Tópicos Especiais em
Processos Psicológicos
Básicos
As Bases Genéticas e
Comportamentais da Ansiedade
PUC-rio 2009.2
Intervenções Farmacológicas na
Ansiedade e no Pânico
Leo Sternbach e o Valium (1963)
Intervenções Farmacológicas na
Ansiedade e no Pânico
Mais empregado: drogas ansiolíticas;
 Início do século XX: Barbitúricos

 Fenobarbital
 Amobarbital
 Pentobarbital

Muitos efeitos colaterais: sonolência, sedação
e alta dependência
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Ansiedade e no Pânico

No início dos anos 1960: Benzodiazepínicos
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Clordiazepóxido
Diazepam
Bromazepam
Clobazam
Clorazepam
Estazolam
Flunitrazepam
Flurazepam
Lorazepam
nitrazepam
Grande eficácia,
baixa toxicidade,
menor capacidade de
produzir dependência.
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Ansiedade e no Pânico
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

A ação farmacológica destes dois tipos de drogas (barbitúricos
e benzodiazepínicos) envolve um complexo molecular que
contém o receptor do ácido gama-aminobutírico (GABA),
aclopado a um canal de cloro e associado a um receptor
benzodiazepínico;
O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do sistema
nervoso central;
Recentemente, drogas relacionadas à redução da atividade
serotoninérgica (5-HT) têm sido utilizadas no controle da
ansiedade;

Buspirona
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Ansiedade e no Pânico
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
O transtorno do pânico parece ser resistente à ação
dos ansiolíticos;
Na verdade, benzodiazepínicos com alta potência
(alprazolam e clonazepam) em altas doses podem ser
úteis em lidar com sintomas ansiosos presentes na
fase aguda do transtorno de pânico;
Efeitos colaterais: sonolência, ataxia e prejuízo da
memória;
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Ansiedade e no Pânico
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
Tratamento farmacológico do Transtorno de Pânico
estão relacionados aos trabalhos pioneiros de Donald
Klein (1960);
Imipramina (anti-depressivo tricíclico) era capaz de
aliviar a ocorrência de ataques de pânico. Além
destes, outros tricíclicos também foram usados
(amitriptilina, clomipramina e a nortriptilina)
Verificou-se também que anti-depressivos mais
antigos (fenelzina, nialamida, tranilcipromina e a
isocarboxazida) também eram eficazes;
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Ansiedade e no Pânico
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Atualmente, os antidepressivos mais modernos (os
chamados “ISRS” – Inibidores Seletivos de
Recaptação da Serotonina) também são utilizados no
controle do transtorno de pânico, e com eficácia;
Os “ISRS” têm em comum a capacidade de inibira
proteína responsável pelo transporte da serotonina de
volta ao neurônio pré-sináptico, aumentando assim a
atividade deste neurotransmissor na fenda sináptica;
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Ansiedade e no Pânico
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É importante lembrar que o emprego dos “ISRS” no
tratamento do pânico, paradoxalmente aumenta os
sintomas de ansiedade;
Tal paradoxo tem sido esclarecido através de uma
teoria do neurocientista brasileiro Frederico Graeff e
do psiquiatra inglês William Deakin;
Teoria Deakin-Graeff
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Ansiedade e no Pânico
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
De acordo com esta teoria, a estimulação de receptores
serotonérgicos na amígdala aumenta a sensibilidade do
indivíduo a estímulos de perigo, produzindo assim, um efeito
ansiogênico; deste modo, antagonistas seronotérgicos
(Buspirona) tendem a reduzir a ansiedade;
Mas, por outro lado, a estimulação de receptores
serotonérgicos na SCPD reduz a ocorrência de ataques de
pânico; neste caso, agonistas serotonérgicos têm a capacidade
de reduzir a ocorrência do pânico, mas com um efeito colateral
de aumentar a incidência da ansiedade!
É interessante notar que a solução deste “paradoxo” da
serotonina está amparada no fato de que a ansiedade e o pânico
não só constituem transtornos distintos, mas mantém relações
opostas!
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico
A área da Psicologia Clínica vem passando
atualmente por um rico processo de evolução,
tanto no desenvolvimento de técnicas quanto
no desenvolvimento de pressupostos teóricos;
 Uma grande quantidade de técnicas vêm sendo
relatada na literatura especializada:+- 400;

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Ansiedade e no Pânico
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
Grande parte destas técnicas utilizadas para o tratamento de
sintomas de ansiedade envolve um processo de reflexão por
parte do paciente em relação à sua disfunção emocional;
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), por exemplo,
procura ajudar o paciente a alterar o padrão de pensamentos e
crenças que estes pacientes apresentam frente a situações
ansiogênicas;
Além desta reestruturação cognitiva as intervenções
terapêuticas comportamentais buscam também desenvolver, no
paciente, habilidades específicas capazes de lidar com tais
situações ameaçadoras;
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Ansiedade e no Pânico
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
Embora sustentadas por pressupostos teóricos distintos,
técnicas psicanalíticas levam o pacientes a descobrir e
compreender por que determinadas situações são
interpretadas de forma subjetiva como sendo ameaçadoras,
criando assim a possibilidade para que ele possa desenvolver
novas alternativas para lidar com tais situações;
Teorias humanistas existenciais, finalmente, também partem
do mesmo princípio, ou seja, utilizam técnicas no sentido de
fazer com que o paciente possa refletir por que determinadas
situações são intepretadas de forma ameaçadora;
Teoria
Visão das
Emoções
Patologia
Plano de
tratamento
Psicodinâmica
Expressões do “transbordamento”
da energia psíquica, assumindo a
forma de transtornos neuróticos e
mecanismos de defesa.
A doença é vista como o resultado
do afeto “estrangulado” e da
inadequada descarga da energia
psíquica.
Insights sobre os conflitos
psíquicos e impulsos negados,
feito através da relação
transferencial e das interpretações
do terapeuta.
Comportamental
Respostas condicionadas que
podem servir de estímulos
discriminativos para outras
respostas. Produzem indesejável
efeito sobre a organização do
comportamento
Os padrões desadaptativos do
comportamento emocional são
fruto de deficiências de habilidade
ou de condicionamentos
patogênicos.
“Contra-condicionar” as respostas
indesejáveis (dessensibilização,
extinção, técnicas massivas), com
o objetivo de eliminar ou controlar
estas respostas.
Humanista
Valiosas experiências, guiando
nossa sensação, a ação e reflexão
das pessoas. As emoções atuam na
ação e consciência.
Ocorre quando as emoções são
negadas, interrompidas ou
suprimidas (“inacabadas”)
Autoconscientização, liberdade
experencial, emocional e
expressiva. Emoções como
valiosos guias para a atividade
pessoal.
Cognitiva
Racionalista
Emoções são produtos de
pensamentos e imagens, além da
interpretação da percepção.
Emoções negativas são efeito dos
padrões de pensamento incorretos
e irracionais.
Eliminação, controle ou
substituição dos afetos negativos
através da alteração no padrão de
pensamento irracional.
Cognitiva
Construtivista
Processos primitivos e poderosos
de conhecimento, representando
padrões de organização e
desorganização da experiência
individual.
Emoções negativas ou dolorosas
refletem tentativas individuais
imperfeitas para o
desenvolvimento. Por vezes, esta
desorganização é ocasionada pela
reorganização sistema geral.
Experiência e na expressão
apropriada das emoções, e na
exploração de seu
desenvolvimento, funções e papéis
desempenhados no
desenvolvimento. Dependendo de
cada indivíduo, as experiências
emocionais representam
oportunidades de mudança.
MAHONEY, M.J. Processos Humanos de Mudança – As Bases Científicas da Psicoterapia. Trad. Fábio Apolinário. Porto Alegre:
ArtMEd, 1998.
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico
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É interessante notarmos que todas as técnicas
psicoterápicas relacionadas com o tratamento da
ansiedade visam situações externas ao paciente;
Por outro lado, intervenções psicoterápicas para o
pânico objetivam alterar o padrão de pensamento
frente às reações fisiológicas que o paciente apresenta
num ataque de pânico;
“Exposição Interioceptiva” ou “Intenção
Paradoxical”, consistem em produzir (numa situação
controlada) alguns dos sintomas fisiológicos
associados aos ataques de pânico;
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico

Em seguida, o psicoterapeuta faz com que o
paciente possa reinterpretar essas reações
fisiológicas, alterando o seu padrão de
pensamentos catastróficos, como por
exemplo, Eu vou morrer por interpretações
mais “apropriadas”, como Estou tendo uma
grande ativação fisiológica, mas isso já vai
passar.
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico
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
Como já discutido em outras aulas, o Transtorno do
Pânico dificilmente se manifesta de uma forma
exclusiva;
Tais comorbidades, muitas vezes, estão associadas
aos sintomas de ansiedade, especialmente a espaços
abertos (agorafobia);
Conseqüentemente, além do uso de técnicas
específicas para o pânico, é comum o uso de técnicas
específicas para o tratamento da ansiedade;
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico


Os efeitos psicoterapêuticos sobre os sintomas de
ansiedade e do pânico parecem agir sobre estruturas
corticais;
Acredita-se que estas estruturas, além de serem mais
recentes filogeneticamente, possuem a capacidade de
inibir a atividade de estruturas mais antigas
relacionadas com as características reações de defesa
observadas na ansiedade e no pânico;
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico
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
Psicólogo Americano Joseph Ledoux:
Ratos necessitam da amígdala, mas não do sistema cortical,
para adquirir uma reação de medo a um estímulo sonoro
associado com um choque elétrico nas patas;
Entretanto, sistemas corticais são fundamentais para que esta
reação de medo possa ser gradativamente extinta;
Tais achados permitem supor que o tratamento
psicoterapêutico de disfunções emocionais não altera o
funcionamento de estruturas responsáveis pela origem da
disfunção, mas sim mediante o fortalecimento de estruturas
responsáveis pela sua inibição;
Intervenções Psicológicas na
Ansiedade e no Pânico

Neste caso, podemos supor que um
determinado transtorno de ansiedade pode
ficar latente após a recuperação do paciente
por meio da psicoterapia, entretanto, tal
transtorno pode reaparecer quando esses
sistemas corticais perdem a força, como em
situações de alto estresse, por exemplo;
Conclusões


Os transtornos de ansiedade geralmente estão
associados a sistemas neurais responsáveis por
processamento, interpretação e reação a estímulos que
indicam situações potenciais ou reais de perigo;
Enquanto isso, o pânico está relacionado a sistemas
responsáveis pelo processamento de estímulos reais
de perigo e que dão origem ao sentimento de dor;
Conclusões


O Medo é um sistema filogeneticamente recente e
envolve sistemas neurais mais rostrais do sistema
nervoso central, como a amígdala e o hipocampo,
assim como a ativação do sistema hipotalâmicohipofisário-adrenal, reponsável pela regulação da
atividade hormonal;
O mau funcionamento desses circuitos neurais pode
levar à ocorrência de sintomas relacionados com a
ansiedade;
Conclusões


A dor está relacionada com sistemas
filogeneticamente mais antigos e envolve estruturas
mais caudais do sistema nervoso central, como a
substância cinzenta periaqueductal;
O mau funcionamento deste sistema pode levar a
ocorrência de ataques de pânico. A experiência de um
ataque de pânico pode levar a ocorrência de outros
transtornos ansiosos, o que caracteriza o transtorno do
pânico;
Córtex pré-frontal
ANSIEDADE
POTENCIAL
Hipocampo
MEDO
Giro do Cíngulo
Amígdala
Hipotálamo
DISTAL
Mesencéfalo
PÂNICO/RAIVA
PROXIMAL
Estímulo
Conclusões
1.
2.
3.
4.
Desta forma, o sistema nervoso central parece estar
organizado hierarquicamente;
Estruturas neurais filogeneticamente mais recentes tendem a
inibir estruturas filogeneticamente mais antigas;
Sistemas corticais (mais recentes) podem estar envolvidos
nos efeitos produzidos pela psicoterapia;
Esse processo de inibição de sistemas mais recentes sobre
sistemas mais antigos podem explicar o fato de que a
ansiedade inibe a ocorrência de ataques de pânico, da
mesma maneira que o medo pode inibir reações de dor;
Referências
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