidade,
propiciando a plena participação das mulheres e o respeito aos
princípios democráticos, para criar novas formas de
solidariedade.
Mudanças legislativas no Brasil
1962 –Estatuto Civil da Mulher Casada
1977 –Lei do Divórcio
1996 –Chamada Lei do Concubinato
2002 –Novo Código Civil (promoção de direitos
previstos na constituição de 1988)
• 2003 –“Mulher Honesta” sai do Código Penal.
• 2006 –Lei Maria da Penha
• Continuamos sendo ameaçadas de prisão por
escolher não ser mãe.
•
•
•
•
PERSPECTIVA POLÍTICA
ASSUMIR O FEMINISMO COMO
PENSAMENTO POLÍTICO IDEOLÓGICO
PARA PROMOVER A EQUIDADE E
GÊNERO E PELO FIM DE TODA FORMA DE
DISCRIMINAÇÃO
AS DIFERENÇAS ENTRE HOMENS E
MULHERES SÃO CULTURAIS E NÃO
BIOLÓGICAS
Ações políticas:
- Incluir a temática de gênero e
diversidade nos currículos escolares
- Incluir a temática das violências nas
agendas nas pautas das mesas de
negociação
- Reconhecer os conflitos como inerentes
da vida privada, social e política e
abordar propostas dialogadas de
resolução
- Propor elaboração e implantação de
planos estaduais e municipais de
enfrentamento das violências, promoção
da cultura da paz e implantação de
políticas de equidade de gênero e
promoção da igualdade racial
- Divulgar e promover o intercâmbio de
experiências bem sucedidas
- Propor atenção à saúde de professores
expostos às violências
- Conhecer as realidades locais das escolas e da
categoria
- Identificar situações de risco
- Articular-se com a sociedade civil e
movimentos sociais para ações de prevenção
das violências e promoção da paz
- Realizar oficinas, debates, discussões nos
espaços sindicais e escolas acerca dos temas,
com enfoque de gênero, envolvendo a
comunidade
O Seminário
Internacional Fazendo Gênero
10 - Desafios Atuais dos Feminismos
Florianópolis, Santa Catarina
16 a 20 de setembro de 2013
www.sepm.gov.br
www.seppir.gov.br
www.sedh.gov.br
www.ipea.org.br
www.saude.gov.br
www.previdenciasocial.gov.br
www.cfemea.org.br
www.unifem.org.br
www.onu.org.br/onu-no-brasil/onumulheres
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Apresentação Silvana Maria Pereira - I Encontro de - Sinte-SC