Transtornos de Ansiedade
Milena Pereira Pondé
Profa. Adjunta BAHIANA
Outubro 2010
Etimologia

Ansiedade
– Grego - Anshein: estrangular, sufocar, oprimir

Angústia
– Raiz indo-germânica - Angh: estreitamento ou
constricção
– Latim
 anger: desconforto;
 angor: opressão ou falta de ar;
 angere: causar pânico

Angústia mórbida X angústia existencial
– Estado de ânimo patológico
– Angústia existencial
 Pressupõe a consciência de estar-no-mundo, de existir-no-tempo,
de ser-para-a-morte.

JFC, 42 anos, masculino, casado,
carpinteiro.

Há cerca de 3 meses, após a morte de um vizinho, começou
a ter dificuldade de trabalhar. Deveria pegar um barco para
ir a Itaparica, porém se sentia muito ansioso dentro do
barco. Tinha medo de passar mal e não poder receber
socorro médico. Cada vez que entrava no barco tinha
sudorese profusa, taquicardia e muito medo de morrer ou
que algo ruim lhe acontecesse e não pudesse ser atendido.
Tinha os mesmos sintomas no supermercado, no shopping e
em locais de festas populares.

Deixou de trabalhar fora, passando a realizar os seus
trabalhos apenas em casa. Parou de frequentar ambientes
com aglomerações.
Agorafobia

Ansiedade relacionada a situações
ou locais




O que caracteriza é o comportamento de esquiva
O escape é difícil
É difícil conseguir ajuda em caso de mal-estar
Esquiva de situações
– Sair de casa
– Ficar sozinho
– Multidão
– Locais fechados: navios, aviões, elevador,
ponte, teatro, trânsito
Agorafobia

Tipos
 Sem transtorno de pânico
 Com transtorno de pânico

Prevalência
M>H
Agorafobia

Incapacitação
– Transitória, relacionada a locais fechados,
nos quais o escape é difícil – meios de
transporte (ônibus, avião, elevador,
embarcações).


MAT, feminino, 19 anos, estudante
Paciente fez duas vezes vestibular para direito, porém não
conseguia concluir as provas. Quando ia assinar a lista de
presença sua mão tremia e ela se sentia muito
desconfortável, pois notava que o fiscal a observava. Tinha
diarréia, saia várias vezes para ir ao banheiro, chegava a
sentir náuseas e até a vomitar. Seu coração batia mais forte
e ela não conseguia concatenar as idéias para responder as
questões das provas.
Fobia social

Medo acentuado de se expor levando a
evitação de situações sociais
 Palpitações, tremor, sudorese,
diarréia, rubor, “dar branco”, vômitos

Prevalência
 2,7% 1 a 13 % 2

M =H
1
Klessler et al., 1994
1Myers
at al., 1984
Fobia social

Incapacitação
– Limitações relacionadas a
situações de exposição social.
– Pode ser exposição a pequenos
grupos, como duas pessoas (ex.
Bancário).
1
Klessler et al., 1994
1Myers
at al., 1984


LMC, 42 anos, médica, casada, dois filhos
Viajava normalmente de avião, até que aos 23 anos passou por uma
enorme turbulência e nunca mais conseguiu viajar nesse meio de
transporte. Apavora-se quando lhe sugerem uma viagem ao exterior.
Ganhou uma passagem para a Europa de um laboratório e declinou
da mesma, pois chegando no avião sentiu muito medo, taquicardia
profusa, tremores e ansiedade intensa. Procurou ajuda pois
começou a ter problemas com o marido em função da sua limitação.
Fobia específica

Medo acentuado de objetos ou
situações específicos (presença
ou previsão)
 Animais, altura, tempestades,
procedimentos médicos, elevador, avião
– Taquicardia, ansiedade, taquipnéia, tremor,
sudorese
 Sangue - taquicardia, bradicardia,
hipotensão, desfalecimento

Prevalência
 4,5 a 12%*
 M>H
*Myers
at al., 1984
Fobia específica

Incapacitação
– O indivíduo se desenvolve
profissionalmente se esquivando
do agente fóbico.
– Pode ser duradoura se
relacionada a situação traumática
(ex. Aeromoça, pessoa que
desenvolveu leucopenia).


MAT, 45 anos, casada, três filhas, funcionária
pública
Há dois meses, enquanto esperava o carro consertar, começou a sentir
um estranho mal-estar. Sensação de calor pelo corpo, dispnéia, como se
algo lhe sufocasse, taquicardia e dor no peito. Tinha a impressão que
estava tendo um infarto e que morreria rapidamente. Pediu ao mecânico
que lhe levasse a um serviço de urgência. Chegando lá a sensação pior
já tinha passado, mas ela ainda estava muito ansiosa, sobretudo porque
acreditava estar tendo um problema físico grave. O médico a atendeu e
foi submetida a vários exames, sem nenhum achado clínico significativo.
A mesma crise se repetiu cerca de uma vez por semana nos próximos 3
meses, sem que houvesse uma situação específica desencadeadora dos
sintomas: aconteceu no meio da noite, em festas familiares, saída
noturna com amigos, indo para o trabalho e em casa descansando.
Transtorno de pânico

Ataque de pânico
– Medo intenso súbito com sintomas
somáticos
 Palpitações, sudorese, tremores, falta de
ar, dor no peito, enjôo, vertigem,
desrealização e despersonalização,
formigamento, ondas de calor, medo de
morrer, enlouquecer ou perder o controle

Transtorno
– Ataque de pânico
– Ansiedade antecipatória
– Evitação fóbica (1/3 tem agorafobia)
Transtorno de pânico

Prevalência
– 1,5 a 3,5%
– M:H - 3:1

Progressão da doença
– Ataques de pânico espontâneos -> Ataques de
Pânico situacionais -> Ansiedade Antecipatória ->
Esquiva agorafóbica restrita -> Esquiva agorafóbica
extensa
Transtorno de pânico

Incapacidade
– Transitória, relacionada à esquiva fóbica e ansiedade
antecipatória.
– Pode ser duradouro, a depender da intrensidade e
cronicidade dos sintomas.
Transtorno de ansiedade generalizada

Definição
– Ansiedade ou preocupação excessiva sobre
tudo, sem poder controlar

Quadro clínico
– Inquietação, cansaço, dificuldade de se
concentrar, irritabilidade, tensão muscular,
perturbação do sono

Prevalência
– 6,4% * (3 a 12%)
– M:H - 2:1
1Myers
at al., 1984
Transtorno de ansiedade generalizada
 Incapacitação
– Reduz a capacidade laboral
Transtorno obsessivo
compulsivo

Obsessões
– Pensamentos intrusivos e insensatos que
causam ansiedade e sofrimento contaminação, dúvidas, impulsos agressivos,
sexuais

Compulsões
– Comportamentos repetitivos para evitar um
sofrimento - lavar as mãos, verificar o gás ou a
porta, contar, repetir ações, ordenar objetos
Transtorno obsessivo
compulsivo

Incapacitação
– Pode gerar redução na produtividade.
– A depender da intensidade pode
paralisar a pessoa.
Ansiedade e estresse

Estresse pós traumático
– Sintomas após a exposição a um estressor
traumático
– Revive constantemento o evento traumático
(sonhos)
– Esquiva dos estímulos associados ao trauma
– Excitação aumentada, ansiedade, pesadelos,
hipervigilância
Estresse pós traumático

Incapacitação
– Em geral dura meses (6 a 12 meses)
– Pode ser duradoura a depender da intensidade da
situação traumática e da exposição (ex. Sequestro
e explosões em locais de trabalho).
Conclusão

Curso
– Flutuante
– Crônico
– Depressão

Tratamento
– Antidepressivos
 Clássicos
 Nova geração
 Subdoses - NÃO
– Benzodiazepínicos
 Início
 Intermitente
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