Tópicos Especiais em Processos Psicológicos Básicos I As Bases Genéticas e Comportamentais da Ansiedade PUC-rio 2009.2 O DSM-IV-TR e a CID-10 Empregam critérios claros, para a formulação de diagnósticos mais precisos e confiáveis; Um diagnóstico válido é importante não somente para o planejamento da intervenção terapêutica adequada, mas também para a condução de pesquisas que visam compreender melhor estes transtornos; O DSM-IV-TR e a CID-10 A primeira edição da CID-10 foi publicada em 1948, pela organização mundial da saúde; Esta edição se mostrou insatisfatória para clínicos americanos, que em 1952 lançaram o seu próprio sistema de classificação independente, que foi denominada de Manual de Estatística e Diagnóstico dos Transtornos Mentais (DSM, do inglês, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder); O DSM-IV-TR e a CID-10 Devido à dificuldade de se entender ou até mesmo descrever toda a complexidade dos transtornos mentais de uma forma geral e os transtornos de ansiedade especificamente, estes dois manuais vêm sofrendo diversas alterações ao longo dos anos; A evolução desses sistemas de classificação, que sofre influências de aspectos intelectuais, econômicos, científicos e tecnológicos, vem sendo aprimorado ao longo destes anos; O DSM-IV-TR e a CID-10 Classificação dos Transtornos Mentais CID DSM Revisão Ano Revisão Ano 6 1948 I 1952 7 1955 II 1968 8 1965 III 1980 9 1975 III-R 1987 10 1992 IV 1994 IV-TR 2000 Tabela 1: Ano de publicação de cada uma das edições dos dois sistemas de classificação dos transtornos mentais: CID e DSM O DSM-IV-TR e a CID-10 DSM-IV-TR CID-10 Código Tipo de Transtorno Código Tipo de Transtorno 300.02 Transtorno de Ansiedade Generalizada F41.1 Transtorno de Ansiedade Generalizada 300.23 Fobia Social F40.1 Fobias Sociais 300.29 Fobia Específica F40.2 Fobias Específicas 308.3 Transtorno de Estresse Agudo F43.0 Reação Aguda ao Estresse 309.81 Transtorno de Estresse Pós-Traumático F43.1 Transtorno de Estresse Pós-Traumático 300.3 Transtorno Obsessivo Compulsivo F42.8 Outros Transtornos Obsessivo-compulsivos 300.01 Transtorno de Pânico sem Agorafobia F41.0 Transtorno de Pânico 300.21 Transtorno de Pânico com Agorafobia F40.01 Agorafobia com Transtorno do Pânico 300.22 Agorafobia sem História de Transtorno Pânico F40.00 Agorafobia sem Transtorno do Pânico 300.00 Transtorno de Ansiedade SOE F41.9 Transtorno de Ansiedade Não Especificado Tabela 2: Classificação dos transtornos de ansiedade Ansiedade e Pânico em Seres Humanos TAG: apresenta-se de uma forma moderada e persistente; Pânico: apresenta-se de forma intensa e aguda; Donald Klein: Ansiedade X Pânico Exemplo: Ação da Imipramina, que atenuava de forma consistente os ataques de Pânico, mas era ineficaz na ansiedade; ? Ansiedade Pânico Ansiedade Pânico ? Ansiedade e Pânico em Seres Humanos É possível que esta incongruência de resultados esteja relacionada com a forma pela qual esses transtornos de ansiedade se manifestam em seres humanos; Raramente os transtornos de pânico se manifestam de uma forma exclusiva (comorbidades); É possível produzir em animais de laboratório sintomas específicos tanto em relação à ansiedade como em relação ao pânico; Modelos Animais de Ansiedade e Pânico Podemos encontrar correlações entre estas disfunções mentais (TAG e Pânico) e certas respostas de defesa que animais exibem frente a estímulos ou situações que sinalizam perigo; Charles Darwin (1809-1882): tais disfunções são desvios de sistemas funcionais responsáveis pela organização de respostas específicas com o objetivo de lidar de forma adequada com as ameaças do meio externo; Modelos Animais de Ansiedade e Pânico A Condicionamento Aversivo e a Resposta de Congelamento Contexto Congelamento Modelos Animais de Ansiedade e Pânico “Congelamento”: modelo relativamente bem estabelecido para simular os sintomas de ansiedade em seres humanos; A modulação farmacológica bidirecional desta resposta tem sido empregada de modo eficaz para validar tal modelo; Midazolam/Diazepam congelamento Beta-Carbolina congelamento Modelos Animais de Ansiedade e Pânico Pânico: Resposta de correr e pular em ratos, induzida pela estimulação elétrica da SCPD (substância cinzenta periaqueductal dorsal); Estimulação elétrica desta mesma estrutura; Estímulos contextuais previamente associados a choques elétricos produziram uma reposta de congelamento, assim como aumentaram a quantidade de estimulação elétrica na SCPD para produzir a resposta de fuga; Ou seja, foi muito mais difícil induzir reações de pânico em animais ansiosos, em comparação a animais que não apresentavam sinais de ansiedade; Eletrodo Estimulação Porção Dorsal Matéria Cinzenta Periaquedutal Natureza do Sintoma Sistema Nervoso Central Ataque do Pânico Estimulação da SCPD em humanos Estimulação da SCPD em ratos Terror ou medo intenso, sentimento de morte iminente e medo de estar ficando louco Sentimento abrupto de ansiedade e medo de morrer. O sujeito recusa-se a ser estimulado novamente Resposta de alerta e fuga. Aquisição de comportamentos para terminar a estimulação Sistema Nervoso Periférico Taquicardia, hipertensão arterial, asfixia, hiperventilação e sudorese Taquicardia, hipertensão arterial, hiperventilação, sudorese e piloereção Taquicardia, hipertensão arterial, hiperventilação e piloereção Tabela 3: Similaridades entre os sintomas observados durante um ataque de pânico com a estimulação da SCPD em seres humanos e ratos de laboratório Modelos Animais de Ansiedade e Pânico Tais resultados sugerem que a ansiedade e o pânico possuem sistemas neurais específicos possivelmente organizados de forma hierárquica; Estruturas neurais mais rostrais, associadas com o transtorno de ansiedade, manteriam uma relação inibitória sobre estruturas neurais mais caudais, associadas ao transtorno do pânico; Independentemente da relação que a ansiedade e o pânico possam apresentar, estudos experimentais recentes têm permitido avançar na compreensão dessas patologias, inclusive desvendando as estruturas neurais subjacentes a estes transtornos; Referência